Chile
VIAGEM AO CHILE
1º de abril a 11 de abril de 2006
Esta carta que segue, escrita por um jornalista que assina J. O, eu a encontrei, na última página de uma revista, na viagem de avião, de Madrid a Florianópolis, em 1999. Na ocasião, traduzi-a e a transcrevi no relatório que fiz de minha viagem à Europa. Agradou-me demais a forma como o autor expressou o enriquecimento que proporciona uma viagem. Sete anos mais tarde, em 2006, tornei a colocá-la no relatório de minha viagem ao Chile.
A VIAGEM E O LIVRO DA VIDA
“Dizem que a vida é um livro e que muitos morrem sem havê-lo lido ou simplesmente não passam da 1a página, porque só se limitam a conhecer seu país natal”. Todas as páginas deste livro são constituídas por países, gentes, costumes, experiências, odores, sons, paisagens, climas, surpresas, lugares insólitos e personagens que permanecem na recordação e formam parte da vida de cada um. Eu, que tenho viajado profissionalmente pelos cinco continentes; que tenho contemplado extasiado em centenas de aeroportos os personagens mais variados e surpreendentes; que tenho construído em minha imaginação sobre cada personagem toda uma história de novela, tenho chegado a lembrar-me de cada país, por alguém que conheci e que conseguiu me impactar, emocionar-me ou surpreender-me. Sempre associo os países com pessoas a quem posso pôr rosto e até nome. Às vezes, me esqueço dos monumentos artísticos, das belezas naturais e dos hotéis, e só funciona a máquina da recordação quando a cada país ponho um nome, um apelido, um rosto. Viajar forma parte do livro da vida sempre que a viagem não seja ir de um lugar ao outro. Para viajar, há que se fazer trabalhar a imaginação, a curiosidade, a fantasia e a ilusão. Viagem é nascer e morrer a cada passo; e, sobretudo, conhecer gente, penetrar na alma humana, tentar entender os países através de seus habitantes, de suas tragédias, de suas misérias. Dizem que a vida é um livro. “E um livro, neste caso o livro da vida, tem que ser lido sempre completo”. J. O
MAPAS DO CHILE
A palavra indígena chili, de origem aimará significando “confins da Terra”, deu nome à República Sul-Americana do Chile, que se encontra praticamente isolada do resto do continente, pela grande muralha dos Andes.
Observemos o mapa deste país, tão peculiar. A República do Chile é formada por uma estreita e longa faixa de terra compreendida entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico. Seus 756.626km2 se estendem ao longo de 39 graus de latitude, na parte meridional da América do Sul. Limita-se ao norte com o Peru, ao nordeste com a Bolívia, a leste com a Bolívia e a Argentina, e a oeste com o Oceano Pacífico. Além do território continental, o Chile possui várias ilhas costeiras (Chiloé, Wellington, Hanover, Santa Inês etc), a metade ocidental da Terra do Fogo, o arquipélago Juan Fernández e as ilhas polinésias de Páscoa, San Félix, San Ambrósio, Sala e Gómez, as ilhas situadas ao sul do canal de Beagle e outras. Além disso, reclama o território da Antártica localizado entre 53” e 90” de longitude oeste.
O mapa do Chile mostra uma estreita faixa de terra, de 4.329 km de extensão. O Chile está, também, presente na Antártica, com uma superfície de 1.250.000 km2. É um país que oferece os mais diversos tipos de paisagem e, em função da topografia, possui todos os tipos de climas. No Norte, o deserto do Atacama, que é considerado o deserto mais seco do mundo, é repleto de tesouros arqueológicos e de minérios; seguindo-o depois o fértil Vale Central, que se estende pela Cordilheira dos Andes e a da Costa.
No Sul, a paisagem é dominada pelo verde, por lagos e vulcões cobertos de neves eternas. A população do Chile é estimada em mais de 14.000.000 de habitantes, a maioria, descendentes de espanhóis, mas também com grande influência alemã, francesa e italiana. Há também as influências indígenas, concentradas em pequenas zonas do território nacional, como os Aymarás no Altiplano (norte do Chile), polinésios na Ilha de Páscoa e os Mapuches, concentrados nos arredores da cidade de Temuco (sul do Chile).
O Chile, no ano de nossa viagem tinha 13 regiões, 51 províncias e 346 comunas. Aqui segue a relação das 12 regiões do Norte para o Sul:
I – Região de Tarapacá – Capital: Iquique
II – Região de Antofagasta – Capital: Antofagasta
III – Região de Atacama – Capital: Copiapó
IV – Região de Coquimbo – Capital: La Serena
V – Região de Valparaíso – Capital: Valparaíso
VI – Região do O’Higgins – Capital: Rancagua
VII – Região do Maule – Capital: Talca
VIII – Região do Biobío – Capital: Concepción
IX – Região da Araucanía – Capital: Temuco
X – Região de Los Lagos – Capital: Puerto Montt
XI – Região de Aisén – Capital: Coihaique
XII – Região de Magalhães e Antártica – Capital: Punta Arenas
Para fins de governo e administração interior do Estado, o território chileno se divide em regiões e as regiões em províncias. Para fins de administração local, as províncias se dividem em comunas. Os nomes das comunas correspondem aos estipulados nas leis e decretos-leis que as criaram. As comunas, apenas para fins de censo, se dividem em distritos (Distritos censales). As comunas chilenas equivalem aos municípios brasileiros, possuindo, em sua grande maioria, zona urbana e zona rural. A sede da administração da comuna está localizada na zona urbana principal da comuna, que corresponde a cidade de mesmo nome da comuna.
Hoje, 2019, o Chile está dividido em 16 regiões.
INTRODUÇÃO
Neste relato da viagem de onze intensivos dias, desejo apresentar, aos meus amigos e meus familiares e a quem possa interessar, o que de conhecimento e de emoção, eu tive a oportunidade de vivenciar, nesta excursão ao Chile. Conhecer novos lugares, novos climas e novas culturas é sempre muito fascinante e faz muito bem ao nosso espírito! Recordar e fazer um relatório é rever, acrescentar conhecimentos e, acima de tudo, fazer passar tudo isto pelo coração (re+cor) mais uma vez.
Realizar este relatório me permitiu visualizar melhor o Chile, pois, ao mesmo tempo em que recompus as notas que tomei ao longo da viagem, pesquisei na Internet alguns dados que poderiam acrescentar e clarificar mais, o conhecimento para mim mesma e para os possíveis leitores.
À medida que se pesquisa e se aprofunda, abre-se um cenário imenso a ser descoberto! Tenho certeza do muito que ainda há por conhecer no Chile! Então, o que escrevo, certamente, vai servir para despertar a curiosidade de quem queira conhecer mais, este lindo e fantástico país.
O que aconteceu foi o seguinte: partimos, em 1º de abril de 2006, uma manhã de sábado, eu e minha amiga Alcita, para um país que, para mim, era desconhecido. Como não tivera a oportunidade de estudar o bastante sobre o país nos meses que antecederam a viagem, o que seria para mim imprescindível que o fizesse, aproveitei cada ocasião, durante a viagem, para me situar, amealhar alguns conhecimentos do ponto de vista geográfico, histórico e cultural, a respeito desse nosso vizinho país.
Às vezes lendo, outras vezes escutando as explicações sempre muito informativas de nossos guias ou também entrando em relação e conversando com os simpáticos chilenos que encontramos no caminho e que podiam falar sobre sua terra, fui me familiarizando com a nova realidade. Uma certeza eu tinha: eu sentia que estava em outro país muito diferente do Brasil.
O Mapa que aqui foi inserido mostra a geografia muito peculiar do Chile e sua posição em relação aos demais países da América Latina, com a visualização dos países que lhe fazem fronteira: Bolívia, Peru e Argentina e oceano Pacífico. Nele, é possível localizar, também, a maioria das cidades por onde passamos, inclusive, ao Sul, entre as muitas ilhas, a grande, maravilhosa e mitológica ilha de Chiloé.
Vou apresentar, agora, um resumo dos extensos caminhos percorridos na viagem de, somente, 11 fantásticos dias. Na parte central do mapa, estão, as três primeiras cidades por onde passamos: Santiago, Vinha de Mar e Valparaíso. Santiago foi fundada em 1541 por Pedro de Valdívia. Este é o nome de uma cidade no litoral sul. Voamos, em seguida, para o Sul e aterrissamos em Temuco, dirigindo-nos para a bela cidade de Pucón. De lá fomos para Puerto Varas, depois para a Ilha de Chiloé, onde conhecemos as cidades históricas de Ancud e Castro, esta última é a capital. Voltamos a Puerto Varas e daí, no dia seguinte, passando por Llanquihue e Frutillar, chegamos a Port Montt de onde voamos, retornando para a capital, Santiago. Seguindo para o Norte, no dia 8 de abril, às 8 horas, pela Lan Chile, fazendo antes uma escala em Antofagasta, desembarcamos na cidade de Calama. Da cidade de Calama fomos para São Pedro de Atacama. Depois de dois dias e meio que foram inesquecíveis, quando conhecemos, nas paisagens desérticas, as mais diferentes belezas, voltamos a Santiago no dia 10, à noite. No dia 11 depois de revisitarmos o centro de Santiago, voamos, às 13 horas, para São Paulo.
A VIAGEM DE APENAS ONZE DIAS
Na preparação da viagem, um desafio a vencer: cogitávamos, ambas as viajantes, coisas diferentes: eu almejava visitar o Norte com o imenso deserto de Atacama e Alcita gostaria mais, de visitar a região Sul, terra dos vulcões e dos lagos andinos. Para não deixar nenhuma de nós com seu desejo profundo frustrado, resolvemos apostar que, em 11 dias, poderíamos conhecer, ao menos, em parte, ambas as regiões. Realmente, por uma ação de engenharia turística e graças à tecnologia avançada dos meios de transportes, conseguimos lograr tal feito. Conhecemos parte importante do Sul do Chile, com seus lagos, suas águas termais, suas ilhas, suas quedas de água verde-esmeralda, suas cidades floridas, suas construções originais, seus vulcões com as neves eternas compondo a todo o momento a fisionomia e os horizontes de suas cidades e seus campos. Maravilhoso foi descobrir cada cidade, marcada com sua história e culturas próprias. No Sul, muitas dessas cidades são marcadas pela colonização alemã do século XIX. Aí estão suas escolas e colégios, suas casas de madeira, suas inúmeras igrejas, algumas tombadas pela UNESCO, como patrimônio da humanidade.
Também conseguimos conhecer algo do Norte do Chile, com suas paisagens lunares e incrivelmente desertas e solitárias, que nos convidavam, continuamente para uma introspecção interior. A partir do deserto de Atacama, visualizamos diversas cordilheiras como a da Costa, a de Domeyko e a dos Andes. Aqui acontece um fato interessante: as enormes distâncias que separam essas cordilheiras de seu observador, sempre parecessem pequenas. Na verdade, a falta de umidade do ar proporciona esta ilusão de ótica.
Percorremos longas distâncias entre o Sul e o Norte. Estas foram as duas principais e diferentes paisagens que visitamos. Nos três dias em que visitamos o Norte, percorremos 850 quilômetros no deserto com o simpático “Sapinho Verde” apelido carinhoso dado à nossa VAN, ao lado de nosso guia Zahel, sempre disposto a responder as nossas perguntas, que não foram poucas. No Norte formos para lugares inóspitos e maravilhosos como foi, por exemplo, conhecemos a região dos Gêiseres, descendo depois às termas de Puritama, no deserto de Atacama. As cores do deserto são fantásticas. Essas cores esmaecidas colorem suavemente os morros desérticos, possibilitando identificar os minérios, que se escondem no seu subsolo. Visitamos imensos salares, constituídos de lítio, bórax e potássio e lagoas azuis no meio do deserto, refletindo os morros que as circundavam. Conhecemos os diferentes gêiseres, a 4.300 metros de altura e a uma temperatura de 4 graus negativos, com suas águas quentes, às vezes, a 80 graus centígrados. Convém destacar que só nos foi possível conhecer as longínquas regiões que visitamos (a região de Santiago, Vinha Del Mar e Valparaíso e o Sul com os lagos andinos (de 1 a 7 de abril) e o Norte (de 8 a 11 de abril) porque fizemos o deslocamento entre elas, sempre, em avião. A viagem de Port Montt a Santiago poderíamos fazê-la com o trem, quando levaríamos longas nove horas, mas o tempo era escasso demais para isto.
Toda a viagem por terra foi feita com condução própria e com guias que nos esperavam em cada lugar que visitávamos. É muito importante lembrar que, nesta viagem, houve constantes conexões humanas, que muito nos alegraram. Hoje, na adoção de um novo paradigma, numa nova visão de realidade, identificamos estas conexões como quânticas. Estas comunicações não dependem de tempo e nem espaço. É o momento de experienciar a empatia e a familiaridade e alegria que se abre para nós. Quântico quer dizer complementar. Podem-se viver duas coisas ao mesmo tempo: o desconhecido e o familiar. Tanto estas, como aquelas conexões com a mãe natureza, nos deixaram lembranças de momentos inesquecíveis. Assim podemos dizer que foram 11 dias de emoções e sensações, muito fortes e positivas.
Saímos dessa viagem extremamente satisfeitas e realizadas, por termos virado mais uma folha no livro que é a Vida! As fotos que seguem com este relatório são o testemunho do que vimos! Aqui vai, pois, dia por dia, o relatório da nossa viagem!
RELATÓRIO DA VIAGEM AO CHILE
De 01 a 11 de abril de 2006
Dia 1 de abril – sábado – Florianópolis a Santiago
Saímos de Florianópolis às 7 horas, rumo a São Paulo. Às 9:30 horas estávamos em Guarulhos, esperando, no saguão do aeroporto, a partida para Santiago. Lá, a primeira feliz sincronicidade: ao nosso lado está uma pessoa que nos dá as primeiras, desejadas, informações. Ao primeiro “bom dia”, descobrimos que seu nome é Cláudio, é chileno e trabalha em Taiwan. Ele começa a falar, com muita simpatia, das belezas e da realidade de seu país! Esta conversa, durou durante todo o trajeto da viagem. Falou-nos, em primeiro lugar, da divisão administrativa com suas 13 regiões. Estas não são chamadas por seus nomes, mas por seu numeral: primeira região, sexta região, décima região etc.
Ficamos muito agradecidas à vida, pois, com Cláudio, começamos a nos familiarizar com o Chile e com seus habitantes. Desde o primeiro momento, nos demos conta de um fato que nos chamou muito a atenção: a grande quantidade de chilenos que estão trabalhando e vivendo em outros países.
Nesta viagem muito tranquila, conhecemos chilenos, como José, Sônia e sua filha Paulina (médica anestesista), que estavam trabalhando na Suécia e se naturalizando suecos: José nos mostra, com explicações detalhadas, as palmilhas personalizadas que fábrica na Suécia. Vai ao Chile para estabelecer contatos para a venda desse material, muito especial. No fim da viagem, ainda no avião, tiramos uma foto deles, nos esforçando, para não perder de vista, ao fundo, a Cordilheira dos Andes com suas neves eternas.
Após uma tranquila e agradável viagem, já familiarizadas com os chilenos, desembarcávamos, às 13 horas, no aeroporto da cidade de Santiago, no Chile, onde atrasamos, imediatamente, o nosso relógio, em uma hora. Fomos recebidas por nosso guia Victor e seguimos para o hotel “Leonardo da Vinci”, no bairro “Las Condes” O nome deste bairro, de classe média alta, deve-se ao fato de terem vivido ali duas condessas e quando morreram foi dado ao bairro este nome: “Las Condes”. Era sábado e, conforme anteriormente combinado com a empresa de turismo, nos dirigimos às 16 horas, para sua sede, para organizar, de acordo com nossos interesses e possibilidades, as visitas dos dias 3 a 11 de abril. Nos dias 2 e 3 de abril, iríamos conhecer Santiago, Valparaíso e Viña Del Mar!
Após organizarmos, na sede da empresa, em Santiago, todo o programa até o dia 11 de abril, nos dirigimos ao supermercado para conhecer o que era próprio do Chile. Lá conhecemos algumas frutas exóticas para nós, entre elas, o “pepino doce”, que muito apreciamos.
Dia 2 de abril – Domingo – Valparaíso e Viña del Mar
Nesse domingo de sol brilhante e céu de brigadeiro, saímos do Hotel “Leonardo Da Vinci”, às 9 horas. No trajeto para Valparaíso e Viña Del Mar, na Costa central do Chile, numa distância de 110 km, nós tivemos oportunidade de apreciar, nos vales de Curavi Y Casablanca, uma grande diversidade de florestas, vinhedos e cantinas, plantação de cereais, pomares das mais diferentes frutas, numa abundância que nos encantou. Isso por quilômetros e quilômetros, ao longo da rodovia asfaltada.
Esta foto, com o nosso guia Victor, nós a fizemos neste caminho de Santiago a Valparaíso, passando pela região dos vinhedos. Ao fundo, vemos uma das inúmeras cantinas situadas nos vinhedos. Passamos, também, por reflorestamentos dos mais diversos matizes de cor verde: eucaliptos, plátanos, coníferas e mais árvores frutíferas de diversas qualidades.
Era um espetáculo que nos deixava emocionadas, ao vermos, tanto trabalho realizado no cultivo da natureza e, por consequência, tanta riqueza no país. Soubemos que é, especialmente, dessa região, que sai a maior parte da exportação de frutas, para o resto do mundo!
No caminho, já perto do litoral, uma Igreja nos chama atenção: é o Santuário de Nossa Senhora de Lovasque, na área geográfica de Lovasque.
Na festa anual, no dia 8 de dezembro, reúnem-se aqui 500 mil pessoas, diz-nos o guia. Ao longo dos vales agrícolas por onde passamos, vemos tabuletas indicando o nome das cidades pequenas que estamos deixando para trás: Quilpue, Vila Alemana (35 km no interior), Placilla, todas comunas da província de Valparaíso. O reflorestamento que observamos é do início do século. O dia estava muito lindo e nosso guia nos disse que na próxima semana virão as chuvas de outono.
Seguindo o caminho, passamos pelo Lago Peñuelas National Reserve que fornece água para esta região de Valparaíso e Viña del Mar. “La reserva se localiza al este de Valparaíso y su principal atractivo es el lago artificial Peñuelas creado ente 1895 y 1900 para abastecer de agua potable a los sectores altos de Valparaíso y Viña del Mar. Con 9256,3 hectáreas de superficie administradas por CONAF, la reserva que fuera declarada en 1959 parque nacional, hoy es reserva forestal desde 1970. Se puede visitar los sábados, domingos y días festivos entre las 8:45 y 19:00 horas”.
VALPARAISO
Chegamos a Valparaíso, uma das suas cidades mais antigas do Chile! Seu charme está, entre outras coisas, nos diversos planos em que a cidade está situada com seus morros e suas ruelas de casas coloridas. Como Valparaíso é uma cidade em diversos planos, para realizar o transporte perpendicular, existem ali 13 funiculares, levando as pessoas de um ao outro plano. Em Valparaíso fica a sede do Congresso Nacional.
Fazendo nosso city tour por Valparaíso, vimos às belas casas inglesas, na Avenida Gran Bretanha. Os ingleses têm muito a ver com a evolução histórica da cidade de Valparaíso, por causa da Marinha Inglesa que tinha muitos negócios no Chile. Arquitetonicamente são muito lindas as construções e nos falam de um tempo de um grande desenvolvimento da Marinha Inglesa.
“Valparaíso se caracteriza por ser uma cidade que resvala dos morros em direção ao mar. São 42 morros e colinas na cidade. Muitos deles apresentam particularidades que não se repetem em outros. O Cerro Baron, que abriga o bairro Baron, conta com instalações universitárias, serviços públicos e a antiga igreja de San Francisco. O Cerro Concepción, junto ao Cerro Alegre, era onde residiram as comunidades de origem inglesa e alemã na cidade, desde a segunda metade do século XIX até meados do século XX. Hoje são morros de grande atração turística, com restaurantes, casas remodeladas e hotéis. O Cerro Playa Ancha, onde também fixou morada a colônia britânica, é onde estão a Escola (Escuela) naval, o Estádio de Playa Ancha e o cemitério. O setor de El Almendral é onde está a maior parte dos serviços públicos, o Congresso Nacional e várias empresas de Valparaíso. A particular distribuição geográfica da cidade, onde os cerros invadem a costa, faz com que a vista do mar a partir desses morros seja o destaque. Por isso, os miradores (mirantes|), como o Mirador Portales, Mirador Esperanza, Mirador O´Higins e Mirador Marina mercante, Paseo 21 de mayo, Paseo Yugoslavo, Paseo Gervasoni, Paseo Atkinson e paseo Dimalow, são atrativos turísticos. Durante as festas do Ano Novo são procurados pelos turistas para uma visão mais privilegiada dos espetáculos pirotécnicos”.
Começamos nossas visitas em Valparaíso, conhecendo o museu “La Sebastiana”, uma das três casas do prêmio Nobel de literatura, Pablo Neruda, um dos escritores mais importantes do Chile e da América Latina.
Pablo Neruda tem as três casas no Chile, muito bem preservadas.“La Chascona” (nome em homenagem à terceira esposa, Matilde Urrutia, a “despenteada”), em Santiago; “La Sebastiana”, em Valparaíso; e o museu casa, o mais abrangente dos três, em “Isla Negra”, a 120 quilômetros da capital chilena. Pablo Neruda além de grande poeta e escritor exerceu muitos cargos como diplomata:
“Em 1927, Pablo Neruda foi Cônsul na Birmânia; em 1928 no Ceilão; em 1930, em Batávia e, em 1931, em Singapura; em 1940, Cônsul no México. Em 1945, eleito Senador, no Chile, pelo partido comunista. Em 1948, exilado para a Europa. Pablo Neruda recebe, em 1971, o prêmio Nobel de Literatura, das mãos do Rei Gustavo da Suécia. Neruda foi embaixador do Chile na França, ante a Unesco, entre 1971 e 1972. Pablo morreu em 29/9/73 (câncer no estômago) numa clínica em Santiago”.
Pablo Neruda adorava de colecionar artefatos do mundo inteiro. Recebia de amigos presentes objetos como garrafas coloridas, conchas e mascarões de proa de barcos antigos. Muitas peças que ele colecionou ou ganhou de seus amigos adornam hoje as três casas que o poeta construiu no Chile. Em 1973, quando Pablo Neruda faleceu, deixou estas casas, hoje transformadas em museus.
A CASA DE ISLA NEGRA
Para quem não lembra, esta casa serviu de inspiração para o premiado filme “O Carteiro e o Poeta”, de 1994. A história mostra a amizade entre o poeta chileno, exilado numa ilha italiana e um jovem desempregado e semianalfabeto, que desejava aprender a fazer poesia para conquistar sua amada Beatrice,
A Casa de Isla Negra, é atualmente um museu gerido pela Fundação Neruda, onde se encontram os restos do poeta ao lado de sua esposa Matilde. Nós não tivemos oportunidade de visitar esta casa museu de Isla Negra.
Mas deixo aqui estas fotos.
O mesmo não aconteceu com a casa museu “La Sebastiana”, construída numa colina, uma casa museu de três andares, com vista magnífica sobre o litoral de Valparaíso.
O primeiro andar de “La Sebastiana” pertenceu a amigos, com os quais Pablo Neruda, comprou esta casa, ainda em construção. Todos juntos fizeram desta casa o tesouro de arte que nós tivemos o prazer de conhecer, nesta inesquecível visita. Em cada cômodo, admiramos beleza, arte, delicadeza, criatividade, informações diversas, enfim, modos de vida do poeta e de seus amigos. Em “La Sebastiana” colhemos, também, muitas informações. Numa mesa, entre seus livros estava a “Antologia fundamental de Pablo Neruda”. No chão e nas paredes lindos mosaicos de pedra! Escadas? A de esporas.
Comprei cartões postais sobre cada compartimento, já que era proibido fazer fotos em seu interior. Saímos de “La Sebastiana” encantadas!
Em Valparaiso, vimos, também, o seu porto, que é um dos maiores portos do Pacífico. Está construção um túnel novo, para o trânsito de caminhões e trens, que podem, assim, desembarcar suas mercadorias de exportação, diretamente no porto. Aqui vimos inúmeros caminhões esperando para desembarcar produtos de exportação para os países da Europa e da Ásia e também para os Estados Unidos, entre outros.
Às 12:20 horas fizemos uma pausa, parando no bairro Praia, num campo de chão batido, onde, um grande número de crianças estava jogando futebol. Vimos também o terminal do metrô. Passamos pela Universidade Católica do Chile e nosso guia nos falou sobre a “Universidade das Ciências do Mar” de Valparaíso. Vimos a estação de trem, construída em 2005, cuja a estrada de ferro liga Valparaíso a Viña Del Mar.
Uma informação:
A cidade do Chile, possui cinco universidades tradicionais, que são: a Universidad Técnica Federico Santa Maria, a Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso, a Universidad Playa Ancha de Ciências de la Educación, a Universidad de Valparaíso e a Universidad de Los Lagos e também, instituições privadas.
Entramos no Mercado Público de Valparaíso para sentir a cidade e seus habitantes e conhecer, entre outras coisas, alimentos, artesanato, verduras e as frutas próprias do Chile. Foi muito bom conhecer as peculiaridades desse mercado. A área histórica de Valparaíso foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2003.
VIÑA DEL MAR
Continuando o passeio, tomamos o caminho da costa, para Viña Del Mar, chamada a Cidade Jardim. Passamos pela base naval com suas lindas residências. O que nos impressionou foram os parques, jardins floridos, passeios e edifícios muito bonitos e arquitetonicamente belos. Esta cidade possui, também, um Cassino. Chegamos, finalmente, à Viña Del Mar!
Na simpática “Viña Del Mar” adentramos ao restaurante “Siete platos”. Lá nos encontramos e conversamos com uma brasileira que estava vendendo bijuterias, muito interessantes, feitas por ela mesma. No almoço, pedimos um prato com salmão ao molho de camarão. Fomos servidas, de início, com um tradicional pisco sour. Tomamos um Sauvignon Blanc Casillero del Diablo. Foi-nos contada a história da origem deste nome: um senhor que tinha guardado um vinho de reserva, o qual era constantemente roubado, colocou este nome “Casillero Del Diablo, no local onde era guardado, para que os ladrões, amedrontados, não o roubassem mais. No Chile há muitos que nomeiam seus produtos, tendo no título principal o nome ‘diablo’”.
Na volta, fizemos uma pausa numa grande praça, onde visitamos uma feira de antiguidades. Desse lugar visualizamos prédios maravilhosos de uma arquitetura belíssima. Na nossa frente, num morro aí perto, vemos desenhada e cultivada, em belas plantas ornamentais, uma grande gaivota. Muito bonita esta paisagem! Em Viña del Mar há, também, diversas universidades.
O balneário possui a praia da Reñaca, cuja tradução do nome é “Renascer”. Na cidade, estão os campi centrais de três universidades privadas: Universidad Adolfo Ibañez, Universidad de Aconcágua e Universidad Del Mar. Outras são: a Universidad Marítima do Chile, a Universidad de Las Américas, a Universidad Nacional Andrés Bello e a Universidad de Viña de mar.
Voltamos a Santiago numa viagem muito tranquila e descansamos esta noite no “Leonardo Da Vinci”, não sem antes verificar os e-mails e colocar em dia a correspondência. No Chile, em quase todos os hotéis, é livre o uso da Internet.
Dia 3 de abril – segunda-feira – Santiago
Três de abril, dia de meu aniversário, é uma data que nunca deixo de festejar. Depois de um bom desjejum no hotel Leonardo da Vinci, no bairro, fomos fazer um city tour pela cidade de Santiago, para conhecer Plaza de Armas, o coração de Santiago, que inclui os edifícios cívicos, culturais e religiosos que se encontram em seus arredores.
Lá estão localizados o palácio do governo “La Moneda”, a Catedral, o Correio, a Municipalidade de Santiago e Museu Histórico Nacional e o centro da cidade. No caminho, chamou-nos atenção uma escavação grande e profunda no solo, à nossa esquerda. Recebemos a informação que ali será construído o maior Shopping da cidade.
Pela manhã pudemos ainda conhecer um pouco mais Santiago. Na verdade, a capital mereceria alguns dias a mais. Não foi dessa vez. Pois tínhamos outros planos.
Queríamos conhecer não só parte do Sul, mas também a parte do Norte. As distâncias no Chile são imensas e isto a gente pode constatar ao visualizar o mapa desse fantástico país.
Em Santiago, subimos a um local muito aprazível, chamado Cerro de San Cristóbal. O Parque Metropolitano está composto pelos cerros San Cristóbal, Chacarillas, Gemelos e Pirâmide. No Cerro San Cristóbal se encontra a imagem da Virgem da Imaculada Conceição, que mede 14 metros de altura.
Às 10 horas nos encontrávamos no alto do Cerro de San Cristóbal onde existem belas instalações para restaurante e show. Dali se descortina toda a cidade. Do alto do lindo Cerro de San Cristóbal pode-se ver a bela cidade de Santiago, mas nesse dia, devido à poluição, essa visão estava prejudicada. É um lugar alto, cheio de árvores, muito aprazível.
Por ser o dia de meu aniversário, lá no alto, na cantina da bela construção, fizemos um brinde à Vida, tomando, a meu pedido, um Carminère, já que eu sabia a história desse vinho, tão especial e desejava que ele marcasse esse momento, em que festejávamos a Vida. Num relance, me uni a todos os que estavam aqui no Brasil e também à velha Europa, onde estão meus antepassados. E, acompanhado de Alcita, o guia Victor, o nosso motorista, e o garçom que nos serviu, fizemos um brinde à Vida saboreando um Carminère. Foi simples, singelo e festivo esse instante único.
Aqui cabe alguma informação sobre a uva Carminère:
“A uva Carmenère tem uma história bonita. No início do século, foi tirada do mapa na Europa, pela praga filoxera. As mudas sobreviveram no Chile porque é um dos países com maior proteção natural do mundo: há a Cordilheira dos Andes de um lado, o oceano Pacífico do outro, o Deserto de Atacama ao norte e os glaciais ao sul. Do início do século XX até a década de 70, essa uva foi confundida e plantada junto com a merlot. A partir da identificação, o Chile ficou marcado por essa uva, hoje cultivada em poucos lugares. É uma uva difícil, exigente, que pede um solo muito seco, mas gera vinhos elegantes, com taninos macios”, diz-nos o enólogo na Internet”.
RUMO AO SUL DO CHILE
A caminho do aeroporto de onde partiríamos, nessa tarde, para o sul do Chile, passamos pelo rio “Mapocho” que nos chamou a atenção. Nosso guia nos explica: o rio nasce na Cordilheira dos Andes e desemboca, após 110 km de extensão, no rio Maipo. O leito do rio Mapocho é coberto de paralelepípedos e parte da autoestrada que estávamos percorrendo passaria, logo mais, embaixo do rio. Santiago foi fundada às margens desse rio que continua um marco importante. O nome “Mapocho” é de origem Mapuche. Os indígenas se autodenominaram Mapuches, ou seja, gente da terra. As comunas atravessadas pelo Rio Mapucho são: Lo Barnecheal, Vitacura, Las Condes, Recoleta, Independência, Santiago, Quinta Normal, Cerro Navia, Pridahuel, Maipu, Padre Hurtado, Pañaflor, Talagante, El Monte”. (Wikipédia)
No momento de nossa ida ao aeroporto chamaram-nos a atenção muitos plátanos orientais, o Museu de Belas Artes José Miguel Barra e “La Chascona”, uma das casas de Pablo Neruda, a qual não tivemos oportunidade de visitar, mas deixamos aqui algumas fotos.
Ao morrer, Pablo Neruda foi velado em “La Chascona”, sendo transferido, depois, para “Isla Negra”
Às 15:45 horas fomos ao aeroporto para o voo Santiago – Temuco, no sul do Chile! Os 650 km que nos separavam de Temuco, foram percorridos em algumas horas de voo. Após ótima viagem, estávamos no aeroporto da cidade de Temuco, onde nos esperava o nosso guia, Manoel. Da cidade de Temuco passamos pela cidade de Villarrica, depois de 87 km de viagem. De lá, para chegar a Pucón, foram mais 27 km de viagem.
Sobre a cidade de Temuco:
“Temuco é a terra natal de Pablo Neruda, que aqui nasceu, em 12 de julho de 1904. Antes de adotar o pseudônimo de Pablo Neruda, o poeta que começou a escrever muito cedo, tinha o nome civil de Neftalí Ricardo Teys Basoalto. Os grandes temas de sua maturidade já despontaram muito cedo: o lirismo amoroso, a poderosa presença da natureza, a solidariedade com os humildes, a apaixonada rebeldia contra uma sociedade injusta, a crítica do patriotismo provinciano e, inclusive, os elementos autobiográficos e humorísticos que deram originalidade da poesia de seus últimos anos”. [Do livro Pablo Neruda- “O Rio Invisível”, Poesia e prosa da juventude – Nota do editor 3a edição. 1987]
A cidade de Villarrica está situada às margens do lago do mesmo nome. Foi fundada em 1552 tendo como um dos objetivos a exploração do ouro.
Chegando a Pucón, ficamos hospedadas no simpático hotel residencial, Malalhue”, uma agradável construção, toda feita em madeira O nome é de origem Mapuche e seu significado: mala=coral hue= lugar. Existe outro lugar chamado Curalhue: cura= pedra hue=lugar. Aqui no Sul, são conhecidos os significados de quase todos os nomes, de origem Mapuche. Isto não acontece no Norte, onde temos muito nomes de lugares de origem indígena, porém, seus significados foram esquecidos através da história.
À noite, nos deliciamos com uma sopa muito suave e gostosa que nos deixou encantadas, tal era a delicadeza e o paladar deste segredo culinário! Conhecemos também alguns simpáticos hóspedes de Santiago que aqui também estavam excursionando.
Dia 4 de abril – terça-feira – Pucon
Observando este mapa que segue abaixo, nós podemos localizar alguns lugares por onde passamos nesta estada, em Pucón. Há muitos nomes de lugares que terminam com a sílaba hue= lugar.
Neste dia, no sul do Chile, tivemos nosso primeiro contato com um espetáculo à parte, que é ver, no horizonte, os vulcões, cobertos de neves eternas. Visitamos a base do vulcão ativo, o “Villarrica” que tem o mesmo nome da cidade. Esse vulcão que é também coberto com neves eternas, entrou em erupção em 1971. Ainda hoje, de vez em quando, sua base treme. Nos arredores da base do vulcão, no caminho de subida, passamos por casas de camponeses, por um parque de grandes árvores e chegamos a uma estação de esqui. Dali para frente só se pode subir acompanhado por um guia.
Nas fotos estamos Alcita e eu com nosso jovem e atencioso guia, nos arredores do vulcão. Dalí se poderia fazer uma excursão, subindo a montanha, mas nosso tempo era escasso e não nos permitia tal feito. No alto, onde estávamos com nosso guia, estava frio e nos agasalhamos de acordo e era maravilhosa a paisagem que se descortinava ao longe, à nossa frente, tendo outros vulcões na linha do horizonte, como um espetáculo à parte. Essa nossa primeira visita ao ativo vulcão Villarrica, trouxe-nos uma grande sensação de prazer e felicidade. De lá também podíamos descortinar o lago Villarrica, que conheceríamos no dia seguinte. Descendo o morro, demos uma carona para um morador dos arredores do vulcão que nos disse conviver, naturalmente, com a proximidade do vulcão. Esses vulcões são monitorados constantemente.
Nossas visitas a lugares interessantes continuam.
Maravilhoso foi conhecer, o lago de “Caburga”, que em língua indígena Mapuche, quer dizer “colher quebrada”, por causa da forma que apresenta. Na praia desse lago, areias pretas nos falavam das lavas e cinzas dos vulcões.
Visitamos, também, subindo morros e andando, a pé por entre a vegetação, as lindas quedas d´água no meio de altas árvores. São os célebres “Ojos de Caburga”, uma beleza sem par, formada por águas límpidas azuis e verdes, que nos convidam a ficar e não mais sair dessa suave e colorida presença. Ficamos lá por um bom tempo.
Ao sairmos dali, passando por lugares descampados, conhecemos diversas árvores como a castanheira, cujos frutos estão envoltos em espinhos. Também havia muitas macieiras, e vimos com pena, que, por não terem sido podadas, estavam muito mirradas e carregadas de parasitas.
Também árvores, já no seu aspecto outonal: lindas folhas vermelhas umas caídas, outras caindo e outras ainda resistindo para nos oferecer este lindo espetáculo que vemos na foto que segue.
Nas regiões de vulcões existem muitas termas. As mais conhecidas no Sul são: Huilfe, Palguinm Menetué e São Luís.
Ao meio dia, fomos conhecer, as termas de Huilfe, um lugar especial por suas águas termais, a arquitetura das construções, suas paisagens e jardins, especialmente, suas flores. Nas termas de Huilfe fizemos diversas fotos e admiramos as lindas flores, até então, desconhecidas para nós.
Voltamos para o nosso hotel e, à tarde, saímos, despreocupadamente, andando a pé pela cidade e redondezas! Na cidade de Pucón, conhecemos sua gente, seus costumes e seu comércio. Comprei algo que era, realmente, imperdível, tal a beleza e a perfeição de um trabalho artístico, feito com prata e a pedra nacional, o lápis-lazúli. Experimentamos os doces típicos do lugar, visitamos uma maravilhosa casa de arte, onde descansamos e conversamos com sua simpática proprietária.
Na praça florida, fizemos fotos entre as maravilhosas rosas brancas e rosas vermelhas. O imponente e grandioso vulcão Villarrica nos olhava, em qualquer ponto da cidade em que estivéssemos, deixando nossa alma feliz por esta visão, a que nossos olhos, não estavam acostumados.
Voltamos para o nosso hotel e conversamos com os turistas que lá estavam.
Dia 5 de abril – quarta-feira – Puerto Varas
Neste dia, após um bom café, deixamos nosso hotel Malahue, depois de um encontro de despedida e fotos com nossos novos amigos. Ainda voltaríamos ao hotel, mas talvez não encontrássemos mais os amigos que aqui fizéramos, pois eles também fariam suas excursões.
Partiremos, hoje, para Puerto Varas, mas antes conheceremos mais alguns lugares bonitos.
Fomos conhecer o rio de lava, o Turbio e a passarela “Quelhue”(Quel= rochoso hue= lugar), da qual se pode ir até a montanha, passando pela comunidade indígena “Quelhue”. Ali, onde viviam os “Mapuches”, pudemos conhecer uma casa original desses indígenas. Nosso guia nos diz que, na estação das chuvas, o rio Turbio cresce 8 metros. Perto da passarela, estão ciclistas turistas.
Foi nessa oportunidade, que, vendo um arbusto desconhecido, me foi informado que era a célebre “rosa mosqueta”, cujo óleo é muito apreciado nos cremes de beleza. Esse arbusto da rosa mosqueta, com suas frutinhas vermelhas, encontra-se abundante e frequente, ao longo das estradas chilenas.
Ali também conhecemos “Copihue”; a flor nacional do Chile. É uma flor vermelha, em forma de cálice flor.
Visitamos também, numa colina, o convento de clausura total, das monjas de Santa Clara. Era 12 horas e o mosteiro já estava fechado. Mas nós nos dirigimos ao interior da igreja e após, Alcita e eu, eternizamos este momento numa foto, ao lado da estátua de Santa Clara.
Descendo o morro, fomos conhecer um comércio muito interessante, onde se vendiam lindas flores multicores! Não eram flores normais, como as que conhecemos, mas flores típicas dessa região do Sul do Chile, das mais diversas cores e formas, feitas de lascas de madeira, muito fina. Era uma florería, não uma floricultura. São flores belíssimas, e a criatividade dos que as fazem, torna-as variadas em suas formas e suas especiais cores. A título de sugestão: pode-se ver vídeos sobre esta especiaria do sul do Chile, acessando o youtube.
Fomos, também, conhecer a península de Pucón, onde fizemos fotos, e também conhecemos o lago Villarrica.
Andamos por sua praia e também conhecemos grande quantidade de árvores do célebre boldo chileno.
Após tantas experiências, conhecimentos e emoções, voltamos para nosso hotel, pegamos nossas malas e seguimos viagem para conhecer, mais uma parte, da região Sul do Chile: Puerto Varas. Às 16 horas, desta quarta-feira, nosso guia nos levou para a estação rodoviária de Pucón e nos disse que outro guia nos esperaria em Puerto Varas. Tomamos, na rodoviária, o ônibus que iria a Port Montt. Estes ônibus fazia o seguinte trajeto: passando pelas cidades de Villarrica, Valdívia, Osorno, Puerto Varas e, finalmente, Puerto Montt.
Durante a viagem, o sol ensaiou na hora do crepúsculo, o mais lindo espetáculo. Adoro maravilhar-me com os sucessivos espetáculos que o crepúsculo oferece.
Após uma ótima viagem, nós chegamos, já noite, às 22 horas, a Puerto Varas. Aí tivemos uma surpresa que nos assustou muito! Nosso novo guia não estava lá! O lugar, onde o ônibus, parou era um lugar ermo e não havia nenhuma pessoa por perto.
Por uma falta de comunicação, passamos momentos de tensão e de muita ansiedade!!!! Foi uma boa oportunidade para exercitar a paciência e a confiança na Vida! Na verdade, estávamos acostumadas a sermos recebidas, em cada lugar onde chegávamos, pelo guia e nos fomos acomodando a essa facilidade. Não estávamos prevendo que pudesse haver dificuldades. Isso nos deixou uma lição.
Na verdade, nosso Hotel não ficava longe daí! Estava numa colina, perto do local onde desembarcamos do ônibus. Após uma hora de telefonemas etc., pegamos um táxi e fomos esse lindo hotel “Colonos de Sur”. O nome “Colonos Del Sur” foi dado em homenagem à colonização alemã do século XIX. Este hotel já nos estava reservado.
Dia 6 de abril – quinta-feira – Arquipélago de Chiloé
Estávamos em Puerto Varas, uma cidade turística por excelência! No hotel “Colonos Del Sur” descansamos bem naquela noite e de manhã tomamos o café. Hoje, nosso objetivo é chegar a Ilha de Chiloé.
O nome da cidade é uma homenagem a Antônio Varas que foi ministro do interior do Chile, durante a colonização alemã. Nos arredores da cidade de Puerto Varas, que é um centro de turismo internacional, se realizam atividades esportivas de todos os tipos, como pesca, canoagem, cavalgadas, caminhadas até os vulcões etc. No início, “Puerto Varas” se chamou Puerto Grande. A cidade não é um porto. Antigamente, os caminhos eram feitos através dos inúmeros lagos que formam essa região.
Continuando nossas excursões, às 9 horas, partimos para conhecer a grande Ilha de Chiloé, que pertence ao arquipélago do mesmo nome. Na língua indígena, o Mapuche, a palavra Chiloé quer dizer “lugar de gaivotas”.
A Ilha de Chiloé foi durante muitos anos, governada por espanhóis. Só em 1826 é que ela passou a fazer parte do território chileno. A população da Ilha de Chiloé é uma das mais antigas do Chile. Lá os espanhóis chegaram em 1558 e governaram a ilha até 1826, quando passou a pertencer ao Chile.
De Puerto Varas se podem visualizar os vulcões Osorno e Calbuco. Nosso guia nos explicou que Osorno é o nome de uma cidade da Espanha, de onde vieram os conquistadores. Calbuco (2.015 m de altura) em língua Mapuche, quer dizer água azul: “co=água e qualbu= azul”. O Chile tem 70 vulcões.
Em 2015 o vulcão Calbuco entrou em erupção. No jornal lemos:
“Ao anoitecer já podiam ser vistos os raios próprios deste fenômeno, junto com a maciça nuvem de cinzas que cai há horas sobre o lugar. Na madrugada, houve um segundo estalido. O Calbuco, um dos três vulcões mais perigosos entre os 90 ativos no Chile, havia permanecido 43 anos inativo: sua última erupção foi registrada em 1972. Ainda que o vulcão não tenha expelido lava, pequenas localidades nos arredores sofrem com chuva de cinzas e com a má qualidade do ar”.
Estes vulcões são um colírio para os olhos de quem os contempla. Às 9h40, entraríamos para uma outra vivência: conhecer a ilha de Chiloé, separada do continente pelo Canal de Chacao. Para esta pequena viagem, nove ferrys boots estão à disposição, transportando centenas de caminhões, automóveis e pessoas, todos os dias. Navegamos durante 40 minutos, foi ótima a sensação de fazer esta travessia de ferry boot, observando pelo caminho, esta linda paisagem do mar com muitos lobos marinhos, focas e delfins.
Do Ferry boot vimos, também, ao longe, a instalação de plataformas, ou seja, o início daquilo que seria a futura ponte, unindo o Chile continental à Ilha de Chiloé, pelo canal de Chacao. Foi muito lindo viver essa travessia.
Às 10:30 horas, ao chegar a Chacao, adentramos na Ilha de Chiloé, retomando a estrada Pan-americana, essa imensa rota, que percorre todos os países da Costa do Pacífico. Vai do Alasca no Norte até a cidade de Quillon, no sul da Ilha de Chiloé.
“A Carretera Pan-americana é uma estrada de 48 000 km de extensão que liga todos os países do Continente Americano, com exceção dos cerca de 130 km na região do Parque Nacional de Darién, área de floresta densa, entre o Panamá e a Colômbia”. A palavra “Quillon” (é o nome da última cidade ao sul da ilha de Chiloé), em língua indígena quer dizer “final”.
No caminho, nosso guia nos informou que o arquipélago de Chiloé tem 150 ilhas e que há aqui, 200 igrejas. Cada povoado tem 2 ou 3 igrejas. Esse era um costume espanhol. Todas as igrejas são feitas de madeira e a maioria delas foi construída, por mestres locais, sob a orientação dos Jesuítas. Na ilha de Chiloé, dezesseis (16) igrejas foram tombadas e declaradas patrimônio da humanidade pela UNESCO.
“As Igrejas de Chiloé são templos de madeira construídos no arquipélago de Chiloé, na zona Sul do Chile, de acordo com um esquema tradicional que se considera pertencente a uma escola de arquitectura!”. Wikipédia
O Sul da ilha de Chiloé é exuberante: a atividade econômica dessa região está baseada nas indústrias ligadas ao cultivo do salmon, cultivado em cativeiro (90% são exportados). O Salmon é um peixe muito saboroso e sua cultura foi introduzida no Chile nos inícios do século XX. As jaulas dentro do mar, para a criação dos salmões a gente pode observar, da estrada, quando viaja. E por toda a região vêm-se muitas fábricas de ração para os salmões. Estes para ficar com o peso de 4 quilos, leva 3 anos. O salmão é muito bem alimentado. Para os chilenos o salmão é muito barato. Custa 3 dólares ao quilo. Fomos informados pelo nosso guia, que um peixe nobre e caro para os chilenos, é a Corvina.
Nesta base econômica, a criação de salmões, há muitos capitais investidos: os da Noruega, do Japão e do Canadá. É por esse motivo que, a maioria dos habitantes da ilha, trabalha nas indústrias do salmão.
Aqui também há algo interessante no que concerne à construção: as casas são feitas com uma árvore que se chama Alerce, uma conífera que só existe no Chile e na Argentina. É a madeira que não apodrece e que mais resiste à água. Pode viver mais de três mil anos. Hoje, o Alerce, também chamado cipreste da patagônia, está em extinção e só existe em parques.
Entramos na cidade de Ancud às 10h57 e, como primeira visita, fomos conhecer seu mercado público. Interessante é saber que, em Ancud não há uvas nem pêssegos, nem bananas e nem cerejas, tão comuns no Chile. Não há, também, camarões. Só mexilhões. No mercado, fizemos uma foto. Lá havia também, Rosa Mosqueta em natura, a qual se podia comprar em quilos.
A rosa mosqueta é muito comum no Chile e ladeia, em grandes arbustos, os caminhos das estradas por onde passamos. Quando chegamos a Santiago, compramos óleo de rosa mosqueta. Nós tiramos fotos com algumas vendedoras de peixes e verduras.
Após visitar o mercado público de Ancud, tivemos o prazer de conhecer o museu Regional Audélio Bórquez de Ancud.
“El Museo Regional es una de las instituciones más relevantes de la ciudad, por el valor patrimonial de su muestra, que permite conocer la historia y la identidad cultural del archipiélago. Fruto de un paciente trabajo de recolección de la comunidad local, este museo ha logrado rescatar y conservar una importante cantidad de objetos que testimonian el papel de Ancud en el crecimiento de la isla como lugar clave en su comunicación con el continente.Al igual que otros hitos del pasado de la isla, los orígenes del museo se remontan a la labor de los misioneros salesianos. El padre Audelio Bórquez Canobra fue el principal encargado de recobrar el patrimonio que guardaban los lugareños para conformar una completa colección, que en 1976 puso a disposición de la Dirección de Bibliotecas, Archivos y Museos (DIBAM) para la creación del museo”.
Este museu foi criado pelo pesquisador padre Salesiano Audelio Bórquez Canobra. Esse estudioso coletou objetos patrimoniais durante muitos anos e, em 1976, entregou todas as coleções ao Ministério da Educação.
O Museu conserva 1.776 objetos nas seguintes coleções:
a) Arqueologia (4.200 AC)
b) Etnografia, em que se destacam os objetos de cestaria (utilizando as fibras vegetais que crescem nas zonas pantanosas e também fibras do bosque). Esses objetos reproduzem os diversos estilos e formas utilizadas para as tarefas domésticas e as do campo. Há também os artigos têxteis.
c) Imaginário religioso: imagens de madeira do século XVII e XVIII, feitas por artesãos locais.
d) História: objetos de caráter urbano, rural e industrial dos séculos XIX e XX que mostram a colonização e industrialização em épocas recentes. O museu mostra dois pólos de Chiloé: a quotidianidade e a religiosidade em 6.000 anos de história insular, desde o assentamento de caçadores e coletores, passando por comunidades indígenas até o contato com os europeus, a colonização espanhola e a chegada dos jesuítas, para culminar com fotos do trem de Ancud a Castro e o terremoto de 1960. O Museu que é moderno e muito completo oportuniza muitas atividades culturais.
O próprio museu é interativo e, entre outras coisas, há um modo interessante de conhecer as inúmeras igrejas e sua história e a própria história de Chiloé. Também mostra com fotos a destruição da cidade de Chiloé pelo grande terremoto de maio de 1960, acompanhada da erupção do vulcão Vilarrica, o vulcão mais ativo da América do Sul. As ondas destruidoras foram de 15 metros. Muitos povoados desapareceram. No museu, podemos ver o desenvolvimento da Ilha antes e a destruição total depois da erupção do vulcão e do terremoto de 1960.
Há, também, espaços exteriores onde vemos o “Pátio dos Recuerdos” com objetos do patrimônio histórico e cultural e o “Pátio da mitologia” com representações dos personagens míticos da Ilha. Dali se pode apreciar uma visão panorâmica do Golfo de Quetalmahue e a península de Lacuy.
Quando admirávamos, no pátio, essa obra, surgiu uma bela conexão humana: os pequenos alunos do Colégio Escuela Yervas Buenas! (Yerbas Buenas, 851- Ancud- Chiloé) estavam lá, no pátio e, atentos, escutavam a professora.
Ao nos verem curiosas e sabendo que éramos do Brasil, com grande simpatia se acercaram de nós e estabeleceram imediata comunicação. Nomearam logo os nossos jogadores. Um desses aluninhos era o próprio Ronaldinho!
Tiraram fotos conosco e nos pediram que lhes mandássemos estas fotos. E isto vamos fazer, pois nos deram o endereço de sua escola. Nos poucos momentos de conversa, estabeleceu-se entre nós tal afeto que, ao nos encontrarem depois na cidade, nos abanaram e, sorridentes, se despediram, mais uma vez, de nós e do Brasil.
Ao meio dia, fomos almoçar no restaurante “Octávio”, de onde pudemos ter uma maravilhosa vista para o mar. Lá havia muitos turistas de diversas partes do mundo saboreando o célebre “curanto”, um dos pratos mais típicos da região Sul do país e também muito tradicional. É uma mistura de peixes, frutos do mar, batatas, carnes de vaca, porco e frango, que se cozinha dentro de uma panela de barro, ou enterrado, entre folhas de bananeira e pedras. Quanto a nós, vendo que o prato era pesado demais, para o nosso estômago, resolvemos experimentar outro: o Salmon. Junto a este, veio o limão, que aqui tem um perfume característico.
Outro dado que nos chamou atenção: nesta região, não se toma café. Só Nescafé em pacotinhos individuais, como já conhecemos no Brasil.
Após o almoço, fomos visitar o Forte de Santo Antônio de Ancud, construído em 1770. Tem-se uma grande sensação de beleza, ao ver essa paisagem de águas mansas. Tiramos foto de algumas flores, desconhecidas por nós, que enfeitavam o caminho, nessa inesquecível, Ancud.
Seguimos nossa viagem em direção à capital, a cidade de Castro. De Ancud até Castro percorremos 90 quilômetros pela estrada Pan-americana, chegando às 11:30 horas em Castro. Estando lá, fomos ver as palafitas.
Era costume dos pescadores fazer suas casas como palafitas. Neste momento de nosso dia, não estavam imersas na água. Mas na estação das chuvas elas estarão apoiadas, ainda com suas cores vivas, mostrando sua face típica.
Em Castro, visitamos, também, o mercado público, que em qualquer lugar, nos traz informações sobre a vida atual dos habitantes daquela região.
Ali conhecemos o artesanato local, que é feito com couro, cestaria, têxteis com lã e também, objetos de madeira. Gostamos demais de ter conhecido parte da cultura desta maravilhosa ilha de Chiloé.
Voltamos para nosso hotel “Colonos Del Sur”, em Puerto Varas e preparamos as nossas malas para, novamente, levantar acampamento no dia seguinte.
Dia 7 de abril – sexta feira – Purto Varas – Frutilar e de Port Montt a Santiago
No café da manhã, nos encontramos com duas brasileiras, uma de São Paulo e outra do Nordeste, que haviam chegado, naquela noite, ao hotel. Falamo-nos como velhas conhecidas! Éramos todas brasileiras. Demos a elas algumas informações, pois estávamos um pouco mais familiarizadas do que elas, com o lugar.
Desta vez, vamos sair do hotel “Colonos Del Sur” de Puerto Varas, definitivamente. Reservamos o dia inteiro para conhecer um pouco mais o sul do Chile, bordeando as margens do lago Llanquihue. O significado do nome é “lugar profundo”: Llanqui= profundo e hue= lugar. O lago tem 360 metros de profundidade.
Esperávamos que a paisagem fosse dominada pelos vulcões Osorno e Calbuco, cobertos sempre com suas brancas e generosas neves eternas. Mas, como estava chovendo, não foi possível ver o vulcão Osorno e nem o vulcão Calbuco! Fomos informadas de que chove muito e muitas vezes, no sul do Chile. Lamentamos não ter podido admirar , mais uma vez, o espetáculo desses dois vulcões, do Sul do Chile.
Neste trajeto rodoviário, observamos um colégio Alemão, pintado com fortes e vivas cores: azul, amarelo e vermelho. Horas mais tarde, no avião, nos encontraríamos, por uma incrível sincronicidade, com o diretor desse colégio, que acrescentou muito a nosso conhecimento sobre a colonização alemã, pois nos deu especiais informações sobre aquele período da história do Chile.
Às 10:40 horas, o guia que nos acompanhava, recebeu, da capital, o aviso de que nosso avião sairia para Santiago uma hora mais cedo, ou seja, às 18:40 horas. Na verdade, esta antecipação do tempo disponível, não nos afetou, pois o tempo que tivemos, tinha sido muito bem aproveitando e suficiente para cumprirmos nosso trajeto. Vimos tudo o que estava previsto.
Nas nossas observações em sequência, apreciamos muitas casas grandes e arquitetonicamente lindas. Passamos por um Hostal (hotel) que nos chamou atenção, pelo seu nome: “Los Riscos”. Nosso guia nos explicou que o nome “Riscos” quer dizer um cerro (morro de pedra). Nós pensávamos que significasse, como em português, riscos. Na verdade, riscos, em espanhol se diz riesgos.
O tempo continuava chuvoso! Os vulcões continuam, sem apresentar sua maravilhosa visibilidade. Aqui surge outra preocupação: choverá em Acalama e no deserto de Atacama, no Norte? Mas nosso guia Luiz, nos tranquiliza com a afirmação, para nós, impactante: não se preocupem: “lá não chove nunca”. Uma informação inesperada! E aí me perguntei: como pode ser “nunca”?
Ao longo do caminho conversamos sobre a questão do turismo no Chile e nosso guia nos informa que o Chile recém começou com o turismo.
Às 11:25 horas chegamos a um lugar muito interessante. Tratava-se do Parque Nacional Vicente Peres Rosales (320 mil hectares). O nome dado a este Parque é homenagem ao agente que, em 1851, participou da colonização do sul do Chile. O Parque, situado na Cordilheira dos Andes foi criado em 1926. Aqui vemos muitas coníferas, Ulmos (árvores grandes para a construção, e lenha para calefação).
Neste parque, visitamos o Salto Petrohue, que se constitui de caprichosas formas de rochas vulcânicas, tendo ao alto o imponente Vulcão Osorno. O guia nos informa que, o vulcão Osorno é o responsável pela criação deste salto e também, pela formação do Lago de Todos os Santos, assim batizado porque foi descoberto no dia 1o de novembro. O lago alimenta o salto de Petrohue.
Saí da Van. Como estava chovendo, Alcita optou por permanecer no interior do veículo. No caminho para o Salto de Petrohue vi árvores desconhecidas: a murta (com suas frutinhas vermelhas), a Avellana (que produz a avelã), o Ulmo, Corhue e Radal. Estas árvores me trouxeram uma alegria nova de poder conhecê-las, aqui. Por este motivo, levei como lembrança, um pequeno galho da árvore do avelã e um galhinho florido de murta.
Chegando ao Salto Petrohue a emoção tomou conta: estamos vendo as lavas do vulcão Osorno, que aparentavam ter caído ontem e se transformado em montanhas de lavas pretas e duras. Na verdade, é uma visita inesquecível, tanta é a emoção que tivemos em sua presença. E entre estas montanhas de lavas pretas estão cachoeiras verdes azuladas que caiam em diferentes níveis.
Em 1850 esse vulcão Osorno entrou em erupção e deixou suas lavas no rio Petrohue e nos morros vizinhos. Mesmo que estes estejam hoje cobertos de verde vegetação, a terra é preta, igualmente as estradas em suas proximidades são negras. Osorno fica a um quilômetro de distância de Salto Petrohue.
O lago de “Todos os Santos”, que fica próximo, é verde e se chama também lago esmeralda, tendo também origem vulcânica é uma paisagem que nos emociona.
São 11:54 horas! Não esquecerei jamais Petrohue. É majestoso demais!
Entre as muitas informações de nosso guia, soubemos que os alemães chegaram aqui 3 anos depois da erupção deste vulcão Osorno. E que, 50 anos mais tarde, os caminhos por aqui se abriram, Passados 156 anos da erupção do vulcão, a terra está coberta de verde, mas onde se abre uma estrada aparece à terra escura, identificando assim lava de vulcão.
Às 12:11 horas fomos para as margens do lago Llanquihue, indo à direção da cidade de Frutillar. Antes de Frutillar passamos pela cidade de Llanquihue, importante cidade agroindustrial.
“Llanquirue é uma comuna e cidade chilena, localizada na Província de Llanquihue, Região de Los Lagos. A cidade localiza-se a oeste do Lago Llanquihue. Encontra-se a 27 km de Puerto Montt, entre as cidades de Puerto Varas e Frutillar”.
Chegamos a Frutillar, uma pequena cidade no sul do Chile, situada na Patagônia, para almoço. Foi fundada por imigrantes alemães em 23 de novembro de 1856, durante o governo de Manuel Montt. É vizinha das cidades de Puerto Montt, Osorno e Puerto Varas, e hoje tem aproximadamente 5.000 habitantes. Nesta cidade se observa uma bela e antiga arquitetura estilo alemão, com maravilhosos jardins. Aqui existe um interessante Museu da Colonização Alemã que, infelizmente, não tivemos oportunidade de conhecer.
Fruttillar é também o nome de uma fruta maior do que a ameixa. É vermelha e cresce no chão. Há grandes plantações desta fruta, muito doce, pois com ela se faz marmelada, sobremesa, e pode-se comer ao natural, nos informa o guia.
Vulcão Osorno, visto da cidade de Frutillar.
No almoço em Frutillar, encontramos diversos casais de brasileiros e especialmente de gaúchos e com eles conversamos.
De Frutillar fomos nos dirigindo para Puerto Montt, conforme pode ser visto no mapa abaixo.
Em Port Montt, fizemos uma foto diante de uma das igrejas locais. Chegamos ao aeroporto de Port Montt, às 18 horas. Após breve espera, já no avião, rumo à Santiago, sentou-se ao nosso lado, Martin Bornhardt, o diretor do colégio alemão de Puerto Varas,. Por uma coincidência ainda não bem avaliada, tínhamos recém feito uma foto do colégio onde Martin é diretor, ao passarmos pela cidade de Osorno. O colégio, recém-reconstruído, nos chamou atenção pelas cores vibrantes e alegres, com que tinha sido pintado. Este encontro com o diretor do colégio alemão, foi uma ótima oportunidade para escutar, algo mais, sobre a história do lugar e a história da colonização alemã. Começou contando-nos, por exemplo, que o vulcão Osorno teve uma grande erupção em 1850 e que, dois anos mais tarde, em 1852, alemães independentes que não queriam se submeter aos ditames da Monarquia europeia, vieram ao sul do Chile para ter terras e ali constituir suas famílias.
Falou-nos da forma como os imigrantes receberam terras: aqui recebiam de graça 20 hectares de terra, se os imigrantes fossem solteiros. Se casado, receberia mais 10 hectares. E, para cada filho, mais um pouco.
Esses alemães do sul do Chile ficaram isolados, sem contato com Santiago, até 1915. Desse isolamento resultou um fato sociológico: eles não se integraram, durante três gerações, à cultura local, conservando e construindo sua vida e cultura alemã de origem, como gueto. Como consequência, neste tempo multiplicaram-se os colégios alemães. O colégio, onde Martin Bornhardt é diretor, tem 150 anos, e está sob orientação da Alemanha.
De 1912 a 1915, construiu-se a estrada de ferro, que ligou as zonas de imigração com o centro do país. O diretor também nos contou que, durante a Segunda Guerra, o Chile, por pressão dos Estados Unidos, declarou guerra à Alemanha. Aqui no Chile, assim como no Brasil, houve também a lista negra das pessoas que tinham colégios ou também negócios ligados a alemães. De outro lado, há também um dado interessante: o Chile recebeu, durante a Segunda Guerra, judeus alemães que se localizaram em Santiago e em Viña Del Mar.
O diretor nos falou também dos motivos políticos e econômicos, da construção da estrada de ferro em 1915: 1) O motivo político, era ter o controle sobre o Sul, que se tinha transformado em gueto. 2) O motivo econômico era levar os produtos do Sul para o mercado de Santiago.
A colonização alemã fundou as cidades de Valdívia até Port Montt (1853 a 1953). Manuel Montt (espanhol) foi presidente do Chile. Na região, as temperaturas são baixas: a máxima temperatura, durante o dia, é de 18% e, à noite, 5%. De Port Montt até Santiago, a conversa com este diretor nos encantou pelos ensinamentos, que tivemos durante toda a viagem.
Chegamos a Santiago no nosso hotel, “Leonardo da Vinci” às 21 horas. É um Hotel de 4-estrelas e está localizado a cerca de 1.8 km do Parque Arauco. Este hotel é popular desde 1994. Está situado no tranquilo bairro de Las Condes, a poucos quarteirões de estações de metrô Alcântara e Escuela Militar.
Dia 8 de abril – sábado – De Santiago para Calama no Norte do Chile
Neste dia levantamos cedo e às 8h15 já estávamos num Boeing 737, voando para a cidade de Calama, no norte do Chile. No avião, percebemos que Sônia, uma chilena que vive na Suécia e que havíamos conhecido na viagem de avião entre São Paulo e Santiago, viajava conosco. Sua filha Paulina, médica anestesista, tinha ficado em Santiago para fazer um curso de especialização.
Ao nosso lado um professor de direito tributário, Mário. Ele estava lendo um livro de filosofia: “Breve história da Filosofia”, de Humberto Gianini. Falou-nos do livro de Bertrand Russel – “A História da filosofia Ocidental”. Falou-nos também do livro de Mario Vargas Llosa de seu livro “A Guerra do fim do mundo”. Seu livro mais conhecido tem como título “La ciudad de los perros”. Falou-nos sobre o escritor português Saramago, de seu livro “Todos os nomes” e da dificuldade que tinha em lê-lo.
Até aqui, esta conversa com Mário, agora nosso companheiro de viagem foi muito agradável,
Às 8:45 horas, nossa atenção se voltou para o espetáculo ímpar sob nossos pés: voávamos sobre a Cordilheira dos Andes, mas não em sua parte mais alta, pois estávamos vendo pequenos povoados! Mário se empolgou falando da beleza de São Pedro de Atacama. Para nós este foi mais um momento de preparação para o iríamos encontrar. Mário nos disse que lá viveríamos momentos únicos, o que realmente aconteceu!
Falando sobre viagens, Mário nos disse que, em geral, os chilenos não conhecem o Chile e que eles têm oportunidade de viajar só quando entram no ensino superior, pois neste momento, as universidades organizam trabalhos voluntários. Mas os chilenos, mesmo em suas férias de três semanas, preferem ir à praia.
Com nossa curiosidade aguçada, continuamos a ouvir Mario, que é professor e leciona na Universidad Finis Terrae. Tem uma filha de um ano, chamada Clarita, que vive no Norte. Vem duas vezes ao mês para o norte, para a cidade de Antofagasta, para vê-la. Ele nos contou que pertence a uma família muito grande. Seu pai tem 10 irmãos e sua mãe tem 8 irmãos. De toda a família, ele foi o único que cursou a universidade. Falou-nos que, atualmente, no Chile, muitas pessoas, já podem entrar na universidade. Mário está fazendo direito tributário para ser advogado auditor tributário. Como auditor tributário Mário falou-nos sobre os impostos no Chile. Todos pagam 20%. Os pedágios são os mais altos e os que os exploram também pagam ao governo, que lhes dá a concessão, a uma taxa de 20%. Mário nos passou seu e-mail para podermos entrar em contato.
Às 9:20 horas eu passei alguns bancos para frente para falar com Sônia, que encontramos na nossa viagem de Guarulhos a Santiago. Sonia deixou sua filha Paulina, médica anestesista, em Santiago. Até o dia 18 de agosto de 2006 ela vai fazer lá sua prática médica e, depois, ela vai voltar depois para a Suécia.
Sônia nos falou sobre sua vida na Suécia, sobre o euro e sobre a moeda de lá. Disse que na Suécia, a moeda é a Korona Sueca e que os suecos não querem aceitar o euro. Querem sair da união Europeia. Sônia vai se nacionalizar sueca. Ela está há 7 anos na Suécia e sua filha Paulina já está lá, há 18 anos. Em nossos contatos pudemos perceber que muitas pessoas saíram do Chile, muitos estão, por exemplo, trabalhando na Suécia. Na semana seguinte, Sônia irá para a Ilha de Páscoa, a 3.000 quilômetros da costa do Pacífico.
Às 10:45 horas chegamos, no Norte, ao aeroporto da cidade de Antofagasta. Ali, desceram Sônia da Suécia e Mário de Santiago. Antes de descer tiramos uma foto, juntos.
O avião levantou voo em Antofagasta e partimos sobrevoando a zona desértica do Chile. Um contraste com o recém-deixado sul verdejante, com seus lagos e seus vulcões!
Nossa viagem aérea continuou até Calama, a cidade das minas de cobre. Desta região, entra para o Chile, 30% de toda a grana. Lá chegam também, além dos turistas, os homens de negócios. Ao longo do horizonte e ao longe, vimos à cordilheira dos Andes.
No aeroporto, às 11 horas, Zahel, nos esperava com seu “Sapinho Verde”, nome carinhoso dado à sua VAN. A primeira paisagem que vimos em Calama, a cidade do cobre e do ouro, foi um imenso conjunto de casas novas, grandes, recém-construídas. Fomos informadas de que são casas recém-construídas para os mineiros, que vem transferidos de uma cidade, que tem em seu subsolo uma grande mina de cobre. É mais barato para a companhia estrangeira que explora o cobre chileno fazer este tipo de transferência. É possível também conhecer uma das maiores minas de cobre e de ouro do mundo, a Chuquicamata, que tem uma área de 800 hectares, por onde circulam milhares de trabalhadores diariamente.
A paisagem que percorremos mostra-se completamente nova para nossos olhos. Profundamente árida desnuda e seca. O espetáculo foi impactante!
Zahel dirige o “sapinho verde” com segurança, nestes 100 quilômetros de viagem na estrada asfaltada, em pleno deserto, nos entretendo com seu conhecimento da região. É uma paisagem lunar. O próximo oásis só em São Pedro de Atacama, onde nos hospedaremos.
Pela distância visualizada no mapa abaixo, se entende porque percorremos, em dois dias e meio, à distância de 850 km, indo para o norte de São Pedro de Atacama no terceiro dia, para o sul no segundo dia e em São Pedro mesmo, no primeiro dia de chegada. Este mapa mostra a cidade de Calama e o caminho que fizemos pelo deserto até chegar a São Pedro do Atacama.
Chama-nos atenção o grande Salar de Atacama, composto de Lítio, bórax e potássio. O Salar possui 95 km de superfície. No seu interior tem lagoas, onde vivem e procriam os elegantes flamingos de pescoço vermelho. O silêncio tomou conta de nós, tal foi o impacto. Zahel nos disse que, há 50 milhões de anos, esse deserto coberto de sal era um mar interior. O sol evaporou a água e agora só vemos deserto.
Diz-nos que vamos subir a 3.400 metros de altura. Sobre a história da exploração do cobre, Zahel nos informou que os índios Chuqui (Chuchiamata) antes da chegada dos espanhóis, já utilizavam o cobre, o que pôde ser demonstrado pelos artefatos que vimos, depois, no museu arqueológico, na cidade de São Pedro do Atacama.
Uma característica no norte do Chile, nos chamou a atenção. Ao indagarmos sobre o significado de muitíssimos nomes de lugares e de acidentes geográficos, com nomes indígenas, soubemos que aqui, não se sabe mais o significado destes nomes de desertos, lagos e vulcões. A razão desse esquecimento se resume no fato de que, quando os espanhóis chegaram à região, no século XVI, proibiram a língua Kunza, língua mãe dos autóctones. Por esta razão, os descendentes destes índios, identificam os vulcões, mas já não sabem mais qual seria o significado do nome. Não é o caso do Sul: onde os índios “mapuches” conservando a sua língua, sabem também o significado dos inúmeros nomes de lugares, lagos e vulcões, com nome indígena.
No Norte, vimos, ao longe, o cordão de fogo formado pelos vulcões ativos de Putama, Laskar, Chilique, Socompa, cobertos com neves eternas. Perguntamos o que significam estes nomes na língua indígena, mas ninguém soube explicar para nós seu significado.
Outro fato importante da história do Chile: o guia Zahel nos informa que só faz 140 anos que a região do deserto de Atacama pertence ao Chile, como resultado da guerra do Pacífico. A Guerra do Pacífico foi um conflito ocorrido entre 1879 e 1884, confrontando o Chile às forças conjuntas da Bolívia e do Peru. Ao final da guerra, o Chile anexou ricas áreas em recursos naturais de ambos os países derrotados. O Peru perdeu a província de Tarapacá e a Bolívia teve de ceder a província de Antofagasta, ficando sem saída soberana para o mar. A guerra na fronteira com o Peru (Arica, Iquique) foi muito cruenta diz Zahel. Em Calama, no entanto, só houve uma batalha.
O Chile tem diversas cordilheiras. A cordilheira de Domeyko (800 km), que víamos à nossa frente, é uma cordilheira intermediária entre a cordilheira dos Andes (8.000 km de extensão, só no Chile tem 4.000 km) e a cordilheira da Costa que fica no norte do Chile. Domeyko foi um cientista polonês, geógrafo, que o Chile contratou para fazer um levantamento e trabalhar sobre o mapa do Chile.
O deserto de Atacama tem 2.400 km de comprimento por 100 km de largura. Este primeiro encontro com a mãe natureza, neste incrível deserto, foi fantástico. O deserto é mágico! Não há limite para a imaginação: nele, dizem, é obrigatória uma viagem ao nosso interior. Talvez o deserto exista para isso, diz-nos o nosso guia Zahel!
Relembro, Jean Yves Leloup que nos cursos da Unipaz, em Florianópolis, nos dizia que:
“O deserto simboliza o silêncio – o silêncio de onde vem a palavra e para onde a palavra volta. O deserto é também uma metáfora da vacuidade – a vacuidade de onde vem o mundo e para onde esse mundo volta. Quando estamos no deserto, nesse espaço de silêncio, nós nos aproximamos dessa vacuidade essencial e não somos distraídos pelas formas. Entramos em contato com o que não tem forma — a origem de todas as formas”.
Durante o percurso de 110 quilômetros pelo deserto, entre Acalama e São Pedro de Atacama, paramos duas vezes e descemos do carro para admirar a imensidão do deserto árido. Uma paisagem lunar. Uma surpresa foi a queda de um dos dentes incisivos. E o registro está nessa foto.
Passando pelo Vale dos Dinossauros, chegamos à pequena cidade de São Pedro do Atacama, um oásis neste deserto, o mais seco do mundo. O que nos chamou logo atenção no oásis onde está a cidade de São Pedro do Atacama, foram suas casas e seus muros, feitos de adobe.
Nesta pequena grande cidade do deserto, nos hospedamos no simpático hotel Taka-Taka.
Após tomarmos constato com este hotel, nos instalamos e logo saímos para visitar a localidade de São Pedro do Atacama. Chamaram-nos a atenção as ruas desta cidade, com construções simples, feitas de adobe e, também, o grande movimento turístico. Na temporada de turismo, a cidade recebe até 5.000 turistas em seus, inacreditáveis, cinquenta hotéis e empresas de turismo lá instaladas. Nosso guia Zahel nos contou que o homem chegou a esse lugar há 12 mil anos. Estes povos praticavam a transumância, cujo nome significa, “o humano é que se transporta”. Eram caçadores, pastores e agricultores. Os atacamanos falavam o kunza, uma língua, hoje, extinta.
Nesta tarde, passeando pela cidade, tivemos oportunidade de visitar o museu arqueológico que fica perto da Igreja e da praça principal dessa pequena cidade de 2000 habitantes.
A história da criação deste moderníssimo museu inicia em 1955, com o padre belga de nome Gustavo de la Paige, encarregado da paróquia de São Pedro do Atacama. Este pesquisador realizou um estudo arqueológico, recolhendo diversos objetos indígenas e, em 1958, recebeu o apoio da Universidade Católica do Norte. A partir disso, criou-se este moderno Museu Arqueológico. O suporte financeiro veio da Bélgica. Nele há mais de 380.000 espécimes arqueológicas em que se destacam cerâmicas, vestimentas, metais preciosos, múmias que o fundador pesquisou neste deserto.
Até hoje, esta Universidade Católica se responsabiliza pela conservação e contínua investigação. Foi muito interessante essa viagem através do tempo, que tivemos o prazer de fazer, a partir de tudo o que nos foi apresentado neste Museu, pois lá conhecemos, os antecedentes da cultura indígena local, povos estes que foram influenciados pelas culturas Tiawanaku, Inca e espanhola. O Império Tiwanaka veio do lago Titicaca e se impôs pela cultura e pela arte. Nesta cultura o mais importante era o uso de alucinógenos como forma de encontro do homem com os deuses. Isto nos chamou muito atenção. No museu, podem-se ver inúmeros objetos de arte, dos mais diferentes tipos, feitos para inalar o alucinógeno. Alguns de cobre e outros de madeira das mais diferentes formas.
Ali pudemos constatar outra particularidade histórica anterior à passagem para a dominação espanhola: trata-se da forma como eram enterrados os seus mortos: lá estão eles, em posição fetal, num ritual religioso, pois no imaginário indígena, estariam assim preparados para o renascimento. Quando chegaram os espanhóis proibiram tal forma de enterro e a partir de então, as múmias, passaram a ser deitadas em seus sarcófagos. Vimos múmias adultas enterradas nesta posição e também a múmia de criança enterrada há mil anos, com colar.
No museu, nos surpreendemos, também, com a visualização, num mapa, do imenso Salar de Atacama, que possui 95 km x 35 km. Há 5 milhões de anos este Salar era um lago. Os salares são formados de Lítio, bórax e potássio. No deserto cresce a gramínea salada. O lítio é matéria prima de exportação usada na alta tecnologia de informação. Há aqui diversos salares como o Salar de Punta Negra, por ex. Na Bolívia, há, também, diversos salares. Também na Argentina são muitos. Lá temos, por ex., o Salar de Arizaro. Há muitos salares também no deserto dos Estados Unidos. Os salares eram, há a milhões de anos, lagos que depois secaram.
Outros aspectos culturais desta região são retratados neste maravilhoso e completo museu: o homem de Atacama produzia a sua vida, trabalhando com couro, pedra, argila e cestaria.
“Este arqueólogo jesuíta, um dos principais pesquisadores da cultura atacameña, nasceu na Bélgica , de uma família culta, em 1903 e faleceu em Santiago em 1980. Entrou na Companhia de Jesus, em 1922. Em 1952 foi enviado ao Chile, onde um dos seus companheiros de estudo e ordenação, padre Alberto Hurtado, havia falecido. […] Este jesuíta dedicou-se a este estudo profundo, por 25 anos de sua vida. Fora de seu trabalho como arqueólogo, ele viajou e conheceu em profundidade a área de Atacama, onde promoveu a construção de obras de interesse social, como hospitais, escolas e estradas. Como recompensa por seus serviços, foi-lhe concedida a” cidadania pela graça” , a maior honra concedida no Chile a estrangeiros. Segundo sua vontade, foi enterrado em San Pedro de Atacama”.
Circulando pela cidade, fizemos, depois, uma foto, junto ao monumento do padre jesuíta Gustavo Le Paige de Walque, criador do excelente museu antropológico e, em sua merecida homenagem.
Aqui em São Pedro do Atacama, estiveram também os Incas. Zahel, nosso guia, nos informou que a cultura Inca aqui, floresceu, somente durante 30 anos. No entanto, no Peru, os Incas reinaram e influenciaram a cultura, por 200 anos.
Um aspecto que, também, nos chamou atenção em São Pedro do Atacama é que, muitos habitantes de pequenos povoados têm, também, uma casa em São Pedro de Atacama, pois aqui exercem suas atividades comerciais durante a semana, indo no fim de semana, para seu povoado.
O VALE DOS DINOSSAUROS
Em seguida a essa fantástica visita ao Museu, em nossa primeira tarde, saímos, novamente, do nosso hotel Taka-Taka para conhecer, na Cordilheira do Sal, o Vale dos Dinossauros, o Vale da Lua. Este, coberto de fina camada de cloreto de sódio, lembrando uma paisagem lunar. Conhecemos, também, o Vale da Morte, que são imensas formações de terra com a aparência de grandes dinossauros. É destes lugares que se retira o adobe para construir as casas do oásis, chamado São Pedro de Atacama. Foi impactante este contato com essas paisagens lunares, ao entardecer, quando o pôr-do-sol criava uma paisagem magnífica. A noite chegou rápido! O frio era intenso. O deserto é assim: quente de dia e muito frio à noite.
Para terminar este primeiro dia com chave de ouro, saímos do hotel e passeamos na pequena cidade de São Pedro de Atacama, com suas ruas cheias de turistas, agências de turismo, restaurantes, pousadas, hotéis, hostales, ateliers. Estávamos em outro mundo e muito felizes por poder conhecê-lo!
O dia tinha sido maravilhoso! Estávamos cansadas! Fomos repousar no hotel Taka-Taka.
Dia 9 de abril – domingo – São Pedro do Atacama
Após tomarmos um café no hotel, às 9:30 horas, com muitos turistas americanos, partimos para o sul do deserto do Atacama. No entanto, antes de nossa saída, chamou-nos a atenção algo que possibilitava a iluminação da entrada do hotel.
Essa iluminação se dava pela passagem da luz do dia pelos fundos de garrafas lá fixadas na parede.
Neste deslocamento para o sul de São Pedro de Atacama, recebemos de nosso atencioso guia Zahel, mais algumas informações úteis sobre a região: a comuna de São Pedro de Atacama é formada por 12 comunidades. Os nomes das comunidades são em língua kunza que se perdeu completamente, tanto que ninguém sabe o significado destes nomes: Cucuter, Locanehe, Cequiter, Sólon, Beter, Larache, Coyo, Kitos, Tulos, Ultofe. As comunidades fabricam o adobe e tem animais.
Os impostos cobrados aqui são altos e vão para Santiago.
Passando pelo salar, vimos o vulcão Laskar, com 5.592 m de altitude. A sua última erupção aconteceu em 18 de abril de 2006 e há uma permanente fumaça ou fumarola que sai constantemente de sua cratera, e pode ser vista desde São Pedro do Atacama a alguns quilômetros de distância. Na hora da explosão, a neve fechou a cratera e houve o derramamento de lava, a 8000 metros de altura, durante três dias.
Falando ainda sobre o Salar, o guia Zahel nos conta que o salar tem a mesma forma que há milhões de anos. A vegetação do salar se chama “gramínea salada”. Neste Salar nós podemos visualizar uma mina de cobre a céu aberto. Lá se trabalha 24 horas e de lá se retira lítio, bórax e potássio que são exportados para Estados Unidos e Europa.
A seguir, nos deparamos com uma paisagem inusitada no deserto: uma grande extensão de árvores verdes e muito grandes.
A árvore é o Tamarugo e o lugar se chama Reserva Nacional do Pampa do Tamarugol. Nosso guia nos explica que, em 1960, essas árvores foram plantadas pelo Estado, árvores estas que resistem ao clima seco e sem chuva. Esse oásis tem água pura. Aqui não existe argila.
Outra informação é sobre a grande quantidade de observatórios astronômicos que existem aqui no norte do Chile. Os astrônomos descobriram que, por aqui, no deserto mais seco do mundo, entra a energia mais pura do universo. Estão construindo, a 5.300 m de altura, a ALMA (Atacama Large Millimeter Array).
“O Atacama Large Millimeter Array é um rádio observatório constituído por um conjunto de 66 antenas, das quais 54 com 12 metros de diâmetro e as demais com 7 metros de diâmetro”.
São antenas que se dirigem a um ponto do universo. Os cientistas querem encontrar o princípio do universo. No YouTube este imenso observatório astronômico pode ser visto com clareza e muitos detalhes.
A estrada, por onde andávamos, era feita de adobe e sal, resultando isso, num chão muito duro e firme, quase como um asfalto. Chegamos ao povoado de Tocanao, onde vivem 600 pessoas. Todas as casas são feitas de pedra vulcânica, chamada Liparita. Essas pedras são cortadas com máquinas. É muito interessante essa paisagem.
A Cordilheira do Sal fica a 30 km e tem a cor lilás. Lá fica o Vale dos Dinossauros, o Vale da lua e o vale da Morte que já tínhamos conhecido, no dia em que chegamos a São Pedro de Atacama.
Chegamos ao centro do “Salar”. Silêncio total. Só o ronco do carro e o sal. Às 10h45 paramos para admirar a lagoa do Chaxas. A Lagoa de Chaxas fica a cerca de 48 quilômetros ao sudeste do centro da vila de San Pedro de Atacama.
Às 11:12 horas nos dirigimos às lagunas de Miscanti e Meñiches. Dali se podia ver novamente o vulcão Laskar.
À nossa esquerda enxergamos a Cordilheira dos Andes com o vulcão Tumisa, sem neve, pois a radiação solar é forte e a neve não dura. Também à nossa frente, o vulcão Socompa, um vulcão ativo na fronteira com a Argentina. Chamou nossa atenção, um arbusto de 1,50 m de altura, chamado Cachillullo, que vive do sal.
O último povoado que alcançamos foi Peine. Dali, sai um ônibus, toda semana, para São Pedro de Atacama. Nosso guia nos disse que a Brea (arbusto) que vemos no deserto, quando tenra, pode ser comida como salada. Mas agora não se come mais, pois mudou a mentalidade!
E aqui uma observação interessante sobre as cores que o deserto apresenta, e que tem a ver com os minérios de seu subsolo: terra amarela (enxofre), terra esverdeado (cobre) e vermelho (ferro). Sempre subindo por estradas escarpadas, passamos pelo povoado de Socaire às 11h53 e, nessa comunidade, nosso guia encomendou o almoço para a nossa volta.
Lá conhecemos Suzana e Jéssica que trabalham no restaurante. Conversamos com elas, e, em honra a estas duas descendentes indígenas e ao seu conhecimento sobre a Quinoa, fizemos esta foto mostrando, também, uma espiga, deste cereal ancestral.
“Conhecida como ‘Grão Sagrado’, a quinoa é rica em vitaminas como a B6, B1 e possui em menores quantidades as vitaminas E a C. Para se ter uma ideia: em apenas 100 gramas da quinoa podemos encontrar 9,5 mg de ferro, 286 mg de fósforo, 112 mg de cálcio e ainda um valor entre 67 e 74 % de hidratos de carbono, encontrados essencialmente na forma de amido. Além disso, observa-se que seu teor energético é bastante alto: em torno de 347 kcal por 100 g.” […] “Após a conquista espanhola, os alimentos autóctones, como a quinoa, o amaranto e a maca, caíram paulatinamente em desuso e foram substituídos pelos grãos consumidos na Europa, como o trigo e a cevada. Porém, os agricultores andinos conservaram as sementes e continuaram seus cultivos em pequenas parcelas de terra, sabendo da enorme riqueza que encerra a quinoa. Somente no último terço do século XX, os bolivianos redescobriram o valor do grão. A partir de estudos científicos e do melhoramento de algumas variedades – como a quinoa ‘sajama’ – verificou-se uma grande expansão, tanto do seu cultivo como do seu consumo no país. Com mais de 17 tipos diferentes de grão, é a variedade e a grande concentração de proteínas que levam à sua enorme funcionalidade”.
Perguntamos ao guia, quem coordenava essas atividades turísticas e ele nos informou que está sendo criado o Ministério do Meio Ambiente para administrar toda essa natureza e cultura. Em pleno deserto encontra-se a “Reserva Nacional Los Flamingos”, sob cuidados dos indígenas de Tocanao. Entramos nesta “Reserva Nacional Los Flamencos”.
O espetáculo que vimos no solo do deserto foi o da lava pirodástica, que é a lava que sobe do vulcão a grandes alturas e cai no solo, formando finas folhas de material esbranquiçado. É lava leve, ao contrário da lava que escorre, e que por isso endurece.
Passamos, também, por pequenos oásis, cujas casas têm os telhados feitos com palha brava amarela.
Às 12:25 horas, chegamos acima de mais 4.000 metros de altura. Vimos o falcão sobrevoando a região. Essa ave se alimenta de roedores que existem no deserto. A estrada que percorremos foi construída faz 20 anos.
Alcançamos o vulcão Meniche, as lagoas soberanas e maravilhosamente azuladas, à nossa frente: a maior chamada Miscanti e uma menor Meniches em pleno deserto. Nele habita a ave cornuda que faz seu ninho com algas. Põe ovos e nascem 5 filhotes. Mas ela tem um perigoso inimigo, que é a gaivota que come os ovos desta ave.
Às 13 horas e descemos de 4.000 metros para 3.000 e chegamos ao povoado de Socaire, onde nos esperava um gostoso almoço que encomendáramos na subida.
No cardápio, uma sopa de legumes com carne de alpaca. Depois, mais verduras, carne e a célebre Quínoa, que é o cereal que só cresce e é cultivado nas grandes alturas.
Nessa tarde, visitamos mais alguns povoados, descansamos e conhecemos, um pouco mais a cidade de São Pedro de Atacama. Fomos descansar, pois, no dia seguinte teríamos que sair muito cedo, para conhecer, no Norte, os gêiseres, antes do nascer do sol.
Dia 10 de abril – segunda-feira – Geysers Del Tatio
Nesse dia madrugamos, pois, faríamos um passeio espetacular!
Saímos do hotel quando ainda era escuro, às 4 horas, em direção ao norte de São Pedro do Atacama, para subir a 4.300 metros de altura e visitar os Geysers Del Tatio, um dos passeios mais populares no Atacama. Começamos nossa linda viagem, sob um límpido céu estrelado, em silêncio, na maior parte do tempo, pois o mistério era grande! A escuridão, o silêncio e o céu coberto de estrelas nos convidavam a apreciar a magia da natureza. Lá chegamos às seis horas da manhã, a 4 graus abaixo de zero e, pela primeira vez ficamos surpresos e maravilhados admirando o espetáculo. Em seguida Alcita e eu, tomamos café! Não demorou muito e os primeiros raios de sol iluminaram o ambiente. A palavra Tatio, na língua quéchua, significa “o velho que chora”.
Lá existem 80 geysers ativos que jorram água quentíssima e, também, muitos geysers de fumaça, que são pequenos buracos no solo de onde sai fumaça constantemente. Dos geysers sai do solo a agua que chega a 85 graus centígrados. Os fluxos do vapor se elevam a mais de dez metros de altura. Esse fenômeno da fumaça e da erupção dos geysers acontece somente até umas 9 horas. O pico dos Geysers é das 5 às 7 h. Por esta razão, para fazer esta visita é decidir sair muito cedo. Fizemos muitas fotos nos gêiseres, onde as águas ferventes saiam da terra e se projetavam a muitos metros de altura.
“Geyser El Tatio é um campo geotérmico localizado no Deserto de Atacama, no Chile, considerado o terceiro maior campo de gêiseres do mundo e o maior do hemisfério sul. Situado a 4.300 metros de altitude, é possível ver em ‘El Tatio’ enormes colunas de vapor, que são expelidas por fissuras encontradas na crosta terrestre. De maneira geral, esses vapores, que podem atingir até 85°C, são formados a partir do encontro de rios quentes subterrâneos com a superfície fria das rochas. Por isso, o melhor horário para ver as colunas de vapores é no início da manhã, quando a temperatura externa ainda é bem baixa”.
Ao lado dos geysers havia também, uma piscina natural, com água quente. Muitas pessoas estavam lá tomando banho.
Eu li na internet, que as águas desta piscina, onde muitas pessoas se banham, seriam tóxicas. Lá encontramos gente de todas as partes e também conversamos e fizemos fotos com paulistas.
Neste dia conhecemos também um povoado indígena do altiplano, chamado Machuca.
E, logo após, as termas Puritama. Chega-se às termas de Puritama, descendo uma perigosa depressão num caminho muito íngreme, cheio de pedras. Nosso pensamento era que jamais colocaríamos um carro para fazer esta descida. Mas nossa VAN “Sapinho Verde” foi muito corajosa e Zahel, mais ainda.
Ao chegar às termas de Puritama foi como chegar ao paraíso: encontramos as piscinas naturais, cercadas de junco, onde pudemos tomar banho e fazer um relax total. São em número de nove estas piscinas. Suas águas tépidas nos devolveram todas as energias gastas, nos dias de nossa viagem. Foram inesquecíveis estes momentos!
Voltamos ao nosso hotel Taka-Taka, arrumamos as malas e nos dirigimos ao aeroporto de Calama, onde chegamos após uma hora de viagem pelo deserto.
À tarde, fizemos uma ótima viagem, voando de Calama para Santiago. Era o dia 10 de abril de 2006 e a viagem nos permitiu assistir a um pôr do sol demorado, multicor e maravilhoso. Este espetáculo me inspirou! E eu que não costumo fazer poesia, não resisti e escrevi, emocionada, o que segue:
Voando para Santiago
A escuridão vai se fazendo sob os nossos pés e sobre as nossas cabeças.
Ao longe, o azul, o amarelo e o alaranjado, na linha de horizonte, é espetáculo sem par.
As cores esmaecem e desaparecem, a cada instante que passa, tão rapidamente…
Agora, a escuridão completa nos fala que o sol nos deu adeus,
Iluminando com um clarão, a última parte do céu!
Novo dia nos espera e o espetáculo das cores vão se repetir novamente…
Procuram-se, entre os humanos, olhos para admirar tamanha beleza de criação.
À noite, em Santiago, no nosso familiar hotel “Leonardo Da Vinci”, fizemos um passeio a pé pelo centro. Visitamos ainda um grande supermercado localizado nas proximidades. Jantamos e preparamos, mais uma vez, as nossas malas.
11 de abril – Santiago
Em nosso último dia, em Santiago, levantamos cedo e tomamos um ótimo café da manhã, no hotel Da Vinci. Fomos fazer um passeio pela cidade de Santiago, pois só viajaríamos à tarde e não tínhamos ainda tido tempo para conhecer melhor a cidade capital.
No centro de Santiago, fizemos uma caminhada pelos arredores da Plaza de Armas e andamos pelo muito lindo e movimentado “Passeo Ahumada”, no centro histórico. Apreciamos algumas lojas, entramos em livrarias, casa de vinhos e compramos algumas lembranças. Procuramos um mapa do Chile, mas foi difícil encontrar. Aí compramos o mapa numa brochura. O tempo foi muito curto! Gostaríamos de ter tido mais tempo disponível.
Às 13 horas tomamos o avião rumo a Guarulhos. Viagem ótima. Dever cumprido! De lá, tomamos o avião para Florianópolis! Chegando a Florianópolis, aqui, nesta linda ilha da magia, percebemos que, se abrirmos os olhos como os abrimos na viagem ao Chile, aqui, também, há muitíssimas belezas para se ver em admirar.
Saímos dessa viagem extremamente satisfeitas e realizadas, por termos virado mais uma folha no livro que é a Vida, por termos vivenciado mais uma fatia de VIDA. As fotos que estão neste relatório são o testemunho do que vimos e experienciamos, com muita alegria e gratidão, por este privilégio de poder viajar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em respeito ao Chile posso dizer que conheci, ao menos em parte, um país verdadeiramente fantástico. O Brasil e nós brasileiros, em termos de viagens, sempre estivemos mais perto dos Estados Unidos e Europa do que da América Latina. Vale a pena conhecer, sim, a América Latina. E isso eu posso afirmar, pois, conheci, em minhas viagens, parte da Colômbia, do Equador e Peru e muitas cidades do nosso imenso Brasil.
Quanto ao Chile sua natureza exuberante e muito diversa é algo encantador, neste mapa igualmente peculiar. A terra de vulcões cobertos por neves eternas e de lagos verde-esmeralda, é algo de uma beleza sui generis. As paisagens lunares dos desertos coloridos e dos salares, onde os flamingos crescem, se alimentam, se colorem e voam com a elegância que lhe é própria é algo bonito de se ver. Sua história com a presença dos indígenas originais e, também, a dos conquistadores e mais tarde dos imigrantes, dão ao Chile, as cores culturais com as quais se veste e se mostra. Difícil é transmitir, em palavras, as emoções vividas nesta linda viagem, por este maravilhoso país da América Latina.
E aqui, agora, desejo falar sobre algo muito sensível ao meu coração.
O que tornou a viagem ainda mais fantástica, foi poder fazê-la em companhia de minha grande amiga, Alcita Varela, que hoje já habita outras moradas. Desejo deixar aqui, a minha homenagem, nestas poucas, mas sinceras palavras.
Quem era Alcita? Não é fácil responder em palavras.
Conheci Alcita no ano de 1999, nas águas termais de Santo Amaro da Imperatriz e aí iniciou o cultivo de uma bonita amizade! Na ocasião, acompanhada pelo marido, Alcita estava radiante, tendo em sua cabeça um chapéu enfeitado com lindas flores. Seu companheiro de caminhada, numa trajetória de 53 anos, faleceu em 2000. Ao lado dele, Alcita, participou de muitas lutas, no sindicato dos bancários e juntos, lá desenvolveram muitas atividades sociais e, entre estas, fizeram inúmeras palestras. Tinha cuidado e amor pela sua família: a filha Lívia que morava em Urupema e Scheilla e Manoel, que, por motivo de seus estudos, moravam com a avó Alcita.
Alcita era uma pessoa que tinha amigos, era muito amiga e generosa. Quando chegava Natal ou o Primeiro do Ano, ao redor de uma mesa bem preparada muitas vezes festejávamos juntos, a seu convite. O lugar onde morava era especial mirante para ver a ponte Hercílio Luz e a Beira Mar, com os maravilhosos fogos de artifício que sempre nos encantavam.
Além de sensível poetisa, sempre foi muito prendada em diferentes saberes. Era uma cozinheira incrível, costureira impecável, artesã do crochê, conhecia como ninguém as plantas medicinais, estava muito ligada aos animais, a quem dispensava especial amor; era muito ligada à natureza e muito dedicada a seus netos. Gostava de, ao se vestir, se enfeitar e tinha bom gosto!
Alcita tomava a palavra e fazia ótimos discursos em qualquer oportunidade, em que podia e devia externar sua opinião. Tinha sempre algo de importante a dizer e nunca deixava de fazê-lo! Todos sentiam que deviam aplaudi-la. Aos oitenta anos, publicou um lindo livro de poesias, onde enaltecia, a natureza, também sua família e todas as pessoas e coisas que amava.
Teve sempre uma atividade social muito intensa e diversificada. Participava dos grupos de terceira idade, e cultivava a amizade com as pessoas que dele faziam parte. A última vez que fui assistir uma atividade deste grupo, a seu convite, ela estava participando de uma peça de teatro. Sua última atividade, foi como contadora de histórias para crianças, no SESC em Florianópolis.
Vivia intensamente cada momento e, apesar de sua idade, tinha a agilidade e a alegria de uma jovem, engajada e encantada pela Vida. Adorava viajar. Com ela, fiz ótimas viagens programadas pelo SESC, aqui em Santa Catarina! Também fizemos juntas uma rica viagem a Manaus, um Cruzeiro pelo Caribe, uma inesquecível viagem ao nordeste e também a Fernando de Noronha, esta viagem em companhia de Lívia, sua filha.
Na viagem, ao Chile, houve, como sempre, uma parceria maravilhosa. Foram onze dias de muito companheirismo! Ela amava todas as atividades que tivemos oportunidade de fazer. Entrava, rapidamente em contanto com as pessoas que encontrávamos e isto nos possibilitava bons encontros, boas conversas e muitas aprendizagens.
Posso dizer que esta viagem ao Chile, que ela tanto amou, foi uma experiência que hoje vale a pena recordar e assim reviver! A amizade com Alcita, para mim, foi um presente da Vida. Sinto muita gratidão por isso.
Minha querida amiga Alcita deixou aqui muitas saudades! Minha amizade continua agora com sua família a quem sou muito grata.
Florianópolis, 31 de maio de 2019.
Anita Moser
6 Comentários
Karina Santoro
Querida Anita!
Fiquei emocionada com o relato de sua amizade com a Alcita. Pelas sua lindas palavras senti imenso amor e conexão entre vocês. Ler seu relato me fez refletir sobre o tempo que devemos aproveitar ao lado de quem amamos.
Gratidão querida Anita!
Que Deus ilumine sua jornada.
Anita
Karina, você escolheu se ater, às palavras finais do texto, onde apresento homenagem à Alcita que, cheia de vida, nos deixou aos 83 anos. Eu senti a necessidade de prestar homenagem a esta amiga, irmã de minha alma, que me acompanhou, também, em muitas s viagens, sempre com a disposição, a alegria, o companheirismo, que lhe eram próprios. Na viagem a este belo país, de mapa tão raro, então desconhecido para nós, Alcita queria conhecer o Sul com seus lindos lagos e seus vulcões coroados com neves eternas, e eu queria conhecer o Norte, com o célebre, bonito e árido deserto do Atacama. Dirimir a questão foi fácil: em 11 dias conhecemos o Sul e o Norte, cujas aventuras e os muitos conhecimentos adquiridos estão bem detalhados neste relatório de viagem. Muito grata Karina, que me levaste a falar sobre esta inesquecível amizade! Abraço grande!
Clarice Maria Neves panitz
Chile é um. país lindo, diverso e com história , dinâmico por seus vulcões ainda ativos , seus geisers, seu povo originário, parques nacionais, vinhos finos salmão e muito mais. Eu conheci parte dos lugares que estivesses e adorei e foi bom relembrar e.aprender muito mais com teu relato minucioso. Outros lugares ainda vou conhecer um dia.ao vivo, mas já os conheci viajando com você dessa forma tão especial que tens de nos levar a.passear com você e se emocionar profundamente. Hasta pronto mi querida amiga!
Anita
Clarice, concordo com você quando diz que o Chile é um país fantástico com sua geografia e história que nos emociona! Inúmeras características o identificam como um país digno de ser visitado! O ambiente dos gêiseres que lançam ao céu suas águas que fervem no alto dos Andes, ao norte, os incríveis desertos lunares com seus salares ás vezes em flor, ao sul seus lagos verde esmeralda, seus imponentes vulcões cobertos por neves eternas , uma terra com seu povo originário que conserva sua língua e sua cultura e também com a presença de imigrantes europeus, o cultivo das vinhas , do vinho e dos salmões, a terra do poeta Pablo Neruda e suas casas, etc. Alegro-me com o retorno que me deste neste teu depoimento e agradeço com um abraço
Lívia
Anita tuas viagens além de nos encantar nos instrui enormemente!
Fazes uma descrição rica e profunda dos países e lugares visitados!
Parabéns e grande abraço
Anita
Lívia, fiz esta viagem ao Chile, em companhia de minha grande amiga Alcita, tua querida mãe. Tu fizeste esta mesma viagem nos acompanhando, virtualmente, no relato deste site. Dizes que “estas viagens, além de nos encantar, nos ensinam enormemente”. Também acho isto, Lívia e é por esta razão que compartilho os meus aprendizados. Obrigada Lívia! Abraço!