Europa

Cruzeiro pelo Mar Báltico

Cruzeiro pelo Mar Báltico

       O relato, desta viagem ao Mar Báltico, que levou 15 dias, contempla três momentos: o primeiro refere-se a estada de três dias em Londres; o segundo, diz respeito à própria viagem dentro do transatlântico; o terceiro aspecto, contempla a visita à cinco cidades do Báltico, onde o navio ancorou. Mesmo que, nestas cidades ficássemos apenas um dia e só em São Petersburgo, na Rússia, é que ficamos por dois dias, esta rápida visita possibilitou despertar o nosso interesse para aprofundar bastante, o pouco conhecimento que tínhamos sobre o que estávamos vendo. Por esta razão, esta terceira fase se tornou, também, muito rica.

       E, no que concerne ao necessário aprofundamento do conhecimento da história, geografia e cultura, sempre adquiri, nestes lugares e cidades que visitei, material impresso, com o objetivo de, mais tarde, na volta, realizar a pesquisa, seja nesses livros e brochuras, ou seja, na internet.

       A realização de uma viajem comporta: alegrias, emoções, trabalho, persistência, iniciativa, medos, interesse, entusiasmo, felizes encontros com pessoas, desencontros, reencontros, aquisição de conhecimentos novos, deslumbramentos, surpresas enfim! Por tudo isto, muitas vezes, uma viagem exige paciência e acima de tudo confiança na Vida.

       O resultado é sempre enriquecedor!

Relatório da Viagem ao Báltico

7 a 22 de junho de 2008

Dia 7 de junho – sábado – Florianópolis

       No dia 7 de junho, sábado, às 14 h, Regina e eu, deixamos, a mais bonita Ilha do Atlântico Sul, também conhecida como a “Ilha dos Ocasos Raros”, partindo do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, 45 minutos após a hora marcada.

       Chegamos ao aeroporto de Guarulhos com atraso e por este motivo tivemos dificuldades para ser atendidas no guichê, para fazer o check-in. Mas enfim, lá estávamos nós, entrando no Gate 10, para embarcar, na British Airways, rumo à Londres. O jumbo 747 da British levantou voo, às 16 h. A viagem durou 11h30 e foi muito boa, a não ser, como de costume, o desconforto pelo aperto entre as poltronas, na classe econômica. Ao meu lado, Phil, da Austrália, com quem troquei algumas frases em inglês e Fernando, filho de japonês, de São Paulo, que me ajudou, às vezes, na tradução de alguma palavra desconhecida. Fernando ia trabalhar em Londres por três meses, a serviço da empresa da qual era funcionário.

       Chegamos em Londres, no aeroporto de Heathrow, terminal IV, às 7 h (no meu relógio marcava o horário brasileiro: 3 h). Adiantamos logo o relógio em 4 h.

Dia 8 de junho – domingo – Londres

       No aeroporto, ao nos postar esperando as malas, uma desagradável surpresa: nossas malas não vieram. Fomos então fazer as devidas reclamações junto à empresa aérea.

       Após, tomamos o underground 42 (metro) linha Picadelly, com a orientação de trocar de metrô, na estação de “Hammersmith”. Esta estação era minha conhecida, pois, em 1999, estive alguns dias em Londres. Meus sobrinhos, Camila e Dudu estavam lá, e, era nesta estação, que eu descia para ir à residência deles, cada vez que saia para a cidade de Londres ou, em visitação, para algumas cidades da Inglaterra.

       Na estação de “Hammersmith”, tomamos a linha “Distrit line” chegando assim à “Victoria Station”, centro dos metrôs, dos ônibus e dos trens.

       Lá nos dirigimos, logo, ao local de compra da passagem para o dia 10, rumo a Dover, pagando pelo bilhete de ida e volta, 52 libras. Após fazer o primeiro registro fotográfico, de lá saímos para procurar o nosso hotel na Belgrave Road, distante só 300 metros da estação Victoria. Nesta altura dos acontecimentos, o relógio marcava 11h30 em Londres e 7h30 no Brasil.

       Enfim, chegamos ao hotel e nos acomodamos. As funcionárias que encontramos trabalhando, tanto na recepção como na limpeza do hotel, eram polonesas. Depois de descansar uns minutos, fomos almoçar no pubs São Jorge, que fica aí perto. Lá encontramos Alberto, um professor de São Paulo, que trabalha aqui como garçom para ganhar, ele nos disse, um pouco de dinheiro a mais, e assim poder continuar os estudos.

       Tínhamos pouco tempo para estar em Londres, onde existiam inúmeros espaços a serem conhecidos. Uns imperdíveis, infelizmente, não poderiam ser visitados. Era minha intenção, por exemplo, visitar os monumentos de Stonehenge. São Dólmenes (grandes blocos de pedra) dispostos em forma circular, que não se sabe bem quem os levantou e nem para que, mas sabe-se que foram utilizados por numerosas culturas. Entre o ano 2200 a.C. e o ano 1300 d.C. foram transportados ali, desde Pembroke Shire (Gales). O eixo das pedras coincide com a saída do sol, no dia 21 de junho. O mistério de Stonehenge é um dos grandes enigmas do mundo.

       À tarde, deste dia 8, tomamos o underground (metrô) para visitar o primeiro espaço que considero imperdível: o Museu de História Natural, imponente e amplo edifício em forma de catedral.

É uma obra que foi inaugurada em 1881, projeto do arquiteto Alfred Waterhouse. O edifício foi feito a partir de revolucionárias técnicas de construção vitorianas, com uma gigantesca estrutura de ferro e aço, escondida atrás de arcos e colunas, ricamente decoradas com figuras geométricas, alto-relevo e esculturas de plantas e animais. 

Visitamos imensas salas com os mais diversos animais pré-históricos, mamíferos, dinossauros, pássaros. Também pedras preciosas e muitas outras maravilhas estão neste admirável e completo museu.

        Gostei muito destes altos-relevos representando flores, animais, etc., que acompanham escadas e colunas. Lá ficamos, até as 17 h, admirando e conhecendo parte da imensa história da humanidade. Saindo, depois passamos a pé, por um escuro túnel.

       Chegando à luz do dia, queríamos ver outro museu imperdível: o Museu Victoria e Alberto, do qual, infelizmente só vimos a fachada, pois nesta hora, já estava fechado.

Inaugurado em 1852, foi criado como museu das manufaturas, para inspirar alunos de design. Em 1899, foi renomeado pela rainha Victória, em memória do príncipe Alberto.

       Aqui alguns dados sobre a história desta monarca.

       Vitória conheceu e apaixonou-se pelo seu primo em primeiro grau, o Príncipe Albert de Saxe, enquanto ambos estudavam na universidade. Ao pedir, ela mesma, a mão de seu noivo, que era seu primo, em casamento, quebrou o protocolo matrimonial em pleno século XIX, quando as tradições eram muito rígidas. Na época, ninguém poderia fazer um pedido de casamento a uma rainha. Foi, também, a primeira vez que se teve notícias de alguém casar por amor.

       Há fatos interessantes ligados à Rainha Vitória que se tornaram tradicionais:

1) A popularização da cor branca para o vestido de núpcias, a partir da divulgação das fotos do casamento da rainha. Antes, não existia uma cor pré estabelecida, ficando a cor do vestido, a critério da noiva.

2) Vitória era ousada e acrescentou ao seu traje nupcial algo proibido para uma rainha na época – um véu. Isso também virou tradição.

A rainha Vitória que nasceu em 1819, casou-se em 1840, com Alberto, ambos então com 20 anos e juntos tiveram 9 filhos, foi entusiasta de uma das novidades de sua época: a fotografia. Ela teve todo o seu reinado registrado em fotos.

       A incorporação da Índia ao Império britânico, conferiu-lhe o título de Imperatriz da Índia. O reinado de Vitória foi o mais longo da história do Reino Unido. Governou a Inglaterra durante 61 anos, nomeando uma época, que se chamou Era Vitoriana, um período marcado pela Revolução industrial, por grandes mudanças a nível econômico, político, cultural e social.

       Vitória morreu com 81 anos, em 1901. Sucedeu-a o filho, Eduardo VII.

       O príncipe Alberto morreu em 1861.Em homenagem ao príncipe Alberto, foram construídos vários monumentos: a “Order of Victoria” e Alberto ( 1862) e a “Albert Medal” (1866); o “Albert memorial” (1876).

       Museu Albert Hall(1867)

       Este museu contém uma das maiores coleções de artes decorativas, a partir dos primeiros anos do cristianismo, até móveis de design, ultramodernos. O museu está montado como um labirinto de 11 km, distribuído em seis níveis. O nível 1, no andar principal, abriga as galerias asiática e islâmica, assim como amostras da Europa medieval e do renascimento. E assim em todos os níveis, vemos galerias e amostras imperdíveis. Estas notas foram lidas no guia da Folha de São Paulo e transcritas aqui, para ilustrar aquilo que tanto queríamos ver e não conseguimos. Nos contentamos com as fotos.

Dia 9 de junho – segunda-feira – Londres

       Neste dia, fizemos nosso city tour por Londres, um ônibus de dois andares, com infraestrutura para oferecer a explicação do guia, em diversas línguas. Saímos para um “Sightseeing”, podendo assim visitar os principais pontos turísticos de Londres. Os bilhetes eram oferecidos por diversas companhias, e vendidos, em geral, por jovens de diferentes nacionalidades. O nosso bilhete foi vendido por uma italiana. A língua que eu escolhia para escutar a explicação do guia era, sempre, a italiana. Na verdade, não havia explicações em português, a não ser em São Petersburgo, na Rússia, cuja explicação foi em português, com sotaque de Portugal.

       Depois de passar por inúmeros lugares desta encantadora cidade de Londres, descemos na primeira parada para conhecer o Museu de Madame Tussaud, com suas admiráveis e inigualáveis estátuas de cera e seu museu de horrores.

Madame Tussaud, nasceu em 1761 e era filha de uma governanta na casa de um anatomista, Philippe Curtius, que fazia esculturas em cera. Madame Taussaud iniciou sua carreira de modelagem, tirando máscaras mortuárias das vítimas mais conhecidas da revolução francesa. Em 1835, exibiu seu trabalho na Baker Street, perto do museu atual. 

 Quando Madame Taussaud morreu em 1850, seu museu de cera era uma das atrações turísticas mais populares da Inglaterra.

       Ao entrar no Museu, nos deparamos com uma sala movimentada, onde centenas de turistas se misturavam às estátuas de cera, que representavam celebridades. Os fleches das máquinas fotográficas, eram contínuos. O interessante neste ambiente é que não se podia distinguir entre os turistas e as estátuas de cera, tal era a perfeição do trabalho. Todos tiravam fotos com seus artistas ou figuras históricas preferidas.

       Fiz fotos ao lado de Julia Roberts, dos Beatles, de Vincent van Gogh, de Darwin e do presidente da França. Este museu existe nas principais cidades do mundo e está em constante atualização.

       Algumas das esculturas feitas por Madame Tussaud, ainda podem ser vistas na filial deste museu, em Londres. Sai muito satisfeita por ter tido a oportunidade de conhecer tal obra de arte. Considero a visita, imperdível!

       Continuamos nosso tour, pela cidade de Londres, passando por centros comerciais, bairros residenciais, praças, museus e, após longo período, descemos do ônibus, perto do Big Ben. Aí, a partir de uma ponte, avistamos a British Airways London Eye, uma roda gigante, de 135 metros, construída em 2000, como parte das comemorações do milênio Londrino. É um dos marcos mais conhecidos da cidade, destacando-se com seu formato circular em meio aos outros edifícios. São sessenta raios feitos de 6 km de cabo que sustentam a tensão da estrutura, fortalecendo a roda, com trinta e duas cápsulas, cada uma com capacidade para 25 pessoas, que rodam suavemente, durante o passeio de 30 minutos. Em dias claros tem-se a visão de 40 km sobre o centro urbano, o campo e as colinas ao redor de Londres.

       Nas proximidades da “London Eye” fizemos uma foto a partir de uma ponte. Aí perto estava também o grande edifício do Parlamento, o palácio de Westminster, com o seu Big Bem que é o sino que foi instalado no Palácio de Westminster, durante a gestão de Sir Benjamin Hall, ministro de Obras Públicas da Inglaterra, em 1859. O relógio marca as horas desde 1859. As suas graves badaladas são transmitidas, diariamente, pela rádio BBC de Londres.

Breve Histórico do Edifício do Parlamento

Em 1042 teve início a primeira construção do palácio por Eduardo, o Confessor, para ser residência real. Aí houve a construção do Westminster Hall. A partir de 1512 este palácio deixa de ser residência real após um incêndio e torna-se a sede das duas câmeras do Parlamento Inglês. Em 1834 o palácio é destruído pelo fogo, a não ser a Westminster Hall e a Jewel Tower. A reconstrução do palácio é concluída em 1870. Em continuação da história, na Segunda Guerra, em 1941, esta Casa dos Comuns é destruída por uma bomba. Deste antigo palácio só há uma sala remanescente que é a Westminster Hall, cujo teto de madeira data do século XIV”.

       Aqui existe um fato interessante quanto ao trono do rei Eduardo, rei este canonizado pelo papa Alexandre III, em 1161. Chamado “King Edward’s Chair”, o Trono de Eduardo, que foi muitas vezes reformado, hoje ainda é o trono utilizado pelos monarcas britânicos, durante a Coroação.

       Continuamos o passeio a pé e entramos na catedral de São Paul. Majestosa!

       Após este passeio pela cidade de Londres, tomando, novamente, o ônibus Sightseeing, chegamos em casa! Mais tarde, passeando, a pé pela cidade, paramos em frente ao palácio de Buckingham, ao lado, do maravilhoso Hyde Park.

       Londres tem muitos parques e neste dia, feliz com tanta beleza da natureza, eu revisitei o Hyde Park! É sempre grande a emoção ver verde de tanta beleza, com muitas pessoas que lá estão festejando a imensa alegria e ventura de estar vivo. Também muito nos emociona o monumento que existe neste Hyde Park, um presente do Canadá: trata-se de um conjunto de lindas folhas de plátanos, em cobre, cobrindo o solo. A água límpida escorria, em declive, sobre estas lindas e brilhantes folhas. Uma paisagem deveras fantástica!

       Outros importantes lugares imperdíveis, eu já havia visitado em 1999: o Greenwich Park, junto ao observatório Royal, a Nacional Galery, em Picadilly, Greenwich, a St Paul´s Catedral, a Torre de Londres, British Museum, Stratfort, a cidade de Shakespeare, Bath e Oxford, a cidade-universitária. Desta vez, o tempo não permitiu mais incursões em outros locais interessantes que, aqui em Londres, são muitos! Nosso principal objetivo, desta vez, era o Cruzeiro pelo Mar Báltico.

       À noite, Regina e eu fomos nos informar sobre local e hora da partida do trem, para Dover. Soubemos que a saída seria às 9 h. Nesta noite, fomos jantar no Pub São Jorge. Pedi arroz com funghi, em lembrança dos funghi e já os tinha saboreado, em Trento, na casa de meus primos, em 2001, um funghi especialíssimo! Mas aqui o prato, não era tão saboroso como lá, em Trento, na casa de meus primos Pintarelli, da família de minha mãe.

       Às 18 h, para nossa alegria, finalmente, nossas malas, que tinham sido extraviadas, graças a Deus, nos foram entregues e as deixamos na recepção. Na verdade, a demora na entrega das malas não nos prejudicou, pois cada uma de nós, tínhamos, consigo, uma pequena mala sobressalente, em caso de extravio da mala maior. E isto costuma ser importante na viagem e foi fundamental para nosso sossego, durante estes três dias, em Londres. De outro lado, estes incidentes nos mostram que não há necessidade de se levar tanta roupa numa viagem. Com pouca bagagem se viaja muito melhor!! Na verdade, a gente nunca aprende esta lição. Sempre se leva roupa demais!

Dia 10 de junho – terça-feira – Mar do Norte

       De manhã, depois do café, ao pegarmos nossas malas, que não tínhamos examinado na véspera, eis que surge um problema: a mala da Regina está toda danifica. Que susto!!! Chamamos um táxi para irmos para a “Victoria Station” comprar outra mala e daí pegar o trem para Dover. Às 8h30, chegou um táxi muito chique e nos levou nos 300 metros que nos separavam da estação, por 9 libras (o valor unitário da Libra, em reais, era de R$ 3,60).

       A mala nova foi comprada numa loja da “Victória Station” e comportou o conteúdo da mala danificada que foi, depois, entregue a um guarda.

       Deixamos a estação Vitoria com a boa sensação de nos aproximarmos do Cruzeiro, enfim. Aqui trens chegavam e partiam a toda a hora, num movimento incessante!

Saímos de Londres, de trem, às 9h15. No caminho para Dover, passamos, primeiramente, sobre o rio Tamisa. Este rio é um curso de água do sul da Inglaterra que banha Oxford e Londres e deságua no mar do Norte. A paisagem que vimos, em seguida, foi de grandes filas de casas geminadas, com tijolos à vista, como foi costume construir, aqui na Inglaterra.

       A primeira estação foi Brixton (o trem não parou). Às 9h40 um trem passa por nós voando e logo outros de seguiram, de cinco em cinco minutos, mais ou menos. Depois vieram alguns túneis. Outras estações se sucederam, mas o trem, igualmente, não parou. A primeira parada foi Bromley South, às 9h47. O trem passa por campos, conglomerados de casas, pontes imensas. Numa pequena cidade, vejo um edifício: “Childrem Museum”.

       Muitos plátanos, de um verde muito forte, ladeiam o caminho por onde o trem trafega. Às 10h12 paramos nas estações de Rochester. O trem segue logo viagem! Até 11h20 tínhamos passado pelas estações de Gillingham, Rainham, Sittingbourne, Faversham, Selling, Cantenburry east, Bekesbourne e Adisham, Aylesham, Snowdown, Kearsney sucessivamente. Passamos por grandes plantações de Whead (trigo) “Árabe farming” me informa a fiscal do trem, ao meu pedido “What is it?” Chamam minha atenção a terminação “ham” de quase todos os nomes das cidades. Até agora não descobri o significado deste sufixo.

       A viagem de trem, rumo a Dover, foi muito boa. É sempre um prazer poder fazer estas viagens por caminhos desconhecidos, onde nossa atenção está desperta para preencher, cada momento, com a emoção de ver este lugar e vivendo esta experiência, pela primeira vez.

       Dover é o maior porto inglês do Canal da Mancha.

       Ao chegar a Dover, às 11h45 tomamos um táxi que nos levou ao navio. Surpresa para nós, ao vermos navio Jewel Norwegian! Era imenso e majestoso e muito maior do que imaginávamos. Logo os carregadores pegam as nossas malas, identificadas, primeiramente, por nós ao preenchermos o endereço e o número da cabine. No nosso caso o número era 5525.

       Entramos num grande salão adjacente ao navio e aguardamos para apresentar nossas credenciais. Entregamos, também, nosso cartão de crédito Visa, que foi devolvido em seguida. As filas são grandes, mas, como os atendentes são em grande número, estas rapidamente somem. Na ocasião recebemos um cartão pessoal que serviria tanto como chave para abrir a cabine, quanto como cartão para as compras que forem feitas no navio.

       Depois de passar, sucessivamente, por uma série de operações, cada grupo recebeu seu cartão de identificação, com cores diferentes, que indicavam a hora em que, cada possuidor da referida cor pudesse adentrar ao navio. Nossa cor era lilac (pronuncia= lailac), ou seja, lilás. Na fila de espera conhecemos os brasileiros de Recife, Lúcia e Fernando, com os quais, depois, tivemos o prazer de conviver durante o Cruzeiro!!

       Ao adentrar ao navio fomos recebidos, primeiramente, por funcionários que desinfetavam, obrigatoriamente, as mãos de todos os que entravam. Isto foi uma constante durante toda a viagem: Lavar e lavar as mãos, mil vezes, para impedir contaminação. Havia também a indicação para não se dar as mãos ao se cumprimentarem. Soubemos que na viagem anterior aconteceu uma contaminação e infecção, com graves consequências para muitas pessoas. Fomos diretamente, para o 12º andar do navio, para almoçar. No grande restaurante, nenhuma pessoa podia se servir pessoalmente. Com raras iguarias, fomos servidos pelos funcionários. Almoçamos muito bem e depois, fomos para o convés e admiramos a cidade.

       Vimos, de longe, as grandes falésias brancas e o castelo de Dover.

[…] o castelo de Dover é a primeira construção vista por quem se aproxima, por mar, do Reino Unido. Sua imponência e sobriedade têm sido um símbolo Inglês, saudando aos visitantes como a dizer ‘You have arrived in England’. Dover sempre foi, nas palavras do historiador Hubert de Burgh, a chave da Inglaterra e este conceito não foi alterado até nossos dias, haja vista os planos nazistas de invadir a Inglaterra a partir de Dover. Datam de 1066 as primeiras partes do castelo, executadas logo após a invasão da ilha pelas tropas de William, o Conquistador. A maior parte do que pode ser visto hoje em dia, no entanto, data do século 12. Na construção do castelo foi gasta uma verdadeira fortuna. Além da grande torre central havia outras 14 torres, distribuídas ao longo da grossa muralha poligonal. Este estilo serviu como modelo para muitos outros castelos construídos um século mais tarde. Ele foi construído para servir como símbolo de uma nação, e isto se pode conferir quando se passa pelo litoral sul da Inglaterra”

       Após esta primeira visão da cidade de Dover e do Castelo a partido navio, lá encontrei uma norte-americana, professora de Inglês, em Nova York, com quem iniciei minhas primeiras palavras na língua que estava interessada em praticar. Assim, ia vencendo a resistência costumeira, continuando a aprendizagem, reforçada com as boas aulas do professor Christian, da escola Olé, de Florianópolis. Eu estava decidida: nesta excursão faria uma imersão no inglês.

       Finalmente, às 16h30 o navio parte! Emoção geral! Saímos do canal da Mancha, vendo de um lado, a Inglaterra Insular e do outro lado, a Europa Continental, no menor espaço entre as duas regiões. Sensação ótima! Estávamos partindo para navegar o Mar do Norte!

       Às 17 horas entramos na cabine e começamos a arrumar nossas coisas.

       À noite jantamos em um dos restaurantes, à La Carte, com os casais brasileiros, Shirley e Fausto, de São Paulo, que acabávamos de conhecer e o casal Fernando e Lúcia, de Recife, que tínhamos conhecido antes de entrar no navio. Com eles passearemos muito durante a excursão. Na verdade, os brasileiros, neste navio eram poucos. Mais alguns, encontraríamos depois!

       Bem mais tarde, estávamos viajando, dormindo um bom sono, nesta primeira noite do Cruzeiro!

       A cabine tinha lugar para três camas e estas estavam ótimas. É muito agradável encontrar bons colchões com lençóis brancos e macios e edredons muito confortáveis: ambos de um branco incrivelmente branco! Agora é descansar. O navio majestoso singrará no Mar do Norte, durante duas noites e um dia!

Dia 11 de junho – quarta-feira – Mar do Norte

       Acordamos às 10 h, sentindo o forte balanço do navio. O Mar do Norte estava brabo! Aí aprendi, com um casal dos Estados Unidos, que tomaram café na nossa mesa, as primeiras expressões, em inglês, para qualificar este momento: “The sea rough (pronuncia= raf) and the ship roacky (pronuncia =rouqui)”, (o mar está agitado e o navio balança). Sensação inusitada!

       Após o café, Regina e eu, fomos comprar, na recepção, as excursões que faríamos nesta viagem: para Berlim, na Alemanha e para São Petersburgo, na Rússia. Os preços em dólares eram salgados! Mas, como não tínhamos passaporte para a Rússia e nem conhecimento suficiente para ir a Berlim, as excursões se tornaram obrigatórias. Tínhamos à disposição um único dia e não queríamos perder esta grande oportunidade.

       No navio, a recepção era um lugar muito frequentado: lá havia alternadamente, música de violino, piano e violão o tempo todo. Nas adjacências se localizava a Internet e a exposição de quadros de arte. Este foi um lugar que sempre visitei, não só para ver a exposição, mas para poder ouvir falar sobre os quadros, aprendendo mais sobre os seus autores. Neste lugar havia, de vez em quando, grandes leilões de arte.

       A viagem está ótima, mas o navio continuava com um forte balanço! O caminhar pelo navio proporcionava, às vezes, encontros inesperados. Foi o caso de encontrar um casal norte-americano, Lona e Churchill. Este idoso era o retrato do ex-presidente dos Estados Unidos. O caminhar pelo navio não era tranquilo e nesta situação eu ajudei o idoso Churchill a se segurar para que não caísse. O casal foi muito gentil comigo e agradeceram pelo meu gesto. Aí sentamo-nos e conversamos durante um tempo razoável, junto à recepção. Ele me informou que, justamente, era parente de Winston Leonard Spencer-Churchill, primeiro-ministro britânico durante a Segunda Guerra. Após estes bons minutos desta conversa, percorri o navio para reconhecimento: sala de jogos, sala de leitura, teatro, salão de dança, salão de conferências e shows, etc.

       Às 13 h o vento uivava no convés. Dentro do navio, a temperatura era agradável, quase frio. Volta e meia passava um (a) funcionário (a) a oferecer lavar as mãos.

       Estando no 13º andar vi um mar verde azulado com imensas ondas! Continuava difícil caminhar pelo navio. Mas a tripulação nos acalmava e dizia que isto era normal!!! Eram trabalhadores de quase todo o mundo: Nicarágua, Peru, Costa Rica, Equador, Chile e outros lugares da América latina e que falavam espanhol. Havia também trabalhadores da Albânia, da Romênia e das Filipinas.

       Encontramos, também, alguns brasileiros. Conversamos com Carla, uma jovem muito simpática, que trabalhava numa loja do navio e era de Joinville. Após deixar o navio, nos disse que participaria de uma peça de teatro, em São Paulo. Também encontramos, na grande sala onde se vendiam quadros de arte, um peruano, com quem, muitas vezes, conversamos. Seus pais eram brasileiros! Encontramos, também, um Filipino, com quem trocamos ideias, muitas vezes, e que, no último dia, me presenteou com uma estampa de um quadro de arte de Emile Bellet.

       Um fato me chamou a atenção, pois se repetiu durante toda a viagem: os turistas, em geral estavam sérios, fechados, quando entravam no elevador. Mas se, abrindo um sorriso eu dizia, naturalmente, “Good morning! How are you”? Eles também abriam um sorriso e faziam logo à pergunta? Where are you from? Á minha resposta, repetiam, com entusiasmo: Brasil!! E, assim estava quebrado o gelo inicial!

       Isto foi uma constante durante a viagem e assim, íamos aumentando a rede das pessoas que estávamos conhecendo e estas pessoas nos cumprimentavam quando nos reencontrávamos. Reencontrar-se não era fácil de acontecer, mas às vezes, sucedia, pois, o navio era imenso, os lugares múltiplos e às vezes, mesmo desejando nos encontrar com alguém com quem já conversamos, isto se tornava difícil acontecer. Quando isto acontecia, sentíamos-nos bem, pois fortalecemos este novo contato.

       Muitas vezes, em momentos fantásticos, observava a linda paisagem. No horizonte não se via navios. O Mar do Norte, imenso, agitado, maravilhoso, nos encantava!!!! As ondas estavam sempre muito altas, com seis metros de altura!

Em alguns momentos, sentava-me numa poltrona confortável e me reencontrava com a respiração consciente e com o silêncio!

       Neste dia, às 14 h, acompanhado dos novos amigos brasileiros, fomos almoçar: me servi de sopa, maçã ensopada, macarrão em forma de casulo, queijo gorgonzola, pão e manteiga, peixe e verduras. Como sobremesa: frutas. Tudo muito bem preparado!

       Após o almoço fui dar uma caminhada para conhecer mais uns lindos lugares do navio: piscina, campo de basquete, campo de jogos, restaurantes, spa. Na sala da navegação que só foi possível ver a partir do andar de cima, através de paredes de vidro, muitos operadores estavam, continuamente, trabalhando nos computadores.

       Em seguida, fui dormir aquele sono imperdível da tarde que não dispenso, nunca! Nos corredores, os funcionários sempre nos cumprimentavam alegremente. Às vezes pensava, quanto custa aquele sorriso, pois atrás dele, está a distância da família, dos filhos, dos amigos e o trabalho contínuo, duro e constante!! Mas o nosso sorriso e cumprimento também deve ser bom para eles, assim como para qualquer ser humano, em qualquer situação! Às vezes, é só de um sorriso que a gente precisa, certamente!

       Às 11h20, sentada à janela vejo à minha direita, o mar furioso, com suas ondas enormes e espumas brancas. Ouço um maravilhoso piano! “The sea rough”, aprendi hoje de manhã. Esta expressão não vou mais esquecer!

       Pensamentos!! A Vida, lembro, é música suave e mar revolto ao mesmo tempo. Vem-me à mente, também, neste momento, os imigrantes, meus bisavôs trentinos, que em 1875, atravessando o mar revolto, durante 36 dias, em navio a vapor, chegaram no sul do Brasil.

       Nós estávamos navegando desde ontem, dia 10, às 16h30. Portanto já somavam 26 horas de navegação. Muitos passageiros estavam lendo, outros assistindo Football, outros jantando, outros tomando um drinque, outros conversando ou dançando ou no free shopping, etc. Não sei, ainda, se alguns estariam se sentindo mal, com este balanço. Certamente, sim.

       Às 20 h houve um grande show no salão do 13º andar.

       Estamos contornando a Dinamarca, cujo território é cheio de recortes e de ilhas como é normal nesta região da Escandinávia. À meia-noite, estávamos na parte mais ao norte da Dinamarca, conforme nos mostrava o mapa. A televisão a toda a hora, nos dava a posição exata deste nosso transatlântico.

       O que mais se vê escrito é: “Plesase, wash your hands often”. E também: “We also discourage any handshaking for your heath (saude) and safety(segurança).

Dia 12 de junho – quinta-feira – Dinamarca – Copenhagen

       Às 9 h, deste dia, chegamos no porto de Copenhagen e lá ficamos até nossa próxima partida, neste mesmo dia, às 18 h.

       Aqui um pouco de história.

       Inicialmente Copenhagen se chamou Porto dos Comerciantes.

       Há nesta cidade um grande monumento equestre, em homenagem a seu fundador, o bispo Absalon (1128-1201), um prelado e político dinamarquês, Bispo de Roskilde (1158-1191) e arcebispo de Lund, em 1178, protótipo do religioso guerreiro medieval.

       A cidade de Copenhagen foi reconstruída, algumas vezes, após ter sido ser destruída, por diversos motivos. Em 1368, por exemplo, foi arrasada pela liga hanseática alemã. Reconstruída ela se tornou uma das cidades mais florescentes da Escandinávia. Em 1807 a Inglaterra bombardeia a cidade para evitar que a frota dinamarquesa ficasse a serviço de Napoleão e grande parte da cidade foi destruída.
Copenhagen com 540 km2 e quase um milhão e meio de habitantes, está situada no estreito de Oresund.

       Aqui há muitas ilhas e outros acidentes geográficos! São paisagens inéditas para nosso olhar! As próprias cidades são construídas sobre ilhas interligadas por inúmeras pontes; são muitos rios e também canais.

       O andar pela cidade, nos encanta ao primeiro olhar: prédios históricos e a arte com que foram construídos os seus templos, as cores das casas, muito vivas, cores das flores e sua diversidade e o burburinho de turistas de todas as partes do mundo, chamam nossa atenção.

Um monumento digno de ser visitado é a “Torre Redonda” (Rundetarm) que forma parte da igreja da Santíssima Trindade. Foi concebida por seu promotor o Rei Christian IV, em 1637 a 1642, como observatório astronômico e como tal foi utilizado pela universidade de Copenhagen até 1861. Aqui, uma vez por ano, se abre o grande telescópio para que todos possam estudar as estrelas, como antigamente. 

Mas o mais admirável é a rampa de subida em forma de caracol que sobe 34,6 metros acima do nível da rua. Dizem que, em 1716, Pedro o Grande, subiu esta torre, no lombo de seu cavalo.

       Para subir na torre é necessário ingresso. Seu horário de funcionamento é das 10 h até as 18 h, sendo expandido esse horário no verão europeu, até as 21 h.

       Em Copenhagen, o que também nos chamou logo a nossa atenção é, ao longe, o Parque dos Moinhos históricos. Além destes, há também, imensos e numerosos cataventos brancos, à semelhança dos que vemos em Fernando de Noronha e em diversos estados brasileiros. Estes cataventos, oferecem eletricidade para a cidade capital.

       Grandes construções de rica arquitetura, igrejas, canais e pontes embelezam esta cidade, que certamente não pode ser explorada, em toda a sua exuberância, em tão pouco tempo.

       Para uma primeira aproximação com esta cidade, escolhemos, nós brasileiros, fazer um city tour. O preço era de 25 dólares. Escolhi a língua italiana para acompanhar as explicações durante este passeio pela cidade de Copenhagen. Através de fita gravada, possível de ouvir em diversas línguas, a medida que o tour avança pela cidade, nós obtivemos muitas informações:

       Quanto ao sistema social, aqui ele é muito bom e as taxas para sustentá-lo são muito altas. O speaker fala, em seguida, dos produtos agrícolas como vinho, cerveja e sobre a IUPAC, uma organização não governamental, criada em Genebra, Suíça, no ano de 1919, e que possui como membros, todas as sociedades de Química.

       Ao passar pelas grandes construções, obras do Rei Christian IV, que teve um longo reinado (1588-1648) na Dinamarca, entendemos que o nome deste rei é, aqui, inolvidável e marcou a história do país. Ele é frequentemente lembrado como um dos monarcas dinamarqueses mais populares, ambiciosos e proativos da história, tendo iniciado várias reformas e projetos. Ele renomeou a capital norueguesa Oslo para Cristiania, nome que foi usado até 1925. Somos informados, também, que o rei deixou 23 filhos e 12 foram de sua amante. Este rei, também, reconstruiu Oslo (Noruega) depois de um grande incêndio.

       Sobre sua bandeira:

       A bandeira mais antiga de Copenhagen é de 1219 e os dinamarqueses têm uma ligação muito forte com sua bandeira.

“Reza a lenda que, no ano de 1219, durante uma antiga e penosa batalha contra os estonianos, o rei dinamarquês Valdermar II Sejr, estava prestes a ser derrotado pelos pagãos quando aconteceu um grande milagre: enquanto todos suplicavam por ajuda divina, subitamente o céu se abriu e entre os raios solares desceu uma imensa bandeira vermelha com uma cruz branca desenhada ao centro. 

O ‘milagre’, visto como um sinal de força, imediatamente renovou as esperanças dos dinamarqueses, que venceram o confronto conhecido como Batalha de Lyndanisse”.

       Sob o pretexto de ajudar a Cruzada na Palestina, sob as ordens do Papa Honório III, o rei dinamarquês Valdemar II, derrotou os estonianos nesta batalha de Lyndanisse.

       Copenhagen, a cidade de muitíssimos e raros museus é também a cidade das bicicletas (60.000), pois aqui não há desníveis importantes. No ano de 2000 foi recuperado, na rodoviária, o lugar para ciclistas.

       Quanto à locomoção, o visitante pode comprar o Copenhagen Card, que permite circular de 1 a 3 dias por ônibus e metrôs da área metropolitana de Copenhagen. Há também descontos e entradas gratuitas para os museus.

       Aqui o artesanato é também muito rico, e destaca-se, o âmbar, uma resina fóssil que, já em épocas pré-históricas era utilizada para fazer joias. O âmbar pode, também, ser conseguido, nas praias do Norte depois de uma noite de tempestade, quando o mesmo é removido do fundo do mar.

       Na primeira parada do city tour vimos a igreja e o Museu da Resistência durante a Segunda Guerra Mundial. No século XX a Dinamarca permaneceu neutra durante a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, se bem que de 1940 a 1945 o país foi ocupado pelas tropas alemães. Os dinamarqueses foram enviados aos campos de concentração e muitos lá morreram.

       A cidade de Copenhagen foi a capital cultural da Europa em 1996. E, em 2005, houve os festejos do segundo centenário do nascimento de H.C. Andersen, o célebre escritor dinamarquês.

        Neste city tour, vimos as três casas na cor vermelha, em Nyhavn, onde viveu, em diferentes momentos de sua vida, o escritor e poeta dinamarquês de histórias infantis, Hans Christian Andersen (1805-1875). Esta casa amarela acima é o museu de Andersen. O escritor, pai dos contos de fadas, escreveu muitas obras traduzidas em inúmeras línguas. No Brasil, a nossa mais conhecida história infantil é a do “Patinho Feio”.

Eternizamos, nesta foto, nossa admiração que temos pelo grande dinamarquês, escritor de histórias infantis.

       Entre as obras do escritor se destacam:

O Abeto, O Patinho Feio, A Caixinha de Surpresas, Os Sapatos Vermelhos, O Pequeno Cláudio e o Grande Cláudio, O Soldadinho de Chumbo, A Pequena Sereia, A Roupa Nova do Rei, A Princesa e a Ervilha, A Pequena Vendedora de Fósforos, A Polegarzinha, A Rainha da Neve, A Pastora e o Limpa-chaminés.

       A “Pequena Sereia” é um dos pontos mais visitados em Copenhagen.

       Essa obra de arte é da autoria do artista Edvard Eriksen, que a esculpiu em 1913.

       Passamos pelo que foi o quartel-general da Gestapo durante a Segunda Guerra, pelo Jardim Botânico, pelo Castelo de Rosenberg. Em seguida, passamos pelos seguintes museus: museu geológico, museu Nacional com obras de Rembrandt, Matisse, Picasso e pelo museu de arte do Cristianismo. Vimos as casas amarelas, mandadas construir, em 1600, por Christian IV, para os soldados marinheiros e vimos, também, as Fortalezas construídas em 1626, etc.

       O constante crescimento demográfico e sobretudo a industrialização que atraiu uma forte imigração do campo para a cidade, fizeram com que, em 1872 se derrubassem as muralhas da cidade para permitir a expansão urbana.

       Quanto à história de Copenhagen, se no século XVII, foi gloriosa, no século XVIII foi trágica, marcada com muitas calamidades. Em 1711 e 1712 houve uma epidemia de peste que reduziu a população a um terço, havendo depois dois incêndios, o primeiro em 1728 e o segundo em 1795, que destruíram grande parte da cidade.

       Na altura da Estação central dos trens vê-se o Pilar da Liberdade que foi erigido em 1797 segundo um projeto de Nicolai Abildgaard, em memória da abolição em 1788 do “domicílio forçado”, aplicada à servidão. Em 1814, a Dinamarca se separou da Noruega que havia tomado parte do reino por 400 anos. Pode-se dizer que a primeira metade do século XIX foi a idade de ouro do florescimento cultural dinamarquês.

Passamos pelo famoso parque Tivoli, o primeiro parque de diversões do mundo. Desde sua abertura em 1843, cujo jardim ocupa grande parte do antigo fosso que cercava a cidade, nunca deixou de ser um dos espaços favoritos das pessoas de Copenhagen. 

O Tivoli é um lindo jardim, ideal para passear, desfrutar de concertos e espetáculos de ballet e música. Possui sua própria banda musical, integrada por jovens de 9 a 16 anos.

       Do parque inicial criado por seu fundador Georg Carstensen só resta o lago inicial. Temos também o Museu de Tivoli, em frente à praça da prefeitura que guarda lembranças e narra a história deste lugar mágico. Aqui em Copenhagen, haveria muito que se ver, mas isto, para nós, se tornava impossível em tão pouco tempo.

Quanto ao governo da Dinamarca

       A atual rainha Margrethe II é muito bem-conceituada em Copenhagen. Ela assumiu o poder, entre lágrimas, diz-nos nossa guia, em 1972, um dia após a morte do Rei, seu pai. Dizem que se caísse a monarquia, ela seria escolhida como chefe do governo, como primeiro-ministro.

       Chegamos do tour às 16 h, muito satisfeita por ter conhecido, um pouco, esta maravilhosa cidade, ao menos, admirando suas construções, suas lojas, seus canais com a costumeira aglomeração de pessoas do mundo inteiro e fazendo algumas fotos. Ao chegarmos perto do navio, entramos nos “outlets” no porto. Lá, também, é muito comum, lojas inteiras repletas de joias de âmbar, em diversas formas, tamanhos e estilos.

       Às 17 h, já no navio, assisti um Show de Torben Iversen, um dos maiores artistas de Copenhagen, que se apresentou com a peça sobre a vida e a obra de Charles Christian Andersen.

       Às 18 horas novamente, o navio, parte! Às 19h30 (no Brasil, 14 h) eu entrei no quarto para me preparar para ver o Show de uma pianista dos Estados Unidos. Wonderfull!. Realmente um espetáculo nunca visto! Na saída do salão, encontrei também um casal de Porto Alegre, Fidel e Iara, que compraram os discos da pianista e que, mais tarde, irão nos acompanhar, mais vezes, em passeio ou à mesa de refeições ou em gostosos bate-papos.

       Às 23h40 eu estava tendo o privilégio de admirar o mar imenso, calmo, enquanto nosso navio estava avançando a 60 km por hora.

       A chegada em Warnemunde, na Alemanha, está programada para a manhã às 5 am. A partir de Warnemunde, será feita uma excursão para Berlim. Regina, eu, Fausto e Shirley, Fernando e Lúcia, Rosa Maria e Daniel do México, amigos já contatados antes, compramos esta excursão no navio, com antecedência!

Dia 13 de junho – sábado – Alemanha

       Neste dia levantamos às 6 h, com um céu azul e algumas nuvens, na tranquila cidade de Warnemunde, onde tínhamos aportamos às 5 h.

       Os passageiros poderiam escolher ficar e conhecer esta cidade ou partir de trem, para uma excursão a Berlim. Todos os amigos brasileiros, optaram por visitar Berlim de trem, nesta viagem que dura 3 horas. Sensação ótima, esta de estar no trem, em tão boa companhia!!!

       Nos mapas abaixo vemos a localização da cidade de Warnemunde e da cidade de Berlim, para onde nós nos dirigimos nesta viagem de trem.

       Durante a viagem fomos servidos com um suculento lanche, num clima de confraternização. Nossa guia, de origem romena, muito simpática e atenciosa ia respondendo nossas perguntas e enriquecendo-nos com seu conhecimento sobre os lugares que estávamos atravessando. Falava italiano e espanhol, possibilitando ótima comunicação!

A primeira cidade que o trem atravessou foi Rostock hof com muitas Igrejas e com sua Universidade, desde 1450. Esta universidade é a mais antiga da Alemanha. Teve alunos que se tornaram célebres, em muitos campos do saber.

       Entre premiados cientistas, distingo os três, relacionados abaixo, pois considero o resultado seus trabalhos científicos, da máxima importância, também para o momento atual:

a) Rudolf Steiner, antroposofista, Doutor em 1891.

b) Albert Einstein, Doutor honoris causa em medicina, 1919.

c) Max Planck, doutor honoris causa, 1919, é considerado o pai da física quântica e um dos físicos mais importantes do século XX. Planck foi laureado com o Nobel de Física de 1918, por suas contribuições na área da física quântica.

O trem deslizava veloz, passando por campos agrícolas cultivados, verdes campos floridos com as cores lilás da lavanda e o vermelho das papoulas, que eternizei nessa foto.

       O trem atravessou algumas cidades, mas não fez paradas.

       A terceira cidade na qual o trem parou foi Grabowofe. Na quarta cidade vemos a igreja com sua torre pontiaguda como costumam apresentar, aqui, as igrejas antigas. Vemos pequenas casas com hortas, tão comuns também nas casas de nossos imigrantes europeus, lá no Brasil.

       Em seguida, durante 30 minutos desta viagem, vemos grandes extensões de plantações de eucaliptos e pinheiros, muito altos.

Faltando 30 minutos para chegar à capital da Alemanha, o trem fez uma parada em Orianenburger, cidade esta que pertence à grande Berlim.

       Finalmente chegamos à capital Berlim, cidade unificada em 1990! Ao desembarcar do trem, fomos recebidos por uma alemã, guia local, que falava também espanhol e assim nos acompanhou, num ônibus durante toda a excursão, com uma ótima orientação e grande simpatia. Nunca me canso de lembrar que, os bons guias, numa excursão, fazem toda a diferença.

       Logo nos deparamos com o que sobrou do muro de Berlim que separou as duas Alemanhas durante 30 anos.

       O muro, explica nossa guia, com 162 km de extensão de altura média de 2,8 m e no ponto mais alto 3,60 m, foi construído numa única noite, em 12/13 de agosto de 1961. Era uma noite de sábado para domingo. A maioria das pessoas que foram separadas, umas ficando na Berlim Oriental e outras na Berlim Ocidental, só puderam se encontrar 30 anos após. As famílias foram divididas? Em cada três famílias, uma tinha parentes na Alemanha Ocidental. Como todos sabemos, muitas pessoas morreram ao tentar fugir para Berlim Ocidental. Esta história nós acompanhamos aqui no Brasil, durante estes anos de chumbo.

       Esta triste página da história aí estava aos nossos olhos curiosos e impactados. Em 9 de novembro de 1989 o muro de 162 km caiu, deixando para trás esta dolorosa página, da história recente, alemã. Hoje, depois da queda do muro, não se fala mais de Berlim Oriental e Berlim Ocidental, mas simplesmente Berlim, nos informa nossa guia.

       Nesta visita vimos como Berlim ressurge, atualmente, em toda a sua imponência, podendo ser considerada uma das mais belas cidades europeias. Valeu demais este encontro, in loco, com a realidade desta histórica cidade.

       Cabe aqui relembrar um pouco a história.

       Berlim, em sua parte Oriental é muito antiga, pois foi fundado em 1237. Na sua parte Ocidental é muito nova, pois a região só foi ocupada faz 140 anos. Por esta razão, os edifícios históricos, hoje recuperados, se situavam no que era a Berlim Oriental. Esta cidade antiga, medieval, seguindo a grande muralha que protegia a cidade, tinha 18 grandes portas e muitas torres. Hoje a única porta que sobra é o célebre portão de Branderburgo. Muito imponente, este portão ostenta, no alto, a estátua de Nike, a deusa grega do conhecimento.

Trata-se de uma enorme construção de 26 metros de altura que, com seu estilo neoclássico, lembra as construções da Acrópoles de Atenas. Em 1795, o monumento recebeu uma quadriga de cobre que representa a Deusa da Vitória, em uma carruagem puxada por quatro cavalos, em direção à cidade. A estátua que se pode ver hoje em dia é uma cópia feita em Berlim ocidental em 1969, já que a original foi destruída durante a Segunda Guerra Mundial”.

       Berlim tem 900 km2 de superfície em seus 12 bairros, com uma população de 3.400.000 habitantes.

       Nossa excursão começou percorrendo o que era antigamente, a Berlim Oriental, sob o domínio da Rússia. Com a nossa excelente guia, passamos pela praça Alexandro, cujo nome se deve ao fato de que, em 1805, o tzar russo Alexandre, visitou a cidade dando assim nome a esta praça, onde antigamente se comercializavam, animais. Hoje lá havia muitas flores cor-de-rosa, em referência aos homossexuais.

       Berlim, há outro fato que nos chama a atenção: são as inumeráveis árvores de tilhas frondosas e muito verdes. A tília (em alemão se diz Linden) é a árvore típica de Berlim, a cidade mais verde da Europa. Lembrei-me dos versos “Dreissen Linden” do poeta alemão, e também da nossa maravilhosa “Treze Tílias” no meio-oeste catarinense!!!

       A guia repete: A Segunda Guerra Mundial, fez aqui muitos estragos. Entre 1943 e 1944, os franceses e Ingleses destruíram 85% de Berlim.

       Passamos pela avenida Karl Marx. Vimos também uma grande torre de televisão, com 368 metros de altura e cuja esfera com 262 metros de diâmetro, tem lá um restaurante panorâmico que faz uma volta completa em 30 minutos. Lembrei-me do restaurante panorâmico do hotel maravilhoso, Taj Mahal, de Manaus, situado bem em frente, ao magnífico teatro do Amazonas.

       Continuando a excursão, nossa guia nos informa que Berlim possuí 604 igrejas, sendo 30% católicas. A maioria, da população (82%) é luterana. Ao passar por uma igreja do século XIII, diz-nos que no século XVI, na reforma de Lutero, esta igreja, passa de católica para luterana, sem, no entanto, mudar o nome.

       Vimos também um monastério neste bairro muito antigo, construído pelos monges, ao lado de uma igreja. Na Segunda Guerra, em 1944, 300 mulheres lá se esconderam, sendo que, uma bomba caiu no mosteiro e todas estas mulheres morreram.

       Nossa guia fala-nos da questão da água em Berlim: aqui, as terras são muito pantanosas e a água está a dois metros de profundidade. É difícil construir linha de metrô no subsolo. Explica-nos também a origem do nome Berlim. É que, no século XII, havia muitos ursos. Dizia-se dos caçadores que para aqui se dirigiam, que vieram para a terra do urso, lugar seco num pântano. Urso= Beer. Fala-nos também da questão imobiliária nesta cidade. Aqui estão sobrando 125.000 apartamentos. Eles estão vazios, pois foi construído demais nesta cidade. A Alemanha possui 16 estados federais e de todos os estados vem compradores para adquirir apartamentos. Os berlinenses, no entanto, não os querem comprar para viver aqui, pois só querem alugá-los. Os aposentados buscam comprar casa fora de Berlim, explica nossa guia.

       Continuamos o nosso tour na parte Oriental de Berlim, passamos pelo bairro judeu, onde existem cinco sinagogas e há 11.000 judeus. Na noite de cristal, no dia 9 de novembro de 1938, foi queimada uma sinagoga pelos nazistas. A maior sinagoga judia foi reconstruída em 1991.

       Berlim possui também quatro universidades e a mais antiga tem 20.000 alunos.

       Passamos pela Universidade Humbold, que surgiu na esteira do iluminismo. Foi criada em homenagem a dois grandes cientistas, os irmãos Alexander e Wilhelm von Humbold. Aqui esta universidade inaugura algo muito importante: o ensino e a pesquisa como algo inseparável.

“A grande inovação que traz a Universidade de Berlim é a incorporação da atividade de pesquisa à prática pedagógica, visando o desenvolvimento dos alunos. Antes de Humboldt, as universidades eram locais apenas de difusão do conhecimento, de forma passiva, principalmente com base na preleção dos professores”.

       Também passamos pela “Ilha dos Museus”, composta de cinco museus notabilíssimos.

O Bode Museum nos chama a atenção sobre o historiador de arte e curador, Wilhelm von Bode, (1845-1929). Aqui deixo um pouco de sua história, pois ele teve importância fundamental na organização deste grande museu de Berlim.
Na década de 1890, Berlim estava muito atrás de Munique e Dresden em suas coleções de arte, mas com a participação entusiasta de Guilherme II, o último imperador da Alemanha, foi possível a Wilhelm von Bode, mudar o centro do mundo da arte alemã para a capital Berlim.

       Os escritos de Bode sobre uma ampla variedade de tópicos na história da arte, particularmente na arte da Renascença italiana, foram amplamente influentes e permaneceram como textos-chave no campo. Autobiografia, “Mein Leben”, foi publicada, postumamente, em 1930. A partir da década de 1950, o museu foi progressivamente reconstruído e reaberto; nos anos 90, iniciou-se um restauro geral.

       Passamos por uma Avenida, que ocupa uma reta de um km e meio, ladeada de frondosas e verdes tilhas, ou seja, lá estão 240 tilhas. Nossa guia nos falou que este espaço era um grande campo de caça e como Frederico II, coroado em 1740, não gostava da caça, ele mandou plantar aí, este grande número destas lindas árvores, para impedir que este costume da caça, aí continuasse. Frederico II foi chamado, “o Grande” e também, “o velho Fritz”, diz-nos nossa guia.

       Vimos uma biblioteca e nossa guia nos informa que ela tem 7 milhões de volumes. Passamos pela maior embaixada russa, ricamente ornada no interior e que foi mandada construir pelo Tzar russo Nicolau, no século XIX. Aqui, em Berlim, a primeira edificação de uma embaixada, foi a de Paris.

Vimos o hotel cinco estrelas com teto azul, chamado ADLON e junto a este, vimos a Academia de belas Artes. Este hotel de luxo também tem sua história: de propriedade de judeus ele foi demolido pelos nazistas em 1944 e reconstruído depois, por um membro desta mesma família proprietária.

     Passamos pelo Jardim dos Animais, o maior de Berlim, que foi um presente da Mercedes Benz para Berlim, em 1985.

Nesta cidade de Berlim há mais de cem museus. Entre eles, por exemplo, há o museu com a história do Muro de Berlim e, também, o museu da história dos protestantes franceses no século XVII, que foram, os assim chamados, huguenotes.

       Avenidas marcam fatos importantes: por exemplo: em 17 de junho de 1953 houve uma revolta contra o sistema comunista e há uma avenida, em Berlim, marcando este evento.

       Também, conhecemos a Estação Central de Trens, chamada “Hauptbahnhof”. Simplesmente maravilhosa, é construída em cinco níveis e foi inaugurada em 2006.

Na internet encontrei alguns dados atuais sobre esta estação e sua arquitetura: “São 300.000 passageiros diariamente; 1.300 trens por dia; 54 escadas rolantes; 32 elevadores; 15 plataformas em diferentes andares (Sim, os trilhos se cruzam em andares diferentes). Foram usados 27.200 m² de vidro; 2.700 m² de placas solares”

        Conhecemos outro lugar que marca historicamente, a triste história nazista. Trata-se do Memorial do Holocausto, Memorial aos Judeus Mortos na Europa.

Fizemos uma parada, mas não descemos do ônibus. Lá estava o imenso monumento ao holocausto, memorial este desenhado pelo arquiteto Peter Eisenman e inaugurado em 2005. O memorial consiste de 2.711 blocos de concreto cinza escuro e de alturas variadas, distribuídos em fileiras paralelas. 

Também faz parte do memorial uma sala subterrânea chamada de “Local da Informação” onde há uma exposição que documenta a perseguição e o extermínio dos judeus.

       Em Berlim há muitas obras em construção. Entre elas destaco um grande canteiro de obras onde os alemães estão construindo o memorial aos ciganos mortos por Hitler.

       Passamos por uma região com grande e modernos 19 edifícios construídos pelas empresas que compraram um terreno, aqui, vendido, cada metro quadrado, no valor de 1000 euros. Grandes empresas como a Mercedes Benz que comprou 30.000 metros quadrados, a Sony 37000 metros quadrados e os japoneses 8.000 metros me parece, diz-nos nossa guia.

       E aqui uma observação ligada a diferença histórica entre o espaço ocupado pelas antigas Alemanha Oriental e a Ocidental, no que se refere á cultura. Em 1961 até 1970, como todos os museus tinham ficado na Berlim Oriental, pois esta parte é a mais antiga, a Alemanha Ocidental, que só passou a existir nos últimos 140 anos, construiu o novo Centro Cultural. Assim, passamos pela Filarmônica de Berlim com 1100 lugares, a Pinacoteca – galerias de pinturas e o bairro das embaixadas. Em seguida, pela Avenida dos Príncipes com 3 km e meio e, no coração de Berlim Ocidental, passamos pelo bairro dos hotéis.

       Vimos, também, o maior jardim zoológico da Europa com cerca de 15.170 animais. Lá também há a estação de trem do zoo.

Inaugurado em 1844, o Zoo, até o fim de 2010 ele possuía 34 hectares, cerca de 17.000 animais de 1.500 espécies diferentes; o que faz com que o Zoo de Berlim tenha a maior coleção de espécies do mundo. Durante a Segunda Guerra, o Zoo foi quase que destruído e apenas 91 dos 3.715 animais da época, sobreviveram. Em sua reconstrução, tanto o Zoológico quanto o Aquário (prédio integrado ao Zoo) foram totalmente renovados, principalmente para reproduzir uma atmosfera real para os seus animais, algo que eles conseguem com excelência. Os animais vivem em locais abertos, com vegetação própria do local de onde vieram, temperatura controlada e até mesmo som ambiente”.

Num certo momento da excursão, fizemos um tour de barco pelo rio que corta Berlim. Foi muito interessante ver, ao mesmo tempo, em que se olhava a cidade, a infinidade de barcos grandes e pequenos, de diversos estilos e cores, que circulavam por lá. Berlim é nove vezes maior que Paris e possui 1700 pontes.
Retomando o passeio de ônibus, ainda em Berlim, descemos e passeamos pela praça “Breitscheidplatz”, com lojas, restaurantes e muito movimento. Nesta praça, resta uma Igreja luterana, a chamada Igreja da Memória. Em alemão tem o nome de Gedächtniskirche.

       A igreja é uma das atrações mais famosas de Berlim; foi construída sob o mandato do Kaiser Wilhelm II, em homenagem ao seu avô, o Kaiser Wilhelm I. A igreja adquiriu sua especial importância após ter sido destruída pelas bombas dos ataques aliados, em 1943, durante a II Guerra Mundial. Em 1950, houve planos de demolição, mas os cidadãos negaram e se tomou a decisão de criar um monumento comemorativo com os restos da igreja. Seu exterior destruído e enegrecido pretende recordar a insensatez da Guerra. No interior, uma pequena exposição mostra algumas fotos da época em que a igreja ficou destruída pelos bombardeios. A torre, não restaurada, lembra a destruição causada pela guerra. O complexo da Gedächtniskirche inclui não somente as ruínas da Igreja, mas também a nova e moderna igreja construída ao seu lado.

       Ela permanece semidestruída, mas aberta à visitação. Nela há mosaicos belíssimos que estão intactos, ornando ainda por dentro, esta igreja. Na parte de trás da igreja está um edifício octogonal repleto de janelas azuis que foi construído como campanário em 1960. Atualmente abriga uma loja de souvenires.

Na frente da entrada da igreja foi construída uma moderna capela (chamada Igreja Nova) formada por cristais azuis que refletem uma bela luz em seu interior.

        Entrei nas igrejas, admirando na primeira, os lindos mosaicos, alguns um pouco danificados e na segunda, os lindos vitrais azuis. Após este mergulho nas tristes lembranças da Guerra, mas também, nos monumentos que demonstram sua superação, adentramos ao nosso ônibus de excursão.

       Sabemos que em Berlim há inúmeros e belíssimos lugares que valeriam a pena ser conhecidos. O que esta pequena excursão nos mostrou, já foi uma rara oportunidade de conhecer pequena parte, desta incrível cidade, capital da Alemanha. Antes de tomarmos o trem, nos despedimos de nossa excelente guia alemã, com a alegria e a certeza de que esta profissional nos possibilitou conhecer o máximo, em muito pouco tempo, que tínhamos à nossa disposição.

       Após, duas horas e meia de uma feliz e alegre viagem de trem, onde passamos por lindos campos de papoulas vermelhas e lavandas azuis, estávamos, de volta ao porto de Warnemünde.

       O porto de Warnemünde faz parte da cidade de Rostock e está localizado a cerca de 250 quilômetros de Berlim. Os navios que fazem o Cruzeiro pelo Báltico, atracam neste porto.

Dia 14 de junho – sábado – Mar Báltico

        Neste dia 14 de junho, nós navegamos o dia todo e também toda a noite. No navio sempre há muito, com o que se entreter.

A cada dia foram oferecidos na cabine, jornais do navio, com toda a programação, de modo que, quem se interessasse por alguma atividade (há também muitos cursos de arte) pudesse aproveitar. 

Além disso, o prazer de conversar, visitar o free shopping, biblioteca, assistir shows e conferências, nadar, descansar, assistir televisão ou shows e palestras, ou bons filmes, frequentar a biblioteca ou, simplesmente, admirar o mar imenso! Na TV apareciam mapas explicativos sobre a posição exata do navio em cada momento.

       Podia-se permanecer no local da piscina, na internet, fazer refeições, visitar a sala de arte, ouvir piano e música, conversar com amigos que, de repente, algumas vezes, reencontramos, etc. Essas foram as oportunidades que o navio oferecia sempre. Por exemplo, numa destas atividades, às 12 h, eu estava na biblioteca com muitos outros leitores. O silêncio era total. Ao encontrar o livro intitulado “A litle Mermaid”, ou a “Pequena Sereia”, tentei traduzi-la do Inglês, sem muito sucesso, apesar de estar com meu dicionário! A “Pequena Sereia”, esta importante obra do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, foi traduzida em 108 idiomas.

       Um pouco de História:

       Andersen nasceu em 1805 em Odense, na ilha de Funen. Em 1819 saiu de sua terra e foi para Copenhagen. Nunca teve “uma esposa, um lar e uma família” diz seu biógrafo. Andersen escreveu sua biografia: “The fairy tale of my life!” (O conto de fadas da minha vida!).

       Este autor pode ser chamado o poeta de toda a Dinamarca. Morreu em 1875 (ano em que minhas bisavós vieram de Trento do Império Austro-húngaro, para o Brasil). Gosto de fazer estas relações, para lembrar-me das datas”.

       Ainda na biblioteca, consultei um Atlas para conhecer melhor a geografia do lugar. Inteirei-me, neste momento, que estava na região das águas. Tantos eram os rios, lagos, ilhas e canais que constituem, estes magníficos lugares, tão comuns por toda esta área.

Às 19h30 estávamos, nós brasileiros, em sete pessoas, jantando no restaurante. Azurra. Às 20h30 teve um show.

       O sol está se pondo, neste adiantado da hora, Shirley, Fausto, Regina e eu fomos ao salão de baile, ouvindo música ao vivo e admirando alguns casais que estão efetuando passos de dança, perfeitos. São, certamente, passos de alguém que passou por uma escola e que sabe dançar, encantando quem os vê!

       Mais uma noite tranquila em que viajamos dormindo.

Dia 15 de junho – domingo – Estônia – Tallinn

       Aportamos às 8 h na Estônia, em sua histórica capital, Tallinn.

       Um pouco de história:

A Estônia, dividida em 15 regiões, é um país do Sul do Báltico e divide este mar com Dinamarca, Alemanha, Polônia, Lituânia, Letônia, Finlândia e Suécia. Esta região tem uma história comum e uma infinidade de fios visíveis e invisíveis ligam entre si estas cidades”.

“A Estônia, Lituânia e Letônia são chamados países bálticos. Por séculos a Lituânia e a Estônia foram oprimidas e fizeram parte da Livônia, que na reforma do século XVI, escolheu o Luteranismo, ao contrário da Polônia e da Lituânia, que foram países mais fortes na Idade Média e permaneceram católicos.” 

“Os Estônios foram chamados com este nome, pela primeira vez, por escritor romano Tácito, em sua obra ‘Germânia’, em 97 D.C..A língua dos Estônios se parece com a da Finlândia e não com os outros países próximos. As escavações arqueológicas apontam povoamentos humanos de 10.000 anos atrás no território da Estônia”.

       Tallinn, a capital é a cidade medieval mais fortificada da Europa e que tinha 2,5 km de muros, 35 torres de defesa, 8 portas de acesso e 11 torres de defesa frontal. Hoje ainda sobram 2 km de muros e 25 torres.

       Chegando, pagamos um táxi que nos levou ao centro de cidade e lá, fizemos um passeio a pé pelas ruas de Tallinn. A emoção tomou conta de nós. A palavra que melhor traduziu nosso sentimento neste amanhecer, certamente foi a palavra SURPRESA! Estávamos entrando no centro de uma cidade que, apesar de ter sofrido tantas dominações, guerras e incêndios, respirava ainda, completamente, sua atmosfera medieval. Seus edifícios antigos estavam intactos nesta cidade, a mais bem conservada, de toda a Europa. As cores vibrantes de suas casas e seus telhados a prumo, coloridos, eram um espetáculo à parte.

       Ao desembarcar tínhamos feito uma foto tendo ao fundo o nosso navio e mais um transatlântico aí ancorado.

       Da Internet, um pouco de história:

Mesmo que, na Idade Média, o cristianismo se expandisse rapidamente, os estônios e os letônios e os lituânios permaneceram, na maior parte honrando seus deuses, fadas e espíritos da floresta. Adoravam a deusa. Em 1193 o papa de Roma, Celestino III, anunciou uma Cruzada para abater o paganismo na Costa Oriental do Mar Báltico. Esta Cruzada esteve sob o comando do rei Valdemar II, da Dinamarca, que se apoderou da fortaleza de Tallinn e aí construiu sua própria fortaleza. Enrico da Letônia, um padre alemão, escreveu um livro ‘A Cruzada da Livônia’ acerca desta conquista da Estônia. Como resultado desta Cruzada, a Estônia foi dividida entre dinamarqueses e alemães sob a ordem dos bispos e permaneceu durante sete séculos sob dominação de potências estrangeiras”.

       As igrejas são, em sua maior parte, luteranas e ou ortodoxas.

       Dirigímo-nos à Praça do Município. Lá havia muitas tendas onde se vendiam lindas flores, a maioria das quais eram totalmente desconhecidas, para mim.

       Moças em trajes da Idade Média ofereciam saborosas avelãs torradas com sal, para serem degustadas. Não resistimos! Que delícia! Em carrinhos parecidos com os nossos de pipocas elas vendiam-nas em pacotes pequenos e médios com preços muito salgados. Comprei um pacote médio!

       Fizemos uma caminhada pela cidade, onde tudo nos chamava a atenção e nos envolvia num clima nostálgico. A todo o momento nos damos conta que estamos, realmente, numa cidade medieval, onde as construções da época ainda se conservavam intactas.

Passeando pelas ruas, observamos o edifício da prefeitura, um símbolo do passado medieval da cidade. Ela possui uma torre de 64 metros de altura que pode ser acessada pelos turistas durante os meses de verão (fôlego para 115 degraus íngremes). A torre foi construída junto com a prefeitura entre os anos de 1402 e 1404.

       Entramos em lojas, onde as roupas e os artesanatos em si, eram confeccionados quase que totalmente com linho, dando-nos a primeira informação sobre a principal matéria prima nesta região.

       Passeando sempre, sem prestar atenção ao tempo, Shirley, Fausto, Regina e eu entramos num café e pedimos um cappuccino. O bar era de um italiano chamado Pablo que, muito simpático, nos recebeu e, numa conversa muito longa, nos colocou a par de parte da história recente da Estônia.

Falou-nos de três assuntos: o primeiro sobre a perseguição comunista, o segundo sobre a supervalorização dos imóveis e o terceiro sobre o alto sentimento de identidade deste povo.

1) No tempo de Stálin, 3000 intelectuais foram levados para trabalhos forçados na Sibéria, e de lá, só voltaram 200.

2) Quanto à moradia. Aqui, as residências não tinham valor, mas aqueles que, com métodos astutos, compravam dos moradores estas casas por preços aviltados, lucraram muitíssimo e hoje, estes imóveis estão a preço de ouro.

3) Aqui, o sentido de identidade nacional é muito forte.

       Eles se recusam a receber em moeda estrangeira, aceitando somente a sua, a moeda chamada Kronni! Isto apesar, da imensa quantidade de turistas, que esta pequena cidade recebe. Nosso navio, por exemplo, havia 4.000 pessoas e os navios que atracam aqui são muitos.

       Saímos deste encontro no restaurante de Pablo, o italiano, com muita satisfação, por nos ter recebido com tanta simpatia e ouvir dele explicações sobre esta terra, pois trabalhava há alguns anos, nesta cidade e conhecia o assunto sobre o qual falava.

       Ao meio dia, procuramos local para almoçar. Não foi fácil encontrar, pois a primeira questão que nos impedia de lá ficar, era a resposta à nossa pergunta: aceitam euros? Aceitam dólares?

       Finalmente, encontramos um restaurante que aceitava moeda estrangeira.

       Tratava-se de um local, onde um grande e antigo portão nos levou a um pátio interno. Antigamente aqui se desenrolavam os trabalhos e o cuidado com os animais de tração e lugar de guardar as carroças etc., conforme atestavam as fotos e quadros deixados nas paredes. Em Tallinn há muitos destes lugares, que foram transformados em espaços típicos e agradáveis. Neste local aprazível, que encontramos, havia funcionários com trajes típicos. As mesas estavam preparadas e com flores. Os pratos “a La Carte” estavam muito gostosos e bem preparados.

       Continuando o passeio, observamos igrejas, entrando numa que tinha adjacente um museu. Era uma igreja luterana, como costumam ser aqui, a maioria das igrejas.

       Uma outra visão maravilhosa, foi passar pela catedral ortodoxa onde as pessoas estavam assistindo a missa. Não nos cansamos de admirá-la. É uma joia arquitetônica de rara beleza.

Esta catedral ortodoxa, foi construída entre 1894 e 1900 e consagrada em 30 de abril do mesmo ano, durante o período no qual a atual Estônia fazia parte do Império Russo, participando do processo opressão étnica no país! 

Está dedicada ao santo Alexandre Nevsky, que saiu vitorioso na batalha do lago Peipus, em 1242. Aleixo II, que terminaria sendo patriarca, começou seu ministério sacerdotal na catedral.

       Quanto aos fundos necessários para a construção desta catedral, lemos:

Em toda a Rússia foram recolhidos fundos para a sua construção. Tem cinco agulhas bulbosas é a fase tardia do estilo do estoricistico russo. A parte central é decorada com mosaicos de Frolov. Os ícones são de H. Novoskoltesev. Nas igrejas russas se coloca muita atenção ao som dos sinos. Os sinos aqui pesam 27 toneladas e o sino principal pesa 16 toneladas. Esta catedral está diretamente sob o poder do patriarca Ortodoxo de Moscou e de toda a Rússia”.

       Um dado interessante:

A catedral foi considerada, pelos estonianos, como um monumento à dominação russa, pelo que as autoridades ordenaram sua demolição, em 1924; decisão que nunca foi levada a cabo. Uma vez que a Estônia recuperou sua independência da União Soviética, em 1991, a catedral foi restaurada”.

Hoje, em frente a catedral, fica o parlamento da Estônia.

       Depois de muito passear pela cidade e ver lojas de artesanato, passamos por lugares altos, de onde podíamos visualizar a cidade e frondosas árvores de plátanos.

Num determinado local, paramos pensando que a construção que se via era um castelo antigo. Embaixo, à sua frente, estava uma moça em trajes típicos, cobrando dois dólares para subir a escada e conhecer a construção. Subi a escada após pagar os dois dólares. 

Uma decepção inicial: não era castelo, mas uma muralha, organizada para a observação e guarda da cidade naquele tempo. Permitiu-me observar o sistema de muralhas medievais e isto foi o bastante.

Saindo do centro de Tallinn, tomamos um táxi que nos levou ao porto e, entrando no navio, fiquei admirando, ao longe, esta joia medieval, com seus telhados coloridos, com suas igrejas de torres em agulha e com tanta história para nos contar, ainda!

       Nosso navio, está se dirigindo para São Petersburgo, na Rússia.

Dia 16 de junho – segunda-feira – Rússia – São Petersburgo

       A cidade São Petersburgo, igual como Brasília, foi construída segundo um plano usando a experiência urbanística de Londres e Paris, ou seja, a referência foi a Europa Ocidental. Foi construída sobre 40 ilhas e 400 pontes, por esta razão seus canais e suas pontes são uma beleza a mais, a ser admirada nesta cidade Imperial. Nossa guia nos informa que é a cidade mais europeia e uma das mais belas cidades de Rússia.

        Olhando o mapa da chamada “Veneza do Norte”, a vemos banhada por inúmeros rios (86 rios), muitos canais e muitas ilhas (mais de cem ilhas na parte do Delta do Rio Neva).

       Chegando a São Petersburgo, pensei que nesta estada de dois dias, através de duas excursões, poderia conhecer bem a cidade. Isto foi realmente uma temeridade, bem como, considero uma ousadia, tentar falar agora, sobre esta cidade! Mas, sempre aceitei conviver com a imperfeição e é por isso que tentarei transmitir algo do pouco, mas, importante, que consegui aprender nesta oportunidade.

       Alguns dados históricos:

       Um dos fundadores do Império Russo foi Pedro I, o Grande, nascido em 1672, integrante de uma das principais dinastias russas, a Romanov! Esta dinastia foi fundada em 1613 e terminou em 1917. Pedro, o Grande foi czar de 1682 até sua morte, em 1725, em São Petersburgo. A história demonstra que quando seu pai, o Imperador Aleixo faleceu, ele dividiu o poder com seus meios irmãos e, por isso, Pedro I só começou a governar, sem dividir o poder com seus meios irmãos, com 24 anos.

       Muito cedo Pedro, o Grande, voltou sua atenção para a Europa Ocidental:

O processo de modernização e ocidentalização da Rússia ocorreu quando Pedro I, então czar, percebendo o panorama defasado em que o país estava, abriu uma janela para ideias europeias ocidentais progressistas. Passou dezoito meses na Europa, disfarçado de carpinteiro na Holanda e também atuando como marinheiro em outros países. Nesta jornada, aprendeu diversas técnicas como o retalhamento da gordura das baleias, anatomia (enquanto observava a dissecação de cadáveres) e trouxe conceitos artísticos adquiridos nas inúmeras galerias de arte e museus que visitou.”

       É importante lembrar que Pedro I, o Grande, implementou amplas reformas destinadas a modernizar a Rússia, nos moldes da Europa. Para isto, impôs costumes ocidentais, construiu estradas e canais, modernizou o Exército e a Marinha e abriu os portos ao comércio, transformando a cidade em uma vitrine da Rússia para o Ocidente. Visitando a cidade se pode avaliar a semelhança de algumas construções com as da Europa.

       Em 16 de maio de 1703, Pedro I colocou a pedra fundamental na Fortaleza de São Pedro e São Paulo, que fica na ilha Zayachy, no delta do rio Neva, construída para defender a região, das tropas suecas. A Ilha Zayachy é a menor ilha de São Petersburgo. Assim Pedro, o Grande, deu início à história desta magnífica cidade, construindo esta fortaleza. São Petersburgo foi a primeira capital, de 1712 até 1918, data esta que marca a transferência desta antiga capital Russa, para Moscou.

       No centro da Fortaleza de São Pedro e São Paulo mandada construir por Pedro I, está a Catedral Ortodoxa de São Pedro e São Paulo, erguida entre 1712 e 1733. Hoje, este é o lugar mais visitado e foi aqui que começou nossa primeira visita.

       No primeiro ponto de parada da excursão, começamos com uma visita à fortaleza São Pedro e São Paulo.

       Esta fortaleza conta com muralhas, cuja altitude máxima é de doze metros e seis bastiões. Para entrar nesta ilha se deve cruzar a ponte São João, que abre a porta de São João e esta por sua vez a Porta de São Pedro que é a entrada principal do recinto.

       Construída para rechaçar os ataques da Suécia os quais nunca aconteceram, a fortaleza serviu de prisão política do Império Russo, até 1917. Por exemplo, aqui em 1849, foi preso Dostoiévski, junto com alguns amigos acusados de conspirar contra o czar Nicolau I. Após 8 meses de confinamento, foram enviados a um campo de trabalhos forçados na Sibéria, onde lá ficaram por quatro anos.

       Considerado um dos maiores romancistas e pensadores da história, bem como um dos maiores “psicólogos” que já existiram, o escritor, filósofo e jornalista do Império Russo, Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, faleceu em 1881, com 59 anos de idade.

       Nesta fortaleza é possível visitar muitos museus, inclusive o que conta a história da Fortaleza, o Museu da Artilharia, o Museu da Exploração Espacial e o Museu da tortura etc.

       Entrando na fortaleza, visitamos, a Catedral Ortodoxa, local de sepultamento dos imperadores russos, inclusive os Romanovs. Em 1998 os restos do último imperador russo Nicolau II e sua família foram enterrados na catedral.

       A catedral Ortodoxa em estilo barroco, é belíssima! Nela estão os túmulos dos Romanovs, alguns elaborados em mármore branco, onde se destaca o túmulo de Pedro o Grande, sempre adornado com flores frescas. Toda a família foi canonizada pela Igreja Ortodoxa russa no ano de 2000.

Conhecemos, também uma construção maravilhosa, a “Catedral de Nossa Senhora de Cazã”, um templo ortodoxo, que foi construído em 1801. A inspiração foi a Basílica de São Pedro, em Roma. Com entrada gratuita, esta igreja está em atividade e presta serviços, diariamente.

        Em 1932, já após a Revolução socialista que definiu a Rússia como Estado ateu, a Catedral tornou-se um museu das religiões. Desde 2000, a Catedral é a filial do Patriarcado de Moscou, na cidade de São Petersburgo. Passamos, também, pelo “Palácio de Mármore”, que foi presente de Catarina II para seu mais duradouro amante, o Conde Orlov, quem inclusive a ajudou a livrar-se de seu marido, Pedro III.

E mais:

Observando o Palácio Strogonov, nossa guia nos informa que este foi residência do conde que inventou o estrogonofe. A história é a seguinte: ao chegarem convidados de surpresa e, como havia pouca carne, ele pediu ao cozinheiro que a cortasse em tirinhas e misturasse com creme de leite fresco, numa versão russa do “pôr mais água no feijão”.

     Sobre Pedro, o Grande e sua família

Em 1703, quando Pedro, o Grande fundou São Petersburgo e para lá mudou a corte, Marta Skavronskaja, tornou-se sua amante, casando-se em segredo em 1707, depois de se ter convertido à fé ortodoxa e tomar o nome de Catarina. À data do casamento tinham já sete filhos, nenhum dos quais sobreviveu até a idade adulta. Tiveram no total onze filhos dos quais sobreviveram Ana (1707) e Isabel (1709). Enquanto se construía a cidade, viveram numa cabana onde ela cozinhava e ele cuidava do jardim. Quando se mudaram para um palácio, conservaram-na rodeando-a de uma vala. (Esta cabana pode ainda ser visitada). A sua correspondência mostra que o casal sempre manteve grande cumplicidade, e ela cuidava do czar pessoalmente durante os seus ataques epilépticos. Diz-se que só discutiram uma vez, devido à execução, por corrupção, do secretário de Catarina. Em 1711 acompanhou o czar na Campanha de Prut, contra a Turquia e conta-se que salvou a vida de Pedro quando estava rodeado por um exército muito superior, sugerindo-lhe que se rendesse e utilizando as suas jóias e as das suas damas para subornar o Grão-Vizir. Pedro I premiou-a casando-se com ela, desta vez oficialmente, na Catedral de Santo Isaac, apesar de ele estar casado com Eudoxia Lopukhina, a quem havia encerrado num convento e com quem tinha um filho, Aléxis Petrovich, que executou, diz-se. com as próprias mãos”.

       Os nomes desta cidade mudaram conforme o período histórico.

       Como São Petersburgo é um nome alemão, na Primeira Grande Guerra, se acirrou o ódio contra os alemães e aí foi trocado o nome da cidade. O sufixo “burg” é alemão e quer dizer cidade; o sufixo usado agora é “grad” que em russo quer dizer, também, cidade. Por este motivo de 1914 até 1924 a “Veneza do Norte” se chamou Petrogrado. Depois, em 1924 com a revolução e com a morte de Lênin, foi denominada Leningrado. Em 1991, a cidade volta a adotar seu nome original, São Petersburgo. Em maio de 2003, quando a cidade festejou 300 anos, a Unesco declarou este “o ano de São Petersburgo”.

São Petersburgo, apresenta na estação de verão, um fato inédito: são as “Noites Brancas” com 23 horas de luz. No inverno, ao contrário, os dias são muito curtos, começam às 10 h e escurecem às 15 h. Nas Noites Brancas, o auge do verão àquela latitude, o sol não se põe, apenas dá um breve mergulho no horizonte, para voltar logo em seguida.

Noites Brancas” é também o título de uma obra do escritor Fiódor Dostoievski, livro este que mais aproxima Dostoiévski do romantismo e foi escrito em 1848, antes de sua prisão. Entre romances e novelas temos, deste autor temos:

  • Gente Pobre;

  • O Duplo;

  • A Senhoria Netochka Nezvanova;

  • Aldeia de Stiepantchikov e seus Habitantes Humilhados e Ofendidos;

  • Recordações da Casa dos Mortos;

  • Notas do Subterrâneo;

  • Crime e Castigo;

  • O Jogador;

  • O Idiota;

  • O Eterno Marido;

  • Os Demônios;

  • O Adolescente;

  • Os Irmãos Karamazov.

       Na nossa primeira excursão, passamos por um bairro pobre e humildade e fomos informados que aqui tinha sido o cenário do livro “Crime e Castigo”. Dostoievski, sendo muito detalhista, nos oportuniza, neste local, o reconhecimento dos personagens deste livro.

       Passamos depois no bairro Columna, onde vimos a Catedral Marítima, dedicada a São Nicolau, padroeiro dos marinheiros. O original desta construção é que o campanário está separado do corpo da igreja.

       No trajeto observamos ainda, do ônibus, um edifício amarelo, o Palácio Yussupov, onde foi assassinado Rasputin, nos informou a guia.

Místico russo e autoproclamado homem santo, ele se aproximou da família do czar Nicolau II e foi assassinado em 1916 por um grupo de nobres conservadores, pois se tinha tornado uma figura politicamente influente demais, no final do período czarista.

        Descemos do ônibus, na praça de Santo Isaac e lá vimos a mais suntuosa Catedral Ortodoxa de São Petersburgo, dedicada a Santo Isaac, o padroeiro de Pedro, o Grande! Foi construída entre 1818 pelo czar Alexandre I e concluída em 1858 por Nicolau I, em estilo predominantemente neoclássico, com a inserção de adornos bizantinos. Em 1928, durante a revolução russa de 1017, ela se tornou um museu.

       Perto desta Catedral de Santo Isaac, visitamos um monumento clássico, o ginete de bronze, representando Pedro, o Grande, que olha o mar.

Passeamos na praça onde se encontra a estátua do “Cavaleiro de Bronze”, que, também, é o nome do poema narrativo de Alexander Pushkin, de 1833. Esta estátua foi encomendada por Catarina II (1762-1796) para homenagear Pedro I. 

A fundição da estátua começou em 1775 e foi concluída em 1782, cujas dimensões do enorme bloco de granito, são as seguintes: 14 metros de comprimento, seis metros de largura e cinco metros de altura.

       Quanto a Alexander Serguéyevich Pushkin, ele foi um grande poeta, dramaturgo e romancista russo, considerado o pai literatura russa moderna, que morreu em São Petersburgo em 29 de janeiro de 1837, aos 37 anos de idade.

       Continuando nosso tour, passamos também por um museu anatômico.

       Vimos, depois, o palácio de inverno dos tzares russos. Aqui, em São Petersburgo, era proibido uma construção mais alta do que este palácio. Em frente ao palácio de Inverno ou Hermitage, há o grande edifício amarelo, Palácio do Estado-Maior, com uma fachada em forma de arco de 580 metros de comprimento, situado na Praça do Palácio, que abrigou o Estado-Maior, na guerra vitoriosa contra Napoleão, em 1812. A revolução francesa e o expansionismo de Napoleão aqui estão marcados na história deste país, também.

       No centro da praça há a coluna de Alexandro (pesa 600 toneladas).

       Descemos de nosso ônibus, na praça onde está a Igreja Ortodoxa, “Catedral de Nosso Salvador do Sangue Derramado”, que foi construída em 1881, em homenagem ao czar Alexandre II, morto num atentado à bomba, ao passar com sua carruagem, às margens do canal.

       Alguns dados históricos a respeito do czar Alexandre II: nasceu em Moscou, em 1818 e morreu em São Petersburgo, 1881, foi Czar da Rússia desde 1855 até ao seu assassinato. Como tal, foi também Grão-Duque da Finlândia (1855-1881) e rei da Polônia até 1867. É conhecido por suas reformas liberais e modernizantes, através das quais procurou renovar a cristalizada sociedade russa. Em 19 de Fevereiro de 1861, decretou o fim da servidão na Rússia. Foram libertados, ao todo, 22,5 milhões de camponeses servos – preservando-se, todavia, a propriedade dos latifúndios.

       Dentro da igreja, no exato local onde o czar caiu, há um altar.

Se a igreja já é um espetáculo por fora, seu interior inteiramente revestido de mosaicos faz dela uma das mais belas do país. E nem isso impediu que servisse de depósito de batatas nos tempos soviéticos, quando era conhecida como “São Salvador sobre as batatas”. Sua restauração durou 27 anos. Imponência, beleza e Arte aos nossos olhos extasiados! Só se ouve: que maravilha!!!

       O projeto do edifício, em forma de chama de uma fogueira subindo o céu, não tem análogos no domínio da arquitetura russa.

Mesmo não sendo o principal atrativo cultural da cidade, turistas ficam especialmente embevecidos com a arquitetura da Catedral de Nosso Salvador do Sangue Derramado, que fora construída em fins do século 19, quando o país apresentava um grande impulso industrial e econômico. Sua arquitetura em estilo russo medieval clássico, com torres coloridas decoradas com ouro, pedras preciosas e cruzes resplandecentes é a cópia da Catedral Ortodoxa de São Basílio, na Praça Vermelha, em Moscou. Com toda razão, da Catedral de Nosso Salvador do Sangue Derramado, transformou-se no endereço mais fotografado da cidade.

       A “Catedral Ortodoxa de São Basílio” na Praça Vermelha em Moscou, foi construída, entre 1555 e 1561, a pedido de Ivan, o Terrível, em ação de graças por suas vitórias militares contra os tártaros, guerra esta travada desde o século XV e que resultou na conquista de Kazan pelos exércitos moscovitas de Ivan IV. Segundo a lenda, ele ordenou que cegassem o arquiteto que a projetou para que não fizesse construção mais magnífica.

       A excursão, pela cidade de São Petersburgo, segue! O guia nos explica, ao passar na esquina de dois rios, que o palácio alaranjado, que estávamos vendo foi mandado construir, pelo filho de Catarina II, Paulo I. Consta na história que a relação entre mãe e filho foi sempre péssima, pois Catarina nunca amou o filho e dizem que até tinha tentado matá-lo.

       Passamos no local onde viveram os irmãos Nobel. E aqui relembramos esta fantástica história:

Alfred Bernhard Nobel nasceu em 21 de outubro de 1833 em Estocolmo. Era filho de Immanuel Nobel, engenheiro civil e inventor, e de Andrietta Ahlsell, que provinha de uma família abastada sueca. Eles viviam em Estocolmo até que a empresa de Immanuel faliu. Andrietta e os filhos foram para a Finlândia, ao passo que Immanuel tentava montar um negócio em São Petersburgo, na Rússia. Nessa época Alfred estava com quatro anos de idade. Andrietta abriu uma mercearia para ganhar algum dinheiro e quando o marido obteve sucesso numa oficina de equipamento para o exército russo, mudaram-se todos para São Petersburgo. Foi em São Petersburgo que ele e os irmãos estudaram. Rapidamente se notou um elevado interesse pela Literatura e pela Química. O pai, ao perceber isto, enviou-o para o estrangeiro para ganhar experiência no campo da Engenharia Química. Visitou países tais como França, Alemanha e Estados Unidos. Foi em Paris que conheceu o jovem químico italiano Ascanio Sobrero, que três anos antes tinha inventado a nitroglicerina. O invento fascinou Nobel devido ao seu potencial na engenharia civil”.

Com ampla formação química e humanista, em suas pesquisas, descobriu a nitroglicerina e, mais tarde, a dinamite. Com isso, fez avançar em décadas as possibilidades de obras de infraestrutura pesada, como estradas de ferro e de rodagem. Diques e outras iniciativas deste porte. O preço foi caro: numa de suas fábricas, a nitroglicerina explodiu e matou mais de 200 pessoas, dentre as quais um de seus irmãos”.

“No seu testamento, assinado a 27 de novembro de 1895, havia a indicação para a criação de uma fundação que premiasse anualmente as pessoas que mais tivessem contribuído para o desenvolvimento da Humanidade. Em 1900 foi criada a Fundação Nobel que atribuía cinco prêmios em áreas distintas: Química, Física, Medicina, Literatura (atribuídos por especialistas suecos) e Paz Mundial (atribuído por uma comissão do parlamento norueguês). Em 1969 criou-se um novo prêmio na área da Economia (financiado pelo Banco da Suécia), o Prêmio de Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel”. 

“Mas de fato, esse prêmio não tem ligação com Alfred Nobel, não sendo pago com o dinheiro privado da Fundação Nobel, mas com dinheiro público do banco central sueco, embora os ganhadores sejam também escolhidos pela Academia Real das Ciências da Suécia. O vencedor do Prêmio Nobel recebe uma medalha Nobel em ouro e um diploma Nobel. A importância do prémio varia segundo as receitas da Fundação obtidas nesse ano. Assim, nasceu o Prêmio Nobel, concedido todos os anos pela Real Academia de Ciências da Suécia”.

       Todo mês de outubro a mídia volta os olhos para Estocolmo e Oslo e celebra os vencedores do Prêmio Nobel.

       Outra questão interessante a considerar é que São Petersburgo está muito ligada à história dos judeus.

       Até a coroação de Catarina II, a Grande, em 1762, os judeus só tinham permissão de viver na Rússia se se convertessem ao cristianismo. Quando a Rússia em 1772 se expandiu e anexou a Polônia centenas de judeus que viviam nesta parte se tornam súditos dos czares. Catarina os proíbe de entrar nas grandes cidades da Rússia, mas abre uma exceção para São Petersburgo. O clima muda, quando em 1825 o Czar Nicolau I, sobe ao poder. Aqui se iniciou um dos períodos mais sombrios na história dos judeus russos que foram muito perseguidos.

       Com Alexandre II (1818 – 1881) são concedidos mais direitos aos judeus.

Os favores” concedidos pelo czar Alexandre II aos judeus despertam ciúmes e há a volta do antissemitismo, especialmente na extrema direita. As grandes empresas, temendo a concorrência, começam a denunciar “o perigo judeu” através da imprensa, que lhes dá ouvidos. Com o assassinato de Alexandre II, em 1881, as reformas cessam. No final do século XIX, a comunidade judaica de São Petersburgo somava cerca de 17 mil pessoas, constituindo o núcleo catalisador de intensa vida judaica. Uma faculdade e uma escola de comércio são inauguradas, assim como um museu histórico e etnográfico. Os clubes, centros de encontros judaicos e restaurantes se multiplicam na capital. Com a subida ao trono do czar Nicolau II (1895-1918), último dos Romanovs, conhecido na história judaica como o czar dos pogroms (o termo pogrom, usado praticamente em todas as línguas para definir os ataques a judeus ou a suas propriedades, é uma palavra russa que significa “tempestade” ou “destruição”), os sonhos de emancipação dos judeus chegam ao fim. Nicolau II resolve tentar afogar a Revolução Bolchevique no sangue judeu. Entre 1903 e 1907 a violência contra os judeus se reascende em todas as formas. Muitos passam a acreditar que não há mais esperanças para a vida judaica na Rússia. É o início de uma grande emigração judaica para a América, Grã-Bretanha e a Terra de Israel. A insatisfação popular estava prestes a explodir na Rússia. Em janeiro de 1905, durante uma manifestação pacífica na Praça do Palácio de São Petersburgo, o czar Nicolau II ordena a seus cossacos que descarreguem as armas sobre as massas. Desponta, então, o nome de Leon Trotski. Filho de um agricultor judeu, é presidente do Soviet de São Petersburgo e prepara a Revolução”.

       Mais tarde, no tempo dos nazistas, estes fuzilaram 30.000 judeus.

Um Pouco de História de Catarina II

Chamada a Grande (nascida com o nome de Sofia Augusta Frederica de Anhalt-Zerbst1729 em Stettin, Prússia – falecida em 1796, próximo a São Petersburgo. Foi Imperatriz da Rússia de 1762 a 1796. Era prima de Gustavo III da Suécia e de Carlos XIII da Suécia. Em Fevereiro de 1744, com quinze anos, foi viver na Rússia, escolhida pela Imperatriz – a czarina Isabel Petrovna – como esposa do seu sobrinho e herdeiro, o grão-duque Pedro Fedorovitch. Sofia alterou o seu nome para Catarina quando foi admitida na Igreja Ortodoxa Russa. O casal contraiu núpcias a 21 de Agosto de 1745, em São Petersburgo. Catarina esforçou-se por aprender a língua russa e a história do seu novo país. O seu casamento revelou-se um fracasso, devido à indiferença e esterilidade de Pedro, incapaz de gerar o desejado herdeiro. Catarina ocupava parte considerável do seu tempo a ler obras de filosofia e história, tendo adquirido uma grande cultura. Em 1754, dá à luz um menino, o futuro Paulo I, fruto da relação que manteve com Sergius Saltykov, um militar do exército; houve aceitação da criança por Pedro, como seu filho legítimo”.

Em Janeiro de 1762, a czarina Isabel Petrovna morre, e Pedro Fedorovitch subiu ao trono com o nome de Pedro III. As suas políticas de aproximação à Prússia de Frederico II, a introdução no exército das violentas técnicas prussianas de treino militar e a sua exigência de que os bens da Igreja fossem administrados por funcionários leigos provocaram um descontentamento geral. Ao mesmo tempo, Catarina temia que Pedro a repudiasse para casar com a sua amante, Isabel Vorontsova. Em junho do mesmo ano, Grigori Orlov o novo amante de Catarina e membro da guarda imperial, liderou um levante que afastou Pedro. O golpe, pacífico e apoiado por amplos setores da sociedade, conduziu Catarina ao poder. Pedro acabaria por abdicar, tendo sido assassinado pouco tempo depois por Orlov. Catarina foi coroada imperatriz da Rússia a 22 de Setembro de 1762, na Catedral da Dormição do Kremlim de Moscovo. Seria o princípio de um glorioso e autocrático reinado de trinta e cinco anos”.

       De outro lado, há também uma história de sofrimento ligada a São Petersburgo: cumpre recordar que, na construção desta cidade, morreram muitos trabalhadores, vitimados pelas más condições de vida e particularmente de saúde, pois o lugar era pantanoso e congelado, no longo inverno. A história de sofrimento de São Petersburgo está também ligada ao cerco da cidade ordenado por Hitler, na Segunda Guerra mundial, durante 900 dias entre 1941 a 1944, Milhares de civis e militares morreram de frio, de fome, de tifo, de escarlatina e de icterícia durante este cerco nazista. Até o canibalismo foi praticado para não se morrer de fome.

       São Petersburgo conta, além disso, com outros pontos de interesse como a Praça da Revolução onde se encontram a Casa da Bailarina, de estilo liberty, sede do Museu da Grande Revolução Socialista de Outubro.

       Nós, também, passamos pela “Grande Mesquita” que marca a presença da comunidade árabe em São Petersburgo, mas não entramos. Esta Mesquita imita a de “Gur de Samarcanda”, com dois minaretes e uma cúpula de azulejos de cerâmica. Samarcanda, cujo nome significa “Forte de Pedra” ou “Cidade de Pedra, é segunda maior cidade do Uzbequistão.

       A localização da “Grande Mesquita” é em frente à “Fortaleza de Pedro e Paulo”, no centro da cidade. A permissão para comprar o local foi dada pelo imperador Nicolau II, 1907. Em 3 de fevereiro de 1910, a cerimônia de colocação de tijolos, entre os que compareceram estavam Mohammed Alim Khan, os embaixadores do Império Otomano e da Pérsia, e Tevkelev, o líder do partido muçulmano na Duma. “Em 1940, as autoridades soviéticas proibiram os serviços e transformaram o prédio em um armazém de equipamentos médicos. A pedido do primeiro presidente indonésio, Sukarno, dez dias depois de sua visita à cidade, a mesquita foi devolvida à comunidade religiosa muçulmana de São Petersburgo em 1956. Uma grande restauração da mesquita foi realizada em 1980”.

       Passamos, também, pelo prédio onde trabalhou Pavlov, com suas experiências psicológicas sobre o “reflexo condicionado”. Vimos também a faculdade de História, toda em cor vermelha.

       Amanhã teremos mais um dia para visitar e conhecer melhor esta maravilhosa cidade de São Petersburgo.

Dia 17 de junho – terça-feira – São Petersburgo

       Após um café, saímos às 8h15, do nosso navio e fomos, visitar a cidade de Puskin.

       O caminho para Puskin, feito no ônibus de excursão, foi bastante longo e muito agradável: passamos por uma grande e extensa planície, e o que nos veio à memória, foi a planura da cidade de Brasília. À 9 h, recebemos algumas informações de nossa guia sobre a Rússia.

       Aqui o clima é difícil para agricultura. A Rússia, não produz alimentos para seu próprio consumo. O campo está abandonado e o país importa da Argentina e do Brasil. Está começando, agora, o processo de privatização da terra, diz nossa guia. Neste trajeto vejo um grande engarrafamento na direção de Puskin para o centro de São Petersburgo. Escuto também da guia uma informação sobre os cemitérios, que parecem florestas, pois é costume de plantar árvores nos túmulos.

Depois de aproximadamente duas horas, chegamos à imponente Porta do Egito que dá entrada à Puskin. Tudo aqui lá era muito verde!

          Uma das mais belas cidades russas, Pushkin é famosa pelos palácios e residências de verão dos czares, como Tsarkoe Seló, Peterhof e palácio Pavlovsky.

Palácio de Catarina, residência de verão.

         Às margens do golfo da Finlândia, Pushkin está há apenas 20 km de São Petersburgo e há quase 600 km de Moscou e recebeu este nome em homenagem ao poeta russo Alexander Pushkin, que fora ali educado no século XIX.

Tsarkoe Seló: residência de verão da mais popular czarina russa, Catharina, é uma verdadeira obra de arte! Percorrer seus imensos salões e jardins leva tempo e há que se dedicar horas nas filas para degustar poucos minutos em cada salão. Os mais belos deles, o dos espelhos e o Âmbar são os mais procurados e tornam-se ainda mais difíceis de serem contemplados.”

“O primeiro deles tornou-se mais espetacular do que a sua inspiração (que possui o mesmo nome e está no Palácio de Versalhes em Paris) e era palco de grandes banquetes e comemorações da época. Já o salão Âmbar era o mais rico: minuciosamente cravejado de âmbar e outras pedras preciosas pelas paredes e teto, que o deixavam com uma tonalidade única e um brilho envolvente. Durante a 2a Guerra Mundial o palácio fora todo saqueado e grande parte fora destruído por um incêndio criminoso datado da mesma época. Passado mais de meio século, fora todo reconstruído tal qual era, mas muitas de suas obras foram perdidas ao longo dos anos. Peterhof: na minha opinião, o mais belo, devido à grandiosidade de sua construção e de seu jardim milimetricamente bem planejado. Pedro, o Grande, fora contemplado com este magnífico presente doado por sua mãe, Catharina, para que pudesse desfrutar do verão russo tal qual um czar. Seus jardins foram inspirados nos jardins de Versalhes, que também conseguiram superar a beleza do exemplo parisiense. O ápice da visita é a fonte principal, onde mais de 50 estátuas folheadas a ouro parecem dançar sob as águas. Interessante mencionar que as mais de 150 fontes foram construídas de forma que a água é expelida apenas pela força da gravidade, o que não despende nenhuma energia. Isso faz com que o espetáculo dure noite e dia durante 8 meses do ano, pois nos demais a água se encontra congelada devido ao forte inverno russo. Este processo tecnológico, tão inovador para a época, nunca fora interrompido e permanece em pleno funcionamento desde quando fora criado, há mais de 200 anos”.

       Visitamos todas as salas do lindo palácio e também os seus jardins, inspirados nos jardins de Versalhes.

       Às 11h20 nos reunimos diante do restaurante próximo ao palácio e lá fomos almoçar. Nos foi servido um prato feito, muito apetitoso.

Nossa mesa redonda, de oito lugares, era composta de brasileiros. No fim vieram os músicos cantaram e venderam os seus discos.

       Às 12h20 saímos de Pushkin, uma cidade de muito verde, e de cuja paisagem, levaremos saudades. De Puskin voltamos a São Petersburgo, onde vamos visitar o célebre Hermitage.

       O Hermitage, um museu que se constitui na principal atração turística de São Petersburgo, pertence a um conjunto de dez palácios, localizado às margens do rio Neva, em frente à fortaleza e a catedral Ortodoxa de São Pedro e São Paulo. O principal prédio do conjunto é conhecido como Palácio de Inverno, pois foi uma das residências dos Tzares russos.

       Construído entre 1754 e 1762, a mando de Catarina II é um dos maiores museus de arte do mundo e sua vasta coleção possui itens de praticamente todas as épocas, estilos e culturas da história russa, europeia, oriental e cobre um período que vai do Egito antigo até a Europa do século 20. Em destaque estão obras de Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rembrandt, Van Gogh, Matisse, Monet, Gaugin e Rodin.

       Organizado ao longo de dois séculos e meio, o Hermitage possui hoje um acervo de mais de 3 milhões de peças. O museu mantém ainda um teatro, uma academia musical e projetos subsidiários em outros países. O núcleo inicial da coleção foi formado com a aquisição, pela imperatriz Catarina II, em 1764, de uma coleção de 225 pinturas flamengas e alemãs do negociante berlinense Johann Ernest.

       A coleção de arte começou a ser juntada por ordem de Catarina II no Pequeno Hermitage em 1767. O volume da mostra elevou-se de tal jeito que foi necessária a construção de outro palácio para acolhê-la, o Antigo Hermitage. Nicolau I continuou a obra da Czarina com uma nova construção, o Novo Hermitage. Também era utilizado o Palácio de Inverno com tal fim. Este impressionante museu abriu ao público em 1852 e na atualidade conta com 2.700.000 obras que se expõem em 420 salas.

       Em 1852, foi realizada a abertura do Novo Museu Imperial Hermitage. Depois da Revolução de Fevereiro de 1917, o Palácio de Inverno e o Hermitage foram declarados museus do Estado.

       Muitas célebres obras foram adquiridas pelo Hermitage: em 1865, o Hermitage adquiriu a obra Madona e a Criança (Litta Madona), de Leonardo da Vinci.

       A rainha Catarina comprava coleções inteiras (600 quadros de Rubens, Rembrant). Outras vezes 300 ou 400 quadros. O Museu iguala-se ao Britisch Museum de Londres.

       A partir de 1873, Catarina, a Grande, só deixou entrar no museu, os que sabiam falar francês. Lá havia muitos concertos e autores, hoje famosos, como John Strauss, que tocava em troca da passagem de trem.

       Saindo do Hermitage vimos a praça que estava sendo preparada para um grande show e tomando o ônibus, voltamos ao navio, onde se desenrolaram todas as atividades costumeiras, que são muitas e entre elas, poder subir no mais alto do navio, para observar a cidade.

        Às 18 h levantamos âncora para a cidade de Helsink, viajando toda a noite, que aqui, quase não podemos chamar de noite!

       No avançado da noite, 1 h, observamos: um fato incrível. O sol estava ainda em seu esplendor crepuscular. Estes momentos de observação da natureza nos comoveram, pois estávamos vivenciando as chamadas “noites brancas”.

       O sol se pôs, nesta noite, à 1h30 da manhã. As fotos que foram tiradas atestam a grandiosidade deste crepúsculo, quando o sol fica, no horizonte, horas e horas a fio, cada vez apresentando outras cores e criando outras paisagens!!!

Dia 18 de junho – quarta-feira – Finlândia – Helsinque

       Estamos na Finlândia em sua capital e maior cidade, Helsinque. Nosso navio chegou às 8 h e deixará esta cidade às 5h30. Estamos com 6 horas de diferença do Brasil no fuso horário.

       Helsinque, fundada em 1550 pelo rei sueco Gustavo Vasa, como alternativa à cidade de Tallinn, na Estónia, também é chamada de “Daughter of the Baltic”, e “the White City of North”. É encantadora combinação de velho e de novo, cidade e campo. É uma verdadeira cidade europeia, com moderna arquitetura.

       No século XVIII, os suecos construíram a fortaleza de Suomenlinna na tentativa de protegerem a região do expansionismo russo.

“Patrimônio Mundial da UNESCO em 1991, por sua importância como monumento militar, foi construída pelos suecos em 1747, a fortaleza já pertenceu à Rússia. Mesmo depois da independência da Finlândia, em 06 de dezembro de 1917, a fortaleza permaneceu sob domínio russo, até 1918, quando aconteceu a guerra civil finlandesa e finalmente, passou aos cuidados da Finlândia. 

Em maio de 1918, a fortaleza foi renomeada Suomenlinna, que significa ”Castelo da Finlândia”. Na década de 1970, foram feitas renovações, alguns prédios foram reformados para uso residencial e a fortaleza foi aberta para o turismo. Hoje, cerca de 800 pessoas vivem na ilha”.

       A Finlândia tem um regime republicano parlamentar semipresidencialista e o poder executivo consiste em um Governo, chefiado por um primeiro-ministro, (que é escolhido pelo Parlamento de 200 membros), e composto por ministros distribuídos por vários cargos, e por um membro ex-ofício, o Chanceler de Justiça.

       A Finlândia administra 6 províncias divididas em 90 distritos estaduais locais. Cada província têm uma espécie de filial do poder executivo do governo nacional que mantém a autoridade no local. A atual Presidente da República, Srª Tarja Halonen, foi eleita em fevereiro de 2000. Porém o Presidente só é responsável pela política externa, representando o Estado Nacional.

       É um sistema que mudou pouco desde sua criação em 1634, para nova divisão em 1997. Desde então, as seis províncias são: Finlândia Meridional; Finlândia Ocidental Finlândia Oriental; Oulu; Lapónia; Åland. As ilhas Åland ganharam um governo autônomo em 1920 reafirmado em 1991, cuja autoridade é reconhecida pela União Europeia.

       A Finlândia é um país com milhares de lagos e ilhas: 187888 lagos e 179584 ilhas, mais concretamente.

Um destes lagos, o Saimaa, é o 5º maior lago da Europa. A Finlândia é um dos poucos países que estão a crescer em área: devido ao levantamento isostático da Escandinávia, que ocorre desde a última glaciação, a superfície do país cresce cerca de 7 km² por ano.

        A Finlândia possui uma economia de mercado altamente industrializada, com produção per capita maior que a do Reino Unido, França, Alemanha e Itália. O padrão de vida finlandês é elevado. O setor-chave de sua economia é a indústria – principalmente madeireira, metalurgia, engenharia, telecomunicações (destaque para a Nokia) e produtos eletrônicos. O comércio externo é importante, representando cerca de 1/3 do PIB. Com exceção de madeira e de vários minérios, a Finlândia depende de importações de matérias primas, energia, e alguns componentes de bens manufaturados.

       Por causa do clima rigoroso, o desenvolvimento da agricultura é limitado a produtos básicos de subsistência. A exploração madeireira, uma importante fonte de renda, fornece um segundo trabalho para a população rural. A Finlândia foi um dos 11 países que aderiram ao Euro. Há duas línguas oficiais na Finlândia: Finlandesa, falada por 92% da população como língua materna, e o Sueco, falado por 5,5% dos habitantes. Segundo dados de 2004, a maior parte dos finlandeses (83,3%) são membros da Igreja Luterana da Finlândia, com uma minoria de 1,1% pertencente à Igreja Ortodoxa.

Passeando pela cidade, entre os edifícios, deparei com este monumento, que pensei fosse erguido em homenagem a educação da Finlândia, que é uma das melhores do mundo.

        Em 1952 aqui se realizaram os Jogos Olímpicos de Verão, o que reforçou a importância da cidade no panorama desportivo mundial. No ano 2000 foi eleita Capital Europeia da Cultura, no momento da celebração do seu 450º aniversário. Em Agosto de 2005 recebeu o Campeonato Mundial de Atletismo.

       O passeio por esta cidade , nós o fizemos andando a pé.

       Como atração turística destaca-se a Catedral de Helsinque, luterana (1830-1852) de estilo neoclássico.

       Em Helsinque, caminhando a pé, tivemos a oportunidade de visitar o “Tempellliaukio”, uma Igreja Luterana, de rara beleza, escavada na rocha, e iluminada por uma faixa horizontal de vidros sendo coberta com uma abóbada de cobre. As escavações desta obra-prima começaram em 1939.

       Aqui vemos uma imagem exterior e outra do interior desta inesquecível e artística igreja, que quando a visitamos, nela havia muitos turistas, tanto na nave principal como nos recintos abaixo da nave da igreja. Um pianista tocando música clássica proporcionava ao ambiente um clima de paz!

Em Helsinque, há, também, a catedral ortodoxa russa de Uspenski (1868), desenhada por Alexander Gornostayey, de grande valor artístico.

       Visitando á cidade passamos pela catedral luterana da diocese de Helsinque.

Esta foi construída 1830 e 1852, em estilo neoclássico, como tributo ao czar Nicolau I da Rússia. Até 1917, ano a independência da Finlândia, era conhecida como igreja de São Nicolau. A catedral ostenta uma cúpula verde mais alta, rodeada por 4 cúpulas menores. Foi restaurada entre 1980 e 1990.Na sua cripta funciona atualmente um café e, por vezes, têm lugar concertos e exposições.

        Nesta noite, viajaremos até Estocolmo, na Suécia, país governado por uma Monarquia.

Dia 19 de junho – quinta-feira – Suécia – Estocolmo

       Estocolmo foi fundada em 1252. É uma cidade belíssima, cheia de pontes e canais, estando construída sobre 14 ilhas. Os Vikings foram os primeiros mercadores da Suécia, exploradores cruéis das populações eslavas e, dedicavam-se ao comércio de peles e de escravos.

       A rainha Sílvia Renata Sommerlath que nasceu em 1943 na Alemanha, viveu em São Paulo, entre 1947 e 1957. É a esposa do rei Carlos XVI Gustavo e rainha consorte do Reino da Suécia, desde 1976. Eles têm três filhos.

       A Suécia é o quinto maior país da Europa com 1.600 km2, a maior parte acima do círculo polar ártico. Aqui 7% das terras são cultivadas. Em alguns dias do verão o sol não se põe e em alguns dias do inverno, o sol não nasce. Quando estive em Estocolmo, era verão, os dias tinhas praticamente 23 horas.

       A Suécia tem 100.000 lagos, entre eles o “Vanern”, o terceiro maior reservatório de água doce do mundo.

O Lago Vänern, considerado também o terceiro maior de todo o continente europeu tem seis ilhas, sendo elas: Brommö, Djurö, Fågelö, Hammarö, Kållandsö e Lurö.

        Aqui reinavam os Vikings e no século X começou a cristianização estas regiões. A cristianização no século XI foi bem-sucedida e o reinado do Vikings terminou. Os suecos foram dominados pelos mercadores germânicos e também pela Dinamarca. Em 1523, Gustavo Vasa, se torna o primeiro rei da Suécia se livrando do domínio dinamarquês. Os suecos influenciaram o iluminismo Europeu (ciências e arte). Gustavo III, o Mecenas, construiu a Ópera Real e o teatro Dramático Real em 1788.

       Ao desembarcar em Estocolmo, pagamos um city tour (25 dólares) cuja viagem só começaria às 10 horas. Mas, às 9 h, já nos poderiam levar para o centro. Aceitamos!

       Tínhamos desejo de conhecer o “Museu Vasa”, mas como eram somente 9 h e o museu não estava aberto, resolvemos continuar e ir ao centro da cidade. O que aconteceu é que depois, não consegui mais visitá-lo.

       Antes que iniciasse o nosso tour, nosso grupo de brasileiros, passeando pela cidade livremente, conhecemos o ambiente e fizemos fotos. Nesta cidade vimos pontes e barcos sem fim saindo e entrando na cidade. Muito lindo ver os barcos entrarem na cidade e deixarem as pessoas em pontos, à semelhança dos de nossos ônibus. É possível fazer, também, passeios com os barcos, mas nós não tivemos esta oportunidade.

       A coroa da rainha, enfeita as pontes de Estocolmo e, passando por essa ponte, em sua homenagem fiz esta foto.

       Sobre a visita ao museu Vasa, que não pudemos fazer

       O Vasa foi um navio de guerra sueco, do início do século XVII, afundado quando deixava o porto em sua primeira viagem. Por incrível que pareça, por mais que eu quisesse ver o Museu Vasa, como eu estava em grupo, andando pela cidade, não tive a felicidade de tal visita, o que me deixou com a sensação de que, alguma coisa muito importante, não tinha sido vista. O que pesquisei na Internet, teve o objetivo de me redimir desta falha, pois teria sido a oportunidade de conhecer não só o navio, mas, também, a vida na época em que o navio foi construído.

       O Vasa que tem o mesmo nome do primeiro rei da Suécia, atualmente é o museu mais visitado dos países escandinavos. Com uma média de 800.000 pessoas por ano, o Vasa atrai mais visitantes do que qualquer museu da Escandinávia.

Aqui cabe algumas explicações, da Internet, sobre o Museu Vasa.

Foi construído por determinação do soberano, com o desafio de se constituir no mais potente vaso de guerra de seu tempo; os seus três mastros principais elevavam-se a mais de 50 metros de altura, suportando uma dezena de velas. Estava equipado com 64 peças de artilharia de diversos calibres, magnificamente decorado com esculturas entalhadas em madeira. A sua equipagem era de 150 homens.

        No dia 10 de agosto de 1628, poucos minutos após ter soltado ferros para a sua viagem inaugural, carregado, este galeão, orgulho da Marinha Sueca, começou a fazer água, naufragando ainda no porto. Este acidente envergonhou o país.

       Hoje, o Vasa é o único galeão do século XVII com 95% do casco original. Na década de 1950, ou seja, trezentos e trinta e três anos mais tarde, foi descoberto imerso no lodo do fundo do porto, lodo este que teve a virtude de conservar relativamente intacta a estrutura da embarcação.

       Iniciou-se assim um dos mais importantes trabalhos de resgate e restauração do nosso tempo, apresentado ao público em um museu histórico temático, onde os visitantes podem observar os diversos aspectos construtivos e de resgate, limpeza, preservação e restauração da embarcação, assim como aspectos da vida cotidiana da Suécia no início do século XVII.

       O edifício onde está este grande navio, foi construído à medida do próprio navio Vasa, desdobrando-se à sua volta num total de seis andares que nos permitem observar os detalhes da embarcação, nível após nível, tudo complementado por milhares de artefatos, maquetes, vídeos, desenhos, mapas, reproduções à escala e simulações por computador. O preço normal da entrada é de 80 coroas (coisa de 8 euros) e há desconto de 50% para estudantes.

       Não foi desta vez que consegui visitar o Museu Vasa, mas teria valido a pena.

A cidade de Estocolmo foi erguida sobre 14 ilhas entre o Lago Mälarem e o Mar Báltico, numa região de nada menos que 24 mil ilhas. Tivemos oportunidade de visitar igrejas, lojas de eletrônicos, passar por pontes belíssimas, nesta bela cidade maravilhosa que eu amei.

        Às 16 h voltamos para o navio que levantou âncoras. De noite trabalhei na Internet.

       Assim que o navio saiu de Estocolmo, iniciou um trajeto muito interessante! Aqui nos deparamos com uma outra paisagem: os Fiordes.

       Eu estava no último andar, com os mexicanos Daniel e Rosa Mar e lá ficamos conversando por mais de meia hora. Dei-lhes uma propaganda de Santa Catarina, aliás, muito bem-feita pela secretaria de turismo de Florianópolis. Daniel nos relembrou que foi o fato da deglaciação que ocasionou a formação dos fiordes.

       Durante 5 horas, em linha reta, o navio passou pelos fiordes: milhares de ilhas. Umas ilhas tinham lindas e poucas casas e em outras, havia aglomeração de muitas casas. Aqui observamos um aspecto interessante: havia sempre uma pequena casa à beira mar que era cópia da grande casa, situada mais acima, que era casa de moradia. Aqui tudo é poesia!

       O espetáculo das ilhas é, simplesmente, maravilhoso e ficou gravado na minha memória como um momento lindo. Talvez o espetáculo mais lindo que eu vi. Fiquei, durante duas horas, no andar 13 do navio, observando esta maravilha.

       À noite, jantamos, Regina, Fausto, Shirley e eu no restaurante Tango´s, à luz de duas iluminações diferentes: são duas pequenas lâmpadas elétricas dentro de copos, que simulam velas tremulando.

       Esta noite, passamos como sempre, dormindo no navio.

Dia 20 de junho – sexta-feira – Mar Báltico

       Neste dia, tomamos café, às 9 h, no restaurante chamado ‘Italian cuisine’. Muito belo o ambiente! Nossa viagem, que iniciamos no dia anterior às 16 h, vai ser ainda muito longa; são 61 horas de volta para a Inglaterra.

       Às 10h45 eu estava na sala de jogos junto com Fausto e Shirley e um casal de Belo Horizonte Leo e Regina, psicóloga dedicada à pesquisa e que está elaborando um livro sobre a grande Educadora Russa, Helena Antipoff. Fiquei muito admirada e surpreendida ao escutar isto. Eu ouvira falar sobre esta Educadora, em 1956, quando eu fazia o curso de Educadoras, no Colégio Jacobina, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Fiquei muito feliz com este encontro com a professora Regina, pois me lembrou que o conhecimento sobre o trabalho de Helena Antipoff no Brasil, nos foi apresentado durante o curso. Percebi então, que se tratava de uma pessoa que inovou na área da educação e que, em 1932, tinha muito influenciado a educação em Minas Gerais, onde trabalhou e fundou a instituição Pestalozzi de belo Horizonte, para atender às crianças excepcionais. No Rio de janeiro eu conheci a fundação Pestalozzi, pois lá fazíamos estagio, como estudantes.

       Aqui deixo um pouco da história de vida de Helena Antipoff, pesquisa que fiz pela internet, ao chegar a Florianópolis.

       Helena Antipoff nasceu em 1892 e viveu até 1908 em São Petersburgo, na época importante centro político e cultural do império czarista, onde realizou seus estudos. Em seguida se transferiu para Paris. Estudou na Sorbonne entre 1910 e 1911, obtendo o bacharelado em Ciências. Convidada pelo grande pedagogo Edouard Claparède, um neurologista e psicólogo do desenvolvimento infantil, que se destacou pelos seus estudos nas áreas da psicologia infantil, da pedagogia e da formação da memória, foi, entre 1912 e 1916, aluna da primeira turma do Instituto Jean Jacques Rousseau, em Genebra, onde obteve diploma de psicóloga, com especialização em Psicologia Educacional.

       Em 1929, a convite do governo do Estado de Minas Gerais, Helena Antipoff veio para o Brasil. Atuou como professora de Psicologia na Escola de Aperfeiçoamento de Professores que fora instalada para atender às propostas da reforma do ensino mineiro de 1927. O contrato inicial de dois anos foi renovado, sucessivas vezes, ao longo da década de 1930. No Laboratório de Psicologia instalado na Escola de Aperfeiçoamento, com suas alunas, promoveu um variado programa de pesquisas sobre o desenvolvimento mental, os ideais e os interesses das crianças mineiras. Acreditando na educação compensatória, a partir da década de 1930, Helena Antipoff começou a estimular na elite mineira a promoção de programas para a reeducação de crianças excepcionais.

       Nesse sentido, fundou a Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte, em 1932. Contando com o apoio de um grupo de médicos, educadores e religiosos, a Sociedade promovia o cuidado às crianças excepcionais e a preparação de professores para as classes especiais das escolas públicas. Em 1934, surgiu o Instituto Pestalozzi de Minas Gerais, que funcionaria como uma escola para essas crianças.

       Achei importante recordar alguns feitos da vida de Helena Antipoff, uma Educadora Russa, natural de São Petersburgo e que me tinha impressionado, quando, com 17 anos, eu ouvi falar sobre ela, em Botafogo, no Colégio Jacobina, na cidade do Rio de Janeiro.

       Retornando ao navio:

       Às 12h30, fui à biblioteca e, ao longe, eu via terras. Dirigi-me a um indiano que está olhando um mapa e pergunto sobre a paisagem que estamos vendo ao longe. Me diz que o que estamos vendo é a Ilha Borhholms, de onde vieram seus parentes. Que quer dizer “Holms” pois aparece em tantos nomes de lugares? Responde-me, gentilmente, que quer dizer “Ilha”. Explica-me sobre outros dados do lugar. Fico contente e agradeço por mais este ensinamento.

       Por enquanto ainda não estávamos circundando a Dinamarca, mas sim, passando entre a Suécia e a ilha de Borhholms, navegando já há 27 horas, e eu estava lendo um livro sobre a Dinamarca. O mar estava muito verde!!!

       Às 18h40 minutos, no restaurante acabei de falar com Nancy e Antônio da Venezuela. Eles estão muito preocupados com seu presidente Hugo Chaves.

       Agora estamos iniciando a “subida” do mapa: à nossa direita está a Suécia e à nossa esquerda, no mapa que aparece na TV, está a Dinamarca. Às19h15 o sol está ainda muito alto.

       Um espetáculo nos espera! Muita gente sobe até a proa. São 21 h o sol ainda está muito alto. Todos estavam reunidos na proa do navio, com suas máquinas fotográficas, esperando, febrilmente, o passar embaixo da ponte Oresund, que liga a Suécia à Dinamarca.

       Por fim nosso navio passou! A emoção foi grande! Um espetáculo simplesmente inesquecível. É o “Great Belt”, o “grande cinto”, me diz um trabalhador das Filipinas. Fiz fotos com trabalhadores do navio.

       Alguns dados históricos sobre a construção desta imensa ponte, que começou em 1995.

       Ligando a cidade de Malmö (Suécia) a Copenhagen (Dinamarca), a última secção da ponte foi colocada em 14 de agosto de 1999 e, em 2000 foi posta em operação. Custo total 1500 milhões de dólares e 9 anos de construção.

       A inauguração oficial teve lugar no dia 1 de julho de 2000 com a rainha Margarida II da Dinamarca e com o rei Carlos XVI Gustavo da Suécia. A ponte foi aberta para o tráfego, mais tarde, nesse dia.

       Inicialmente, o uso da ponte não era tão elevado como esperado, (é muito caro passar pela ponte). No entanto, em 2005 e 2006, houve um rápido aumento do volume de tráfego sobre a ponte. Este fenômeno pode ser devido ao fato dos dinamarqueses comprarem casas na Suécia e se deslocarem para o seu trabalho na Dinamarca, porque o preço da habitação em Malmö é mais baixo do que em Copenhagen.

Öresund é a única das grandes pontes que permite o tráfego rodoferroviário. Cobrindo à distância de 16 km, não seria um grande feito se ela não fosse totalmente diferente das outras. O complexo rodoferroviário de 16 km, composto por 3 partes – a ponte (7845 m), o túnel submarino (3510 m) e a ilha artificial de Pepparholm (4055 m).

        Este dia foi estupendo! Graças à Vida que nos possibilitou ver e conhecer tudo isto.

       Fomos dormir e atrasamos o relógio por uma hora.

Dia 21 de junho – sábado – Mar do Norte

       Às 9h30, tomamos café, onde, cada um, podia se servir pessoalmente. Afinal é o último dia no navio. Estávamos no Mar do Norte, célebre por suas ondas imensas. O navio balançava muito.

       A manhã às 5 h, estaremos em Dover, na Inglaterra. A cor do mar é verde, com grandes manchas pretas e o céu está nublado.

       Às 10h25, ainda nas costas da Dinamarca, algo me chama a atenção! Uma gaivota acompanha nosso navio. Após observá-la durante algum tempo, nasceu em mim a vontade de escrever.

       Tenho vontade de falar, aqui, sobre o nascimento de minha inclinação para tentar escrever alguma coisa quando algo me emociona. Foi durante o meu curso de Aprendizes da Paz (Unipaz), ano 2000. O orientador do seminário, após a conferência, nos pede que escrevamos uma poesia sobre o tema que estava sendo tratado. No caso, escrever sobre a água. Eu relutei, pois jamais havia feito uma poesia. Mas tentei e consegui escrever algo do qual gostei. Descobri, então, se assim posso afirmar, que todos podemos ser poetas, se tivermos a coragem de nos liberar e nos entregar ao momento de emoção, podemos experimentar a alegria de fazer uma poesia! E, ultimamente, muitas vezes me entrego, feliz, ao momento que me comove!.

       Atendendo, agora, ao meu desejo, escrevi, despretensiosamente, ao correr da pena e da reflexão que fiz, no momento em que observei a branca e elegante gaivota:

A Gaivota

Mar do Norte, agitado e lindo na imensidão de seu verde azulado!

Uma gaivota solitária segue seu voo tranquilo, ora alto, ora rasante

Acompanhando o barco, que navega a 60 km por hora!

A gaivota voa sempre, junto ao navio!

Até onde irá? Terá forças?

Será que o mar sabe deste voo?

E mais… lembrando Pierre Weil:

Será que as ondas, de cinco ou seis metros,

Que podem estar à procura do Mar,

Sabem que eles são o Mar?

Às vezes um arco-íris irrompe na base do barco!

Reflito: é assim a Vida!

Às vezes um arco-íris, para nos dizer,

Como está dito na Bíblia,

Que nunca mais acontecerá o que sucedeu!

Mas …. e as lições?

Não são estas as mais importantes?

O navio segue!

A gaivota ficou!

Não mais a vejo!

       O que mais se vê agora escrito, em toda a parte, é: “Please wash yours hands often”. E ainda: “We also discourage any handsking for your heath (saude) and safety (seguridade). Já estamos navegando faz 55 horas. Saímos de Estocolmo, a última cidade visitada, às 16 h do dia 20 de junho.

       Às 11h30 estamos a 21.953 milhas náuticas de Dover, conforme nos informam os mapas na TV. Regina e eu almoçamos, no restaurante “cozinha italiana”.

       À tarde arrumei as malas e conversei com Sônia, que é advogada, em São Paulo. Nos dias anteriores tinha conhecido sua família. Foi um encontro muito feliz! Falamos sobre muito sobre a Antroposofia e também sobre seu criador, Rudolfo Steiner! Admiro muito a filosofia deste educador.

Rudolf Steiner foi um filósofo, educador, artista e esoterista. Foi fundador da antroposofia, da pedagogia Waldorf, da agricultura biodinâmica, da medicina antroposófica e da euritimia, esta última criada com a colaboração de sua esposa, Marie Steiner-von Sivers”

       Às 10 h deixamos nossas malas em frente à porta do quarto para que os funcionários as pudessem levar para baixo, pois no dia seguinte deixaríamos o navio.

Dia 22 de junho – domingo – Dover – Inglaterra

       Levantamos às 6 h, tomamos café e arrumamos o quarto. Às 7h30 chegou nossa vez de deixar o Cruzeiro. A saída de 4.000 pessoas deste grande navio, exige muita organização. Mas tudo se deu com ordem e tranquilidade.

       Lá em baixo, ao sair do navio, as malas são identificadas com diferentes cores. A minha mala que deveria estar com as malas com cinto de cor marrom, lá não se encontrava. Um pouco de paciência e, após alguns minutos, vejo que lá estava ela, mas entre as de cor verde.

       Um carregador australiano me orienta e carrega a minha mala para um táxi. Falou-me, com entusiasmo sobre Dover: entre outras coisas me disse que aqui, existe um dos museus mais antigos do mundo. Eu teria gostado demais de visitá-lo, mas como só abriria mais tarde, resolvi pegar logo o trem e ir para Londres. Na estação, havia muitas escadas a subir para chegar até a plataforma. O guarda me ajudou a levar a mala e me mostrou o caminho. Subimos também por um elevador. Ele me explica: Nos Estados Unidos elevador se chama “Elevator” e na Inglaterra se diz “Lift”. Aprendendo sempre…!!!!

       Quando quis lhe dar uma gorjeta, se negou veementemente a recebê-la. O aperto de mão e meu sorriso agradecido com um “thank you”, certamente valeram mais, para ele, do que uma simples gorjeta.

       O trem partiu. Eu amo andar de trem!!! Sinto-me muito bem, tão bem como quando estou no avião!!

       As estações se sucedem e eu tomo nota de seus nomes:

Estação 1: Kearsey. Aqui há muitos campos cultivados;

Estação 2: Shepherds Well às 8h26. Lembro-me da grande amiga Irmã Rafaela “Nos casos mais difíceis, a mão de Deus nos cobre” e “Só a Graça veste o homem, só a Graça”;

Estação 3: Snowtown às 8h20. Maravilhosos campos de trigo (Wheat), carregados de grãos, mas a planta é mais baixa do que a que nós conhecemos no Brasil;

Estação 4: Aylesham. São 8h32. Agora campos de trigo já amarelos;

Estação 5: Adisham. São 8h35. Mais campos de trigo;

Estação 6: Bekesbourne. São 8h40. Muitos campos verdes cultivados;

Estação 7: Cantenbury east. São 8h45. Que linda é Cantenbury que conheci, maravilhada, em 1999. O trem partiu rápido depois que muitas pessoas entraram. Vejo grande plantação de pinheiros, com um ou dois metros de altura. Passou o fiscal para ver o bilhete. Muitas pessoas estão lendo, poucas falam. Passamos por uma comunidade em meio aos campos verdes. Plantação de ameixas-pretas maduras e muito trigo. Atravessamos um túnel. Plantações de morangos;

Estação 8: Faversham. O trem passa perto de casas, todas elas com chaminé e feitas de tijolos escuros. Grandes plantações de frutas: pêssegos talvez e campos amarelados de flores. Pequenas propriedades e vastos campos e frutas. Crianças e seus pais abanam para o trem que passa, com sorrisos. Retribui o aceno com um sorriso também;

Estação 9: Sittingbourne. São 9h11. No meio da cidade, lindas casas. Muitas pessoas entram no trem. Na parede estava escrito: “Way out when ticket Office is closed”;

Estação 10: Rainham. Lindas casas com quintas, com flores e verde. Havia um lindo campo onde se jogava football. Passamos por um cemitério. Vejo só grama e lápides pobres e abandonadas;

Estação 11: Gillingham: São 9h30. Passamos por um túnel;

Estação 12: Chatham. Aqui há muitas pessoas na estação e muitas pessoas saem do trem. Um árabe caminha cansado envolto em seu véu negro;

Estação 13: Rochester. São 9h31, Muitos jovens entram com muitas malas. É uma cidade antiga. É domingo e muitas pessoas estão na praça numa grande festa. Há uma grande ponte moderna para carros;

Estação 14: Swanley: São 9h50;

Estação 15: Bromley South. São 9h56. O trem não parou na cidade de Shortlands e nem na de Bellington e Catford e Denmark Hill e Brixton.

Durante esta viagem, tive oportunidade de me entregar a reflexões. E a partir destas reflexões e sentimentos, escrevi o que segue:

Não se abandone!

A vida é a viagem, só uma viagem!

Nesta, entre Dover e Londres,

Eu estou lembrando amigos que partiram:

Rafaela, Angela, Rosane, Tudi, Bete, Jacó,

Tia Rosinha, tio Maximino!

Também meu pai Giovanni e

Minha mãe Mercedes.

No entanto, minha viagem segue…

Reflito: velhos amigos ainda estão aí!

Outros… eu já encontrei!!

Outros eu sei que encontrarei ainda!

Serão, certamente, como o guarda em Dover

Que me ajudou a encontrar a estação!!

Irmãos de minha alma!

Fazem a viagem ser mais rica e mais feliz

E me ajudam a sentir-me inteira

Também quando me sinto só!!!!

Na verdade, reflito:

A solidão só existe,

Quando a gente mesma se abandona,

Nesta viagem rápida que é a Vida.

Estação 16: Às 10h22 chegamos no final da viagem, na “Victoria Station”.

       A estação Vitória, este lugar incrível, é um “vai e vem” de pessoas se movimentando em todas as direções, falando todas as línguas do mundo e apresentando, a partir de suas culturas, todos os trajes possíveis.

       Minha primeira opção foi encontrar um posto da Internet para comunicar-me, já que aqui o preço da Internet 1libra por 20 minutos, não tem comparação com os preços astronômicos cobrados no navio. Ao procurar o metro me encontrei com Regina, Fausto e Shirley que tinham vindo de Dover, com outra condução, que os levou diretamente para o aeroporto. E eu optei pelo trem para desembarcar na estação Vitória.

       Depois de passar por algumas lojas, almocei e parti para o aeroporto de Heatrow, no terminal IV, para tentar mudar minha passagem do dia 30 de junho para o dia 22 de junho, hoje. Fausto já me tinha feito esta reserva a partir do navio.

       No caminho para o aeroporto, tomei o underground (metro). É sempre uma viagem muito agradável. Aí me encontrei e conversei com 4 moças dos Estados Unidos que tinham feito um curso na Rússia. Foi muito interessante nosso encontro.

       Em Heatrow troquei a passagem para o Brasil, pagando os 100 dólares de multa, mas o horário de São Paulo para Florianópolis, foi alterado. Em São Paulo teria que esperar quase oito horas para tomar o voo para Floripa. Tentarei mudar o horário quando chegar em São Paulo, pensei.

       Então pelas 16 h, tomei o avião, eu e Regina, chegando a São Paulo pelas cinco da manhã, numa viagem tranquila.

       Depois de passar pelo Free Shopping, fui tentar embarcar no horário da manhã, mas mesmo com esperança que isto pudesse acontecer, não foi possível e tive que esperar no aeroporto até a tarde, quando finalmente pude partir e cheguei, em Floripa, agradecida e feliz por ter feito esta imersão na vida, através desta magnífica viagem!!

Considerações Finais

       Vou copiar aqui palavras ditas pelo reitor da universidade da Paz, Roberto Crema, com as quais concordo:

É belo passar, como peregrinos maravilhados, pela ponte da existência. Saber que cada passo é único, cada fadiga jamais se repetirá, cada repouso é sem igual… Tudo é passagem, tudo é mutante, tudo é fluxo, exceto o Ser”.

       Que dizer desta maravilhosa oportunidade de conhecer, em parte, este pequeno pedaço do mundo do Mar Báltico? Realmente estou muito grata à Vida e a todos que encontrei neste caminho e que me prodigalizaram este feito. A história desta parte do mundo nós nunca a estudamos nas nossas aulas de história do curso ginasial, mas, aqui há muito que ver e aprender.

       Posso dizer que amei esta viagem e com ela, muito aprendi!

Grata, muito grata à Vida!

Florianópolis, 12 de julho de 2019.

Anita Moser

5 Comentários

  • Maria Salete Ferreira Magalhães

    Espetacular!!!
    Li, já faz um bom tpo e hj registro aqui meu encantamento por esses lugares. Vontade mesmo é de sair viajando, pois teu relato nos ajuda para fazer o roteiro adequado ao jeito de cada um…
    Obrigada Anita!

  • Evanilda Teixeira

    Que maravilha Anita, ler seus relatos dá uma vontade imensa de comprar uma passagem e viajar imediatamente para disfrutar destes lugares lindos que você descreve.

    • Anita

      10- Evanilda, já faz alguns anos que nos conhecemos nas aulas de espanhol e lá mesmo, formamos um grupo de afetos. O prazer de nos reencontrarmos está sempre presente. Hoje te digo que fiquei muito feliz por teu comentário! Certamente ainda vais poder fazer um maravilhoso Cruzeiro pelo Mar Báltico. Receba meu grande abraço

  • Anita

    9-Liebe Ilse, ler teus comentários, para mim, é sempre um grande prazer! Você, como eu também, adoramos contemplar as incontáveis maravilhas do mundo, seja na natureza exuberante ou na cultura construída pelo homem, durante milênios, em remotos rincões do planeta! Quantas aprendizagens as viagens nos proporcionam! Às vezes, em momentos silenciosos, também surgem reflexões! Isto eu considero uma benção e sinto, às mais das vezes, necessidade de escrever! Sim, a emoção pede que escrevamos! Que bom saber que você mergulhou na história, na cultura, nas paisagens do Mar Báltico, que como a mim, também muito a surpreenderam. Sim, mais relatos de viagens serão postados neste site, e sei que você será sempre, uma leitora muito especial. Isto me deixa muito feliz! Receba meu grande abraço

  • ILSE MARIA JAPP

    Liebe Anita, tenho que repetir e repetir e repetir: “Os seus relatórios de viagem são um verdadeiro presente!!! Gratidão imensa!!!”
    Este do Mar Báltico foi especialíssimo! Mais uma vez tive a grata sensação de mergulhar junto com você na história, nas paisagens e nos ambientes… Quantas surpresas, quantas descobertas, quantos aprendizados… Que vivência maravilhosa… e me atrevo a dizer, sublime, visto que gerou até poesia!!!
    Fantástico, Anita!!! Parabéns!!!
    Que você possa, logo mais num futuro próximo, continuar vivenciando e nos proporcionando participar da contemplação das incontáveis maravilhas deste mundo!!!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *