América Central,  Américas

Viagem ao México

Viagem ao México

Dia 28 de outubro a 11 de novembro

Anita Moser

       Faço os relatórios de minhas viagens, acima de tudo, para elaborar as vivências e os conhecimentos que a viagem me oportunizou. Gosto de viajar e conhecer lugares novos, com sua geografia, história e culturas peculiares. Sinto que isto é muito prazeroso para mim e que a alegria desta experiência não precisa ficar somente comigo, por isso compartilho.

       Este relato se compõe de duas partes:

1) A primeira, traz alguns dados sobre a História do México que é uma história longa, variada, interessante, dramática e desconhecida, no caso, foi assim que a percebi.

2) A segunda parte, trata do dia a dia da curta excursão, de 28 de outubro a 11 de novembro de 2019, quando conhecimento histórico sobre este importante país ilumina o que se ouve e se vê durante a excursão pelo México,

1ª Parte

       Na longa história do México, grandes civilizações milenares lá nasceram, floresceram e se extinguiram, deixando, além de construções em pedra, tradições, valores e costumes. A cada dia há novas descobertas no México, pois a herança que os povos indígenas lá deixaram é incomensurável.

O México tem 29 mil sítios arqueológicos e ocupa o sexto lugar no mundo e o primeiro das Américas em Patrimônios Mundiais da UNESCO. Ao todo, são 33 lugares com este título”.

       Importa lembrar que, o que se vê, ao visitar estes sítios, apesar de serem grandes obras com muito espaço já escavado, é o mínimo do que realmente existia e existe. Muitos locais, onde estas civilizações floresceram, estão sendo ainda descobertos, pois, às vezes, naquilo que pode ser visitado, só 5% está visível. No abandono histórico destes lugares, árvores de 40 a 60 metros, cresceram sobre eles. Ainda hoje, cientistas e arqueólogos estão debruçados sobre estas ruínas decifrando os seus dados culturais, através de muitíssimo trabalho e investimentos.

       Durante as visitas que fizemos na capital do México, fomos surpreendidos, em primeiro lugar, de forma inusitada, com a beleza e a harmonia dos símbolos culturais das civilizações, que se desenvolveram nestas regiões e que estavam por toda a parte, embelezando a cidade com muita sofisticação e mistério. Importa lembrar que o processo de conquista do Império Asteca pelo Império Espanhol, no século XVI, tinha um objetivo muito particular, pois não era o de simplesmente criar aqui, novas cidades. Eles tinham, o objetivo explícito, de criar uma Nova Espanha. Os Jesuítas criaram, aqui, as primeiras universidades no estilo europeu, já que os indígenas dispunham de suas escolas (calmecac) nas quais se estudavam filosofia, história, astronomia, engenharia, medicina e tantas outras disciplinas.

       A Espanha Católica, trouxe também a Inquisição e os privilégios do Clero e da classe dominante e, consequentemente, a subjugação dos indígenas! A resistência a esta dominação, através de conflitos e guerras, nunca deixou de existir! Diferentes segmentos da sociedade lutavam para garantir os direitos que lhes tinham sido usurpados e outros segmentos, para garantir os direitos que aqui foram adquirindo.

Os conquistadores”, diz o historiador mexicano Enrique Semo, “destruíram grande parte da cultura mesoamericana, antes de chegar a conhecê-la. Nada souberam da história de suas grandes cidades, de seu complicado sistema político, de seus códices, da escrita dos calendários, do conceito Nahuatl do homem e da vida, de seus conhecimentos de medicina, astronomia e matemáticas. Somente a mediados do século XVI, com as obras como as de frei Bernardino de Sahagún (1500-1590), que foi quando se deu início ao conhecimento da antiguidade mexicana”.

       Essa é uma história que, como a do resto da América Latina, não nos é familiar, pois estes estudos, quase nunca constavam dos currículos escolares brasileiros. Estes, privilegiavam a história da Europa; nunca a conquista da América pela coroa espanhola, o genocídio dos povos dominados e as lutas pela independência.

Alguns dados Históricos das antigas civilizações indígenas

Apesar de haver alguns indícios arqueológicos que sugerem a ocupação humana do México desde há mais de 20.000 anos, a primeira prova sólida desta ocupação tem origem em dois locais de caça no norte da Bacia do México. Os antigos mexicanos começaram a cultura seletiva de plantas de milho cerca de 8 000 a.C. Há evidências de uma explosão na quantidade de trabalhos em cerâmica cerca de 2300 a.C. e do início da agricultura intensiva entre 1800 e 1500 a.C. […] . Ainda que muitas cidades-estados, reinos e impérios competiram uns com os outros por poder e prestígio, pode-se dizer que o México teve quatro civilizações principais e unificadoras: a olmeca, Teotihuacán, a tolteca e a mexica. […] Estas quatro civilizações estenderam a sua influência por todo o México – e para além deste – como nenhuma outra. Consolidaram poder e influenciaram o comércio, arte, política, tecnologia e teologia. Outras potências regionais fizeram alianças políticas e económicas com estas quatro civilizações ao longo de 4000 anos”.

       Para falarmos do local onde está localizada a cidade capital do México atual, importa em primeiro lugar falar sobre três grandes centros florescentes do Império Asteca: Tenochtitlan (situada numa ilha), Teotihuacán e Cholula e também do lago Texcoco, de ilhas e de quatro outros lagos.

“O lago de Texcoco era um antigo lago salgado situado no vale do México, a mais de dois mil metros de altitude. Tratava-se de um lago fechado sem qualquer curso de água emissário e formava, com os lagos de Xochimilco, Chalco, Xaltocan e Zumpango, uma bacia endorreica com cerca de 2000 km² de superfície”. […] O lago Texcoco foi seco, de forma a resolver o problema das frequentes inundações dos povoados limítrofes. No século XVII os espanhóis construíram grandes obras para resolver este problema.”.

       A cidade de Tenochtitlan, fundada em 1325, local da atual cidade do México, estava situada nesta ilha, (assinalada acima) cercada pelo lago Texcoco. Era uma cidade muito maior do que as cidades europeias, de cerca de 250 mil habitantes, com belíssimos monumentos, jardins, palácios, templos e mercados. Desta cidade não restou quase nada.

       Nas ilustrações abaixo pode ser vista, também, a cidade de Teotihuacán, da qual hoje restam ruinas bem conservadas e muito visitadas. Infelizmente, não visitamos as Pirâmides de Teotihuacán, mas se diz que esta visita é essencial e imperdível a quem vai ao México. Milhares de turistas as visitam!

Os Mexicas

Com o declínio da civilização tolteca ocorreu a fragmentação política no Vale do México. Neste novo jogo político de sucessão ao trono tolteca apareceram os mexicas. Tratava-se, também eles, de um orgulhoso povo do deserto, um de entre sete grupos que antes se autodenominavam astecas, tendo mudado o seu nome após anos de migração. […]Em 1400 os mexicas governavam grande parte do México central (enquanto os yaquis, coras e apaches controlavam áreas consideráveis dos desertos do Norte), tendo subjugado a maioria dos outros estados regionais, na década de 1470. No seu auge, 100000 mexicas presidiam a um rico Império que contava com cerca de 10 milhões de pessoas (quase metade dos 24 milhões que então habitavam o México). ”

Muito do que é considerado como cultura mexicana deriva desta civilização mexica: topónimos, gastronomia, arte, vestuário, simbologia e mesmo a identidade mexicana, que a ela foi buscar o nome. Durante grande parte da sua história, a maioria da população mexicana teve um modo de vida urbano: cidades, vilas e aldeias. Apenas uma fração da população era tribal e nômade. A maioria das pessoas vivia em povoamentos permanentes, baseados na agricultura e identificados com uma cultura urbana, em oposição a uma cultura tribal. O México é desde há muito, uma terra urbana, fato graficamente refletido nos escritos dos espanhóis que os encontraram”.

       Um dado muito característico dos Astecas é a cultura dos sacrifícios humanos, como uma forma de agradar aos deuses. Assim, sacrificavam principalmente os prisioneiros obtidos em batalhas, mas não só.

Império Espanhol vitorioso na Nova Espanha

       Em 1519, as civilizações nativas do México foram invadidas pelo Império Espanhol e, dois anos mais tarde, em 1521, a capital dos Astecas, Tenochtitlan, foi conquistada por uma aliança entre espanhóis e tlaxcaltecas e de mais povos originários, os inimigos principais dos astecas.

Foram três os principais fatores contribuintes para a vitória espanhola. Em primeiro lugar, os espanhóis possuíam tecnologia militar superior, incluindo armas de fogo, bestas, armas de ferro, aço e cavalos. Outros aliados dos espanhóis, foram as várias doenças do Velho Mundo que haviam levado com eles (principalmente a varíola), para as quais os nativos não tinham qualquer imunidade e que acabariam por tornar-se pandémicas, dizimando uma grande parte da população nativa. Por último, os espanhóis conseguiram fazer seus aliados vários povos sob o domínio do Império Asteca que viam os espanhóis como o meio de se libertarem do poder asteca, destacando-se de entre eles os tlaxcalteca”.

Durante o período colonial, que durou de 1521 a 1810, o México era conhecido como Nueva España ou Nova Espanha, cujos territórios incluíam o que é hoje o México, as ilhas espanholas das Caraíbas, a América Central até à Costa Rica inclusive uma área que continha o sudoeste dos Estados Unidos. A maior parte destas terras era dominada por proprietários espanhóis e os seus descendentes brancos. Na realidade, a política e a economia do México colonial eram totalmente dominadas pelos europeus. A seguir vinham os mestiços e os povos indígenas ocupavam o degrau mais baixo da sociedade”.

Uma palavra sobre a Inquisição

       A Inquisição Espanhola, bem como o seu prolongamento, a Inquisição Mexicana, operaram aqui até à declaração da independência do México. Assim, a partir de 1539, houve uns trezentos anos de molestamento, tortura e morte para quem não partilhasse das crenças católicas. O tribunal da Inquisição parou de funcionar em 1820.

Para a execução pública das sentenças, realizava-se um pomposo auto-de-fé. Fazia-se uma proclamação pública em toda a cidade para informar a todos do dia e do local da concentração. Nesse dia os condenados saíam das prisões do Tribunal do Santo Ofício trajando um sambenito (tipo de manto sem mangas), com uma vela nas mãos, uma corda no pescoço e uma coroza (chapéu em forma de cone) na cabeça. Depois da leitura dos crimes contra a fé católica, a punição decidida contra cada vítima era executada. ”

Os séculos da chamada Santa Inquisição permanecem como página funesta na história da Igreja Católica mexicana.

Estou no México, tentando compreender sua história!

       Desde o início da minha chegada ao México, um fato que logo me chamou atenção, foi a palavra Reforma, e eu me questionava sobre o seu significado. Por que o nosso primeiro “hotel Empório Reforma” tinha, em seu nome, esta palavra? Logo percebi que a palavra “Reforma”, aqui, era recorrente, pois estava em outros nomes de logradouros e outros hotéis: “Reforma Avenue Hotel”, “Hotel Imperial Reforma” e uma importante avenida de 12 km na Cidade do México chamada “Passeo de la Reforma”, onde, hoje, existe a “Torre da Reforma”, construída em 2016. Eu precisava de uma explicação, ou seja, precisava saber o porquê desta palavra tão forte, estar tão firmemente incrustada na cultura do México de ontem e de hoje.! Mal sabia eu que, este nome Reforma explica uma das páginas mais marcantes da história do México.

       Ao voltar da excursão, no momento de fazer este relatório e precisando obter mais esclarecimentos sobre esse período, tive o privilégio de poder conversar, com o prof. Dr. Waldir Rampinelli, professor doutor da UFSC, que atualmente está publicando um livro sobre este período da história Mexicana. Senti-me muito agradecida ao professor, pois ele se colocou à minha disposição para falar, com entusiasmo, sobre o México e, numa frase síntese, que muito me agradou e me ajudou a elaborar e a pesquisar para escrever com dados confiáveis, este relatório, ele afirmou:

       O México teve essencialmente, três revoluções:

1-1810-1821- Independência;

2-1858-1861- Reforma;

3-1910-1917- Revolução Mexicana.

       A partir de uma longa conversa com este professor que conhecia a fundo a história, comecei a organizar o texto que segue.

A Guerra da Independência em 1810-1821

       No ano de 1808, Napoleão Bonaparte, Imperador vitorioso da França, invade a Espanha e dá o trono da Espanha a seu irmão, João Bonaparte. Este fato foi fundamental para se criar a rebelião contra o governo colonial espanhol, ocasião em que, o padre Miguel Hidalgo se uniu aos patriotas e aos crioulos para organizar os movimentos de independência do México.

Durante la primera mitad del año 1810 el grupo patriótico formado en su mayoría por criollos, o sea, españoles nacidos en México, llevan a cabo una serie de reuniones clandestinas pro-independencia llamadas posteriormente La conspiración de Querétaro. En la noche del 15 de Septiembre de 1810, Miguel Hidalgo manda a Mauricio Hidalgo, Ignacio Allende y Mariano Abasolo frente a un grupo de hombres armados para liberar a las personas que fueron presas por estar a favor de los movimientos independistas. En la madrugada del 16 de Septiembre de 1810 Miguel Hidalgo y Costilla hace sonar las campanas de la iglesia reuniendo a todos los independistas y pronuncia su famoso Grito de Dolores, un discurso que motivaba a rebelarse contra el actual gobierno español.Miguel Hidalgo logra dentro del próximo año decretar la abolición de la esclavitud y derogar los tributos obligatorios impuestos a los indígenas muriendo fusilado en Chihuahua el día 30 de Julio de 1811. La Independencia de México solo se consigue después de una década de guerras el día 27 de Septiembre de 1821”.

       Falar de independência, é falar do “grito de Dolores” que foi o discurso proferido pelo padre Hidalgo, na cidade de Dolores, conclamando a todos a se independizar do governo espanhol no México, dando assim, início à Guerra da Independência.

       O grito é esse discurso:

É hora da nossa emancipação; tem soado a hora da nossa liberdade; e se você conhece o seu grande valor, você me ajudará a defendê-la da garra ambiciosa dos tiranos. Poucas horas me faltam para que me veja marchar para a cabeça dos homens que se gabam de ser livres. Convido-vos a cumprir com este dever. De modo que sem pátria ou liberdade estaremos sempre a uma longa distância de verdadeira felicidade”. […] Miguel Hidalgo y Costilla, herói da campanha de independência do México (1753 – 1811.

[…]. Em 16 de setembro de 1810 foi declarada a Independência do México. Porém, ela não foi aceita pela Espanha, que buscou reprimir o movimento, originando assim uma guerra. […]. Em julho de 1811, Hidalgo foi fuzilado pelos espanhóis e a liderança passou para as mãos de Morelos, que defendia mudanças radicais para o país independente como, por exemplo: abolição da escravidão, isenção de impostos para os mais pobres e ocupação de cargos militares e civis pelos colonos. Essas ideias desagradaram os mais ricos, principalmente a elite agrária. Para evitar uma revolução social no pós-independência, a elite mexicana assumiu o movimento emancipacionista, dando a ele um caráter mais conservador e menos popular. A guerra durou entre setembro de 1810 e setembro de 1821. Sob o comando do general Agustín Itúrbide e com um número de combatentes maior, os colonos mexicanos venceram a guerra, conquistando a independência (21 de setembro de 1821). […]. Em julho de 1822, com o apoio da elite mexicana, Itúrbide foi coroado Imperador do México. Seu reinado durou até o ano seguinte, quando ocorreu a proclamação da República no país”.

       Hoje o México tem a tradição do “Grito”, um dia antes das festas pátrias mexicanas, 15 de setembro. Neste dia o Presidente da República toca a campana de Dolores, (sino que está no alto do Palácio Nacional) e faz um discurso patriótico, nomeia os heróis, e dá início às festividades da independência, gritando 3 vezes: Viva o México!

2) A Guerra da Reforma-1858-1861

       Em 1857 ocorreu a Revolução Liberal e o poder foi assumido por Benito Juarez, o primeiro líder mexicano indígena, filho de índios zapotecas, a comandar o país, em mais de 300 anos. Juarez tinha sido governador do estado de Oaxaca, entre 1847 a 1853. Em razão de sua política progressista, ele não foi bem recebido pelos conservadores, o que teria levado, assim, a uma guerra civil durante três anos, até 1861. Com o passar do tempo, a guerra civil tornou-se uma guerra sangrenta bi polarizando o povo mexicano. Nesta guerra morreram 200.000 pessoas.

       Durante esta guerra, existiram, no México, dois governos paralelos: um conservador e outro liberal, com sedes na Cidade do México e na cidade de Vera Cruz, respectivamente. Muitos dos moderados juntaram-se aos liberais, convencidos de que era necessário diminuir e controlar o grande poder detido pela Igreja Católica do México. A Guerra terminou com a vitória dos liberais e o regresso da administração de Benito Juarez à Cidade do México. Em 1858, o governo de Vera Cruz decidiu fazer as Leis de Reforma. E aqui está a razão do nome “Reforma” ser tão recorrente no México.

       As leis da Reforma foram contra o poder da Igreja Católica:

Separou totalmente a Igreja do Estado; o batismo não valia mais como certidão; o cemitério não era mais da Igreja; a Igreja perdeu os conventos; muitos religiosos foram exclaustrados; os prédios da igreja viraram escolas, quartéis; foi proibido usar habito para os religiosos; foi proibido fazer procissões; acabou o ensino religioso nas escolas; os religiosos não podiam votar e nem serem votados.

       A Guerra da Reforma foi marcada por batalhas, lutas, enfretamentos, ódio e mortes. Quando em 1861, três anos mais tarde, os liberais ganharam a Guerra, as leis da Reforma viraram Constituição. Benito Juarez, em 17 de julho de 1861, assumindo o poder, realizou um ato que teve grande repercussão: cancelou a dívida externa, relativa a empréstimos contraídos a países estrangeiros por vários governos mexicanos. A reação destes países foi a intervenção no México.

Napoleão III e o Imperador Maximiliano dos Habsburgos

       Houve então uma segunda intervenção francesa no México, no sentido de levar o México a retomar os pagamentos. De 1862 a 1867, em Puebla, sob a coordenação de Zaragoza, o México em frente ao maior exército do mundo, venceu a Guerra em 5 de maio de 1862. No entanto, Napoleão reforçou o exército e desta vez, os franceses saíram vitoriosos. Benito Juarez criou, então um governo itinerante e se dirigiu para o norte. A Igreja e os conservadores apoiaram os franceses.

       E Maximiliano, da dinastia dos Habsburgos, aceitou a oferta de Napoleão III, da França, para ascender ao trono mexicano. Devido ao apoio da França, da Inglaterra e da Santa Sé, os conservadores mexicanos viram na figura de Maximiliano, a chance de perpetuar um sistema político que era favorável a eles.

       Foi a partir dessa vitória, que Maximiliano se tornou Imperador do México, conservando a Igreja aliada ao Estado. No entanto, a inclinação liberal de Maximiliano, fez com que ele perdesse logo o respaldo dos conservadores mexicanos. Além disso, Napoleão tirou o exército francês do México e isto o enfraqueceu. Em 1867 Benito Juarez derrota Maximiliano e, em Querétero, e Maximiliano foi fuzilado.

       Em 1876 até 1911, com exceção de 1880, o México foi governado por Porfirio Dias que deu, novamente, poder â Igreja. Positivista que era, ele desenvolveu o capitalismo. Em 1910 o México tinha 24.000 km de estradas de ferro. No México, os períodos históricos diferentes se sucederam, onde o poder da Igreja, às vezes, foi tirado e, outras vezes, conservado.

A Revolução mexicana de 1910

No ano de 1910, o México se encontrava sob a liderança política de Porfírio Díaz, que havia implantado a ditadura no México no ano de 1876 a 1880 e de 1884 a 1911, permanecendo mais de trinta anos no poder. Durante a ditadura porfirista, prevaleceram as grandes propriedades de terra e a ausência de liberdades democráticas. Porfírio Díaz conduziu a classe latifundiária a assumir as ideias da burguesia norte-americana e europeia, negando todas as tradições indígenas mexicanas. A política de Porfírio visou valorizar a entrada de capital estrangeiro para explorar os recursos minerais e vegetais e para fabricar produtos de exportação”.

       A Revolução Mexicana de 1910, teve como luta, a Reforma Agrária, ou seja, a distribuição de terras entre os camponeses. Essa necessidade de terras gerou o início da Revolução que tinha como lema “Tierra y Libertad”.

       Os liberais prepararam o povo para derrubar Porfírio Dias. Em 1907 houve greves famosas. Em 1910, sucedeu a Revolução Mexicana, contra Porfírio Dias e a oligarquia. Em 1911 Porfírio Dias renunciou e foi para a França,

Após a renúncia de Porfírio, Francisco Madero, que era integrante de uma elite que fazia oposição ao governo anterior, assumiu o poder no México e governou de 1911 a 1913. Madero conquistou a população mexicana com promessas de reformas sociais que iriam diminuir a exclusão social – cerca de aproximadamente 70% da população mexicana era analfabeta” […]

Dois camponeses se destacaram na oposição ao governo de Madero: Emiliano Zapata e Francisco ‘Pancho Villa’(líderes revolucionários camponeses).Emiliano Zapata se opôs a vários governos sucessivos no México: primeiro, o governo de Madero; depois, o governo de Victoriano Huerta; e, por último, o governo de Venustiano Carranza. Zapata acusou Carranza de não cumprimento da Reforma Agrária, tão reivindicada pelos camponeses. No ano de 1911, lançou o Plano de Ayala, que reivindicava a reforma agrária mexicana. O documento se tornou um referencial para a luta pela terra na América Latina”.

Em 1913, homens estavam em armas contra a ditadura de Victoriano Huerta apoiada pela Igreja. No México ninguém se orgulha deste nome.

A Constituição de 1917

       Em 1917, foi feita, no México, uma Constituição socializante, que foi muito discutida. Interessante é saber que seus participantes, fizeram esta Constituição, armados, cada um defendendo as suas propostas.

Cinco dos artigos da constituição mexicana de 1917 visavam especialmente eliminar direitos da Igreja Católica na sociedade mexicana. O artigo 3º exigia uma educação laica nas escolas. O artigo 5º proibia as ordens monásticas. O artigo 24º proibia o culto em público fora das igrejas, enquanto que o artigo 27º restringia os direitos de propriedade das organizações religiosas. Finalmente, o artigo 130º retirava aos membros do clero direitos cívicos básicos: padres e líderes religiosos estavam proibidos de usar os seus hábitos, não tinham direito de voto e estavam proibidos de comentar assuntos da vida pública na imprensa. […] O espírito anticlerical do governo estendia-se ainda a alterações superficiais de topónimos no sentido da sua laicização. Como exemplo, o estado de ”Vera Cruz” foi rebatizado de Veracruz. […]. Em junho de 1926, promulgou a Lei de Reforma do Código Penal, conhecida como Lei Calles. Esta lei previa penas específicas para padres e religiosos que se atrevessem a violar as provisões da constituição de 1917. Como por exemplo uso de vestes religiosas em público era penalizado em 500 pesos. ”

       A Constituição Mexicana de 1917, elaborada pela Assembleia Constituinte, impôs severas leis anticlericais à Igreja, no México, ocasionando uma repressão do Estado do México sobre a Igreja Católica, agora muito enfraquecida. A Igreja preparou então os católicos fundamentalistas para uma Guerra.

       Foi a chamada Guerra Cristera, de 1926 a 1929, da qual os mexicanos se envergonham. Nesta Guerra morreram 90.000 pessoas. Muitos se mataram entre si. Por exemplo: o governo dava terras para os trabalhadores e um trabalhador católico, fundamentalista, mata o que recebeu terra, pois afirma que não deveria aceitar terra do governo.

       A Igreja reconheceu como mártires os que morreram durante a Guerra Cristera. O mais conhecido foi o padre jesuíta Miguel Pro executado por um pelotão de fuzilamento, em 23 de novembro de 1927. Foi beatificado em 1988. Em maio de 2000, o papa João Paulo II, canonizou um grupo de 25 mártires deste período.

       Para maiores detalhes, pode-se ler o livro “La Cristiada” de Jean Meyer.

       Até aqui um pouco da história do México. Daquilo que pude ver e ouvir nesta excursão, certamente a visão histórica trouxe um maior esclarecimento.

Estas linhas iniciais, trazem a luz que nos permitem entender e interpretar o que vimos nos dias da excursão.

Relatório da Viagem ao México

Dia 28 de outubro a 11 de novembro

       A saída para São Paulo, aeroporto de Guarulhos, estava marcada para às 18 horas. Neste dia 27 de outubro, domingo, às 15 h, dirigi-me ao novo aeroporto Internacional Hercílio Luz, recém reinaugurado, com uma grande expectativa, por conhecê-lo. Ao mesmo tempo, avaliava que o trânsito estaria difícil, mas cheguei lá, em apenas 15 minutos. Ao chegar, como havia agora, bastante tempo à minha disposição, fiquei na primeira praça, muito ampla, nova e bonita. Lá estavam muitas pessoas, nas inúmeras mesas, conversando, saboreando petiscos, bebendo e, ao mesmo tempo, assistindo música ao vivo. Havia também dança. Curti, neste local acolhedor, a gratuidade da Vida, durante bom tempo. Logo chegou Fernanda da Plazatur, acompanhada dos dois filhos e do pai. Às 17 h dirigimo-nos ao segundo andar em companhia de Salvelina e Fernanda. Lá nos entretemos com boas conversas, durante 2h30, pois aconteceu que o avião que vinha de Chapecó, teve atraso de 1h30.

       Neste momento havia uma chuva torrencial e mesmo assim, o voo iniciou, continuou com algumas turbulências e finalmente chegou a São Paulo. A hospedagem foi no “hotel Hampton by Hilton” Guarulhos. Lá nos alegramos ao nos encontrar com as colegas de excursão de belo Horizonte: Mirlene, Salomé e Wania. À noite, jantei com Salvelina, um prato substancioso, chamado “Beirute de Frango”, no restaurante do hotel.

28 de outubro – segunda-feira

       Saímos do hotel após o café e, às 8h45, já estávamos no aeroporto.

Viajamos com a empresa “Aero México”, a maior do México, que tem uma história de 85 anos. Às 10h50, enquanto o avião iniciava o voo taxiando, o piloto avisava que no México tínhamos 27 graus com chuva. Gosto do momento em que o avião começa a acelerar fazendo, em seguida, a corrida que o impulsiona para alçar voo. 

Tudo transcorreu tranquilo durante a viagem, sem turbulência.O almoço foi servido tarde e muitos passageiros se ressentiram disso. Chegamos à cidade do México, capital, após às 8h30 de voo e nos hospedamos no Hotel Empório Reforma, que fica perto do Shopping 222, também chamado de Reforma.

       Aqui, pela primeira vez, esta palavra “Reforma”, me chama a atenção.

29 de outubro – terça-feira

       Após o café da manhã, o guia Hércules, se apresentou e perguntou ao grupo quem queria assistir o Balé folclórico, no “Palácio Nacional da Velhas Artes”. A maioria tinha interesse.

       Neste primeiro dia, fomos fazer um tour pela cidade do México, e nosso condutor foi Omar, que nos conduziu até o Centro Histórico. Omar, um excelente profissional, conduziu nosso ônibus durante toda a excursão. Gratidão!

       No trajeto até o centro, percorremos a Avenida Benito Juarez! Em seguida, passamos por um grande monumento de 1910, também em honra ao presidente Benito Juarez. Aqui começamos a nos familiarizar com um nome importante e recorrente da história do México.

       A história nos ajudaria a conhecê-lo.

Benito Juarez liderou várias etapas históricas do México. Enfrentou e fez presença na Guerra da Reforma (1858-1960), na intervenção Francesa (1863-1867, durante o Segundo Império e da restauração da República do México. Ele foi caracterizado por sempre defender os ideais e os direitos do povo mexicano sob a orientação de um estado mais liberal”.

       Era de origem indígena, nascido em Oaxaca em 1806. Muitas vezes a referência a esta cidade é “Oaxaca de Juarez”. Morreu na cidade do México em 1872.

Continuando o percurso, à nossa esquerda, no suceder das paisagens da cidade, estava o suntuoso edifício “Palácio Nacional das Velhas Artes”, que alberga as atividades culturais do país. Nosso guia mexicano Jesus, dá-nos algumas informações históricas sobre este teatro:

       O “Velhas Artes” foi uma construção iniciada em 1902 cujo espaço foi projetado em Art-Nouveau, com o objetivo de ser um “Teatro de Ópera”, como mandava o gosto da época. No entanto, com a eclosão da Revolução Mexicana de 1910, a construção foi interrompida. E, quando a obra foi retomada em 1930, o país era outro, com uma nova mentalidade. O projeto foi profundamente alterado para que surgisse, não apenas uma Casa e Ópera para as elites, mas um centro cultural que abrigasse as diversas manifestações artísticas: o primeiro museu de artes do México.

       O trajeto deste primeiro tour segue: à direita estava o edifício do Banco do México e depois a requintada e belíssima “Casa dos Azulejos”, hoje, um restaurante. Não conseguimos fazer a visita imperdível a esta Casa, mas sabe-se que é extraordinariamente bonita, com os azulejos vindos da China.

       Chegamos por fim, à praça central, o Zócalo, com dimensões imensas, 220 m x 240 m, pois havia a intenção de construir aqui um grande monumento em homenagem à independência do México. Foi construída só a base que se chama Zocolo. Desde o século XIX, é chamada de Plaza de la Constituición.

       Aqui começou nossa visita, a pé, pelo Centro Histórico, acompanhados pelo guia mexicano Jesus. Passeamos encantados com tanto movimento, vendo excursões do mundo todo, com guias, explicando, em muitas línguas, a história do México. Havia turistas ouvindo guias, por toda a parte, e também no interior da catedral, nas diversas capelas que compõem o templo. O guia Jesus no informa que, aqui no México, todas as igrejas são dedicadas à Assunção de Nossa Senhora. E, também nos diz que esta cidade do México, está situada a 2.250 metros, acima do nível do mar e no tempo dos Astecas era uma cidade populosa e se chamava Tenochtitlan, capital do Império Asteca.

       E mais:

       Após a conquista do México por Hernán Cortês, este decidiu-se pela construção de uma igreja em um local de destaque. O pesquisador Manuel Rivera Cambas garante que a Catedral foi erguida, exatamente, no local sagrado dos Astecas, sobre os escombros de seu templo, dito pagão, destruído pelos conquistadores espanhóis.

       A Catedral metropolitana da Assunção da Virgem Maria aos Céus é uma das mais antigas catedrais católicas romanas do continente americano. O arquiteto espanhol Cláudio de Arciniega foi o responsável pelas primeiras obras no local, tomando como inspiração as catedrais góticas da Espanha. A arquitetura desta catedral é fortemente influenciada por três estilos arquitetônicos predominantes em todo o México Colonial: Renascentista, Barroco e Neoclássico.

       Esta Catedral viveu diferentes períodos importantes da complicada história do México. Sua fundação data do ano de 1562 e sua construção se prolongou por um longo período, de 1573 a 1813.

A construção original foi substituída por outra de inspiração barroca e concluída em 1813.Já as torres gêmeas que dominam a fachada que dá para a praça da Constituição são do século XVIII. O belo altar de “los Reys”, em estilo churrigueresca, levou mais de 20 anos para ser concluído. O churrigueresco (também conhecido como barroco mexicano) é um estilo extravagante de arquitetura e decoração popular na Espanha e na América Latina no século XVII, também usado algumas vezes para definir livremente, como um todo, o barroco e o rococó tardios, na arquitetura espanhol. Esta designação tem origem na família Churriguera, escultores de Salamanca, a quem se devem as principais contribuições deste estilo”.

Aqui, Neusa, Salvelina e eu, estamos conhecendo as imediações da catedral.

       A Catedral tem sido foco de atividades culturais da história mexicana, a maioria delas ocorridas no século XX e XXI. O templo já foi local de uso exclusivo das famílias proeminentes da Nova Espanha e testemunha, também, de muitíssimos conflitos entre a Igreja Católica e o México. A Catedral foi fechada por quatro anos, quando da tentativa do presidente México de 1924 a 1928, Plutarco Elias Calles de aplicar as leis anticlericais. O Papa Pio XI também a fechou, ordenando que os sacerdotes católicos suspendessem os serviços religiosos em todo o país. Após o governo mexicano e o Papado chegarem a uma série de acordos de reforma, a catedral foi reaberta, em 1930.

       Este templo é imponente em todo o sentido: possui 25 sinos na torre leste e 7 sinos na torre oeste. O maior sino é denominado “Santa Maria de Guadalupe” e pesa 13 toneladas. Há também o denominado “Dõna Maria” com 6 toneladas, e o sino “La Ronca”. Estes últimos foram instalados em 1693, enquanto o sino maior foi instalado em 1793.

       A catedral possui inúmeras estátuas de santos da igreja Católica, tanto em seu interior quanto em seu exterior, inclusive nas torres.

As estátuas sobre a torre oeste são obras de José Zacarias Cora e representam o Papa Gregório VII, Santo Agostinho, Leandro de Sevilha, São Fulgêncio de Écija, São Francisco Xavier e Santa Bárbara. As estátuas da torre leste são obras de Cristóbal Sandoval e representam SANTO Ambrósio, Santa Rosa de Lima, a Virgem maria, Felipe de Jesus, Hipólito de Roma e Santo Isidoro”.

 A majestosa porta principal desta catedral só abre a cada 100 anos, ocasião em que os cristãos podem ganhar a indulgência plenária, ou seja, o perdão de todos os seus pecados. Há uma bonita construção, colada à catedral, que é conhecida como Tabernáculo Metropolitano, que serve de sede ao batistério e aos órgãos de registro dos paroquianos. Trata-se de uma construção barroca do século XVIII.
Entramos na magnífica Catedral onde tudo é grandioso e extremamente enfeitado.

Possui 5 naves e 16 capelas laterais das quais 14 estão abertas à visitação pública; possui dois grandes altares, um imenso coro e uma cripta subterrânea, onde estão conservados os restos mortais de alguns dos antigos arcebispos. Em 1987, a Catedral Metropolitana e a região em que se localiza foram tombados pela UNESCO, incorporando o patrimônio Mundial ao centro Histórico da cidade do México”.

       Esta visita à Catedral, nos levou a observar muitíssimos altares, todos com muitas flores e também muito ouro. Na parte lateral, os diversos grêmios de trabalhadores fizeram capelas, estas também repletas de santos e enfeites.

       O guia mexicano Jesus Steves, primeiramente, nos levou a ver, o altar do perdão, em estilo barroco, onde tudo reluzia a ouro, menos um Cristo Negro, cuja postura estranha chamou a atenção, O guia relatou um fato, que tem a ver com a trágica história da Inquisição Mexicana, durante a qual, os que eram condenados à morte, por não se submeterem as normas da Igreja Católica, tinham que vir antes a este templo, pedir perdão de seus pecados, antes da execução de sua sentença.

       Nas igrejas havia o costume de beijar os pés de Cristo e também os dos santos, e um inimigo da Igreja, querendo prejudicá-la, colocou veneno nos pés de Cristo Crucificado, com o objetivo de matar aquele que fosse beijar o Cristo, ao entrar em contato com o veneno mortífero. Conta-se que, quando um fiel se aproximou para beijar-lhe os pés, o Cristo, rapidamente, os retirou e o veneno, subiu, repentinamente, pelo corpo de Jesus, o qual, se tornou um Corpo Negro. E lá estavam diversas pessoas de joelhos, certamente lembrando este fato que, sempre recontado, serve de confirmação de sua fé.

Após a visita à Catedral, passamos a pé, pelas ruínas do Centro Cerimonial Asteca e, aí perto, vimos o pouco que sobrou das construções Astecas.

O templo Mayor era um dos principais templos Astecas na sua capital Tenochtitlán, atual cidade do México. O seu estilo arquitetônico pertence ao período pós-clássico mesoamericano. O templo era chamado Huey teocalli na língua nauatle, e estava dedicado a dois deuses : Huitzilopochtli, deus da guerra e Tlaloc, deus da chuva e da agricultura, cada um deles com um santuário no topo da pirâmide e cada um destes com a sua própria escadaria. Medindo aproximadamente 100 por 80 metros na base, o templo dominava um Recinto Sagrado. A construção do primeiro templo teve início algum tempo depois de 1325, tendo sido reconstruído posteriormente por seis vezes. O templo foi destruído pelos espanhóis em 1521”

Andando observamos nas redondezas, diversos prédios coloniais e aí fizemos uma foto do grupo de nossa excursão. Neste mesmo dia, uma visita imperdível ao prédio da Secretaria da Educação nos aguardava, para nos emocionar muito!

       Adentramos ao prédio, em funcionamento, num espaço em que o renomado artista do muralismo Mexicano, Diego Rivera, para que a história ficasse retratada, nunca esquecida, e sempre relembrada, pintou nas paredes, mais de 200 grandes murais, sobre a civilização pré-colombiana, sobre a colonização espanhola, as lutas e revoluções e a vida dos trabalhadores do México.

       A visão do espetáculo de beleza e arte dos murais de Diego Rivera, emociona! Lá admiramos estes quadros que são uma maravilha de perfeição, no que concerne à pintura e especialmente, no que o desenho apresenta como significado, para seus espectadores. A entrada foi grátis. Visitar esta Secretaria da Educação foi a possibilidade de se ter uma verdadeira aula de beleza estética e de história do México! Posso dizer que é imperdível para quem vai à capital deste país.     

       “Diego Rivera (1886-1957) de nome completo Diego Maria de la Conception Juan Nepomuceno Estanislau de la Rivera Y Barrientos Acosta Y Rodrigues, de origem judaica, foi um dos maiores pintores americanos, casado quatro vezes, incluindo um tumultuoso casamento com Frida Khalo em 1928”.

Como tantos artistas, um dos mais aclamados pintores do chamado muralismo mexicano, começou sua formação artística na Academia de San Carlos, em 1896, na Cidade do México. Recebeu depois, uma bolsa de estudos para a Europa onde teve contato com vários dos melhores pintores da época, que muito influenciaram sua obra, como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Juan Miró e o arquiteto catalão Antoni Gaudi.

       Este movimento sui generis, de pintar imensos murais, recebeu o nome de Muralismo e se liga à história do México.

O Muralismo mexicano está intimamente relacionado com a revolução mexicana de 1910 e com os ideais comunistas que lhe estavam subjacentes, aliás foi José Vasconcelos, Ministro da Educação Pública do período revolucionário, ´o principal impulsionador deste movimento, ao pôr à disposição dos pintores, as ´paredes dos edifícios públicos do México. […] “O pintor produz assim, uma obra que tem as proporções de um monumento, não só na sua forma, mas principalmente em seu teor. Diego Rivera criou, entre 1921 e 1956, um total de 6.730m2, distribuídos por dezenove prédios no México, oito nos Estados Unidos, um na China e um na Polônia”.

       O traço fundamental deste movimento é a intervenção social e política através da arte levando-a ao povo e, através dela, transmitindo uma mensagem de optimismo e solidariedade em relação à sociedade e à humanidade.

       Quando em 1910 terminou a revolução, 70% da população era analfabeta. Os pintores da época fizeram murais para que a história do México fosse conhecida por todos, o que tornava a arte acessível às massas. Esse empreendimento foi levado a cabo com grande talento pelos pintores mexicanos Orosco, Rivera e Siqueiros, entre outros. José Clemente Orosco, 1883-1949, foi um dos maiores pintores mexicanos e um dos protagonistas do Muralismo mexicano, com Rivera e Siqueiros.

Siqueiros, estudou arte na Academia de San Carlos, na Cidade do México, onde participou da greve estudantil de 1911, protestando contra os métodos de ensino antiquados da escola e exigindo a renúncia do diretor. Foi o primeiro ato abertamente político de uma vida que seria fortemente influenciado pela ideologia pessoal. A greve acabou levando à criação da Escola de Pintura ao Ar Livre de Santa Anita, onde Siqueiros foi um dos primeiros alunos a se matricular. Em 1914, Siqueiros se matriculou no exército constitucional rebelde, lutando contra o governo Victoriano Huerta. Durante suas longas viagens pelo México com os militares, ele descobriu a arte pré-hispânica e testemunhou as condições de vida dos trabalhadores mexicanos, duas experiências que informariam profundamente sua arte”.

       Abaixo vemos quadros de Diego Rivera.

       Se pudéssemos parar em frente a cada quadro ou mural e tentar identificar seus personagens dentro da história, seriam momentos “sui generis” desta viagem, mas demandaria muito tempo. Nas excursões, não temos este tempo necessário, para atender aos nossos maiores desejos.

       Neste local os primeiros murais de Rivera, que trabalhava 16 horas por dia pintando, homenageiam os mexicanos, em diferentes trabalhos. Retrata, por ex, a entrada nas minas e o esforço e sofrimento dos trabalhadores durante 12 horas de labuta. Em outro quadro as pessoas são revistadas, no final do dia de trabalho, para ver se roubaram etc. Aparece também Zapata, defensor dos Mayas, ante a exploração dos espanhóis e, também, o último Imperador mexicano lutando contra Cortez, etc. O que posso dizer é que, vale a pena viajar ao México só para ver os murais deste fenomenal artista, Diego Rivera.

       Diego Rivera, “acreditava que somente o mural poderia redimir artisticamente um povo que esquecera a grandeza de sua civilização pré-colombiana durante séculos de opressão estrangeira e de espoliação por parte das oligarquias nacionais, culturalmente voltadas para a metrópole espanhola. Assim como os outros muralistas, considerava burguesa a pintura de cavalete, pois na maior parte dos casos as telas ficavam confinadas em coleções particulares. Dentro deste conceito, realizou gigantescos murais que contavam a história política e social do México, mostrando a vida e o trabalho do povo mexicano, seus heróis, a terra, as lutas contra as injustiças, as inspirações e aspirações”.

Diego Rivera, depois de produzir mais de dois mil quadros, cinco mil desenhos e cerca de quatro mil metros quadrados de pintura mural, morreu no dia 24 de novembro de 1957, na cidade de San Ángel.

       Após a visita à Secretaria de Educação, de onde toda a excursão saiu deslumbrada com a grandiosidade dos murais, fizemos, neste local, foto para marcar esta inesquecível visita.

       Continuamos a passear pela peatonal Francisco Madero onde vimos o Museu de Arte Popular. A visita foi rápida, seria interessante ter mais tempo para admirar esta arte mexicana, pela quantidade e qualidade das peças expostas. Este museu imperdível , promove e preserva artesanatos de arte popular de todas as partes do México. Localizado em uma antiga casa de bombeiros, o museu possui uma coleção vasta, com peças de diferentes tipos que incluem: têxteis, cerâmica, vidro, alebrijes, móveis, quadros, entre outros artefatos. A coleta das peças foi feita através da generosidade de doadores individuais. Incrível a beleza dos artefatos.

        Aqui estamos passeando pela peatonal Francisco Madero. Nestas ruas do centro histórico, com um olhar de plena atenção, observamos diversos edifícios. Nosso guia ia explicando detalhes e histórias interessantes de cada casa.

       Na foto do centro sobressai a Torre Latino Americana, que resistiu à três grandes terremotos, pelo fato de que foi construída para resistir a eles. Na primeira foto estou com a colega de excursão Mirlene. Na última foto com Neusa e Salvelina.

O palácio de nosso já conhecido Augustin Iturbide, chama a atenção.

       Nos detivemos depois numa praça, com tendas de artesanato, onde muitas colegas da excursão compraram flores já preparadas como guirlandas, para serem colocadas na cabeça. De lá voltamos caminhando ao longo da grande praça, o Passeio da Reforma, e esperamos o ônibus. O “Paseo de la Reforma” liga o Zócalo, onde se encontram o Palácio Nacional e a Catedral Metropolitana, ao Bosque de Chapultepec, com seu imponente Castelo.

       Ao longo deste passeio, descansei da grande caminhada e junto com Wania, de Belo Horizonte, com quem dividi o quarto nos dias da excursão, fizemos fotos. Wania tinha comprado e estava enfeitada com a linda guirlanda de flores.

       Passamos, depois, com o nosso ônibus, em frente à igreja Nossa Senhora do Pilar. O guia mexicano Jesus nos informa que este templo foi construído pelos jesuítas e que no dia 12 de outubro, os espanhóis festejam, com muita suntuosidade, a padroeira, e o mais interessante é que todos, vão ao templo, com festivos trajes típicos.

       De volta ao hotel, almoçamos!

       À tarde, outra grande visita, igualmente imperdível para quem visita o México, nos aguardava: o Museu Nacional de Antropologia. O museu se situa entre o Passeio da Reforma e a rua Mahatma Gandhi, dentro do Parque de Chapultepec. Foi desenhado, por três dos maiores arquitetos do México, em 1963: Pedro Ramírez Vázquez, Jorge Campuzano e Rafael Mijares, foram os arquitetos que além deste Museu de antropologia realizaram muitas outras obras de grande importância. O Museu foi construído, em apenas, 19 meses.

       Na saída do ônibus, para adentrar ao Museu, passamos embaixo de um viaduto, e lá esperamos, algum tempo, para que uma chuva que nos surpreendeu, diminuísse.

O Museu nacional de Antropologia

       Chegando ao Museu fomos confrontados com uma impressionante arquitetura conhecida como “el paraguas”. É uma grande estrutura em forma de guarda-chuva da qual cai uma cascata artificial, suportada por um só pilar, revestido de bronze com relevos. Com 23 salas de exposição o museu cobre uma área de 79.700 metros quadrados (quase 8 hectares). Os átrios são rodeados por jardins, muitos dos quais albergam exposições ao ar livre.

Inaugurado em 1964 pelo presidente Adolfo López Mateos, o Museu tem um número significativo de exposições, como a Pedra do Sol, cabeças de pedra gigantes da civilização olmeca encontradas nas selvas de Tabasco e Veracruz, tesouros da civilização Maya, recuperados do Cenote Sagrado de Chichen Itza, uma réplica da tampa do sarcófago de Pakal, ‘O Grande’, encontrado em Palenque, e mostras etnológicas da vida rural mexicana contemporânea. Tem também uma maquete da localização e planta da antiga capital asteca Tenochtitlan, local hoje ocupado pela zona central da moderna Cidade do México”.

       Visitar um Museu desta envergadura exige que se lhe dedique tempo. Na verdade, a excursão não tem esse tempo caso houver no programa, outras visitas a fazer. Foi nosso caso! Muito pouco tempo tivemos para conhecer este magnífico Museu. Muito material recuperado, por ocasião da descoberta dos sítios arqueológicos, nos encanta neste grande e bem estruturado recinto cultural. O primeiro quadro que vimos, foi a maquete da antiga Tenochtitlan, que ficava numa ilha. Hoje, aqui foi construída a cidade do México.

       Visitamos a maioria das salas do Museu, encantados!

Inicialmente, nos detivemos diante da Pedra do sol e ouvimos, durante um bom tempo, com atenção, as explicações de um dos guias do Museu. Era notório seu conhecimento e seu entusiasmo em nos transmitir o muito conhecimento que detinha, sobre este grande ícone das antigas civilizações. Entendo que para compreender, tão intrincado conhecimento dos Mayas, é preciso fazer um estudo especial.

       Visualizando, rapidamente, as mais variadas peças das culturas milenares, deixo aqui algumas amostras desse rico material que compõem esse acervo. O museu alberga também exposições visitantes, geralmente sobre outras das grandes culturas do mundo.

       Algumas explicações do guia quando estávamos no Museu de Antropologia.

Além de nos falar sobre os conhecimentos que as antigas civilizações detinham, ele nos diz que os Mayas, das classes mais altas, quando as crianças nasciam, colocavam uma tábua na frente da cabeça e outra atrás, para produzir rostos mais estritos e altos. Isto era sinal de beleza!

Outra informação importante: os Mayas não tinham alfabeto e sim hieróglifos. Escreviam em papel que faziam da casca de uma árvore. Para visitar um Museu desta grandiosidade, é preciso reservar mais dias ou, ao menos, ir duas vezes em dias diferentes. A sensação é de que, em pouco tempo não é possível conhecer minimamente, as culturas retratadas neste magnífico Museu!
Saindo do Museu, enquanto esperávamos o nosso ônibus, fiz fotos deste monumento a Gandhi.
E, chegando ao hotel, já tarde, enquanto uns colegas saíram para cidade, eu, exausta de tantas caminhadas, mas feliz com as maravilhas que havia visto, fui jantar, em companhia da colega Esther. Nesta foto estamos saboreando uma sopa gostosíssima e, mostrando uma pimenta, que para nós é impossível comer, mas para os mexicanos é um alimento excelente e muito utilizado. Por fim, fui dormir.

Dia 30 de outubro – quarta-feira

       Levantamos as 6h30 e tomamos café, que aqui, é também, um pequeno almoço. Um fato me chamou a atenção ao pedir uma omelete. Vi que a funcionária fazia as omeletes, só com claras, para diversos hóspedes, jogando todas as gemas com as cascas do ovo, no lixo. Isto com a maior naturalidade. Isto me chocou pois não fui acostumada a esse desperdício!

       Às 9 horas saímos.

       Hércules o guia passa para recolher os 100 dólares do Ballet, à noite.

       Neste dia o programa inclui um passeio de barco na localidade de Xochimilco, a 45 km para o sul do México. No caminho passamos por um local da maior importância, a Universidade autônoma do México (250.000 estudantes)! Esta universidade (UNAM), um patrimônio mundial da UNESCO é uma instituição de ensino superior pública e foi fundada, em sua forma moderna, em 22 de setembro de 1910 por Justo Sierra Méndez, como uma alternativa liberal à sua antecessora, a Real e Pontifícia Universidade do México, fundada em 21 de setembro de 1551.

       Não foi possível visitá-la, mas gostaria demais de ter tido esta oportunidade. Muitos colegas professores da UFSC lá fizeram seus estudos de doutorado. Passamos pelo Centro Esportivo da Universidade. Aqui deixo fotos do imenso Centro Olímpico e da Biblioteca da Universidade.

Os trabalhos no campus principal foram feitos por alguns dos artistas mais reconhecidos da história mexicana. Todos os laureados mexicanos do Prêmio Nobel são ex-alunos ou professores da UNAM.

       Nossa viagem de ônibus nos levou, finalmente, a nosso destino, o bairro Xochimilco. Beleza e surpresa com a quantidade de barcas e com o movimento do lugar, nesta também chamada Veneza Mexicana! Barcos coloridos parecidos com gôndolas fazem passeios com os visitantes, enquanto passam por vendedores de comida, artesãos e bandas de mariachis.

       E aqui é interessante lembrar de outro mapa já visto: quando mostramos o mapa da antiga Tenochtitlan, a capital dos Astecas, hoje cidade do México, esta cidade indígena ficava numa ilha e o lago Xochimilco ficava ao sul desta ilha. Hoje podemos ver de outra forma este lago, onde há 180 km de canais e onde, mais de 3000 barcas, chamadas traineiras, levam, diariamente, os turistas a passear.

Ao chegar, um espetáculo inesperado de muito movimento! Eram inúmeras traineiras coloridas, turistas chegando e fazendo fotos, comerciantes levando suas mercadorias e nós exclamando: Que maravilha!!!

       E aí, nós entramos nos barcos, juntamente, com muitos turistas e num interessante trajeto, onde todos estavam se divertindo, observávamos a novidade deste momento, vivenciando esta realidade tão exuberante! Diversos grupos de Mariachis tocaram com o entusiasmo de sempre. Mariachi é um gênero musical popular do México e, simultaneamente, um termo que se aplica aos grupos musicais que cantam este gênero.

       Fizemos um lindo passeio onde toda excursão se divertiu muito e, ao longo dos canais, deu para apreciar o cultivo de flores e das muitas floriculturas, bem como o comércio que é feito aí, nas traineiras, de comidas a joias.

       Após este passeio, passamos 45 minutos nas barraquinhas nas redondezas dos canais.

Esperando o grupo, tomei uma água de Coco, que custou 50 pesos, ou seja, 13 reais. Sentados embaixo de uma árvore, ficamos esperando o restante do grupo.

       Recomeçamos a viagem e agora fomos para o outro bairro, COYOACÁN, primeiramente para almoçar. Chegando lá, atravessamos a praça já enfeitada para os festejos do dia dos “Muertos”. Aí ao redor da praça, vimos a igreja de São João Batista e, também em frente, estava o Restaurante de nome Cabo Coyote, onde. fiz uma foto com a colega Astrid, do Rio de Janeiro, pois queríamos mandar esta lembrança para a amiga comum, Romilda.

       Neste restaurante muito bonito, estavam também festejando os “Muertos” de uma maneira muito especial. Lá havia a representação feminina da morte: a “Catrina”, com quem muitos colegas fizeram fotos. A “Catrina” também foi sentada à mesa, conosco.

           Neste restaurante, demoramos um pouco, para ser atendidos, pois este já estava lotado quando o grupo da excursão, que já era grande, chegou. Para agilizar o trabalho a maioria pediu um prato de massa, com diferentes molhos.

       Saímos do restaurante às 16:45 h e nos dirigimos a outro local especial, o Museu Frida Khalo, que ficava aí perto. Ao percorrer as ruas, entre o restaurante e o Museu, vi uma árvore cortada na forma de uma casa. Achei exótico e singular! No entanto, aqui no México, percebi que fazem, muitas vezes, cortes nas folhas e ramos das árvores para que se pareçam com animais, flores etc. Apresentar uma casa através do corte de suas folhas e ramos, é que nunca tinha visto fazer!

       Depois de atravessarmos umas quadras a pé, neste mesmo bairro Coyoacán, chegamos ao Museu Frida Khalo. Como de costume, havia muita gente esperando, mas já que estávamos em grupo, fomos logo atendidos.

O Museu Frida Kahlo, também conhecido como Casa Azul por conta da estrutura de paredes azul-cobalto, é um museu-casa histórico e museu de arte dedicado à vida e à obra da artista mexicana Frida Kahlo. Está localizado no bairro Colonia del Carmen de Coyoacán. O edifício marca o local de nascimento de Kahlo e é também a casa onde ela cresceu, viveu com seu marido Diego Rivera por vários anos e faleceu. Em 1958, a casa foi doada a fim de transformá-la em um museu em homenagem a Kahlo”. […] “O museu contém uma coleção de obras de arte de Frida Kahlo, Diego Rivera e outros artistas, além de objetos de arte popular mexicana, artefatos pré-hispânicos, fotografias, objetos e itens pessoais. A coleção é exposta em todos os cômodos da casa, que permanece muito como era na década de 1950. Hoje, ele é o mais popular museu em Coyoacán e um dos mais visitados na Cidade do México”.

       Gostei de fazer a visita aos diversos recantos deste museu, onde é possível acompanhar de perto a vida desta artista. 

       Fiz, também, fotos a partir do interior desta casa, onde através das grades das janelas, se pode perceber o movimento pelos jardins deste museu. 

Aqui também o tempo de visita foi curto. 

Após, seguimos de ônibus para o hotel onde chegamos às 18:30 , nos arrumamos e, às 19:30 h saímos para assistir o ballet folclórico, no Palácio das Velhas Artes!

       Arquitetura belíssima! 

       Na entrada do palácio, a obra “O Homem controlador do universo”, mural de Diego Rivera e a arquitetura deslumbrante do próprio palácio.

Logo na entrada, recebemos o folheto com a programação do ballet que assistimos em grande contentamento e festa.

Um Ballet belíssimo, onde jovens efetuaram danças Mayas e Astecas com força, coragem, determinação e um vestuário lindo e exuberante.

       Pelo nome das danças relacionadas no programa, pode-se ter uma ideia de sua importância: “Matachines; Azteca; Guerrero Guerrero; La Revolución; La Charreada; Fiesta em Tacotalpan; La Vida es um juego; – Danza de la Pluma; Boda em la Huasteca; Danzón y jarana; Boda em el Istmo; del Venado; Fiesta em Jalisco”.

       No folheto estava escrito abaixo esta simpática frase:

Estimado visitante, el dia de hoy admirás la mayoria de las danzas, esperamos que te leves el esplendor de México”.

E no fim do espetáculo, um gesto muito bonito: os artistas vieram e dançaram com a plateia. Lindo! Posso dizer que este programa, para quem vai ao México, é também, imperdível.

Dia 31 de Outubro – quinta-feira

       Neste dia, a cidade estava toda enfeitada para o dia de “los Muertos”. Observava-se em toda a parte altares, enfeites e muitas bandeirinhas e um ar de festa. Hoje fizemos algumas visitas na cidade, mas nosso destino final era a cidade histórica de Puebla, situada a 145 km da cidade do México.

       No ônibus, Jesus, o guia mexicano, comentou que no caminho rumo a Puebla, visitaremos Tonantzlinta, uma igreja católica sui generis, onde o barroco europeu foi interpretado pelos indígenas. Também falou sobre dois vulcões que poderemos talvez, ver pelo caminho. Um é o vulcão Popocatépetl, e também, sobre a atitude das mulheres, nas revoluções no México. Elas pegavam em armas e, com os filhos nas costas, seguiam seus maridos. Se ficassem, seriam estupradas ou mortas.   

 Neste embalo chegamos ao centro da cidade e, ao nos dirigirmos, a pé, para o Palácio Nacional, passamos em frente à Academia Nacional de São Carlos, onde muitos artistas estudaram, nos informa Jesus. E cita como um dos mais aclamados pintores do chamado Muralismo Mexicano, Diego Rivera que, em 1896, começou sua formação artística nesta Academia. 

Passando em frente à Igreja de Santa Inês, observamos os altos-relevos na madeira maciça das portas, que retratam uma cena do tempo do cristianismo primitivo, durante a perseguição dos romanos. Lá está esculpida a cena da morte de Inês cristã, pelo próprio pai, pelo motivo de que Inês não quis se casar com o homem romano, escolhido por ele. M024 Neste local nos informa Jesus, estava o convento de Santa Inês que no tempo da Reforma, como tantos outros, foi fechado e as monjas, enclaustradas.

Passamos também pela casa do Sol (símbolo coberto de ouro) e da Lua (cobertura de prata) dos séculos XVI e XVII. Aqui só se podiam construir dois pisos. Conta-se que neste local, o vice-rei enamorado, mata a amante e seu companheiro.

       E assim, pouco antes das 10h, chegamos ao Palácio Nacional, cujo local e grande parte do material de construção deste atual edifício, pertenciam ao palácio de Moctezuma II, Imperador dos Astecas (1466-1520).

A história conta que a grandeza e riqueza do palácio, surpreenderam Hernán Cortés, que fez a sua descrição, por cartas, a Carlos I, rei da Espanha. Cortés apropriou-se do palácio, e também do Palácio de Axayacatl (pai de Moctezuma), onde esteve hospedado entre 1519 e 1520. Depois da Conquista, o palácio de Moctezuma ficou suficientemente destruído para torná-lo inabitável.

       Abaixo está a figura de Moctezuma. Seu Penacho hoje se encontra no Museu Etnográfico de Viena, na Áustria, que por sua vez o exibe com orgulho.

       Posteriormente, este palácio seria ocupado pelo Vice-Rei espanhol. Devido a tensões entre o vice-rei e o arcebispo, o palácio foi incendiado pelos apoiadores deste último, em 1624.

Com o passar dos anos construíram-se novas habitações no costado oriental, fato este que não alterou o extenso jardim nem as hortas. Em finais do século XVII, o Palácio dos Vice-reis já tinha o aspecto duma fortaleza, com duas torres nas esquinas resguardadas por artilharia, com poucas janelas e “com ameias de fuzilaria, tudo disposto para a defesa”. A ameia, em arquitetura militar, é a abertura, no parapeito das muralhas de um castelo ou fortaleza, por onde os defensores visavam o inimigo.

As medidas de segurança foram insuficientes para defender o palácio no dia 8 de junho de 1692, quando uma terrível fome propiciou a amotinação de oito mil índios que se reuniram na Plaza Mayor para exigir alimentos. Ao não ser escutada, a turba amotinada decidiu colocar fogo à residência do vice-rei. As chamas devoraram cada um dos salões, aposentos e escritórios do palácio”.

       Este Palácio recebeu ao longo da história, diferentes denominações de acordo com o momento político: Em 1821, ao ser consumada a Independência do México, o palácio recebeu uma nova designação, adotando o nome de Palácio Imperial, embora não fosse a residência do então novo Imperador Agustín de Iturbide. Depois da queda do primeiro Império de Augustin Iturbide, em 1823, foi fundada a República. Nesta oportunidade o Congresso Constituinte decretou que todos os lugares que tivessem os termos “Real”, “Vice-real” ou “Imperial” no seu nome, estes seriam substituídos pelo termo “Nacional”. Desta forma, este palácio passou a ser designado por Palácio Nacional.

O México perde território para os Estados Unidos

       Na Guerra entre o México e os Estados Unidos (1846-1848), causada pela anexação do Texas por parte deste último, o exército norte-americano, logo que tomou o último reduto que protegia a cidade, no Castelo de Chapultepec, no dia 14 de setembro de 1847, marchou, no dia seguinte, em direção à praça principal da Cidade do México, o Zócalo, e içou a Bandeira dos Estados Unidos no Palácio Nacional, ocupando-o até ao fim da Guerra, depois de firmados os tratados de Guadalupe Hidalgo, no ano de 1848. Por este tratado o México perdeu 2 .400.000 Km2 de seu território a favor dos Estados Unidos.

Rampinelli, escreve:

       Ao México de 1850 faltava-lhe uma parte significativa de sua história. É um corpo fraturado que será visualizado, posteriormente, nos mapas estampados nos seus museus, encolhendo desde 1810, a cada época que passa…. Foram muitas as invasões armadas, tantas que possivelmente o México seja o único país do mundo que tenha uma “Museu das intervenções”, em Churubusco, zona sul da cidade, local em que se deu uma grande batalha contra invasores estadunidenses, em 20 de agosto de 1847”.

       Por um curto período, de 1863 a 1867, o palácio foi novamente chamado de “Palácio Imperial”, durante o breve Segundo Império Mexicano, de Maximiliano de Habsburgo, embora o Imperador nunca o tenha usado como residência, já que em 1863, o soberano mudou a sua residência para o Castelo de Chapultepec, deixando o palácio como um edifício puramente administrativo e de protocolo.

O primeiro Castelo construído no continente americano foi o “Castillo de Chapultepec”, localizado na Cidade do México. Datado de 1758, fica no bosque de Chapultepec, um dos parques mais bonitos da cidade. O castelo atualmente é dividido em duas partes, o Museo de História, onde objetos e peças importantes da história do México estão guardados, e a Alcázar, que é um complexo de salas do castelo que estão preservadas com decoração original. ”

Este palácio Chapultepec, que nós não visitamos, foi construído na época do Vice-Reino da Nova Espanha, como casa de verão para o vice-rei, foram-lhe dados diversos usos, desde armazém de pólvora até academia militar, em 1841.

       Em 1864, Maximiliano de Habsburgo tinha três mastros instalados em frente das três portas principais este Palácio Chapultepec. Na porta central estava a Bandeira do México; na porta norte encontrava-se a Bandeira da Áustria e na porta sul ficava a Bandeira da França.

O Imperador Maximiliano ordenou diversas obras no seu interior para que adquirisse um toque majestoso.

Quanto ao Palácio Nacional

Benito Juarez durante a sua estadia, mandou adaptar a parte norte de palácio para seu uso familiar, precisamente na parte mais humilde e onde antes tinha estado um cárcere, deixando a mais elegante, na parte sul, como área de uso dos gabinetes da Presidência, com o claro objetivo de marcar essa diferença entre os seus ministros e os seus familiares. Viria a falecer nos seus aposentos, em 1872, sendo o seu corpo velado no Salão de Recepções. No mesmo ano, o Recinto Parlamentar foi destruído por um incêndio”.

       Durante o governo de Porfirio Díaz foram feitas várias alterações no Palácio Nacional. No dia 14 de setembro de 1886 foi instalada a Campana de Dolores, o sino que o padre Hidalgo repicou na paróquia de Dolores, na cidade de Guanajuato.

       Guanajuato é um dos 31 Estados do México, localizado no centro do país, e fazendo fronteira com os estados mexicanos de San Luis Potosí, Zacatecas, Querétaro e Michoacán. Sua área é de 30.589 km² e sua população é de 5.033.276 habitantes. A capital do Estado é a cidade de Guanajuato. Sua principal fonte de renda é a mineração de prata (o Estado possui uma das maiores reservas mundiais deste minério), estanho, ouro, cobre, chumbo e mercúrio.

       Na cidade do México, na alta cornija do balcão presidencial, a partir de então, celebra-se dali anualmente, o aniversário do Grito de Dolores. Uma estátua de Benito Juarez foi colocada na ala norte próximo dos seus antigos aposentos, estátua esta feita com bronze dos canhões do Exército Conservador durante a Guerra da Reforma e dos projéteis franceses da Batalha de Puebla. Tudo isto fez com que o palácio perdesse a sua aparência barroca (e francesa), dando-lhe o aspecto que lhe conhecemos hoje. Entre 1929 e 1951, o artista muralista Diego Rivera realizou cinco murais no segundo andar no pátio central e no espaço da escadaria principal, os quais foram restaurados durante o ano 2009, motivado pelos festejos do Bicentenário da Independência.

       No Palácio Nacional, há um ritual para comemorar a Independência: no dia 15 de setembro, às 23 h, o Presidente toca o Sino de Dolores e sinaliza o início das comemorações anuais de independência.

       Nós, que tínhamos aguardado um pouco, esperando a abertura das portas, entramos neste Palácio, devidamente identificados. Passando pela entrada em estilo barroco, encontramos, em seguida, o pátio principal do palácio, com uma arcada de três tiras e colunas renascentistas.

       No pátio, do edifício de três andares, há uma fonte central, com uma estátua de bronze de Pégasos, o cavalo-branco alado, que é uma das figuras mais emblemáticas da mitologia grega, símbolo da imortalidade.

       O Palácio Nacional, é a sede do Poder Executivo federal do México, estando localizado na Praça da Constituição (o Zócalo), num terreno com 40.000 m² situado no centro histórico da Cidade do México.

       No meio de inúmeros turistas do mundo todo, lá neste Palácio, apreciamos mais quadros de Diego Rivera, expondo a vida, as lutas sociais, a dominação europeia em fantásticos 7 grandes murais, que contam muita história. Poder ver e observar estas obras de arte é, certamente, um grande privilégio. Muitos turistas estavam com seus respectivos guias, ouvindo as explicações dos mesmos e admirando essas incríveis obras de arte. 

       É indescritível a emoção de saber e ver grandes artistas, colocar nas paredes, imensos murais, para que uma população que na época era, em grande número, analfabeta, pudesse conhecer a sua história. A gigantesca história milenar das civilizações do México, bem como a história da dominação espanhola e as lutas sócias do povo mexicano, não só deveria ser conhecida pelas novas gerações, mas também, nunca poderia ser esquecida por ninguém. Foi simplesmente uma oportunidade única, poder conhecer os murais de Diego Rivera.

Outro ponto de destaque é o pequeno museu construído em homenagem a Benito Juarez, onde mobiliários de época, objetos e documentos históricos contam um pouco sobre a história do estadista mexicano. O Palácio Nacional é repleto de salas de exposição e costuma oferecer mostras temporárias aos visitantes”.

Nossa viagem continua.

       Saindo do Palácio Nacional, deixamos o centro da cidade e rumamos para outro estado, Puebla, cuja capital, a cidade de Puebla, se localiza à 145 km a sudoeste da cidade do México. Olhar a paisagem, pelas janelas do ônibus, é sempre muito enriquecedor, pois nestas horas, temos uma atenção plena ao que vemos, especialmente, quando se está em lugares desconhecidos. Da janela do ônibus, entre outras paisagens, visualizei o Museu da Tequila e do Mezcal, bebidas estas identificadas com o México e que são elaboradas a partir do cozimento da planta do Agave.

       Neste processo que vamos observar em outro dia, as folhas do Agave são removidas e só o talo é usado.

Jesus, nosso guia nos fala do Templo de San Santiago Apóstolo que estamos vendo no caminho e nos informa que ele é todo construído em pedras e data do século XVII.

       Às 12h30, estávamos passando por bairros que são como favelas com as casas de cimento, mas sem pintura. No entanto, aqui vi algo que me impressionou: inúmeras passarelas possibilitam a passagem dos pedestres. Penso que nós, no Brasil, não temos esse cuidado com a necessidades dos passantes, de ambos os lados da rodovia e isto é realmente lastimável!

       Uma placa, no alto, me chama a atenção. Nela estava escrita uma frase sabia e inspiradora, da qual gostei muito:

Paciência e cortesia também salvam vidas”.

       Ao longo da rodovia, lindos campos cultivados, com o milho espigando. Lá também, estavam trabalhadores construindo a terceira pista da estrada e pessoas vendendo flores para o dia dos “Muertos. Subindo a Serra Madre fizemos uma parada técnica no restaurante “Los Volcanes” onde toda a excursão fez o seu lanche. E eu tomei um grande copo de café com leite quente, pois aqui costumam servir o café assim. Fizemos fotos com algumas colegas para marcar este lugar. 

Estamos viajando para o Oeste e esperamos chegar à noite, à Puebla. Jesus, nosso guia mexicano, volta nos comunicar que talvez, possamos ver dois vulcões importantes e perigosos, sendo um deles o Popocatépetl.

       Depois de uma viagem continuou tranquila, chegamos ao pé do monte onde está a igreja histórica, Santa Maria de Tonantzlinta, construída pelos padres franciscanos, no século XVI, sobre uma pirâmide Maya. Constatamos que as ruas estreitas das cidades coloniais, tornam muito difícil as manobras de grandes ônibus de turismo e por esta razão nosso ônibus estacionou aos pés da montanha e nós subimos. A igreja de Tonantzlinta, era precedida de um amplo e florido espaço. Adentramos o templo com a surpresa de ver muita beleza e exuberância de cores e inusitadas formas e figuras de ambas as civilizações, ouro e prata em abundância, num sincretismo nunca visto. Imagine-se todo o espaço no interior desta igreja, coberto com a representação de flores, frutas, santos, anjos, Deuses Mayas, índios, ramos, plumas, animais, Doutores da Igreja, Crucifixo, Nossa Senhora, etc.

       A igreja foi construída em 1656 e tudo foi feito pelos nativos num grande sincretismo. Há 240 rostos de anjos. Lá está São Miguel Arcanjo e a Serpente plumada! Saem frutos da boca do Deus da Guerra!

Nessa igreja de Santa Maria Tonantzlinta, o ouro é sempre renovado, nos explica o guia.

       Após a visita, ficamos conversando em frente ao templo e compramos algumas frutas. Neusa, que adquiriu seriguelas nos está oferecendo esta fruta que aqui, no México, tem um tamanho muito maior que as seriguelas do Brasil. É quase uma pequena manga, embora com o mesmo gosto.

Ao sair do local, fiz esta foto da célebre Catrina, no canto de uma casa, cuja família celebrava “o dia dos Muertos”.
Nesta foto, vemos o vulcão Popocatépetl emoldurando a igreja de Nossa Senhora dos Remédios, na célebre cidade de Chulula, cidade esta, próxima a Puebla, que não tivemos oportunidade de conhecer, mas certamente, valeria muito a pena tê-la conhecido.
À noitinha, chegamos, oficialmente, à Heroica Puebla de Zaragoza, fundada, em 1531, pelos espanhóis, hoje a cidade capital do estado de Puebla. Nos hospedamos no Hotel NH.

No hall de entrada alguns quadros nas paredes.

De acordo com o Censo realizado em 2005, Puebla é a quarta maior cidade do México, depois da Cidade de México, Guadalajara e Monterrey e a quarta maior área metropolitana do México com una população de 2,6 milhões de pessoas. A cidade de Puebla que é a capital vive à sombra do vulcão Popocatépetl. ”

       O estado de Puebla é muito rico culturalmente: tem muitos sítios arqueológicos, cidades coloniais, comunidades indígenas e principalmente um rico cardápio gastronômico. Aqui é interessante relembrar que foi realizada, nesta cidade de Puebla, em 1979, uma histórica Conferência em que foi afirmada, pela Igreja Católica, sua opção preferencial pelos pobres, afirmação que deu origem a diversos movimentos religiosos ligados à Teologia da Libertação. Achei muito interessante recordar este fato.

       Em Puebla há diversas universidades tradicionais e de muito prestígio, que enumero agora: Benemérita Universidade Autónoma de Puebla (1937); Universidad de las Américas (1940); Universidad Popular Autónoma del Estado de Puebla (1973) e Instituto Tecnológico de Puebla (1973);Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey campus Puebla (1943).

       Além dessas universidades, nos últimos anos têm sido instaladas diversos campus de universidades privadas. Entre suas construções coloniais a principal e também a mais alta é a Catedral de Puebla do século XVI, ricamente decorada. Há também igrejas como a de Santo Domingo, San Cristóbal e San Felipe Neri. O Teatro Principal do século XVIII, considerado o mais antigo América do Norte. A cidade é uma das mais antigas do México, que também preserva sua história em construções de casas e de lojas!

O restaurante Restauro

       No centro da cidade fomos jantar numa casa centenária reformada, de nome “Restauro”. Excelente em todo o sentido: beleza em cada canto, pratos saborosos e bem-apresentados, atendimento de primeira.

       Nosso grupo de excursão entrou no restaurante e nos acomodamos numa das diversas salas. Quando saí para tirar umas fotos do lindo restaurante, tive a oportunidade de encontrar e conversar com o gerente, que me falou desta casa que tem uma longa história: Quando se construiu a Catedral, no século XVI, construiu-se também o Seminário, para a formação do clero. Devido, também, a diversos conflitos históricos entre o México e a Igreja Católica, este edifício, através dos tempos, ficou abandonado, mas, num certo momento, cinco empresários se uniram com o objetivo de restaurar a antiga casa e transformá-la num restaurante. Daí o nome “Restauro”, um restaurante que considero digno de todos os elogios.

       A janta neste restaurante foi simplesmente um momento muito especial. Na mesa estávamos Mirlene, Salomé, Wania e eu. Na mesa, havia água aromatizada, excelente. Cada uma de nós pediu um prato e eu pedi uma sopa com um nome estranho. Minha exigência era apenas, que não fosse apimentada. Os pratos chegaram e observei que houve todo um ritual para trazer a sopa. Antes veio o prato fundo com algo que não lembro mais o que era e depois o garçom despejou de uma vasilha, um líquido roxo. Junto vieram patês e pães. Não se sabia distinguir o ótimo gosto desta sopa, pois era incrível! Tomei a sopa e só depois soube que era de batata-doce, ocasião em que o garçom me trouxe uma batata-doce para provar o fato. O preço da sopa foi 80 pesos mexicanos mais a propina, que se paga em todos os lugares do México.

 Fiz, também, fotos de alguns dos muitos ambientes do restaurante.

Falei com a pessoa responsável pelos abarrotes, ou seja, nesta empresa se industrializam diversos produtos que, numa sala especial estavam à venda. Lá fiz uma foto com a simpática funcionaria.

       Após o jantar, ao sair do restaurante Restauro, a primeira rua por onde passamos foi a “rua dos sapos” e ela tem esse nome porque, aqui, antigamente, havia muita água e muitos sapos pulavam e molhavam os pés das pessoas que passavam, nos diz o guia. Na “rua dos sapos” vimos belíssimas lojas de diversos estilos, construções coloniais enfeitadas, lojas de cerâmicas e muitas pessoas já preparadas para o dia dos “Muertos”, passeando com muita alegria e desconcentração. 

No meio de muitas pessoas caracterizadas havia também crianças que estavam enfeitadas para a festa e carregavam um baldinho, às vezes um cestinho, para receber moedas. Isto me chamou a atenção!

Já era noite e nós, passeando pelas ruas, fomos conhecer a catedral que estava, também, como toda a cidade, muito iluminada. Eram os vivos, festejando, com aqueles que já haviam partido e a afirmação dos descendentes dos povos das antigas civilizações, de que a Vida continua. 

Depois de passar bom tempo neste festivo ambiente noturno, com muito movimento, luz e festa, fiz uma foto com Cristina, que estava me acompanhando nesta noite.

De nossa curta estada em Puebla levamos a lembrança de uma cidade com muita e belíssima cerâmica Talavera, uma tradição de cerâmica mexicana que recebeu o nome da cerâmica espanhola Talavera de la Reina, na Espanha. A cerâmica mexicana é um tipo de louça de faiança ou faiança vitrificada, com um esmalte branco na base. É proveniente da cidade de San Pablo del Monte e das cidades de Puebla, Atlixco, Cholula e Tecali (todas essas quatro últimas no estado de Puebla), devido à qualidade da argila natural local e à tradição de produção que remonta ao século XVI. Em 2019, a Talavera foi inscrita na lista da UNESCO de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

       Além do jantar no especial restaurante “Restauro”, além da observação e conhecimento da cerâmica Talavera, própria de Puebla, além da experiência de ter participado desta festa popular numa cidade iluminada, levamos daqui a vontade de um dia, poder voltar à Puebla. Nosso grupo foi então para o hotel NH e não sei quantos saíram novamente, mas, para mim, o dia havia sido muito rico em experiências e eu, especialmente, estava muito cansada e fui dormir.

       A partir deste dia, viajamos, às vezes, 300 km ou mais, diariamente, para ir de um estado para o outro, neste contorno do golfo do México. Coloco o mapa, onde pode-se ver, com clareza, os estados que visitaremos daqui para frente a partir de Puebla: Oaxaca, Chiapas, Campeche e Yucatan.

Dia 1 de novembro – sexta-feira

       Neste dia, levantei cedo! Um especial altar dos mortos, no hall do hotel NH, me chamou a atenção e por esta razão fiz fotos das diferentes partes de que se compunha o altar, em honra a um ente querido, cuja foto encimava o altar.

       Havia também, lá no amplo hall de entrada, quatro célebres “Catrinas”, cada uma em um lugar, vestida de uma forma diferente. Muito lindas as Catrinas!

       Saímos do hotel NH às 7h30, e 350 km nos separam da cidade de Oaxaca. No caminho passamos por um monumento em homenagem ao sempre festejado herói mexicano Zaragoza, pois, no dia 5 de maio de 1862, em Puebla, este general derrotou o exército francês invasor, que era muito mais numeroso do que o seu exército.

       No caminho avistamos também o vulcão Pico de Orizaba ou vulcão Citlaltepetl, a montanha mais alta do país. (do nauatle citlalli = estrela, e tepetl = montanha). Com 6.700 metros de altura, com neves eternas, deste vulcão sai fumaça o ano todo. O México tem muitos vulcões, em maior número no lado oeste.

     Jesus, nosso guia , como de costume, nos dá explicações: entre outras coisas muito interessantes nos diz que aqui se falam 52 línguas de origem mexicana e que em Nova York há 2 milhões de Pueblanos que falam sua língua materna e também o espanhol. Eles trabalham e depois enviam dinheiro para seus familiares em Puebla.

       Pelo caminho, minha atenção observa, plantações de milho e, alguns lugares, me chamou atenção o que vi: muitas plantas de milho secas, amontoadas, em forma de triangulo invertido. Isto se repetiu diversas vezes, em lugares diferentes. Achei interessante, mas não consegui saber qual a razão de assim empilharem as ramas do milho! 

Viajando para Oaxaca passamos pela cidade de Tehuacan, da qual o guia Jesus já havia falado.

“Tehuacán é a segunda maior cidade do estado de Puebla, no México, com aproximadamente 270 mil habitantes. O vale de Tehuacán é considerado o primeiro local em que o milho foi domesticado há cerca de 9000 anos”.     

 Nesses caminhos, da zona rural, me chamam a atenção, sempre, o mesmo tipo de cactos, que crescem em diversos lugares e eu nunca tinha visto esta qualidade.

 Num certo lugar por onde passamos, vi este tipo de cactos, sendo usado como decoração das ruas.

       Perto das 9 horas, estávamos percorrendo rápido, em muito boa estrada, os muitos quilômetros que temos a percorrer até chegar em Oaxaca. Foi então colocado o ótimo filme sobre a artista Frida Khalo. Gostei demais de ter tido a possibilidade de assistir este filme, sentada no ônibus, com ar-condicionado, vivi momentos muito agradáveis nesta viagem! Frida Khalo nasceu em 1907, teve sempre uma saúde frágil e, após um desastre, pinta e lê livros no hospital e se transforma numa grande artista. Morre cedo!! Continuamos assistindo um documentário e um filme de Walt Disney sobre o “dia dos Muertos” e, por fim, um Show de Roberto Carlos, show este que o cantor fez aqui no México. Muito bom!

       Nesta travessia da Serra Madre, vejo pessoas e veículos, transportando as flores amarelas, próprias do dia dos defuntos. Encontramos, também, muitos caminhões que utilizam o encima da cabine, para aumentar seu espaço de armazenamento. Muito interessante!

       Viajamos durante cinco longas horas, pelas montanhas da grandiosa Serra Madre, que nada mais são do que o prolongamento das Montanhas Rochosas dos Estados Unidos.

Conforme vemos no mapa à esquerda, no México, é interessante perceber que a grande Serra Madre se divide em Serra Madre Oriental, Serra Madre Ocidental e Serra Madre Sul.

       Às 13h30, chegamos a Oaxaca.

O estado de Oaxaca é um exemplo de primeira linha no que diz respeito aos dados culturais que apresenta. É um dos estados mais representativos da essência do México. Esta terra, foi habitada por mais de 1000 anos antes dos espanhóis, por Mistekos e Sapatekos. Estes festejavam ‘o dia de los Muertos’, com aqueles que já morreram, em agosto. Eles gostavam de festejar. Os familiares faziam um altar e neste ritual e lá colocavam a comida que seus mortos gostavam de comer. Na conquista espanhola os franciscanos conseguiram transferir esta ‘Festa’ para 2 de novembro”.

       A principal mensagem do “Dia de los Muertos” e que veio como herança das antigas civilizações é que a Vida continua.

Passamos pelo edifício da Universidade Autônoma “Benito Juarez de Oaxaca”.
A cidade colonial de Oaxaca conta com 526 mil habitantes (2004) e situa-se numa altitude de 1550 metros sobre o nível do mar. A cultura e as atrações do lugar são incríveis. Como berço de civilizações antigas, esta cidade indígena é conhecida pelas suas tradições que continuam bem preservadas e populares.

Patrimônio da Humanidade desde 1987, a UNESCO concedeu à cidade de Oaxaca este título, por ser exemplo de cidade mais bonita na época colonial, em todo o México. Na praça principal “El Zócalo”, está localizada a catedral barroca de Oaxaca. Dois presidentes do México nasceram em Oaxaca e se destacam pela sua origem oxaquenña: Benito Juarez, benemérito das Américas, e Porfirio Díaz, muito controvertido e cuja imagem cobre um arco muito curto entre herói e vilão”.

As Comunidades Indígenas

Próximos à Oaxaca há muitas comunidades indígenas: Amuzgos, Chatinos, Huaves, Ixcatecos, Mazatecos, Nahuatls, Triquis e Zapotecos, cada um é especializado em um tipo de trabalho artesanal: tecelagem com fios coloridos e tintas naturais, cerâmicas trabalhadas em barro negro e esculturas de animais em madeira, os celebres alebrijes”.

       Em Oaxaca há sítios arqueológicos pré-colombianos, dignos de registro, que merecem ser elencados, como Monte Albán, Mitla e Yagul. O célebre Monte Albán foi uma cidade antiga do povo zapoteca, localizada a 2 mil metros acima do nível do mar, sobre a montanha do Jaguar e a somente 30 minutes de Oaxaca.

Seu povo aplainou o cume do monte para instalar a cidade de Monte Albán, ali. Foi capital dos Zapotecas e seu apogeu se verificou entre os anos 500 a.C. e 800 DC, ou seja, entre o século VI-AC ao IX-DC.

Quem liderou as explorações arqueológicas de Monte Albán entre 1931 e 1943 foi Alfonso Caso, um personagem importante.

Alfonso Caso foi diretor do Instituto Nacional de Antropologia e Historia (INAH) entre 1939 e 1944 e, depois de deixar o cargo de direção no INAH, tornou-se reitor da UNAM para o biénio 1944-45, período em que foi aprovada a Lei Orgânica desta universidade que estabeleceu a sua autonomia. Mais tarde participou na fundação do Instituto Nacional Indigenista que dirigiu entre 1949 e 1970”.

       Aqui abaixo estão as fotos das ruínas do Monte Albán.

A Tradição Artística de Oaxaca que Resiste ao Tempo

       Existem três universidades de artes e diversos ateliês de artistas que vivem em Oaxaca (mexicanos e estrangeiros), sendo a maioria deles gravuristas. Os museus de Oaxaca possuem museografia moderna e para ver a boa mescla entre o velho e o novo, não se pode deixar de conhecer o Museo Têxtil e o Centro Cultural San Pablo. O Centro Cultural, aliás, compreende a primeira igreja e o primeiro convento de Oaxaca, restaurados e modernizados, uma rua fechada sempre cheia de atividades, um outro museu do outro lado da rua e um restaurante.

       Nos hospedamos no Hotel Mission, que se situa um tanto afastado da cidade de Oaxaca e lá no restaurante deste hotel, almoçamos. O prato mexicano que escolhi experimentar, sem conhecer, se chamou “Tacos de Arrancherra”. 

A programação dos eventos da semana é apresentada neste folder, a esquerda.

[clique na figura para visualizar!]

       Este prato consistiu uns 5 rolinhos preenchidos com carne vermelha e feitos de milho. Custo 225 pesos mexicanos. Um gostoso suco de Melão acompanhou o almoço. À tarde, como de costume, descansei, pois nunca deixo de realizar este ritual que me faz muito bem. Na cidade de Oaxaca, a celebração do dia dos mortos estava acontecendo durante toda a semana. Nesta noite, do dia 1º de novembro, haveria a celebração do dia dos “Muertos”, no centro da cidade, onde a maioria das pessoas costuma ir com maquiagem própria para esta festa. Por esta razão, às 15 horas, todo o nosso grupo, estava no hall do hotel, onde Kelly e Fernanda, respectivamente, as guias de Florianópolis e do Rio de Janeiro, foram as profissionais que fizeram a maquiagem para todos os que a desejavam, trazendo todo o material necessário, para que na Festa da noite, junto aos oaxequenhos, o grupo participasse, caracterizado, Na verdade, todos ajudamos uns aos outros para fazer as maquiagens.     

No hall do hotel havia um grande altar de “los Muertos”, encimado pelo retrato de quem estava sendo homenageado.

       Fizemos fotos já caracterizados no hall do hotel Mission.

       Em seguida, estamos todos na rua, confraternizando nesta noite, com muita alegria e empolgação e, para nós, tudo era percebido como se fosse um alegre Carnaval brasileiro, não havia, nenhuma diferença!

Nas ruas veem-se diversos artistas maquiando as pessoas. Às 21horas um programa algo inusitado: dirigimo-nos para um show, no cemitério. Era o encontro com os que já partiram, herança da cultura indígena das civilizações ancestrais. Uma artista cantora, caracterizada, num ambiente de muito respeito silencioso, apresenta seu show. 

       Foi muito interessante esta experiência. Nós no cemitério, tarde da noite, vendo um lindo show, e não estranhávamos! Também passamos pelas diversas sepulturas iluminadas e enfeitadas, onde em algumas, vimos os familiares do morto, comendo e confraternizando com aquele que já havia partido. Voltamos satisfeitos por ter participado de festa tão alegre e inusitada, a “Fiesta de los Muertos”. Esta é a herança das milenares civilizações indígenas.

Dia 2 de novembro – sábado

       No café da manhã, não havia pão e sim cactos, que eram fritos em fatias. Também havia iogurte, pão torrado, omelete com dois ovos, champignon, cebola, tomate e queijo. Aprendi nesta manhã, mais uns dados desta cultura: aqui, os ovos não se compram em dúzias, mas por peso. E também que a pimenta que não arde se chama pimento.

       Após o café, saímos às 9 h, para visitar dois locais, muito importantes da cultura dos descendentes dos zapotecas:

1 – Visita ao local de fabricação de Alebrijes em Santo Antônio de Arrazola.

2 – Visita à cerâmica do Barro Preto, em São Bartolo Coyotepec, onde existe uma grande Mina de Preto.

       Para nossa primeira visita, dirigimo-nos de ônibus, para Santo Antônio de Arrazola, onde vamos visitar e conhecer o processo de produção das peças de Alebrijes, todos esculpidos em madeira e pintados com cores vivas. Ao sairmos, ainda na cidade, observei algo na arquitetura das casas, que me chamou atenção pela beleza e funcionalidade: refere-se à forma como colocam as grades arredondadas nas janelas e portas que assim, podem se abrir para fora e, com bastante segurança, as casas estão protegidas. Mais adiante, do nosso ônibus, uma placa cai bem aos meus olhos, nas paredes de uma casa está escrito:

Jovenes em fraternidad”.

       Passamos depois pela placa de Benito Juarez, em meio a muitas bandeirinhas pelo “dia de los Muertos”. Aqui, também, muitas flores amarelas junto a árvores “pata de vaca” floridas, com lindas flores rosa. Vemos aqui muitos girassóis pequenos. Sidney estava de aniversário e Jesus, o guia, entoou “Las Manhanzitas”. Todo o grupo cantou, parabenizando nosso amigo Sidney.   

Uma placa anunciava que estamos em Santo Antônio Arrazola.
Chegamos no local onde se fazem os Alebrijes, onde uma artesã, muito concentrada, no meio de inúmeros potes de tinta multicores, pintava uma peça de alebrije. A artesã explica enquanto continua o trabalho, sem levantar a cabeça:

Somos zapotecas e trabalhamos em madeira de copal. O trabalho de escultura cabe aos homens e o trabalho de pintura às mulheres”.

       As peças são feitas, em madeira verde e mole. Só se usam os ramos do da árvore de copal. Após seco, se lixa e encima da peça coloca-se uma pasta para garantir sua duração. Sabe-se que a maioria da produção é feita nas famílias participantes deste coletivo. Aqui há um espaço muito amplo onde há também grande loja para sua comercialização, com milhares de peças, muito criativas, de todos os tamanhos e cores, à disposição dos turistas!

       A descoberta e comercialização destas belíssimas peças artísticas, tem uma história que se liga à redescoberta da antiga cidade de Monte Albán, sede de uma civilização bastante desenvolvida, possivelmente há mais de 2000 anos.

       A descoberta do Monte Albán, foi o que aconteceu de mais espetacular da América Latina naquele momento (1932). O destaque foi para a Tumba 7 onde foram encontradas mais de 400 peças raras feitas em ouro, prata, cobre entre outros metais e pedras preciosas. Hoje, as peças encontradas estão espalhadas em vários museus do México, incluindo o próprio Museu que fica na entrada do parque.

       A maioria dos edifícios que podem ser visitados em Monte Albán foram restaurados entre os anos de 1931 e 1948, entretanto muitos também foram restaurados na década de 90.

       A história nos conta que quando foi descoberto o “Monte Albán”, os camponeses que lá trabalhavam faziam, nas horas vagas, estes trabalhos, chamados alebrijes, mas sem pintura. Os antigos indígenas faziam máscaras de madeira para o “dia de los muertos” e também faziam bichinhos para as crianças brincarem. Usam madeira de copal que é uma madeira mole e a trabalhavam ainda verde.

       O que foi interessante na cultura alebriges, é que o antropólogo e arqueólogo mexicano, Alfonso Cazo, foi mostrar umas figuras feitas pelos camponeses para o grande artista Diego Rivera, que disse que se fossem pintadas, ficariam fantásticas. O arqueólogo deu o recado para os artesãos que colocaram a ideia, em prática. Os trabalhos eram simples e com a pintura a arte evoluiu e se desenvolveu.

Alfonso Caso y Andrade (Cidade do México, 1 de fevereiro de 1896 – (30 de novembro de 1970) foi um arqueólogo mexicano que fez contribuições importantes para o conhecimento das culturas mesoamericanas pré-colombianas, sobretudo daquelas da região de Oaxaca”

Lá nesta grande loja, onde estão em exposição, milhares de peças de fantásticos Alebrijes, de todos os tamanhos, estilos e preços, comprei a celebre Catrina, um beija flor e mais um Pinguim, feito pelo artista Sergio Santiego, que estava me atendendo e me contando a história, onde houve uma sincronicidade que muito me alegrou: O avô do artesão Sérgio Santiego, foi um dos jovens trabalhadores que ajudaram na descoberta das ruínas do Monte Alban e que, nas horas vagas, faziam os alebrijes. Sérgio é a terceira geração destes zapotecas.

       Ele, nos explicou:

       Alebrijes quer dizer figuras fantásticas, são seres espirituais. Representam os sonhos e os pesadelos do artesão. Sérgio garante que o artesão precisa estar em perfeita harmonia interior, para poder fazer este trabalho com perfeição. Interessante a relação da arte com o inconsciente pacificado.

       Sérgio me deu mais algumas informações importantes. Na cultura zapoteca, o bisavô dava ao neto, quando este nascia, um animal protetor. Também me informou que estas peças que estão para comercialização são feitas por 50 famílias, entre artistas e artesãos. A comunidade tem 2600 habitantes e 60% trabalham nisso. Também me informou que os Mistekos habitam o Norte e os zapotecos, o Sul.

       Sérgio me contou, também, que quando os espanhóis invadiram essas terras, proibiram aos indígenas que falassem Zapoteco. Davam castigo para quem falasse, me diz Sérgio!

Por fim, Denise e eu, fizemos uma foto com Sérgio, em meio aos Alebriges, para marcar este encontro com a história e a arte dos zapotecas .

       Às 11 horas, muito maravilhadas com tanta beleza nos despedimos e saímos. Nosso destino é a segunda visita: Alfareria Santa Rosa, em São Bartolo de Coyotepec.

       Chegamos ao galpão onde se desenvolve o processo de trabalho da feitura dos objetos de Barro Negro. Na porta, vemos o altar de “los Muertos”, homenageando D. Rosa, uma artesã muito importante neste município, falecida há anos. Seu retrato estava lá, no meio dos trabalhos que ela gostava de fazer, em vida. Hoje, com ela e com aquilo que ela amava fazer, aqui se faz a festa.

       Fomos levados para um salão, onde um artesão está preparado para iniciar a demonstração do processo de trabalho da feitura de uma peça, no caso, um vaso.

Enquanto falava, ele fazia a peça, dando as explicações sobre o processo, do começo ao fim. A peça é feita e alisada com uma pedra de quartzo que a deixa brilhante. Após esta fase, a peça necessita ficar umas 10 horas no fogo de onde sai brilhando. É o calor do forno que lhe dá esta cor negra, reluzente. 

Após o artesão demonstrar todo o processo de trabalho para conseguir fazer estas obras em cor Negra brilhante, veio a explicação: foi D. Rosa que, em 1953, ensinou a comunidade como é que o barro poderia ficar reluzente e assim se perpetuou este dado cultural desta comunidade. Muito interessante!

Aqui neste novo e amplo recinto havia também, inúmeras peças em exposição. Peças muito grandes de rara beleza até peças muito pequenas como brincos, igualmente bonitas. Estas mesmas peças, já tínhamos visto, enfeitando ambientes sofisticados em Oaxaca e também nas cidades do México, onde estivemos.

       De volta ao hotel tivemos o resto do dia livre!

A noite para participar da festa, Neusa e eu fomos ao Centro, aproveitando a van do Hotel, que a cada hora, faz este trajeto, levando e trazendo os hospedes. Foi um lindo passeio pela cidade que fervia em festa e alegria. Passeamos pelas ruas apinhadas de gente e de cultura do dia dos Muertos. Nosso guia Jesus nos havia dito que a morte para os antigos não existia. Era como se dissessem: nós rimos da morte. Não temos medo. Eles disfarçam o medo da morte com a máscara.

Depois de um passeio pelas ruas fomos jantar no ótimo restaurante de nome Mayordomo.

Na entrada do restaurante havia o altar dos muertos. O excelente restaurante estava lotado.
Pedi uma sopa que estava muito gostosa, comemos também o pão dos muertos, e lamentavelmente, não experimentei a especialidade da casa, ou seja o chocolate quente, especialidade de Oaxaca, onde se originou, dizem.

A festa da rua estava um verdadeiro carnaval, muito lindo. Máscaras, enfeites e alegria.

Após o jantar conversamos com uma família, ele com máscara, mas que depois, conversando, a tirou. Foi muito interessante conhecer as pessoas desta família, muito comunicativas, gentis e simpáticas. Esperamos a Van do Hotel no lugar marcado, às 22h e chegamos em casa no Hotel Mission, muito satisfeitas por mais esta ótima experiência. Hoje será o último dia em Oaxaca, mas no dia seguinte ainda iríamos conhecer alguns locais interessantes!

Dia 3 de novembro – domingo

       Hoje, 3 de novembro, em Oaxaca chegaram os americanos, 80% homens e 20% mulheres, nos informaram, para participar de um acontecimento ciclístico importante. Às 9h30, antes de partir para nosso destino final, a cidade de Tehuantepec, no istmo do mesmo nome, nós visitamos a catedral de Oaxaca. É uma magnífica igreja em estilo barroco e clássico, construída pelos franciscanos.

       No México, como em toda a América, com os espanhóis, chegaram diversas ordens religiosas como os franciscanos, os dominicanos e os agostinianos e os jesuítas para trabalhar na evangelização destas populações. A coroa espanhola lhe dava posses. Estas ordens, cada uma por sua vez, construíram e reconstruíram a catedral dedicada à “Nossa Senhora da Assunção” durante estes 300 anos. A construção começou em 1535 e a catedral foi consagrada em 12 de julho de 1733.   

Nesta belíssima catedral vemos 3 lindas portas do século XVII e XVIII e dois “olhos de boi”. Suas duas torres de sinos, foram construídas para suportar terremotos. Entramos na igreja, e observamos seu interior bonito e suntuoso! O que nos chama a atenção, além de sua linda arquitetura, é um altar dos mortos com flores e estampas dos homenageados.

Após passarmos pela rua de São Domingo de Guzman, visitamos a Igreja de São Domingos. Esta igreja possui uma das ornamentações mais admiradas no México inteiro. O altar principal, em estilo barroco, pertence ao século 17. Só vemos ouro e beleza na harmonia de sua decoração. Esta igreja muito bela foi construída a partir de 1575 pelos padres dominicanos.

       Na praça, em frente a este templo, comprei pequenas lembranças: um colar de coral, 8 marcadores de livro com a madeira dos Alebrijes, marcados com o nome Oaxaca e um conjunto de palitos para azeitona etc.

       Nas redondezas desta igreja, teríamos outro local a visitar. Mas desta vez não foi possível. Apesar de não pudermos ir conhecê-lo, penso ser imperdível esta visita para quem vai para Oaxaca. Trata-se do Museu de São Domingo, e aqui umas linhas sobre este importante museu.

Saindo da praça central de Oaxaca, uma breve caminhada de dois quarteirões leva ao mosteiro de Santo Domingo, que abriga um museu de mesmo nome. Ali está exposta parte de uma coleção de peças de artesanato em ouro, descobertas na tumba sete, de Monte Albán. São colares, brincos e máscaras faciais. Há ainda ossos esculpidos com muitos detalhes e joias de jade, uma pedra preciosa de cor verde. A visita a esse museu mostra um panorama detalhado sobre a cultura e a história de Oaxaca. A primeira série de salas é dedicada à antropologia do México pré-hispânico. Computadores com monitores sensíveis permitem a consulta a textos e imagens sobre as civilizações antigas. Uma grande coleção de peças arqueológicas, como urnas funerárias, potes e estatuetas de pedra, está à mostra nas salas, principalmente das civilizações zapoteca e mixteca, de Oaxaca. Outras salas expõem peças que demonstram a indumentária dos conquistadores espanhóis, bem como antigas estátuas de madeira, da Igreja Católica. Na sequência, outros aposentos indicam o México cultural da atualidade, em especial os povos oaxaquenhos. Ali se descobre que em Oaxaca existem 15 grupos etnolinguísticos, como o mazateco, o ixcateco, o chatino, o mixteco, o náhuatl e o zapoteco. Nos fundos e na lateral do mosteiro há um jardim botânico dedicado ao cultivo de plantas medicinais e típicas do deserto, com grande coleção de cactos”. Pela descrição acima, pode-se ter uma ideia da importância cultural deste local”. 

Após a vista, tomamos o ônibus e rumamos 11 km distante da cidade de Oaxaca de Juarez, para visitar uma cidade chamada “Santa Maria del Tule”. Lá existe uma gigantesca árvore, a maior e a mais antiga árvore do mundo, que tem um diâmetro de 15 metros e 42 metros de circunferência.

Estima-se que ela aqui esteja em pé há de 1.600 – 1.800 anos. Portanto, mais antiga mesmo que as construções seculares de pedra dos indígenas. Com o tempo, o tronco desta árvore milenar, este cipreste de Montezuma, com seus grandes ramos entrelaçados, conforme vai crescendo, apresenta diferentes formas. Com um pouco de imaginação é possível ver rostos, como os três reis, monstros e animais, como o elefante, o leão, os três reis, o veado, flores entre outros. Quando nossa excursão chegou a esta grande árvore, à 11 h, uma criança, guia mirim, com a devida caracterização, estava com uma pequena lanterna e, com apenas um sinal de luz, apontava para estes lugares na árvore e explicava as paisagens que se assemelham a animais ou outras figuras. Muito interessante observar esta gigantesca árvore, testemunha milenar da história do México!

       Saindo de perto da árvore do Tule, passeamos nos arredores, um local ajardinado com muitas flores. Também aqui havia plantas transformadas em figuras, pelo corte que tinham recebido, o que aqui no México é muito comum. Entramos para visitar esta igreja e depois saímos caminhando pela cidade ao encontro do nosso ônibus. Neste trajeto passamos por um local onde se produzem tortilhas, em quantidade e conhecemos o processo da feitura deste alimento típico no México. Era uma espécie de fábrica pequena onde trabalhavam três pessoas. Um pouco mais adiante, veio ao nosso encontro uma senhora com uma bacia cheia de bichinhos, como se fossem abelhas grandes, tostadas. Ela os estava oferecendo, numa cesta, pois eram comestíveis. Neusa tirou a foto desta iguaria do México. Eu aceitei um daqueles bichinhos crocantes; experimentei, agradeci, mas não gostei. Continuamos a caminhada até nosso ônibus e nos encaminhamos para nosso novo programa, onde constava a visita uma à destilaria, para conhecer e observar o processo de trabalho da fabricação do Mezcal, uma bebida parecida com o Tequila. No caminho me chama a atenção uma propaganda interessante: “Conoce el pan de muerto único, pintado a mano”.

       Nossa viagem segue e eu observo plantações de Agave, uma espécie de babosa que os Mayas já usavam para fazer destilados.

São muitas as espécies de Agave!

O agave-azul (Agave tequilana) é uma espécie de planta do género Agave e um importante produto económico do estado mexicano de Jalisco, devido ao seu papel como ingrediente principal no fabrico de Tequila, uma bebida alcoólica muito apreciada. […] Enquanto que para a produção de Tequila utiliza-se apenas a espécie de Agave com folhas azuis, para o Mezcal pode utilizar-se qualquer das 20 variedades da planta”.

       Ao chegar a fábrica do Mezcal, fomos recebidos pela empresa, onde vejo mudas de agave transplantadas numa espécie de jardim. Logo, um funcionário nos dá as informações sobre esta planta. Lá aprendemos que as folhas do Agave não são aproveitadas para fazer o destilado e sim só o talo. O processo da produção desta água ardente, o Mescal, é longo e diversificado e no amplo espaço da fábrica, o representante da empresa, nos mostra um poço com 10 metros de profundidade com rochas vulcânicas, madeiras e pedras quentes, onde os talos ficam cobertos durante 15 dias, curtindo dentro deste calor.

Depois de um demorado processo o agave é fermentado conseguindo-se o destilado, por fim. Depois de presenciar todo o processo da fabricação do Mezcal escutando as explicações dos funcionários da destilaria, fomos à loja, onde se podiam ver, as prateleiras cheias, com a bebida super bem apresentada. Eram garrafas grandes e pequenas, em diferentes formatos, com lindos rótulos que muito as valorizavam! Interessantíssimo! Degustamos o Mezcal e muitos colegas compraram a bebida.

       Às 12h25 partimos de ônibus para almoçar no “Restaurante Peru”, um local muito amplo, ao preço de 220 pesos mexicanos (50,00), por pessoa. Sentamos às amesas e fomos nos servir, num buffet. Mas, neste restaurante, foi difícil comer. Aqui todos os pratos estavam apimentados, demais!

       Saindo do restaurante, no lado de fora, em companhia de alguns colegas da excursão, fiz fotos, de um arbusto, cortado em forma de pavão verde, com a cauda de flores. Muito lindo!

       Aqui no México é comum ver as plantas, cortadas de tal forma, que se apresentam sob a forma de animais, flores e construções. No dia em que fomos conhecer o museu de Frida Khalo, por exemplo, passamos antes por um lugar, onde uma árvore tinha o formato de uma casa.

       Ao retomar o caminho de ônibus, volto a ver, grandes plantações de Agave, de ambos os lados da rodovia. Muito bonito! Nosso caminho agora nos leva a subir a Serra de Chiapas. À nossa frente 15 grandes caminhões de petróleo estão seguindo, escoltados pela polícia, parando todos ao mesmo tempo, num posto de gasolina, em frene ao qual, também fizemos uma parada técnica. A razão da escolta destes caminhões é a seguinte: aqui se rouba muita gasolina, nos informa o guia Jesus. Nós mesmos, tínhamos visto, durante o percurso nesta Serra Madre, muito gasolina, sendo ofertada, em frente às casas, em pequenos galões de uns 5 litros. O guia nos conta que houve um projeto para trazer o petróleo através de encanamento e, para isto foi gasto muito dinheiro pelos Estados Unidos. Não deu certo! A gasolina era sempre roubada. Fomos informados também que aqui, os cidadãos, não tem muita ligação com o governo do México, no pagamento de impostos, por exemplo.

       Estamos seguindo de ônibus para Tehuantepec, uma cidade que pertence ainda ao estado de Oaxaca. Está encravada no istmo do mesmo nome, esta parte estreita que vemos neste mapa, onde somente 200 km separam o Oceano Pacífico do Golfo do México.

       Chegamos, tarde da noite, a Tehuantepec, após percorrer 250 km. O hotel Calli, de padrão simples, era amplo, limpo e bonito. Após receber as chaves do quarto, todos os participantes da excursão, fomos jantar no restaurante do hotel.

       Certifiquei-me mais uma vez que, no México, há uma qualidade muito especial no tempero usado. Isto só não fica bom, quando a pimenta, que é de sua cultura, é usada em exagero. Neste jantar, festejamos o aniversário de Sidney que, num gesto de muita simpatia, ofereceu a todos, a cerveja. Eu escolhi a marca Corona uma cerveja do México e degustei uma sopa de verduras muito apetitosa. Depois cantei, em homenagem ao aniversariante, uma outra versão de Parabéns a você. Neste dia, muito cansada pelo bom aproveitamento do ótimo dia, descansei num ótimo sono.

Dia 4 de novembro – segunda-feira

       De manhã acordei às 6 h, tomamos café às 7 h e passeando nos arredores do hotel, fiz essas fotos. M200. Deixando o istmo e o hotel Tehuantepec, partimos às 8 h, para uma grande viagem de 280 km. Aqui tudo está se referindo à semana dos mortos.

A história da celebração pelo Dia dos mortos no México é de origem indígena e já existe desde o tempo dos Astecas e dos Mayas. Inicialmente, a comemoração era realizada durante todo o mês de agosto. Quando os colonizadores espanhóis chegaram, ficaram chocados com os rituais pagãos dos índios”

       A forma mexicana do Dia dos Mortos é única pois, aqui, é sinônimo um sentimento que os Astecas deixaram vivo, de que a Vida continua. Os Astecas dedicavam um mês todo, chamado Miccailhuitontli, durante o verão, aos mortos. La Catrina, a representação do esqueleto de uma dama da alta sociedade, na cultura popular mexicana, se caracteriza como um esqueleto de mulher usando um chapéu, como distintivo da alta sociedade do início do século XX e tem uma função destinado a lembrar que as diferenças sociais não significam nada, diante da morte. É uma das figuras mais populares da Festa do dia dos mortos, no México.

       No ônibus, como de costume, Jesus, nosso guia nos explica sobre este Ícone do dia dos mortos, a “Catrina”, nos falando, entre outras coisas que, no século XX, os indígenas se sentiam humilhados por sua origem e que eles vendiam grão-de-bico. Catrina é uma pessoa que se julgava elegante, sem ser. “O autor da caricatura da Catrina, José Guadalupe Posada, é conhecido por seu trabalho que representa a política, a sociedade, história e a tradição mexicana. Ficou famoso porque satirizou classes ricas durante os séculos XIX e XX”.

Nesta pintura, a Diego Rivera imortalizou a Catrina.

Diego Rivera utilizou o símbolo de La Catrina em uma pintura, “Sueño de una tarde dominical na Alameda Central”. Na imagem, La Catrina se encontra rodeada pelos mexicanos de 400 anos da história do país. A maioria destas pessoas, com exceção de sua esposa, Frida Kahlo, estão em trajes europeus. A Catrina veste seu chapéu francês com plumas e um sorrisão grande e feliz”.

Interessante demais esta análise!

       No dia de hoje vamos deixar o estado de Oaxaca e acessar ao estado de Chiapas, nos hospedando na cidade de “São Cristóbal de las Casas”. O México tem 32 estados e Chiapas ´o 8º estado com mais superfície. Em Chiapas se produz café, algodão, cacau e algodão. Chiapas, no século XIX, pertencia à Guatemala, com a qual hoje, faz limite.

       Nestes 280 km de viagem, por um longo caminho do sul do México, pudemos observar e conhecer a geografia destes lugares. Inicialmente vi um rebanho de cabras, o primeiro visto no México durante esta viagem, e depois, seguiu-se uma paisagem sui generis: uma grande estrutura da energia eólica, nesta chamada zona ventosa, como Jesus nos informa. Durante o percurso de 10 minutos, do nosso ônibus, só vi a linda paisagem de cata-ventos, girando!

Após 15 minutos sem os cata-ventos, mais uma zona cheia de imensos cata-ventos, produzindo energia, impressiona. Praticamente viajamos, uma hora, vendo cata-ventos que estavam produzindo energia limpa, graças aos ventos fortes que sopram neste istmo! Agora, o ônibus enfrenta um problema. O motivo é que havia uma manifestação social e, nosso guia nos diz que não há segurança de passarmos por lá. Trata-se de um movimento do sindicato dos mestres, que luta em prol de seus interesses e necessidades não atendidas. Em Chiapas há muitos trabalhadores e também sindicatos. Todos os ônibus estavam retornando e o nosso também faz meia volta e pega outro atalho, bem mais longo, num caminho mais esburacado e não asfaltado. Eu observo a nova paisagem : uma vegetação de cerrado onde o que me chama a atenção é que aqui se fazem as cercas usando os troncos finos das árvores, de aproximadamente 1 metro e meio de altura.

       Às 11 horas, nos dizem que em uma hora, encontraremos novamente a Rodovia. Passamos por diversas pontes e vimos muitas plantações de sorgo. Às 11h45 entramos numa pequena vila com casa da cultura municipal, igreja e praça. Havia também escola Primária Inácio Zaragoza. Este é o nome do general que é conhecido e festejado por ter vencido as forças francesas na batalha de Puebla, em 5 de maio de 1862, um dia sempre muito festejado aqui no México. Passamos também por trilhos de trem, abandonados.Nestes caminhos houve algo que também chamou minha atenção: ao longo de horas, havia muitas plantações de árvores frutíferas, no caso, pensei que fossem mangueiras, mas agora que sei que o México é o maior exportador de abacates, penso que poderiam ser abacateiros. De vez em quando, via-se também uma plantação de cactos.

       Às 12h05 retornamos ao asfalto. O que me chamou atenção é que, aqui também, continuamos vendo imensas espaços com plantações de manga, ou talvez abacates. Também havia pés de árvores muito novas, pequenas, mostrando que o cultivo destas árvores e a comercialização destes frutos continua. O calor era muito intenso e o sol queimava de juma forma acima do normal.

       Como de costume nas excursões, fizemos uma parada técnica de 15 minutos. No restaurante, encontrei uma bebida muito gostosa, de nome Alloe Vera, que eu tinha experimentado em outro lugar e da qual havia gostado muito. Ela que não é refrigerante, realmente matava a sede. Eu já a tinha procurado em outros restaurantes, sem sucesso. Esta também me alimentou, pois ele traz cubinhos de babosa em seu suco. Pensei: quando será que chega ao Brasil esta bebida saudável e gostosa?

       Às 16 horas, passamos pela cidade de Tuxla, capital do estado de Chiapas. É a localidade mais desenvolvida, extensa, povoada e urbanizada do estado e também é a primeira, em termos econômicos. Aqui o sol queimava a pele, tanta era sua força.

       Antes de chegar ao nosso destino, tivemos um programa muito interessante em uma das maravilhas naturais do México, a principal atração turística, o Cãnion del Sumidero, que fica a 50 km de “San Cristóbal de las Casas”, onde pernoitaremos.

Cãnion Del Sumidero

Aqui, o que há de mais interessante no percurso deste rio é que corre em meio a grandes paredões de pedra, às vezes, com 700 metros de altura, em uma mata preservada, em suas margens.

Este passeio dura, em média, 2h30min e percorre 48 km no Rio Grijalva.

       O passeio foi muito bom, muita emoção de estar naquele barco em companhia de todos os colegas da excursão, sentindo o vento frio em nossas faces, suspirando a cada nova curva que nos descortinava uma paisagem da natureza bonita e diferente. Vimos diversos animais como crocodilos e outras aves, admiramos a grande altura dos paredões e nos divertimos voando neste barco. Chegando ao fim do rio, uma surpresa desagradável: imensa quantidade de lixo que nos dizem, vem da Guatemala, nos assusta. Nosso guia nos informa que, diariamente, são retiradas toneladas de lixo, deste lugar. Lamentável, certamente! Retomamos nossa viagem e, finalmente, à noite, chegamos a “San Cristóbal de las Casas” a 2000 metros de altura e nos hospedamos nesta bonita casa histórica, o hotel “Gran Mision”, rua Francisco Madero 19, Centro.

San Cristóbal de las Casas” é uma cidade histórica, que foi capital do estado até 1892 e hoje é a capital cultural de Chiapas.

Dia 5 de novembro – terça-feira

     

Neste dia, 5 de novembro, fizemos visitas à duas comunidades Mayas, San Juan Chamula e San Lorenzo Zinacantán, próximas, que conservam suas tradições indígenas.

Na ida a San Juan Chamulas, sentei no ônibus, ao lado de Eikon, uma colega de origem japonesa de São Paulo. Durante este deslocamento, de 10 quilômetros a nordeste de “San Cristóbal de Las Casas, tivemos uma conversa muito boa, onde Eikon me falou, sobre a história da imigração de sua família, para o Brasil e os primeiros anos dos imigrantes japoneses, em São Paulo. Valeu! Nada como falar com alguém que viveu próximo da história. São momentos da excursão que não esquecemos jamais.

       Aqui neste município do estado do Chiapas, vivem 2.000 habitantes de descendência Maya direta, que conservam sua herança intacta. No caminho somos advertidos que, nesta comunidade, não é possível fazer fotos, pois os indígenas pensam que, com a foto, se lhes tira a alma, nos informa o guia mexicano, Jesus.

       Ao chegar, a primeira paisagem que vimos à direita, foi o cemitério, cuja terra que cobria as sepulturas, tinha por cima, ramas de pinheiro, a árvore sagrada dos Chamula. A palha verde deste pinheiro a encontramos, depois, dentro da igreja, cobrindo o chão, onde as pessoas se sentavam para seus rituais indígenas.

Chamula é o termo utilizado para nomear diversas etnias Mayas, que habitam as montanhas de Chiapas como os Tzotzil, os Tzeltal, os Mame, os Tojolabal e os Choles. As mulheres Chamula, tradicionalmente, usam saias pretas felpudas com seus cabelos trançados; os homens usam parcas felpudas em preto ou branco”.

       Aqui se fala o Tzotzil, uma das muitas línguas ancestrais. Na praça em frente ao templo, os indígenas da região se reúnem também para comerciar, comprar e vender produtos agrícolas, roupas e artesanato. 

       Perto da igreja, entre as mercadorias de alguns vendedores, encontrei algo que eu tinha muita vontade de adquirir. Um adolescente estava vendendo macadamia, uma noz muito comum nesta região. Pensei em comprar estas nozes na volta da visita á igreja, mas infelizmente o adolescente não estava mais lá, quando voltei da visita à igreja. Lamentei! Esta noz maravilhosa encontrei e a comprei depois, em “San Cristobal de las Casas”.

       Dirigimo-nos para a igreja que, se por fora se assemelha a qualquer templo católico comum, por dentro é um lugar completamente diferente. Junto aos santos católicos ainda conservam suas práticas ancestrais!

       No entanto, penso que é imperdível para quem deseja conhecer mais um lugar único, na cultura destes descendentes dos indígenas, convertidos ao catolicismo com a invasão espanhola, mas que não deixaram suas práticas culturais. Faço aqui uma descrição do que vi e, como não se podia fazer fotos, aqui estão duas fotos da internet que retratam o que lá encontramos neste dia.

       O teto de madeira desta igreja é do século XVI. O que me surpreendeu é o sincretismo que lá pude observar. No fundo da igreja está o altar, como em qualquer igreja católica e, no corpo da igreja é que vemos uma grande diferença. No interior da igreja não há bancos e sim um amplo espaço livre. Nas laterais, havia muitas estátuas de santos católicos, bem guardadas em armários com vidro.

       Na nave da igreja, estavam acontecendo, em profunda concentração, rituais Mayas com famílias inteiras rezando, pais benzendo os filhos, xamãs atendendo particularmente as pessoas e também fazendo bênçãos. Muitas velas acesas, num chão coberto da palha verde do pinheiro sagrado, onde as pessoas ajoelhavam ou sentavam. Lá havia diversas bebidas e não faltavam os refrigerantes como a coca cola que tinha sido introduzida lá na década de 70, sendo aqui bem-aceita. Havia muitas flores nestes locais. Como havia muitas velas acesas e por isso ficavam muitos resíduos, de vez em quando, uma pessoa passava para os retirar. E nós observando estes rituais estranhos, em profundo silêncio. Eu me sentia agradecida por esta experiência única. Aqui se pode ver que apesar dos esforços dos missionários católicos, nesta comunidade, misturaram-se tradições milenares tribais aos símbolos e ritos católicos. O impacto do que vimos foi muito forte e nunca será esquecido, certamente.

       E mais duas informações interessantes:

A cidade e sua vida espiritual são administradas por um grupo eleito chamado Mayordomos, reconhecíveis, nas atividades da igreja, pelos acessórios característicos de suas roupas tradicionais de Tzotzil. […] O refrigerante é considerado de deus, usada para manter o equilíbrio e os espíritos tranquilos, o que tem infelizmente agravado problemas de obesidade e diabetes nas comunidades.

       E agora, uma observação no que diz respeito ao tratamento dado aos indígenas, a partir da invasão espanhola. Desde 1528, os indígenas foram muito perseguidos e explorados. Mas, aqui houve também quem os defendessem. “São Bartolomeu de las Casas é conhecido por ter defendido os indígenas. Este nasceu em Sevilha e após participar das expedições espanholas no Novo Mundo e trabalhar, aqui, aliado aos interesses espanhóis, entrou para a ordem dos frades dominicanos. É considerado o primeiro sacerdote ordenado na América. Foi cronista, teólogo, bispo de Chiapas e, na história é considerado grande defensor dos índios, lutando contra a instituição da “encomienda’”. Nesta praça da igreja comprei, depois, algumas pequenas lembranças: canetas trabalhadas com fio de seda, com o nome Chamula e também bonitos colares com pedras. Este é um artesanato próprio dos indígenas daqui.

       Saímos desta comunidade, levando esta ótima experiência. Fizemos a pé o trajeto entre a praça e nosso ônibus, passando por lojas e também pelos célebres táxis de duas rodas. Nos arredores desta comunidade havia muita verdura plantada. 

       A segunda comunidade visitada foi São Lourenço de Zinacantan, “um povoado de 36 mil habitantes de maioria Tzotzil à 11 km de San Cristóbal conhecido pelo cultivo de flores e artesanato em lindos bordados com esta temática, que conferem uma identidade singular à comunidade: os homens usam túnicas rosas bordadas e chapéus, já as mulheres, saias roxas e xales rosas sobre blusas ricamente bordadas com motivos florais”.

       Nosso grupo foi conhecer os ateliers e as muitas tendas, repletas de lindos bordados que eram oferecidos aos turistas. E aí fiz estas fotos. Os bordados são belíssimos! Muito interessantes as peças de roupas floridas e exóticas que as mulheres usam.

       O que vimos aqui e o que chama a atenção são as mulheres que se vestem com roupas em formatos muito diferentes, ricamente coloridas e bordadas. Foi muito bom ter conhecido mais esta cultura, que entre outros dados, tem um modo de vestir belíssimo e “sui generis”.

       Com essas fotos, nos despedimos. Ao sair, observei, nas redondezas, uma paisagem diferente. Certamente estufas, já que aqui a população se dedica à criação de flores.

       Voltamos a “San Cristobal de las Casas”, pois às 15 h. teríamos, um outro programa: um tour a pé pela cidade, com nosso guia mexicano Jesus.

Ao chegar à cidade, ao meio dia, Fernanda e mais algumas colegas foram fazer câmbio, enquanto eu a colega Salvelina, resolvemos esperá-las. Aqui houve, infelizmente, um grande atraso, o grupo demorou quase duas horas para sair do local do câmbio. Fomos almoçar em 8 colegas, num ótimo restaurante, amplo e aconchegante, chamado Esquina San Agustin. 

       Após fazer o pedido, fomos atendidas com pratos muito bem preparados. Eu almocei canelone, frango e nozes e para bebida, como todas as colegas, coquetel de Aperol. Num ambiente de confraternização fizemos algumas fotos. 

       Saímos do restaurante às 16 h.

       Eu perguntei à Fernanda: e agora o que faremos? Ela respondeu que não daria mais para fazer o tour com o guia mexicano Jesus. Lamentei, pois estávamos na capital da Cultura. Tratei, então de ir andando, por conta própria e descobrir, onde poderia haver lugares interessantes para conhecer, já que eu não tinha interesse em fazer compras..

       Caminhando poucos passos para a esquerda, entrei na Casa da Cultura. Lá havia um grande e bonito jardim de árvores e flores. Me apresentei e fui logo muito bem atendida, por adolescentes que atendiam o público, com muita responsabilidade e atenção.

       Vi algumas salas de aula, onde os adolescentes estavam tendo aulas de diferentes disciplinas e artes.

Entrei numa sala, onde adolescentes estavam, aprendendo música, muito satisfeitos com o professor, que com muita simpatia, me explicou como aconteciam aí as atividades. Saí com muito boa impressão!

Depois, recebi a informação que seria possível subir a grande escadaria, que ficava nas proximidades desta Casa da Cultura, pois, lá no alto, se poderia ter uma bela vista da cidade. 

       Aceitei a ideia de conhecer o Mirante e de lá descortinar a cidade! Na subida que não foi fácil, muitos encontros, conversas e fotos. Percebi que diversos adolescentes costumavam se encontrar nesta escadaria. Fiz uma ótima conversa com três estudantes adolescentes, duas meninas e um menino, muito simpáticos e depois lá fizemos uma foto. Quando cheguei no alto vi após igreja há diversas casas e equipamentos para o lazer, muito interessantes. No entanto, a paisagem da cidade que era possível ver, não era isso tudo.

       Quando eu estava descendo, uma velhinha, ofegante estava subindo e me disse que veio aqui para buscar 100 pesos, que uma instituição iria lhe fornecer para comprar remédio. Sentei com ela e após alguma conversa ela me pediu 100 pesos. Dei-lhe o dinheiro e aí fizemos uma foto para marcar o encontro. Eu estava vivendo, naqueles momentos, a gratuidade da Vida e ela ficou muito contente. 

Aqui, uma visão parcial dos laboriosos 300 degraus, que fiz na subida e depois na descida. M136 Quando desci falei com um homem que estava em frente a uma instituição que me chamou a atenção: um banco comunitário.

Um banco comunitário é um instrumento que visa a inclusão financeira e bancária da população de baixa renda. Além disso, promove o desenvolvimento econômico da comunidade local. Como consequência, o banco comunitário torna o sistema financeiro mais democrático em locais com alto grau de vulnerabilidade e desigualdade social”.

       O sol estava se pondo e já estava escurecendo e meu objetivo agora era voltar para o hotel. Mas, aqui aconteceu o inesperado, já que eu estava numa cidade desconhecida. Andando para a esquerda, eu me vi no centro da cidade e senti que não conseguiria encontrar o caminho de volta. Eu não tinha comigo o cartão do hotel; só a foto de sua fachada! Na verdade, a princípio, eu não fiquei preocupada pois, aproveitei este incidente para conhecer a cidade à noite! Já estava escuro! Vi as ruas de pedestres e as praças cheias de turistas. Observei a Catedral, a praça e o Palácio Municipal, onde entrei. Lá tirei uma foto da maquete do Palácio Municipal e, também, da mensagem que estava num quadro.

       E fiz mais algumas fotos, inclusive com os dois funcionários, muito simpáticos e cordiais. O Palácio Municipal, naquela oportunidade, já estava fechando as portas. 

       Ao tentar encontrar o caminho, pedi informações a um guarda e ele, muito gentil, me orientou que caminhasse umas quatro quadras para frente e duas à direita. Ao chegar lá exausta, percebi que havia aqui mais um hotel com este nome “Mision”. Aí comecei a me preocupar e, telefonando para Fernanda, está me explicou que nosso hotel ficava na rua Francisco Madero. Desta vez deu certo! Finalmente, cheguei no hotel! Uma grande lição ficou: jamais sair, sem o cartão com o endereço do hotel. Desta vez paguei o preço e aprendi a lição.

Algumas colegas acompanhadas de Fernanda, conseguiram fazer um giro pela cidade e subir para conhecer a igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, um dos santuários mais visitados. Lamentei não o ter conhecido.

       Nesse último dia, em San Cristobal de las Casas fui descansar tranquila.

6 de novembro – quarta-feira

Neste dia, levantei cedo e, após o café, fiz algumas fotos do interior do hotel “Gran Mision”. 

Algumas tapeçarias, muito bonitas, representando os símbolos dos diferentes grupos étnicos, enfeitavam as paredes do hotel.

       Depois, como ainda era cedo e havia ainda pouca gente na rua, saí caminhando nas quadras próximas, observando a cidade. Fiz algumas fotos desta cidade colonial. M 145 – 144 Na volta desse rápido passeio, ao entorno de nosso hotel, juntei-me ao grupo e logo embarcamos no ônibus. Nosso destino final é a cidade de Palenque, que fica a 145 km daqui. Neste trajeto fizemos uma parada num lugar belíssimo, as “Cascatas de Agua Azul”.

As Cascadas de Agua Azul são uma série de cachoeiras encontradas no rio Xanil, no estado mexicano de Chiapas. Eles estão localizados no município de Tumbalá, a 69 quilômetros de Palenque, perto da Rodovia Federal Mexicana 199”. 

       Valeu muito a pena conhecer este lugar de uma beleza natural, incrível. Depois de nos deliciar com um lugar tão especial e fazer algumas fotos, almoçamos lá mesmo.

Mais um bom trecho de estrada e chegamos ao Hotel Villa Mercedes, em Palenque. O traço que nos chama a atenção, nesse hotel, é que a cobertura das diversas construções é feita de folhas de palmeira.

       Na chegada, enquanto esperava a chave para o quarto, muito cansada, sentei para descansar e fiz esta foto. Chamou-me a atenção o lado avesso das coberturas do lugar, onde todos os telhados são de palha. Admirei a forma interessante como a cobertura de palha do refeitório tinha sido trançada.

       À noite, nesse mesmo refeitório, iriamos jantar.

       Após receber a chave, descendo para encontrar o quarto, passamos por longos caminhos, em meio às árvores e jardins belíssimos. Aqui se podia ver que o hotel era imenso, tinha muitíssimos apartamentos, além de muitos equipamentos para os hospedes passarem bons momentos dos seus dias de hospedagem por aqui. Chegamos aos nossos quartos, muito amplos, limpos e agradáveis, onde nesta noite, após a janta no hotel, pudemos descansar.

Dia 7 de novembro – quinta-feira

       Neste dia, antes do café que é um pequeno almoço, fotografei recantos muito bonitos do hotel. 

       Após o café, tomamos nosso ônibus e fomos conhecer, em plena selva, a zona arqueológica de Palenque, considerada uma das mais bem conservadas ruinas do mundo Maya.

Palenque é tudo o que um sítio arqueológico deve ser: misterioso, solene, preservado e situado em meio à selva. Os Mayas se instalaram aqui por volta de 100 a.C., e a cidade atingiu seu apogeu entre 600 e 800 d. C. quando se transformou em capital regional. No início do século 10 Palenque entrou em declínio e foi abandonada à voracidade da selva. As escavações revelaram ruínas enfeitadas com belas esculturas e obras em estuque”.

Palenque foi identificada pelos espanhóis apenas entre o final do século XVII e início do século XIX, mas somente foi explorada oficialmente a partir de 1839 por pesquisadores europeus. Os trabalhos de restauração e recomposição do sítio arqueológico ocorreram após os anos 1950, quando o explorador e arqueólogo mexicano Alberto Ruz Lhuillier descobriu a cripta intacta do rei de Pakal, o Grande, localizada na parte inferior da pirâmide do Templo das Inscrições”.

       Na entrada do parque, havia muitos artesãos comercializando seus artesanatos.

       Ao chegar ao parque fomos recebidos por um guia, que com entusiasmo foi explicando a história de Palenque e de sua civilização Maya. A antiga cidade de Palenque possui mais de 200 construções e é célebre por ter sido uma das mais poderosas cidades Mayas Na entrada do grande parque, já visualizamos construções gigantescas, o guia nos informou que Palenque, tem descobertos só 5% da cidade, enquanto 95% estão ainda sob as árvores. 

       Palenque é célebre, também, porque aqui foi descoberta, em 1952, a tumba de Pakal, considerada um dos achados arqueológicos mais importantes da Mesoamerica.

Pakal assumiu o governo no ano de 615, quando tinha apenas 12 anos de idade, e permaneceu até a sua morte, em 683, aos 80 anos — o que significa que ele ficou no poder por 68 anos. Segundo os registros históricos, durante seu reinado, a cidade de Lakam floresceu e viveu muitos anos de prosperidade econômica, transformando-se em uma das localidades mais importantes da região. Além disso, as ruínas de Palenque são um testemunho de que aconteceram muitos avanços arquitetônicos, artísticos e de engenharia no local”

O arqueólogo mexicano Alberto Ruiz, foi quem encontrou o local, enquanto trabalhava no interior de uma edificação chamada “Templo das Inscrições”. Pela configuração da tampa do sarcófago, muitos dizem que Pakal foi um extraterrestre! Nas barracas onde se vendem lembranças sempre há muitas que tem relação com o importante rei.

       Aqui está a tampa do sarcófago do rei Pakal. Pela análise das figuras, o homem retratado na tampa do sarcófago acabou ficando conhecido como “Astronauta de Palenque”!

       Após escutar o guia, segui junto com as colegas de origem japonesa e fomos verificar a região onde havia inúmeros artesãos expondo e vendendo suas artesanias.

       No fim do passeio encontrei um artesão que estava explicando e mostrando a máscara do Imperador Pakal. A tumba de Pakal, o Grande, está embaixo de uma pedra de 15 toneladas. Fiz uma foto com esta máscara enquanto o mexicano explicava, com grande orgulho, um códice Maya.

       Dizem também que Palenque é mais bonita que Chichen Itza, eleita uma das 7 maravilhas do Mundo Moderno, por questões políticas, dizem.

     

No fim do passeio ficamos embaixo de uma árvore esperando o grupo.

Quando saímos do sítio arqueológico, outros colegas tinham ido conhecer outras partes deste sítio, que como já dissemos é imenso.

Na saída, aproveitei então para falar com o mexicano que está se preparando para ser Xamã como o tio que estava lá também atendendo. Aqui as vestimentas primeiras feitas de casca de árvore, estavam expostas.

       No fim deste dia 7 de novembro, tão interessante e cansativo, após passar pela belíssima paisagem do Golfo do México, ao entardecer, quando o sol enviava seus últimos raios para a terra, consegui, emocionada, salvar esta imagem! Este momento ficará inesquecível!

       Chegamos à única cidade amuralhada em todo o país, Campeche!

       Nos hospedamos no hotel Plaza Campeche, bem no centro da cidade, em frente à uma bonita praça. 

Dia 8 de novembro – sexta-feira

       Campeche, lugar de pedra, é patrimônio da Humanidade desde 1930. Conta com 17 sítios arqueológicos, entre eles Calakmul, a maior das ruínas maias encontradas até hoje. É um tipo de pirâmide própria da Guatemala, nos assegura nosso guia Jesus. Não tivemos oportunidade de visitar este impressionante sítio arqueológico. Aqui deixo algumas imagens.

       De manhã cedo, antes do café, saí do hotel Campeche, no frescor da manhã e, pelas redondezas fiz fotos, atravessando a praça quando o sol ensaiava os primeiros raios!

       Ao redor do hotel, também me chamaram a atenção, a forma como se faziam os locais para plantar as flores e o verde.

       As casas coloniais do Campeche eram lindas. 

Nesta foto estamos no “hotel Plaza Campeche”, esperando a hora de fazer um tour pela cidade, antes de partir para sítio arqueológico de Uxmal.

Fizemos um agradável tour, a pé, pela cidade de Campeche, passando, em primeiro lugar pela catedral.

Na história de Campeche, os franciscanos foram os primeiros religiosos que aqui chegaram. O lugar chamou-se então São Francisco de Campeche. Mais tarde, certamente no tempo da Reforma, só Campeche. As igrejas eram dedicadas à Nossa Senhora da Conceição e a São Francisco. A bonita catedral foi construída no século XVIII e é de pedra caliça. Em frente à Catedral, está uma grande praça, o zócalo, onde, está um lindo quiosque que veio de Budapeste, na Hungria. Aliás, todos os quiosques do México, vieram de Budapeste, nos informa o guia. Nesta praça, me chamaram a atenção, lindos locais destinados ao trabalho dos engraxates.

       No tour que estávamos fazendo a pé pela histórica cidade de Campeche, passamos, em seguida, por um belo edifício do governo, cuja moderna arquitetura e o lindo quadro histórico em sua frente, é bonito de se ver.

       Continuando nossa caminhada pela cidade, constatamos o que já nos tinham dito: era uma cidade colonial, amuralhada. Fiz esta foto identificando o que resta da muralha, onde, na foto, se pode avaliar a espessura desta mesma.

       A História da Muralha é a seguinte: em, 1821, França, Holanda e Inglaterra que pretendiam recuperar as antigas colônias da Espanha, invadiram esta região. Se os barcos entravam e destruíam tudo, muitos piratas também agiam nesta cidade, que era um porto. Os campesinos eram as principais vítimas da pirataria estrangeira. Nesta necessidade de proteção, o rei da Espanha, manda, então, construir as muralhas de Campeche.

       O texto abaixo nos explica mais:

A atual capital de Campeche foi o porto mais importante da península de Yucatán, durante a época Colonial. Lá se realizava uma parte importante da atividade comercial do Vice-Reinado da Nova Espanha, e por isso foi um ponto estratégico que a França e a Inglaterra utilizaram, principalmente, para minguar as riquezas do invejado Império. Foi assim como surgiram os piratas e corsários, dedicados a assaltar e saquear as naves espanholas. As águas do Golfo do México ocultam os restos das embarcações que naufragaram nas diferentes épocas, que atualmente são o baluarte da história do país, e também uma experiência única para o viajante. Entre cardumes e corais, observam-se os mastros, as quilhas, as fileiras de canhões, que alguma vez foram barcos esplendorosos, e atualmente fazem parte de uma paisagem submarinha inigualável”.

Caminhando com olhos de plena atenção, chegamos ao Malecon, um lugar muito bonito, no calçadão do mar, bem em frente ao centro histórico, onde está o clássico letreiro: Campeche. A excursão marcou presença em Campeche, com esta foto. Este é um bom lugar para ver o pôr do sol, considerado um dos mais bonitos do México, nos informa o guia. As pedras com diferentes cores têm diferentes significados.

Em frente ao Pelicano no Malecon.

       Às 10h45 retornamos ao ônibus, pois nossa viagem continua até o destino final Mérida, no estado de Yucatan, passando antes, pelo sítio arqueológico de Uxmal. Próximo a Mérida há dois grandes sítios Mayas que ficam a uma hora de carro da cidade. No mapa de Yucatan abaixo, pode-se ver a localização de ambos os sítios arqueológicos: Uxmal e Chichen Itza.

Desta vez, Kelly, pelo caminho, nos encanta com sua voz e com suas lindas canções. Paramos em Uxmal, a parte mais alta do estado de Yucatan, um dos mais conhecidos sítios arqueológicos Mayas. Com uma população estimada de cerca de 25.000 pessoas, foi uma das maiores cidades do Yucatán. Em 1996, foi inscrita como patrimônio mundial da UNESCO.

Uxmal

       Aqui, neste importantíssimo sítio arqueológico, havia poucos turistas. No youtube há excelentes vídeos para se ver e entender melhor o que foi a cidade de Uxmal e sua cultura avançada.

A cidade de Uxmal é considerada uma das maiores da civilização Maya, construída entre os séculos V e VI, mas com evidências de que tenha tido alguma atividade agrícola centenas de anos antes. Seu nome significa ‘três vezes construída’, que pode ser uma menção às supostas ocupações anteriores no local ou referência às etapas da construção da Pirâmide do Adivinho. A Zona Arqueológica Uxmal, declarada Patrimônio Mundial da Humanidade, é composta por 15 grupos de edifícios, distribuídos em uma área de dois quilômetros, que se destacam por conta de seu tamanho e sua incrível decoração”.

Sua fundação ocorreu por volta dos anos 500DC e durante seu apogeu foi considerada como uma das cidades mais poderosas do Oeste de Yucatán, característica que ampliou ainda mais durante o tempo em que foi celebrada uma aliança com Chichén Itzá, conquistando a dominação de toda a área norte maia”.

Foi exatamente durante esse período expansionista que os grandes templos de Uxmal foram edificados. Neste sítio arqueológico existe uma grande pirâmide central, que se destaca em meio a todas as outras estruturas. A Pirâmide do Adivinho ou Pirâmide do Mágico é uma construção ovalada, um projeto singular entre todas as pirâmides Mayas que já contemplei até então, sendo o edifício mais alto deste complexo arqueológico”.

Aqui, vendo esta foto, lembro que custou muito, subir esta escada!

Subindo as escadarias deste importante edifício, onde pedras trabalhadas são postas sobre a parede, num segundo nível. O “deus da Chuva”, Chaac é muito presente nesta arte. No alto deste edifício, descortinávamos toda paisagem de Uxmal e o mais fantástico, a “pirâmide do Adivinho”. Para fazer esta foto, simulando segurar a pirâmide, tive assessoria da querida colega Mirlene, de Belo Horizonte.

A principal diferença observada entre as outras cidades Mayas de Yucatán e Uxmal é a falta da presença natural de água, motivo pelo qual os moradores desta cidade adoravam ao deus Maya Chaac (responsável pelas chuvas e trovoadas). É possível encontrar várias máscaras dedicadas a esse deus talhadas nas pedras que compõem alguns dos edifícios de Uxmal”.

       Nosso guia local nos explicou muito bem sobre a realidade histórica de Uxmal. Nesta cidade havia falta de água. Parti, satisfeita com o que vi, mas sabendo que tenho que conhecer muito mais sobre esta fantástica Uxmal.

E aqui, aconteceu um fato interessante: ao longo da rodovia, Neusa e eu, tentávamos fotografar um dos muitos pontos de ônibus, interessantes e bonitos não só pela cor e formato, mas também pela sua grande quantidade ao longo da rodovia. Mas não obtínhamos sucesso, por causa da velocidade do ônibus. Mas, afinal, cantamos vitória. Conseguimos.

       Após uma viagem tranquila, às 17h30 chegamos a Mérida, capital do estado, e maior cidade, de Yucatan, também conhecida como a “cidade branca” por causa das suas construções feitas de pedra branca. No século XIX e XX as casas foram pintadas de branco por causa do calor, dizem.

       As explicações são diversas. Fundada em 1542, pelo espanhol Francisco de Montejo, Mérida foi construída em cima da cidade Maya de T’ho. As edificações Mayas foram demolidas e as pedras foram usadas como base para a catedral e outros prédios coloniais. Ao chegar à cidade, antes de irmos ao hotel, fizemos um tour. Percebi logo casas muito elegantes que pertenciam aos europeus que se dedicavam à exportação do ouro verde. As casas esplêndidas são do tempo do desenvolvimento de Yucatan. A cidade mandava buscar tudo na Europa. O que nós vimos aqui foi uma cidade limpa e muito bonita.

       O guia nos fala, então, sobre o antigo ouro verde de Yucatán. Trata-se da fibra do Henequén, um agave, uma espécie de planta nativa do Sul do México e Guatemala de cujos cactos se faz o fio para sacos.

       Entrando na cidade, passamos pelo monumento a Miguel Hidalgo, iniciador da Guerra da Independência em 1810.

“Miguel Gregorio Antonio Ignacio Hidalgo y Costilla Gallaga Mondarte Villaseñor foi um religioso liberal, considerado o pai da nação mexicana. Está sepultado sob o ‘Ángel de la Independência’, na Cidade do México”.

O Angel de la Independência ou simplesmente ‘El Angel’ é um monumento localizado no ‘Paseo de la Reforma’, no centro da Cidade do México. Foi erguido em 1910 em comemoração ao centenário da Guerra da Independência do México. Recentemente foi transformado em mausoléu em honra aos mais importantes heróis desta batalha”

       Ao chegar a Mérida, surpreendi me com a grandiosidade do Monumento “a la Patria”. Fiz algumas fotos desta obra de arte, enquanto o ônibus a contornava. Uma foto me foi oferecido pela colega Neusa e outras fotos pesquisei na internet.

Es el primer altar que se levanta a la nacionalidad en México y en el continente Americano, realizado por el maestro colombiano Rómulo Rozo. Se ubica en el cruce del Paseo de Montejo y la Avenida Campo Deportivo. Fue inaugurado el 23 de abril de 1956, por el Sr. Presidente de la República Adolfo Ruiz Cortines. Es el único monumento tallado en piedra directamente, en el mundo y en nuestro siglo atómico. Simboliza el lago de Texcoco, la eterna armonía, la tradición. Sus 31 columnas representan los 28 estados de la república Mexicana, 2 territórios y el Distrito Federal.Se representan en esta obra la etapa de la colônia, la independencia, la reforma y la revolución”.

Às 18h chegamos ao hotel Gamma, quarto 1513.

Dia 9 de novembro – sábado

       Neste dia, estando na cidade de Mérida, levantamos às 6 h, pois o nosso programa previa uma visita às ruínas de Chitzen Itza, considerada uma das 7 maravilhas do Mundo Moderno.

       Quanto à história de Merida,” Victor Manuel Molina Solis, conta que, quando as tropas espanholas entraram em T’HO em 1541, mal tinha 200 casas de palmeiras ocupadas por cerca de mil indígenas desnutridos, com ruínas colossais e restos de construções, e belas colinas cobertas de árvores silvestres de muita idade”.

A Catedral dedicada a Santo Ildefonso foi construída entre 1562 e 1599, e é a segunda mais antiga catedral católica do continente americano, construída em cima de uma pirâmide Maya. 

       Às 8h, deste sábado, partimos para visitar Chitzen Itza (Chi= água, chen= poço, Itza= família de nobres que veio da Guatemala). É um sítio arqueológico Maya com influência Tolteca. Sabemos que Chichen Itza deve sua popularidade, à sua eleição como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno.

       No caminho para Chichen Itza começou a chover, e isto me emocionou a ponto de pensar: mas como pode chover agora, que vamos para Chichen Itza, um dos sítios arqueológicos mais visitados do México? A chuva logo parou. No caminho, a paisagem era de uma vegetação rala, tipo capoeira e casas cobertas de palha.

       Algumas fotos de Chitzen Itza foram oferecidas pelo colega Walter, que, durante a excursão, demostrou ser um ótimo fotografo, pela atenção que dava aos detalhes.

Neste sítio, o guia nos fala sobre Chichen Itzá e sobre os códices astecas, que são livros escritos pelos astecas pré-colombianos e da era colonial, e constituem algumas das melhores fontes primárias sobre a cultura asteca. O guia nos fala, também, que entre os astecas era normal a prática do sacrifício humano e animal.

“Outro importante aspecto dos rituais religiosos dos Mayas envolvia o oferecimento de sacrifício humano e animal.”

“A principal importância do sacrifício era a oferenda do sangue, que saciaria a fome dos deuses. Em geral, um escravo, um inimigo de guerra ou uma virgem eram utilizados durante os sacrifícios humanos. Os sacrificados poderiam ter seu coração extraído, ser executado à flechadas ou afogado em um rio. Durante alguns rituais, a cabeça de um sacrificado era utilizada para a prática de um jogo que representava o movimento e a importância dos astros na manutenção do equilíbrio universal. ”

O guia nos fala do pássaro sagrado, o quetzal-resplandecente, por vezes chamada de “serpente de penas” que é uma ave típica da América Central e habita nas florestas do México e da Guatemala.

A cauda do quetzal-resplandecente macho é aproximadamente duas vezes mais comprida que o corpo. Era considerado sagrado pelos povos Asteca e Maya. Na atualidade, o quetzal é um símbolo nacional da Guatemala e, também, é o nome da moeda nacional da Guatemala.

       Saímos de Chichen Itza, às 11h50 e fomos almoçar no “Restaurante Katum”, num ambiente muito bonito, com comida Yucuteca. 

       Ao chegar havia mexicanos fantasiados fazendo coreografias para os visitantes e certamente contando com pedidos de fotos. Entramos no restaurante, havia muito turistas que se serviam num buffet, ao preço de 200 pesos mexicanos, ou seja, R$ 50,00.

Na toalete, estavam duas funcionárias que trajavam vestidos floridos, como se costumam usar aqui. Achei muito bonito e por isso fiz a foto. 

       Após o almoço, fomos conhecer uma estrutura interessante na geografia deste lugar. Trata-se do Cenote Ik-kil, o Cenote Sagrado de Chichen Itza.

Conhecido como ‘Cenote sagrado azul’, Ik-Kil fica localizado no sítio da cidade arqueológica de Chichén Itzá. Redondo, ele tem, aproximadamente, 130 metros de profundidade, tomado por água cristalina. Nas paredes do poço, a vegetação serve como moldura. Para ficar ainda mais bonito, o local recebe a luz direta do sol, dando a ideia de um imenso holofote na água. Ik-Kil é procurado principalmente por mergulhadores e nadadores – os mais corajosos arriscam saltos do topo. Antigamente consideravam os Cenotes como sagrados, pois acreditavam ser a conexão entre o céu, a terra e seu interior. Eram lugares usados para sacrifícios humanos no período Maya.

A noite houve um jantar, oferecido pelas empresas organizadoras desta excursão. Os guias ofereceram aos participantes, também o trajeto para o restaurante, em carro de mola, o que tornou todo este processo muito agradável

O jantar estava muito festivo, sendo servido à moda yucatana.

Dia 10 de novembro – domingo

       Hoje é o dia da partida, deixando o inesquecível México! De manhã cedo, colocamos a mala em frente ao quarto! O avião nos levará de Mérida para a cidade do México.

       Neste dia tomei café na mesa com Mirlene, Wania e Roberto, com quem depois, tive o prazer de fazer uma conversa muito agradável e instrutiva. É muito agradável poder conhecer um pouco mais uma pessoa. Roberto falou-me de sua família e também de suas muitas atividades, como empresário e que agora, coloca sua experiência à disposição da sociedade, dando cursos sobre empreendedorismo.

Falou-me também de um livro sobre contos, de sua terra, que escreveu e publicou e ofereceria a todos os colegas da excursão. Fiquei aguardando o livro e este, realmente, logo chegou pelo correio. Já agradeci esta sua delicadeza! Gostei muito de ler este livro “Causos Pela Vida”.

       Após o café saí e, nos arredores do hotel, entrei numa boa loja onde encontrei uma blusa, bordada a mão e feita do tecido proveniente de material extraído dos cactos. Nesta loja também havia a venda de alebrijes e de lindos vestidos bordados como usam aqui. 

       Depois, entrei em outra loja onde comprei uma blusa preta bordada, que levei como uma homenagem para minha sobrinha-neta Anna Maria D. Moser, que defendeu dissertação de Mestrado, na cidade do Porto em Portugal, com um estudo sobre um assunto interessantíssimo: a Medicalização da Educação da Infância.

       O que chamou atenção em Mérida, entre outras coisas, foram os vestidos com bordados multicores, que as mulheres usavam.

       No ônibus, Kelly, a guia dos turistas do Rio de Janeiro fala ao grupo que, para ela, o importante não é só vender viagens mas proporcionar experiências. Foi entregue depois uma gorjeta para Hércules, Jesus e Omar, o chofer. O guia Hércules, explicou então, o significado de gorjeta: o vinho quando desce pela gorge, (garganta, goela) deixa seu gosto, e, em seguida, fez uma recapitulação dos diferentes lugares que conhecemos nesta excursão. No fim passou apertando a mão para todos. Bonito gesto! No fim, Jesus, num excelente discurso também agradeceu ao grupo.

       Sairemos de Mérida às 13 horas e daí voaremos para São Paulo, Guarulhos e em seguida para Florianópolis.

Considerações Finais

       Gostei tanto do México e vi que os dias para conhecer parte deste país foram mínimos. A cidade capital possui, por exemplo, o maior número de museus do mundo e o país possui a riqueza de 62 línguas indígenas. O chocolate foi inventado no México e o cacau já era conhecido dos Mayas muito antes da chegada dos espanhóis e, inclusive, no Império Asteca era usado como moeda de troca para pagar tributos.

       Fazendo as pesquisas para este relatório me foi possível construir um maior entendimento, mas, mesmo assim, considero que, foi pena, deixarmos tantos lugares importantes sem poder visitá-los. Na verdade, tínhamos as cidades e os estados do Sul para percorrer, observar e muitos sítios arqueológicos para visitar. Aceitar conviver, sempre, com a imperfeição, eis a questão.

       É por esta razão que este relatório, talvez, só sirva para despertar o interesse e a curiosidade para conhecer, com mais tranquilidade esta terra, que apesar de desconhecida por nós, é tão especial, tem tanta história, tantas tradições e tanta cultura. Faltam-me palavras para expressar a alegria por ter conhecido, pequena parte deste grandioso México histórico e também a gratidão por poder pesquisar um pouco mais sobre ele e, aqui, neste relatório, deixar, para aqueles que assim o desejarem, este conhecimento.

Graças à Vida!

Anita Moser

Florianópolis, 2 de fevereiro de 2020

10 Comentários

  • Waldir José Rampinelli

    Anita, os seus comentários sobre o México têm muita fidelidade à história do país. Meus parabéns pelo excelente relato.

    • Anita Moser

      Mui prezado professor Waldir
      Suas amorosas palavras, “os seus comentários sobre o México têm muita fidelidade à história do país” me trouxeram satisfação, pois é o que sempre procuro; ser fiel à história. Quando faço uma viagem a algum recanto desconhecido do mundo, executo muitos movimentos para sair desta escuridão cultural, pois sei que mesmo vendo muito, não estou enxergando e nem identificando o que e passa ou se passou nesta realidade humana, com que apenas estou me encontrando agora. Mas eis que com leituras ou escutando os guias de excursões ou falando com uma pessoa informada, a luz vai se fazendo e isto é sempre um momento de muito encantamento! Concordo que um dos maiores prazeres da vida é aprender. E assim foi meu encontro com o México, do qual muito pouco eu sabia. A excursão me possibilitou adentrar a esta magnífica e milenar história e o arremate, a síntese foi-me possibilitada por você professor Waldir, que com toda a sua preparação histórica e cultural me deu diretrizes seguras por onde pude pesquisar e também escrever sobre esta nova e magnífica experiência, que a vida me proporcionou. Receba meu abraço com sempre renovada gratidão e minha homenagem por sua excelente produção universitária.

  • Anita

    Ilse tu lês os relatórios no “Aqui e Agora”, totalmente presente à viagem que estás acompanhando. Isto me deixa muito feliz, pois além da paixão de sintetizar o que vi e pesquisei para fazer o relatório, é meu prazer compartilhá-lo e também saber o que significou para aqueles que o leram. E para ti sei que sempre significa muito, tanto que nunca deixas de fazer o comentário. Sim, são milhares de anos de história e de desconhecimento da mesma, nestas paragens mexicanas. O aprender é o teu forte, tanto que, a cada novo assunto com o qual entras em contato, já colocas em projeto mais pesquisas, como dizes: sobre a ave sagrada, o Quetzal-resplandescente, sobre os bordados de San Cristóbal, sobre a vida de Frida Kahlo e os murais de Diego Rivera, sobre as ruínas e pirâmides de Chichen Itzá, sobre as festas dos Muertos e celebração da Vida e muito mais. Eu te agradeço, não só tua amável companhia nestes 15 dias, realmente muito intensos mas também o tu lúcido comentário! Abraço grande!

  • Sérgio Pintarelli

    Querida prima Anita,
    Adorei conhecer a história do México contada de uma maneira simples e objetiva com abordagem de aspectos sociais, culturais, políticos, religiosos, turisticos e gastronômicos. Em seu relato você consegue colocar o leitor dentro dos cenários descritos. Que maravilha!!!
    Tenho certeza que todos que visitam teu site se impressionam com tuas viagens e ficam tentados a visitar os países e/ou locais que você visitou.
    Um grande abraço para você e que continues a nos brindar com tuas viagens e seu belos relatos!!!

    • Anita

      Querido primo Sergio, foi com grande prazer que li tuas palavras, pois as teceste, como um poema, neste teu rico comentário. Ao dizer que adoraste conhecer a história do México em seus diversos aspectos, contada de uma forma simples e, ao mesmo o tempo, conseguindo colocar o leitor dentro dos cenários descritos, acrescentaste: Maravilha! Eu também sinto que tudo isto é maravilhoso; não só fazer a viagem, mas elaborar o relato da mesma, enriquecido com novas pesquisas. As viagens são para mim, uma imersão! O conhecimento é um dos maiores prazeres da vida e disponibilizá-lo a todos, é igualmente prazeroso. E por fim, receber, em troca, através do comentário, uma avaliação pessoal, desperta em mim sentimentos de alegria e gratidão e acrescenta muito ao próprio site. Quanto me dizes que queres ler, pouco a pouco, outros relatos e que após , desejas fazer o devido comentário, fico muito feliz neste aguardo. Sergio, receba meu grande abraço!

  • ILSE MARIA JAPP

    Lindíssimo relatório, Anita, que viagem maravilhosa!!!
    Foi surpreendente ver com os olhos as fotos, e ler com o coração as descrições que você tão lindamente nos transmite. Quanta “força” se faz sentir na essência deste povo e de sua cultura. Durante a leitura, a partir das informações constantes, não pude me conter, e senti o estímulo de iniciar uma série interminável (!) de pesquisas, que está sendo mais longa do que a viagem em si!!! Pesquisas sobre a ave sagrada, o Quetzal-resplandescente, sobre os bordados de San Cristóbal, sobre a vida de Frida Kahlo e os murais de Diego Rivera, sobre as ruínas e pirâmides de Chichen Itzá, sobre as festas dos Muertos e celebração da Vida… e uma infinidade de outros detalhes aos quais você nos chama a atenção: sempre há muito o que aprender!!!!
    Gratidão, liebe Anita, por compartilhar conosco essa fantástica aventura de 15 dias tão intensos!!!

  • Maria Conceicao Klober da Silveira

    Anita,
    Que lindo todo esse conhecimento sobre o México, ainda que, em suas palavras, precisaria de mais dias para conhecer mais. Amei a Igreja sem bancos e a convivência pacífica e respeitosa – assim entendi – de formas diferentes de entrar em contato com o Divino.
    Penso que suas incursões sozinha por alguns lugares deu a você a oportunidade de conhecer pessoas muito especiais (os estudantes e a professora na escola de música, os adolescentes na longa escada, a idosa que lhe pediu dinheiro, aqueles que te ajudaram a voltar para o hotel). Acredito que interagir com o povo local ou com outros viajantes é a parte para mim mais linda de uma viagem.
    Agradecida a você também por partilhar suas experiência e nos dar esse meio de interagir com você!
    Abraço forte e carinho
    Conceição

  • Izabela Schlindwein

    Anita, seu relatório me levou a uma viagem histórica- antropológica- política cheia de detalhes e emoções, algumas dolorosas, mas outras muito alegres. As cores do México me seduziram e fico imaginando a interculturalidade deste povo. O balé folclórico, os jardins (sem falar na culinária) me pareceram apaixonantes. Muito bom conhecer o México pelo filtro de uma socióloga. Tudo escrito com respeito e leveza. Muito obrigada por compartilhar conosco.

    • Anita

      Conceição, ler o seu comentário, foi para mim, um momento bonito e de muita alegria, pois além do encontro com as tuas percepções sobre o México, foi o reencontro com você, minha amiga, e em outros tempos, quando moravas em Florianópolis, também minha excelente professora de inglês. A minha satisfação foi perceber que meu esforço para elaborar um retrato o mais fidedigno possível de minhas viagens, que agregam sempre novos conhecimentos através de pesquisas, conhecimentos sobre o México que eu não possuía, mas que agora compartilho, teve uma troca.
      Além do conhecimento sobre o México como um todo, algumas coisas te chamaram a atenção: a igreja sem bancos, da comunidade de tradições Maias, onde múltiplas formas de acessar ao Divino, se desenrolavam, também muito me impactou. Tu captaste os momentos que a mim agradam demais, de poder abrir-me ao inusitado dos encontros inesperados com a cultura local, como quando visitei alunos tendo aulas de música, com seu educador interessado e feliz, na Secretaria de Cultura ou quando subi os 300 degraus da escadaria onde me encontrei com os adolescentes e da mulher idosa com os quais conversei, tendo todo o tempo à disposição. Sim, concordo com você: é a parte mais linda de uma viagem. Agradeço a você Conceição, com um grande abraço este nosso agradável momento de encontro!

    • Anita

      Iza, como é bom ouvir o que representou fazer comigo esta viagem, pelo México, que como dizes foi, para você e posso dizer, para mim também, uma viagem histórica, antropológica, política, cheia de detalhes e emoções. Ouvir isto de uma antropóloga e educadora é gratificante, e saber que as cores e a interculturalidade do México te seduziram, também. Sim, muitos momentos foram apaixonantes e inesquecíveis, como o balé folclórico que citas, porque, além da beleza, força e maestria dos artistas em sua música e movimentos, estes mexicanos apresentaram para nós, a cultura das civilizações de seus antepassados, que eles celebraram, com muita consciência e orgulho, no célebre Palácio Nacional das Velhas Artes. Fico feliz que, possuidora que és de grande sensibilidade, fazes hoje parte de minha família. Receba meu grande abraço

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