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Viagem à Turquia, Ilhas Gregas e Grécia Continental

20 de setembro a 5 de outubro de 2011

       Ter a oportunidade de fazer uma viagem para a moderna República da Turquia e um Cruzeiro pelas Ilhas Gregas visitando também Atenas e no Peloponeso, o Canal de Corinto, é motivo de  alegria e agradecimento à Vida. Fazer um relatório destes 18 dias de exploração, reconhecimento e emoção, é a tarefa de aprofundamento que sinto necessidade de fazer, após esta viagem que me possibilitou visitar pequena e importante parte desta terra de civilizações milenares, num rápido e atento olhar de expectadora encantada e hipnotizada com tanta história e cultura. Através do relatório, renovo esta viagem e acrescento conhecimento a partir deste novo mergulho, agora mais tranquilo , através de mais leitura e mais pesquisa.  

Historicamente o Império Romano foi dividido em dois: Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente com sede em Bizâncio. 

O Império Romano no ano de 330 D.C., por questões de segurança, teve sua capital Roma transferida pelo Imperador Constantino, para Bizâncio e esta cidade grega se transformou para o Império, na Nova Roma e assim foi chamada inicialmente. Mais tarde, seu nome foi mudado para Constantinopla, em homenagem ao Imperador Constantino. O Império Romano do Ocidente caiu nas mãos dos chamados povos bárbaros: godos, visigodos e ostrogodos no ano de 470 D.C. Sabemos que com a queda do Império Romano, começou no Ocidente a Idade Média a qual durou 1000 anos. Neste período as populações se estabeleceram nos campos, sob o regime que foi chamado de feudalismo. Em 1054 acontece na Igreja Católica o Grande Cisma: o Oriente não mais reconhece a autoridade do papado. Separando-se da Igreja de Roma, a Cristandade Ortodoxa elegeu Constantinopla como sede do Patriarcado Cristão Ortodoxo.

IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE

       Este Império Romano do Oriente também chamado Império Bizantino, brilhou muito especialmente na arte, unido que esteve à Igreja Cristã Ortodoxa. As belíssimas obras de arte e a construção de Basílicas pelos Imperadores, muitas ainda intactas, aí estão atestando esta boa convivência entre o Império e a Igreja Cristã Ortodoxa. As catedrais e os mosaicos bizantinos estão entre as obras de arte e arquitetura mais belos do mundo.

DO IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE AO IMPÉRIO OTOMANO

       Se em 470 D.C. havia caído o Império Romano do Ocidente, mil anos depois, acabou de se desfazer o Império Romano do Oriente com a “Queda de Constantinopla” em 1453 e desta forma, os turcos estabeleceram o Império Otomano, mudando em primeiro lugar o nome da capital que passou a se chamar Istambul. A perda do poder do Império Bizantino no processo de seu enfraquecimento, foi acontecendo aos poucos, ao mesmo tempo em que crescia o poder dos turcos. Por volta de 1300, este Império Romano do Oriente, já havia perdido a maioria de suas províncias na Anatólia para dez beyliks turcomenos.

Aqui está o mapa do Império Otomano no auge de sua expansão. 

       Fundado por Osman I, o Império constava entre as principais potências políticas da Europa. Gradativamente a partir de 1517, o Sultão Otomano se tornou também o Califa do Islã e o Império Otomano dobrou de tamanho neste ano e se tornou o mais rico e poderoso do mundo, onde o Califado era ao mesmo tempo o Estado Islâmico. Este se uniu à França, Inglaterra e Países Baixos contra o poder da Espanha e dos Habsburgos. O auge do Império Otomano se deu durante o governo de Solimão, o Magnífico, quando seus exércitos chegaram às portas de Viena em 1529, mas não conseguiu tomar a cidade, após o início do inverno, Em 1532, outro ataque em Viena com um exército planejado para ter mais de 250.000 homens, foi repelido a 97 quilômetros ao sul de Viena, na fortaleza de Güns. Depois de mais avanços pelos otomanos em 1543, o governante Habsburgo Ferdinando, oficialmente reconheceu ascendência Otomana na Hungria, em 1547. Até o final do reinado de Solimão, a população do Império atingiu a marca de cerca de 15.000.000 pessoas. Durante este breve período, o Califado atingiu sua máxima extensão, estendendo-se do Atlântico até Oceano Índico; do norte do Sudão até o sul da Rússia. No entanto, interessante é saber que o Império Otomano já começou a se debilitar em fins do século XVI. Após a morte de Solimão, o Magnífico, o Império Otomano passou a ser pressionado pela crescente superioridade naval da Espanha, culminando com a derrota dos muçulmanos pelas forças católicas, na batalha de Lepanto em 1571, que foi a maior vitória naval da cristandade contra o Império Otomano. Com forte apoio do papa Pio V, a Liga Santa era formada pela República de Veneza, Reino de Espanha, Cavaleiros de Malta e Estados Pontifícios sob o comando de João da Áustria.

Nesta batalha no golfo de Lepanto, o Império Otomano foi vencido no dia 7 de outubro de 1571. Nesta ocasião, o Papa Pio V, teve uma visão onde entendeu que as forças da Santa Liga, seriam vitoriosas.

       Em memória da estupenda intervenção de Maria Santíssima  nesta Guerra, o papa dirigiu-se em procissão à Basílica de São Pedro, onde cantou o Te Deum Laudamus e introduziu a invocação “Auxílio dos Cristãos” na Ladainha de Nossa Senhora. E para perpetuar essa extraordinária vitória da Cristandade, contra os muçulmanos, foi instituída a festa de “Nossa Senhora da Vitória”, que dois anos mais tarde, tomou a denominação de festa de “Nossa Senhora do Rosário”, comemorada no dia 7 de outubro de cada ano. Os países europeus temiam os avanços Otomanos nos Bálcãs. Se entre os séculos XV e XIX o Império Otomano foi a única potência muçulmana a desafiar o crescente poderio da Europa Ocidental, ao longo do século XIX declinou e terminou por ser dissolvido após sua derrota na Primeira Guerra Mundial.

A PRIMEIRA GRANDE GUERRA E O FIM DOS IMPÉRIOS CENTRAIS

       Na Primeira Grande Guerra participaram 32 nações: 28 delas, denominadas ‘aliadas’ ou ‘potências coligadas’, entre as quais se encontravam a Grã-Bretanha, a França, a Rússia, a Itália e os Estados Unidos, que lutaram contra a coligação dos chamados Impérios Centrais, integrada pela Alemanha, pela Áustria-Hungria, pelo Império Otomano e pela Bulgária. Estes Impérios Centrais acabaram por se desintegrar, após a Primeira Grande Guerra. No caso do Império Otomano, em 18 de outubro de 1918, com a queda de Damasco, terminou a participação desse Império na Primeira Guerra Mundial, marcando o fim de 500 anos de dominação turca. Não podemos esquecer que entre 1915 e 1923, o Império Turco-Otomano promoveu um dos maiores massacres contra o povo armênio. Este massacre  ficou conhecido como Genocídio Armênio.

       Ao final da Primeira Grande Guerra, o território do Império Otomano foi partilhado pelas nações vencedoras. Aqui entra na história o general Mustafa Kemal Ataturk, que foi o primeiro Presidente da moderna República da Turquia. Em 1905, Mustafa terminou seus estudos na Academia Militar com o posto de capitão do estado-maior. Ele participou em inúmeras guerras em 1913, 1915, 1917. Em 1918 transferiu-se para o Cáucaso para lutar contra os russos, obtendo vitórias importantes. Mustafa era crítico em relação ao sultão e à influência que a Alemanha exercia sobre o Império, o que finalmente o levou a renunciar a seu cargo e a pedir a baixa. Todavia teve que continuar à frente dos conflitos na Palestina. Mustafa deu início a um movimento de resistência nacional que mais tarde foi consolidado na Grande Assembleia Nacional de Ancara, reunida pela primeira vez em 23 de abril de 1920 e cuja autoridade mais alta era ele próprio. Nessa posição, ele se opôs ao Governo Imperial concentrado em Constantinopla e não aceitou a dominação das regiões ocupadas, o que fez com que ele enfrentasse a Grécia e a Armênia para recuperar os territórios que esses países haviam recebido com o Tratado de Sèvres, em 1920. Finalmente, em 1923, foi assinado o tratado de Lausanne que reconheceu os territórios libertados e declarou a independência da Turquia.

       Ataturk era um admirador do Iluminismo e procurou transformar as ruínas do Império Otomano numa nação democrática e secular. A moderna República da Turquia mudou a capital Istambul para Ancara e Ataturk realizou ambicioso programa de reformas políticas, econômicas e culturais. Exemplo de algumas reformas: foi abolido o califado e instituído o Estado laico com os três poderes distintos e harmônicos, foi proibida a poligamia, foi dado às mulheres o direito de não usar o véu tradicional, foi adotado o alfabeto latino transformado numa língua fonética, em substituição ao alfabeto árabe e mais muitas outras reformas. Quanto à cidade de Ancara, no momento da fundação da República da Turquia, era uma pequena cidade com uma população que não superava os 15.000 habitantes. Apesar disso, foi designada como capital, enquanto Istambul se encontrava ocupada pelos aliados entre 1919 e 1922. Após a Guerra da Independência turca, (13 de outubro de 1923), Ancara continuou sendo a capital por desejo expresso do fundador da República Turca, Mustafá Kemal Ataturk, que evitava, deste modo, a excessiva vulnerabilidade geoestratégica da cidade de Istambul. Depois destas rápidas informações, vamos ao relatório da viagem.

O RELATÓRIO DA VIAGEM, DIA POR DIA!

Anita Moser

20 de setembro a 5 de outubro de 2011

       Após alguns meses de preparação viajamos Edésia Neckel e eu, no dia 18 de setembro de 2011, rumo a São Paulo, onde no aeroporto nos encontramos com o guia Duclerq, o orientador da  empresa Queensberry , a qual organizou esta excursão . De Guarulhos partimos às 23h15 rumo à cidade de Istambul, com colegas de diversos estados brasileiros. Após 13hs de tranquilo voo, quando sobrevoamos sucessivamente o Brasil, o Oceano Atlântico, Dakar e Trípoli na África, o Mar Mediterrâneo, a Itália, a Grécia (o que podíamos ver pela TV do avião) e finalmente, com fuso horário de 5 horas de diferença, chegamos às 17h do dia 19 de setembro, segunda feira, em Istambul. Maravilhamo-nos com a beleza do nosso recém-inaugurado Hotel Divan, situado bem no centro da cidade, na zona chamada Taksim. Imensos lustres vermelhos no hall de entrada nos deram as boas-vindas. Descansamos da longa viagem num quarto agradavelmente preparado para nós.

Terça-feira, 20 de setembro de 2011

       O café da manhã no restaurante do hotel Divan, foi algo surpreendente, tanto pela beleza da apresentação quanto pela quantidade e qualidade dos produtos colocados à nossa disposição.

No plano deste dia constava uma visita à magnífica Cisterna Basílica Yerabatan, uma das centenas construídas pelos bizantinos, para armazenar água em caso de cerco da cidade e um Cruzeiro pelo estreito de Bósforo, estreito esse que une o mar Negro ao norte, com o Mar de Mármora ao sul, dividindo a cidade de Istambul. Almoço será num restaurante às margens do Bósforo.

       A guia da excursão na Turquia, daqui para frente, será a professora Tina Pinto Misiel, uma profissional turca que fala perfeitamente o português e que vem se juntar ao nosso guia Duclerq. Logo no início do trajeto, com as informações dadas por Tina, nos familiarizamos a respeito de algumas peculiaridades da língua turca. Exemplo: quando o s tem uma cedilha, este sinal  modifica sua pronúncia. Interessante foi perceber as características deste alfabeto latino turco: o c tem a pronuncia de dge; ç tem a pronuncia de tche, tanto que Çay (chá) se pronuncia tchai; g= guet; z=zzê etc.. Tina começa a nos colocar a par da história milenar de seu país e todos nós a escutávamos com muita atenção e curiosidade. Iniciando suas explicações, nos fala sobre a história da fundação desta cidade, no século VII A.C., pelo grego Bizas. Esta cidade se chamaria Bizâncio, no ano de 685 A.C. No século II A.C. Bizâncio já faz parte das conquistas do Império Romano, mas seu povo continua sendo grego. O Imperador Romano Constantino transferiu para cá a capital do Império e como não quis usar a palavra Bizâncio, a denominou Nova Roma. Esta cidade recebeu, em seguida, em sua homenagem, o nome de Constantinopla. O Imperador Constantino não só mudou o nome da cidade, mas também a religião do Império Romano. Muitas basílicas e igrejas cristãs são obra de Constantino e sua mãe Santa Helena e também de outros Imperadores romanos, que governaram o assim chamado Império Bizantino, agora cristão. Em 1054 houve o grande Cisma e a Igreja no Oriente não aceitou a autoridade do papa de Roma e se transformou na Igreja Cristã Ortodoxa, sob a autoridade do patriarca de Constantinopla. Para os Cristãos Ortodoxos o vaticano é Istambul, nos afirma Tina. No século XV, Constantinopla que era apenas uma sombra de sua antiga glória como capital do Império Bizantino, foi conquistada pelo sultão Mehmed II, no dia 29 de maio de 1453. Numa das maiores cidades cristãs e, enquanto a cidade era saqueada e o sangue corria pelas ruas, Mehmed II entrou na Catedral de Hagia Sofia e em pé agradeceu a Alá, no momento em que o Império Otomano estava no auge de suas conquistas e expansão.

       Tina continua a nos explicar a história, enquanto nossos olhos admiravam a exuberância desta cidade. Quando os Otomanos conquistaram Constantinopla transformaram todas as igrejas cristãs em Mesquitas, acrescentando-lhes os minaretes, o que é próprio dos templos muçulmanos. Na maioria destas igrejas bizantinas, enfeitadas com lindíssimos mosaicos, os otomanos passaram uma camada de material para ocultar as figuras da história cristã, aí representadas.

      Do ponto da cidade onde estamos vemos ao longe, a Mesquita de Solimão, o Magnífico, acompanhado de Santa Sofia e o palácio de Topkapi. Às 9h30 surge aos nossos olhos extasiados, a Grande Muralha de Constantinopla, o 1º monumento da época Bizantina, nos anos 500 D.C., construído pelo Imperador bizantino Justiniano.


É grande a emoção de ver este monumento histórico.

Diversos navios e barcos passam pelo estreito natural de Bósforo. A cada 10 minutos, passa um navio vindo do Mar do Norte ou do Mar de Mármora, neste trânsito em duas mãos. E Tina continua: a Turquia controla este trânsito cobrando pequeno custo. Muitos navios, alguns petroleiros, estão aguardando para entrar no Bósforo. O Mar de Mármora é um mar interior que, através do estreito de Dardanelos se comunica com o mar Egeu. Lá se localizava a histórica cidade de Troia.

    Às 10h estamos com todo o grupo, diante da entrada da Cisterna Basílica Yerebatan, um dos majestosos edifícios históricos de Istambul. A palavra Basílica, refere-se ao fato de que ela foi construída encima de uma Basílica. O Imperador Bizantino Justiniano, mandou construir muitas cisternas e para isto foram transferidas colunas e capitéis, que podem ser admirados, quando a água está no nível baixo.  “Desde Rússia com amor” foi  filmado nesta cisterna, nos informa Tina.

É imponente demais para não se ficar profundamente tocado, ao adentrar este amplo ambiente, em penumbra, iluminado por lâmpadas, coberto por arcos romanos com seus tijolos à vista, com uma imensa quantidade de grandes colunas. Ao se caminhar pela Cisterna sobre o deque construído para este fim, ouve-se música clássica. Também observamos peixes, grandes e pequenos, que se movimentam, tranquilamente em suas águas rasas e que na década de 80, nos informa Tina, visitava-se esta local com barcos. Esta imponente Cisterna ficou 150 anos sem ser conhecida pelos turcos otomanos, que também não a utilizaram como Cisterna depois. Os turcos não usam água parada e assim a usaram só para regar os jardins do Palácio Topkapi, construído após a Conquista. A imponência da construção desta Cisterna, de 140 m de comprimento e 70 metros de largura, cujos muros têm a espessura de 4,80 m nos surpreende, especialmente também com suas 336 colunas de 8 metros de altura, trazidas de muitas regiões e entre elas duas colunas que têm na base a célebre cabeça da Medusa.

       “Na Antiguidade Clássica, a imagem da cabeça da Medusa aparecia no objeto utilizado (amuleto)  para afugentar o mal, conhecido como Gorgoneion. Enquanto os antigos artistas gregos, ao pintar vasos e gravar relevos, imaginavam a Medusa e suas irmãs como tendo nascido com uma forma monstruosa, os escultores e pintores do século V A.C. passaram a visualizá-la como sendo bela, ao mesmo tempo que aterrorizante. Numa ode escrita em 490 A.C., Píndaro já falava da “Medusa de belas bochechas”. Numa versão posterior do mito da Medusa, relatada pelo poeta romano Ovídio, a Medusa teria sido originalmente uma bela donzela, “a aspiração ciumenta de muitos pretendentes”, sacerdotisa do templo de Atena. Um dia ela teria cedido às investidas do “Senhor dos Mares”, Poseidon, deitando-se com ele no próprio templo da deusa Atena. A deusa então, enfurecida, transformou o belo cabelo da donzela em serpentes e deixou seu rosto tão horrível de se contemplar, que a mera visão dele, transformaria em pedra todos que o olhassem. Na versão de Ovídio, Perseu descreve a punição dada por Atena à Medusa como “justa” e “merecida”. Também a psicanálise, se debruçou sobre ela em 1940, na obra Das Medusenhaupt (A Cabeça da medusa), de Sigmund Freud”.

       Saímos deste maravilhoso e histórico local às 10h30, com a sensação agradável de nos termos encontrado materialmente com a história, nos preparando para o próximo programa, que seria o Cruzeiro pelo estreito de Bósforo. Neste momento estávamos vendo muitos trens de superfície passando nas proximidades.

O estreito de Bósforo cujo nome significa “passagem do boi” tem aproximadamente 30 km de comprimento e de 700 m de largura ou mais em alguns pontos. É atravessado por duas grandes e altas pontes, que tem um comprimento de 1510 m e 2164 m respectivamente.  A primeira ponte foi terminada em 1973 e com o dinheiro do pedágio, foi construída a segunda ponte, que foi terminada em 1988, mais ou menos a cinco quilômetros ao norte da primeira ponte. Marmaray, um túnel ferroviário de 13,7 km estava em construção e seu término estava previsto para 2008. Na verdade, o Túnel Marmaray foi inaugurado em 29 outubro de 2013, depois de 150 anos de ter sido sonhado e planejado por vários governantes turcos. A ideia do túnel surgiu em 1860 e no youtube é possível assistir vídeos espetaculares que vale muito a pena assistir.

Com muitos barcos trafegando em ambas as direções, estamos apreciando do lado esquerdo, a Europa e do lado direito, a Ásia. Os automóveis que passam pelas pontes, nos parecem pequenas caixas de fósforos, tão altas elas são. Durante o Cruzeiro, visualizamos fortalezas, belíssimas residências, palácios e mansões, onde a nobreza europeia passava e muitos ainda passam lá seus verões. Admiramos a residência dos paxás e as bandeiras da Turquia que tremulam por toda a parte. Muitos palácios hoje são hotéis.

      Às 11h30 , neste passeio pelo Bósforo passamos pela escola militar, onde estudou o primeiro Presidente da República da Turquia, Ataturk e nesta escola o ensino é em inglês, nos afirma Tina. Às 11h45, nosso barco passou embaixo da segunda ponte e em seguida, vimos na margem esquerda do Bósforo, o palácio do Presidente da Turquia, com a bandeira, que hasteada ou não, denota a presença ou ausência do mandatário. Às 12h25 terminou o passeio pelo Bósforo e agora estamos em Tarabia, a 20 km do centro de Istambul onde iremos almoçar e assim conhecer  o modo turco de comer peixe no Bósforo, nos diz Tina, pois aqui o peixe não se come com arroz, como se costuma no Brasil. O restaurante estava com muitos turistas e lá fizemos muitas fotos. Gostamos muito dos pratos que nos serviram 1 – Entrada fria; 2 – Croquetes quentes; 3 – Peixe; 4 – Sobremesa. Alguns companheiros pediram café. Não me agradou ver o café turco, com o pó no fundo da pequena xícara. Saímos do restaurante às 14 h e na margem do Bósforo, nos chamou a atenção o palácio Dolmabahce, um edifício localizado no lado europeu do Bósforo e que foi o principal centro administrativo do Império Otomano de 1853 a 1922 (de 1889 a 1909 o palácio Yildiz também foi usado). 

       Aqui deixo alguns dados sobre este histórico palácio:

       O Dolmabahçe, o primeiro palácio de estilo europeu em Istambul, foi construído por ordem do sultão Abdülmecid I , entre 1842 e 1853, com um custo de cinco milhões de libras de ouro otomanas, equivalentes a 35 toneladas de ouro, das quais quatorze toneladas de ouro foram usadas para ornamentar os tetos do palácio. Decora o salão central deste palácio, o maior lustre de cristal da Boêmia, presente da rainha Vitória do Reino Unido, O candeeiro tem 750 lâmpadas e pesa 4,5 toneladas. O Dolmabahçe tem a maior coleção de lustres feitos de cristal da Boêmia e Baccarat de todo o mundo.

       Mustafá Kemal Atatürk, fundador e primeiro Presidente da República da Turquia, passou seus últimos dias no palácio Dolmabahçe, falecendo às 9h05min de 10 de novembro de 1938, num quarto que é atualmente parte do Museu.

       A ótima guia Tina, nos fala sobre alguns aspectos da cultura turca e nos diz que na decadência do Império Otomano, houve a introdução do estilo francês, especialmente nas pinturas, pois aqui não havia pintores turcos. Também nos diz  que até 1923, quando foi fundada a moderna República da Turquia, aqui usava-se a língua árabe do Alcorão. E sobre a palavra “Harém”: na cultura árabe, é a parte da casa, proibida a homens de fora e em outras culturas, o termo significa o conjunto das mulheres de um matrimônio poligâmico. O harém tradicionalmente era cuidado por um eunuco do sexo masculino, ou seja, um homem castrado pela mulher mais velha do sultão, justamente para não se envolver com as mulheres de seu patrão. Em contrapartida, nesta cultura, alguns ou muitos eunucos desfrutavam de fama, dinheiro e poder. Os reis persas possuíam haréns e eunucos, já no século VII A.C. Hoje ainda há haréns em países muçulmanos, bem como eunucos, mas ambos são relativamente raros. A poligamia, que geralmente é a condição necessária para ter-se um harém, requer posses, pois o marido tem de prover às necessidades de todas as esposas, filhos e agregados, bem como manter numerosa criadagem. Tina nos passa outras informações sobre o aspecto econômico: em 1914 o Sultão trouxe para cá a eletricidade. Turquia é o país número 1 na reserva de mármore e por isso  o mar se chama Mar de Mármora.

Chegamos finalmente ao hotel Divan às 17h40 e descansamos pois às 20 horas, haveria uma janta oferecida pela  empresa Queensbery. Foi uma ótima ceia com este cardápio realmente elogiável: 1– Pão, espinafre, óleo extra virgem com queijo; 2 – sopa de lentilha com pão; 3 – travessa de salada colorida com torradas; 4 – Frango e uma berinjela, uma cenoura, uma abobrinha, tudo mal cozido, quase cru. 5 – Sobremesa: cinco doces turcos – damasco recheado, etc. Tudo muito bem preparado e gostoso!

Quarta-feira, 21 de setembro de 2011

       Neste dia levantamos às 7 h e após tomarmos o café,  saímos de ônibus e atravessando a ponte sobre o estreito de Bósforo, chegamos à parte antiga de Istambul. O programa desse dia é muito extenso, pois visitaremos o antigo Hipódromo, a Mesquita Azul e a monumental Basílica de Santa Sofia, o palácio Topkapi, com seus incontáveis tesouros e o grande Bazar, com suas centenas de vielas, de tendas e de produtos.

Daqui, víamos ao longe, a Santa Sofia, a Mesquita Azul e o palácio Topkapi onde se via  diversos grupos de turistas com seus respectivos guias que, como costuma acontecer nestes grandes centros turísticos, lhes falam, em diferentes línguas, sobre esta história milenar. É muita emoção, ter o privilégio de, mais uma vez, me encontrar com esta história. A Basílica de Santa Sofia que hoje vamos conhecer, foi templo cristão durante 1.000 anos, durante 500 anos foi Mesquita dos turcos Otomanos e desde 1923 até hoje é Museu.

       Tina nos informa que 90% das Igrejas Cristãs Ortodoxas são dedicadas a São Jorge, (303 D.C.) que é um dos santos mais venerados no catolicismo, tanto na Igreja Católica Romana e na Igreja Ortodoxa, como também na Comunhão Anglicana. São Jorge, venerado como mártir cristão, foi de acordo com a tradição, um soldado romano no exército do Imperador Diocleciano, condenado à morte por ter renegado os deuses do Império. Durante seu martírio Jorge mostrou-se tão inflexível que a própria mulher do Imperador Diocleciano se converteu ao cristianismo.

      Começamos este dia em Istambul  com a visita ao antigo Hipódromo, o maior centro esportivo de Constantinopla que na época, era a maior cidade do mundo e capital do Império Bizantino.

 

O primeiro hipódromo foi construído quando a cidade ainda provincial se chamava Bizâncio. Aqui experimentei uma boa sensação, de um voltar no tempo, lembrando os meus estudos de história antiga, no ginásio do Colégio Coração de Jesus em Florianópolis. É um sentimento de alegria e de felicidade, por poder estar aqui e ver algo que era tão distante e agora está diante de meus olhos. A palavra hipódromo vem do grego “hippos”, que significa cavalo e “dromos”, significando, “lugar para correr” . A hípica e as corridas de bigas eram passatempos muito populares no mundo antigo e os hipódromos foram bastante comuns nas cidades gregas, durante os períodos helenístico, romano e bizantino.

       Importa lembrar que em 1204, os participantes da 4ª Cruzada, saquearam e destruíram Constantinopla e com ela o Hipódromo. Após o saque e isto é importante saber, Constantinopla não voltou a se recuperar, e nem o hipódromo foi reconstruído. Os turcos, que em 1453 conquistaram a cidade e a converteram na capital do Império Otomano, não estavam interessados nas corridas de cavalos, pelo que o hipódromo foi gradualmente caindo em esquecimento. Seu nome foi alterado para At Meydani (Praça dos Cavalos), local onde treinavam os seus cavalos. Hoje este local constitui a Praça Sultão Ahmed e a guia Tina, nos diz que aqui podemos ver três colunas, de diferentes tempos históricos, uma ao lado da outra e recordando a História Antiga.

1- A primeira coluna é o Obelisco egípcio, talhado em Granito Rosa. Trata-se de um fragmento (20 metros dos 60 metros originais!) do que foi um enorme Obelisco Egípcio, construído em 1490 A.C. vindo de Karnak, nos típicos assaltos históricos.

       Foi o Imperador Teodósio, o Grande, em 490 D C, que o trouxe do Egito e o ergueu dentro da pista do hipódromo, em cima de um pedestal de mármore, onde está esculpida a família deste Imperador.

2-No século X, o Imperador Constantino VII, construiu outro Obelisco no outro extremo do hipódromo. Originalmente estava coberto com placas de bronze douradas, mas foram roubadas durante a Quarta Cruzada, sobrando à vista o interior do Obelisco, construído com blocos de pedra.
3-Coluna Serpentina, construída para celebrar a vitória dos gregos sobre os persas durante as Guerras Médicas, no século V a. C. Constantino ordenou que fosse transportada desde o Templo de Apolo em Delfos e a colocou no centro do hipódromo. A parte superior da coluna estava adornada com uma bola dourada sustentadas por três cabeças de serpente.

A bola dourada foi destruída ou roubada durante a Quarta Cruzada. Algumas peças das cabeças se recuperaram e se exibem no Museu Arqueológico de Istambul. A Coluna-Serpente é uma das poucas lembranças materiais da vitória gloriosa e totalmente inesperada, de um punhado de cidades-estados gregas sobre o Império Persa, em 479 A.C. Esta coluna foi fundida com as armas do Exército dos Persas.

       Assim visitamos o Hipódromo, recordando a história, em meio a muitíssimos turistas, história de um Hipódromo onde além de torneios e festas, se realizavam os atos de violência contra os que aqui eram castigados ou mortos.

Às 9h30 visitamos a Mesquita Azul, cuja imponência deveria ultrapassar a Santa Sofia, no pensamento de seus novos senhores, os turcos otomanos.

       A Mesquita Azul ou Mesquita do Sultão Ahmed, foi construída entre 1609 e 1616, em frente à Basílica de Santa Sofia, encontrando-se entre as duas, um lindo espaço ajardinado. Em 1606, o Sultão Ahmed quis construir uma Mesquita maior, mais imponente e mais bonita do que a Igreja de Santa Sofia. Podemos dizer que esta Mesquita Azul, uma verdadeira sinfonia de belos mosaicos azuis de Iznik, tem um espaço interior de muita suntuosidade. Para onde se possa olhar é só harmonia, proporção e muita elegância. As Mesquitas geralmente eram construídas também com um intuito de serviço público pois existiam diversos prédios ao lado da Mesquita Azul que incluíam: escola de teologia, uma sauna turca, uma cozinha que fornecia sopa aos pobres e lojas (o Bazar Arasta), cujas rendas se destinavam a financiar o complexo. A Mesquita foi revestida com azulejos azuis e possui ricos vitrais também do mesmo tom. Não há figuras no interior da Mesquita pois os muçulmanos não cultuam imagens. 

Há muitas regras que precisam ser respeitadas por aqueles que entram na Mesquita Azul: é necessário tirar os sapatos, não se pode entrar com shorts, minissaias, bermudas ou regatas.

 Quando ia entrar na Mesquita azul, calcei um chinelo e uma canga alaranjada para cobrir a cabeça, oferecida por um funcionário que realizava este atendimento, diante da porta da Mesquita. Em seu interior, meus olhos não se cansavam de admirar tanta beleza, tanto equilíbrio e tanta delicadeza em suas paredes. O chão é revestido de tapete imenso com lindos temas florais. Enquanto os homens estão mais à frente fazendo suas orações, as mulheres ficam bem atrás e entre elas estou eu, vivendo este momento único e inesquecível.

        A Basílica de Santa Sofia (na verdade a tradução do nome é Divina Sabedoria), que vamos visitar , fica bem perto da Mesquita Azul e tem uma longa história, com diversas reconstruções. Foi destruída duas vezes e reconstruída três vezes e a atual é a terceira construção. No século IV, Constantino a construiu em madeira pela primeira vez. Teodósio, nos tempos bizantinos, mandou construir em pedra a segunda basílica. A Hagia Sofia= Divina Sabedoria, foi destruída no século IV D.C. e Justiniano a manda reconstruir pela terceira vez, em 532 D.C. Ao término, o Imperador exclama esta frase lapidar: “Salomão te superei!”

       A cúpula desta construção é insuperável: 56 metros sem colunas. Aqui vemos grandes colunas maciças de mármore de sete metros de diâmetro e tapetes com 43 metros de altura e lindos vitrais com desenhos florais desenvolvidos pelos turcos.

       Tina chama a nossa atenção sobre a orientação espacial no interior da basílica que mudou com a conquista turca: Santa Sofia estava, durante 1000 anos, virada para Jerusalém. Os turcos orientaram 23% para Meca, deslocando para isso o Mirrad central. Aqui, tudo ainda está escrito em árabe.

       A construção da Santa Sofia foi descrita na obra “Sobre Edifícios” do historiador bizantino Procópio, nos informa Tina. O Imperador mandou buscar materiais de construção de todo o Império – colunas Helênicas retiradas do Templo de Artemis, em Éfeso (uma das Sete maravilhas do Mundo Antigo), grandes blocos de pórfiro de pedreiras no Egito, mármores verdes da Tessália, pedras negras do Bósforo e amarelas da Síria. Mais de dez mil pessoas foram empregadas na construção. Esta nova igreja, ainda na época, foi reconhecida como um grande feito de engenharia e arquitetura. O Imperador, acompanhado do patriarca Eutíquio de Constantinopla, inauguraram a nova Basílica em 27 de dezembro de 537 com grande pompa. Contudo, os mosaicos internos só foram completados sob o reinado de Justino II (565 – 578). Santa Sofia se tornou então a sede do Patriarcado de Constantinopla e o local preferido para realização de cerimônias oficiais do Império Bizantino, como por exemplo coroações. Mas, com a conquista otomana, em 1453, o sultão Mehmed II, ordenou que o edifício fosse convertido numa Mesquita. Os sinos, o altar, a iconostasis e os vasos sagrados foram removidos e diversos mosaicos foram cobertos por emplastro, pelo Império Otomano. A palavra “Mesquita” é uma tradução do árabe Masjid, que quer dizer um lugar de prostração. Ao mesmo tempo importa lembrar aqui que as Mesquitas foram as primeiras instituições de ensino, no mundo mudo muçulmano.

       A partir da Moderna República da Turquia, Santa Sofia permaneceu como Mesquita até 1931, quando Kemal Atatürk ordenou que ela fosse secularizada. Permaneceu fechada ao público por quatro anos em 1935 reabriu, agora já como um Museu da recém-criada República da Turquia e como Museu permanece até hoje. Foi esta a Santa Sofia que tive o prazer de conhecer, emocionada por estar neste lugar de tanta história e beleza! A guia Tina nos chama a atenção sobre o símbolo de tolerância que aí permanece: Nossa Senhora está ao lado de Alá! Logo atrás da Haghia Sophia encontram-se as muralhas que protegem o Palácio Topkapi.

Às 11h45, estamos nos dirigindo a esta obra majestosa, o palácio Topkapi, que foi construído entre 1459 e 1474 e que, em quatro séculos, (1459-1923) foi ocupado por 25 sultões. Seu nome significa “porta do canhão”. 

Neste palácio, todos os relógios foram parados no momento da morte de Ataturk. Somente com esta visita se tem uma ideia de sua grandiosidade. Atualmente é Museu, dividido em várias salas de exposição, com objetos de ouro (tronos, xícaras, talheres, berços, joias diversas, cravejadas em pedras preciosas), prata, cerâmica, miniaturas, roupas e relíquias sagradas.

       Aí vemos, entre os presentes recebidos pelos sultões, um lustre com duas toneladas de cristal de Bacará, que foi presenteado por Nicolau II da Rússia e outro lustre de quatro toneladas de cristais irlandeses, que foi presenteado por Ranieri de Mônaco. O tapete que cobre o chão tem 180 m². No palácio é mostrada a forma de vida daqueles tempos imperiais dos turcos otomanos. Aí vemos, também, diversas cozinhas, onde aproximadamente 10.000 pessoas diariamente se alimentavam. Em todos , o trabalho dos 700 cozinheiros se realizava para uma classe social diferente. Tina nos fala sobre o “Filme Topkapi”, um filme norte-americano de 1964, dos gêneros aventura e policial, dirigido por Jules Dassin e com o roteiro baseado em romance de Eric Ambler e o recomenda. A quadrilha de ladrões amadores tenta roubar uma adaga cravejada de esmeraldas do palácio de Topkapi, em Istambul. Esta incrível adaga, cravejada de esmeraldas, nós a pudemos admirar aqui, neste palácio Topkapi.

       Às 16h30, saímos deste grande palácio, com seus jardins maravilhosos e seus imensos portões de ferro às margens do Bósforo, artisticamente elaborados.

       Chegamos ao hotel Divan às 17h40  e eu fui fazer um cochilo.  Após o jantar, Edésia e eu saímos do hotel e fomos telefonar. Ao redor do hotel o trânsito estava congestionado, muito agitado e difícil. No trajeto um brasileiro ouviu-nos falar português e logo nos abordou. Era um simpático engenheiro de São Paulo que trabalhava na Arábia Saudita, casado com uma mulher libanesa. Foi ótimo este encontro tão agradável e amigo. Voltamos para o hotel Divan, às 23h30.

Quinta-feira, 22 de setembro de 2011

       Este dia está dedicado a conhecer mais alguns pontos importantes da Turquia. Às 9h15 tomamos o avião e às 10 h, após ótimo voo, chegamos na capital Ancara, nos hospedando no Hotel Perícia Tower. O Presidente Ataturk queria desenvolver o interior da Turquia até então muito abandonado, com um alto grau de analfabetismo e para isso, transferiu a capital para o interior.

       No século XIX o Império Otomano estava em grande declínio. Há uma expressão “homem doente da Europa” que tem sido aplicada ao longo da história a diversos países europeus, referindo-se à fraqueza e declínio de uma economia aparentemente normal. A origem da frase é atribuída ao czar Nicolau I da Rússia, se referindo à situação vivida pelo Império Otomano no século XIX.

No fim da primeira Guerra, a Inglaterra, a França, Itália e Grécia dividiram entre si o que restava do Império Otomano. Como sabemos, Ataturk que pertencia ao grupo dos “jovens turcos”, reconquistou o que se tornou depois a República da Turquia. Em 1920 funda-se a Assembleia Nacional. O crescimento populacional do interior foi espetacular, pois se em 1918 Ancara tinha somente 20.000 habitantes , hoje são 6 milhões. Aqui, no interior da Anatólia, em Ancara, nos dizem que estão as melhores escolas, os melhores hospitais e muitos funcionários públicos.

       Tina nos fala de batalhas, filmes e romances que elucidam a história e cultura turca. Há o filme “Batalha de Galipoli”e, em 1922 com a saída dos gregos, na literatura temos o interessante romance “Em Nome da Princesa”.

“A biografia romanceada da princesa Selma (última princesa do antigo Império Otomano), foi construída ao longo de anos por sua filha, Kanizé Murad. Selma, antes de tudo, representa o encontro de dois mundos; a infância vivida ainda em meio ao fausto da vida na Corte Otomana foi interrompida por um golpe de estado que pôs fim ao seu mundo. A partir daí, Selma é levada para longe de seu lar e entra em contato com a cultura ocidental. Desde então a obra mostra as diferenças entre esses dois universos culturais, suas ideologias e a valoração que inconscientemente fazemos em relação à alteridade. Selma em si mesma vive essa valoração, quando por exemplo, se depara com práticas culturais indianas que ela julga selvagens e cruéis. Mas o livro não nos leva apenas ao julgamento emotivo, ele nos faz refletir, sobre as particularidades de cada povo, religião e da necessidade de respeitarmos a diferença”.

       Agora, estamos nos dirigindo para um dos museus mais importantes deste país, o “Museu das Civilizações”, localizado no bairro Atpazari (mercado dos cavalos), abaixo da cidadela, e que se no século XIV, era um bazar , em 1997 foi nomeado Museu Europeu do Ano!

       O Museu ocupa dois edifícios otomanos recuperados e em todos desperta muita emoção na chegada, pois logo na entrada, um grande mapa mostra o cronograma das diferentes civilizações que habitavam esta parte da Anatólia. No Museu há muitos objetos e riquezas históricas de várias épocas.

– Período Paleolítico (8000 BC)

– Período Neolítico (8000 – 5500 BC

– Idade do Cobre (5500 – 3000 BC)

– Colônias Comerciais Assírias (1950 – 1750 BC)

– Período Hitita (1750 – 1200 BC)

– Período Frígio (1200 – 700 BC)

– Período Urartiano (1200 – 600 BC)

-Período Lídio (1200 – 546 BC)

– Período Clássico

       E a guia Tina, começa a nos levar pela História Antiga, dizendo que o primeiro povo a residir e ocupar toda a Anatólia foram os turcos, que aqui chegaram através de migrações contínuas. Além disso houve toda uma política de tolerância no governo, e por isso os turcos conquistaram a admiração dos povos indo-europeus . Foram os turcos que adotaram o Islã e com esse fundamento se misturaram com os povos locais a partir de 1071.

       Tina explica que no período neolítico – aqui há a deusa mãe, que nunca sai da cultura, a 7.000 anos A.C. Os assírios que eram comerciantes, a 2.000 A.C. chegaram aqui e criaram a escrita. Depois vieram os hititas (ferro) e os frígios chegaram e acabaram com os hititas – Midas é o Rei, que transfora em ouro tudo o que toca. Os lídios foram os primeiros a usar as moedas – Rei Creso. Os frígios eram bons trabalhadores de madeira encaixada. Durante a visita ao Museu, vimos entre muitos outros artefatos, uma mesa de madeira, muito elaborada, de 3.000 anos. A história dos hititas é célebre e o Leão é o símbolo do poder, na cultura hitita. No ano de 1250 a.C os hititas lutam contra os egípcios e elaboram o primeiro tratado de Paz do mundo. Há muito para se ver neste Museu, no qual ficamos até 12 h, durante o qual Tina nos deu explicações sobre os diversos períodos dos diversos povos e dos Impérios que dominaram estas regiões, numa espetacular aula de História Antiga, nesta vista ao “Museu das Civilizações”.

       Saímos extasiadas com este mergulho a culturas da antiguidade e daí partimos para visitar o Mausoléu de Ataturk. No trajeto, nosso guia nos explica a origem da palavra Mausoléu que deriva do nome de um governante integrante do Império Persa, de nome Mausolus, que ordenou a construção de seu próprio túmulo.

No poder desde 377 a C., Mausolus prosperou, estabeleceu uma nova capital em Halicarnasso (atual Turquia) e ali, em 353 A.C., começou a construir sua sepultura. Os arquitetos gregos Pytheos e Satyrus e outros artistas gregos foram contratados para a obra. 

Sucedeu que o rei morreu naquele mesmo ano e sua esposa, Artemísia II, continuou a construção. 

       Em Ancara nós vamos conhecer o Mausoléu de Mustafa Kemal Atatürk, o fundador da atual República da Turquia. Pelas fotos que seguem podemos ver a suntuosidade deste Mausoléu.

Aqui segue um texto muito interessante que mostra, como Ataturk foi homenageado em todo o mundo.

“Em 1981, no centenário de nascimento de Atatürk, sua memória foi homenageada pelas Nações Unidas e pela UNESCO, que declararam aquele “O Ano Atatürk no Mundo”. Houve memoriais de Ataturk em diversos lugares: “O Memorial de Atatürk, em Wellington, Nova Zelândia(que também serve como memorial às tropas da ANZAC que morreram em Galípoli); o Memorial Kemal Atatürk, em Canberra, Austrália ; a Floresta Atatürk, em Israel e a Praça Atatürk, em Roma, na Itália, são alguns dos exemplos de homenagens feitas naquele ano, além de diversas ruas em tantos outros países, como a Kemal Atatürk Marg, em Nova Délhi, Índia, a Kemal Atatürk Avenue, em Dhâka, Bangladesh, a Atatürk Avenue, no coração de Islamabad, no Paquistão, e a rua Mustafá Kemal Atatürk, no distrito de Naco, Santo Domingo, na República Dominicana. Estátuas suas foram erguidas em parques, ruas e praças de diferentes lugares do mundo, e a entrada do Porto Princesa Real, em Albany, na Austrália, é chamada de Canal Atatürk, que foi construído em 1950”.

       Atatutk faleceu em 1938, com 57 anos, derrubando seis séculos de Monarquia Teocrática, pois no governo do Império Otomano, o estado representava a religião. Ataturk, o novo Presidente, valorizou a educação para as mulheres : primeiro temos que mandar as meninas para a escola ele disse. Ataturk adotou 6 filhas: uma foi pilota, outra atriz de teatro. Todas tiveram formação, num tempo em nem se registravam as meninas.

 Estas fotos foram tiradas no interior do Mausoléu de Ataturk por ocasião da visita a esta obra imponente e majestosa. As fotos demonstram a importância que os turcos conferem a Ataturk, no cenário das lembranças da criação da Moderna República da Turquia.

Após esta visita, que para nós valeu muito a pena, quando já passava de meio dia, viemos para almoçar no restaurante Yosun Fish. Sempre nos encanta o ritual deste ato de se alimentar na Turquia. Os garçons trazem, sucessivamente, os diferentes pratos, cujas iguarias são para nós, às vezes, muito estranhas.

Aqui deixo os pratos que foram servidos: 1º entrada fria – diversos; 2º entrada quente – lula e camarão; 3º salada verde; 4º Peixe; 5º Frutas; 6º Doces. Foi um especial e gostoso almoço!

Reiniciamos a viagem às 14h45 e rumando para a Capadócia, passamos por aldeias típicas. Durante quatro horas de ônibus viajamos por amplas regiões da Turquia, vimos muitas plantações de trigo, já cortado, pois nós estávamos em setembro e aqui o tempo da colheita do trigo é junho. Após horas de viagem, chegamos ao Lago Salgado, num tempo muito frio e ventoso.

       Se o Mar Morto é muito salgado, este que é o quarto maior lago salgado do Mundo, no verão é praticamente 100% sal! É uma experiência e tanto, este espetáculo da natureza e poder estar neste lugar tão estranho e diferente! Caminhamos pelo lago de puro sal e fizemos fotos neste local, que neste momento estava com muito vento e com a temperatura muito baixa. Havia propaganda italiana e uma loja de produtos de beleza à base do material retirado do lago. Vimos o restaurante Füsgolü.

       Às 17h35 retomamos o caminho, no asfalto e algumas paisagens me chamaram a atenção, como por exemplo, o vulcão Hassan de 3200 m de altura. Dois vulcões criaram a Capadócia nos informou Tina, esta Capadócia que foi o local de refúgio dos primeiros cristãos em suas cavernas escavadas, numa espécie de pedra pome, resultado de erupções vulcânicas. Este material é fácil de ser trabalhado, tanto que já existem muitas cidades subterrâneas, às vezes de cinco andares, abaixo da terra. A cidade onde está o vulcão se chama Akçarai. Ak= branco e çarai= palácio.

O CARAVANÇARAI

       Às 18h15 estamos na célebre e historicamente conhecida, Rota da Seda. As caravanas da seda passavam por aqui e a cada 30 km havia um “caravançarai”= palácio das caravanas. Muito emocionante saber que estávamos no espaço que em épocas distantes acolheu os viajantes e seus camelos, nas caravanas que percorriam 600 km da China para a Anatólia. A cada dia fazia-se 30 km, descansando sempre nos caravançarais. Esta atividade comercial entrou em declínio, séculos mais tarde, sendo Portugal e os descobrimentos, o principal motivo para tal.

      Tina mostrando-nos a paisagem nos informa também que há muita água no subsolo desta terra fértil e de paisagem muito verde. E também nos diz que a Turquia só produz 15% do petróleo que consome, todo o resto é importado. O litro da gasolina custa 4,5 LT (Libras Turcas). A LT equivale ao nosso real e que a Petrobras trabalha no Mar Negro, procurando petróleo nas águas profundas. Quanto à indústria, na Turquia a mais importante é a têxtil. A Turquia não fabrica armas pesadas. Na agricultura a Turquia importa café do Brasil e exporta avelã e algodão. Aqui o Turismo é forte  e o país recebe 22 milhões de turistas. As terras do Leste cultivam também gado. Amanhã, visitaremos, o vale da Capadócia nos assegura a guia. À noite, nos reunimos no hotel Períssia e pagamos a viagem de balão do dia seguinte por 170 euros. É claro que achamos o preço muito alto, mas a experiência é única – onde mais teríamos a chance de voar de balão sobre a Capadócia, esta paisagem tão estranha? Levantaremos muito cedo. E assim, fomos descansar tranquilas em alvos lenções e colchões macios e especiais.

Sexta-feira, 23 de setembro de 2011

VOANDO DE BALÃO NOS CÉUS DA  CAPADÓCIA

“Capadócia fica no meio da Turquia, numa região chamada Anatólia Central. Portanto, fica bem longe de Istambul, longe do mar e longe dos grandes centros. Mas fica no centro de uma área que teve há milhões de anos uma intensa atividade vulcânica. Definitivamente, isto contribuiu de forma significativa para criar a paisagem que a gente vê hoje. Hoje em dia podemos apreciar seus belos vales e montes, tão próximos e tão diferentes entre si. O que a gente vê na Capadócia é uma exclusividade da Turquia. Afinal, em que outro lugar podemos ver cidades subterrâneas com inúmeros andares abaixo do nível do solo? E que, aliás, foram habitadas por séculos! Junto a isto, podemos encontrar rochas elevadas e escavadas que serviram para diferentes propósitos (casas, igrejas, mosteiros)? Além de vales verdejantes, vales rochosos e ainda até montanhas nevadas que servem para prática de esqui? Sim, até neve tem por ali”.

       Neste dia vamos conhecer, na grande e múltipla Capadócia, diferentes espaços: o Vale do Göreme, o povoado troglodita de Pasabag no Vale do Zelve, veremos as chaminés de Fadas, o povoado de Üçhisar, Ürgüp, e finalizando veremos Ozkonak, uma cidade subterrânea. Visitaremos também, um ateliê dos tapetes artesanais.

       Levantamos às 4h15 da madrugada, pois é preciso chegar muito cedo ao local, quando ainda está escuro, já que os balões levantam voo no alvorecer, evitando possíveis ventos, muito perigosos mais tarde. A lua e as estrelas brilhavam no céu, tornando misterioso este momento em que aguardávamos o voo. Às 6h15 após tomar um café no local, nos dirigimos, para o embarque.

       Muita emoção nesta paisagem tão peculiar, quando toda a manhã bem cedo, exceto em dias de tempestade ou neve forte, dezenas de balões decolam das redondezas de Göreme, para voos panorâmicos pela região.

       Hoje, nossos olhos observam imensos balões multicores que sobem ao céu estrelado, com trinta pessoas e um guia em cada um dos grandes cestos. Voando pelos céus da Capadócia, neste imenso cesto, observando tudo, de vez em quando, fazíamos a pergunta: será que o balão consegue passar entre estas duas montanhas de pedras pontiagudas? E passava! É um espetáculo, ver outros 80 balões povoarem, ao mesmo tempo, o céu da Capadócia. O Parque Nacional de Göreme (em turco: Göreme Milli Parklar) ocupa uma série de vales. Do alto do balão, estamos visitando o Vale do Göreme, com seu complexo bizantino de igrejas rupestres. Sobrevoamos durante uma hora e meia muitas regiões da Capadócia, vendo paisagens lunares, cheias de habitações trogloditas. No solo, outras formações calcárias com esculturas exóticas formadas pela mãe natureza durante milhares de anos, chamam nossa atenção. As habitações escavadas na pedra datam de 3000 anos A.C. Durante as perseguições, a população se protegia, desaparecendo debaixo da terra, onde possuíam tudo o que era necessário para a própria sobrevivência.

       Neste passeio, lá no alto, agora já com o sol brilhando, além das formações calcárias, observávamos a agricultura do lugar: plantações de oliveiras, de abóboras e plantações de uva rasteira ‘, cobrem esta terra que parece árida, mas é muito fértil, pois guarda a água no subsolo. Fiz muitas fotos, extasiada que estava, com tanta beleza nunca vista antes. Na descida, após uma hora e meia de voo, 7 homens seguram e puxam para terra o imenso balão. Na chegada diploma, champanhe e fotos, nesta alegre festa! Foi maravilhoso demais este passeio de balão pelos céus da Capadócia. Voltamos ao Hotel Períssia e tomamos nosso reforçado café da manhã. Às 9h30 saímos de ônibus para conhecer o Parque Nacional de Göreme.

       O turismo internacional descobriu Göreme, após o vale ser declarado patrimônio Universal pela UNESCO, em 1885. Em Göreme, vemos muitas igrejas escavadas na pedra e decoradas com afrescos e com mosaicos. O que aconteceu aqui é que, em 1924, com a implantação da República, todas estas igrejas foram abandonadas e mudaram de nome para outros muito estranhos: igreja da maçã, da serpente, das sandálias, da fivela. Como exemplo, visitamos a 1ª igreja, Cristos Pantocratos= Criador de tudo. Nesta, São Jorge mata o dragão, símbolo do mal. A 2ª igreja é a da maçã, uma das mais importantes. Visitamos também o mosteiro, escavado na pedra. Muito interessante! Tina nos explica que aqui, no vale de Göreme, havia uma convivência pacífica entre muçulmanos turcos e bizantinos e a guia concluí nos convidando a ver o filme: “O Tempero da Vida”, que eu ainda não vi, mas desejo assisti-lo, sim.

       Outro interessante assunto é que nesta região, se desenvolveu o Monaquismo. Tina nos fala de São Basílio, o Grande que é o Padroeiro do Monaquismo Oriental. Nascido em Cesaréia, na Capadócia (atual Turquia), estudou em Constantinopla e finalmente em Atenas, onde se tornou grande amigo de São Gregório, o Teólogo. Este, após visitar alguns eremitas, abandonou sua carreira administrativa para se tornar ele próprio um eremita, indo viver perto da Cidade de Neocesaréia. Escreveu uma regra de vida monástica seguida até hoje por uma ordem de monges por ele fundada, em 360. A maior parte dos monges ortodoxos e alguns latinos seguem a regra de São Basílio, que morreu como bispo, em 01 de janeiro de 379. Seus escritos lhe ganharam o epíteto de “Revelador do Paraíso”. A história de São Basílio, o Grande, é muito extensa: filho de uma família abastada ele se dedicou às ciências jurídicas, depois foi nomeado diácono, presbítero, participou de Concílios. Sabemos que todos os Concílios na Igreja Cristã primitiva foram realizados na Ásia Menor. No século IV, a Capadócia tornou-se conhecida como a “Terra dos Três Santos” por causa de três teólogos notáveis que ainda estão conhecidos coletivamente como “os Capadócios”: São Basílio, o Grande, seu irmão São Gregório de Nissa e São Gregório de Nazianzo, que contribuíram muito para a Doutrina Cristã em geral e Ortodoxa Oriental em particular. São Basílio foi fundamental no desenvolvimento do Monaquismo cristão, de que estas igrejas rupestres em sua terra natal, são um produto. O complexo monástico em Göreme, foi esculpido e decorado entre 900 e 1200.

       Tina nos fala também de um processo de troca de minorias, acontecido após a fundação da Moderna República da Turquia. Os gregos que estavam na Turquia migraram para a Grécia e os turcos que estavam na Grécia migraram para a Turquia. A troca de minorias é sempre um processo que traz com ele muita dor e revolta. A história cristã acabou aqui, nos diz Tina.

       Às 11h30 saímos de Göreme e visitamos também outros bairros na Capadócia: fomos para Uçhisar que significa “três fortalezas” em turco e que é uma das localidades mais típicas da Capadócia, com o seu casario confundindo-se com a paisagem rochosa, tão característica da região. É célebre pelo rochedo que a domina, apelidado de Kale (castelo em turco), porque serviu de fortaleza e refúgio no passado; com os seus 1300 m de altitude, é o ponto mais alto daquilo a que, na literatura turística, se chama Capadócia. Vimos uma montanha onde um castelo está escavado na pedra. Aos pés deste Castelo fiz uma foto, cercada pelos célebres olhos azuis. Também fiz fotos com colegas de excursão e com Tina. Numa foto, Edésia e eu estamos tomando o célebre çai (em turco tchai).

Toda a aldeia ao redor do Castelo era habitada até pouco tempo, nos informa Tina, que também nos fala da cor azul que faz o equilíbrio entre as diversas energias. Aqui se encontra, em toda a parte, este olho cultural e quando uma criança nasce já o recebe . Aqui foi fundada também a Cooperativa de Göreme. A Turquesa pela cor é a pedra da Turquia. Fiz também uma foto da planta do Mirtulo, com suas frutas do tipo uvinha, cor de vinho. Tina que muitas vezes nos fala em filmes, desta vez nos apresenta o filme francês: “O Império dos Lobos”, convidando-nos a assisti-lo.

       Às 12h30 vamos para visitar no centro de artesanato, uma Cooperativa, que é um lugar deveras interessante, pois nos dá uma amostra dos trabalhos artesanais, especialmente feitos com a pedra turquesa.

       Uma funcionária demonstra e dá explicações enquanto artífices joalheiros trabalham obras de arte e joias, em área reservada. Fala-nos sobre a pedra turquesa, sua vida e sua utilização cultural e também sobre as turquesas falsas. As pedras jovens são azuis e são formações de alumínio e cobre. Quando envelhecem, por oxidação, perdem a cor. E aqui mais um dado da cultura: quando uma criança nasce, recebe uma pedra turquesa. A medida que a criança cresce,  a turquesa vai mudando de cor. Há turquesas falsas: por dentro são brancas pois são feitas com o pó de outra pedra e se quebram. Nesta Cooperativa, se entrega o certificado de garantia das pedras. Algumas excursionistas compraram turquesas que não foram baratas. De lá saímos às 13h30 e logo em seguida nós fomos almoçar num restaurante que apresenta na fachada, um triângulo que lembra as tendas das caravanas. Era um antigo Caravançarai.

 Valeu a pena curtir este local tão histórico e tipicamente turco. O interior do restaurante era amplo, com muitas salas e vimos que estavam enfeitadas com roupas dos sultões nas paredes e também, lá estava  um quadro, em mosaico, da célebre Medusa.

     O almoço foi servido com diversos pratos, sucessivamente trazidos pelos garçons. Há entradas frias e entradas quentes, prato principal, verduras e sobremesa. Pagamos 45 liras turcas pelo almoço, servido numa sala muito bonita. Saímos deste lugar histórico e  depois fomos passar pela cidade de  Ürgüp!

 E aqui, na internet encontrei um depoimento interessante sobre esta cidade turca, a partir da visita de um sacerdote francês: “Uma paisagem peculiar de contos de fadas acolheu o sacerdote francês Guilhaume de Jerphanion quando visitou Ürgüp em 1907, na região da Capadócia, Turquia. Entre as montanhas e vales encontra-se uma fantástica formação de cones, pirâmides, agulhas e riscos em forma de favo de mel. No entanto, essas esculturas geológicas foram escavadas tanto pela força da natureza como pela mão do homem, convertidas em casas ou igrejas decoradas esplendidamente”.

       Nós também nos surpreendemos com tal paisagem. Vimos morros erodidos, chaminés de fadas e muitas figuras que a natureza esculpiu durante milênios no seu processo de degastar estas rochas. Passamos no Vale do Camelo, onde o ônibus parou e eu não quis perder a oportunidade de fazer a foto, tendo o camelo ao fundo.

       Muito interessante! Estávamos no Vale do Zelbe.

       Voltamos para o Hotel e em seguida saímos para jantar numa casa de Shows que, nesta oportunidade, apresentaria a dança religiosa dos “Dervixes Rodopiantes”. Eles são adeptos do sufismo, a espiritualidade muçulmana. Com a instalação da moderna República da Turquia, em 1923, eles foram proibidos de se apresentar, mas logo esta proibição foi suspensa. Assistimos, também, um lindo show de uma bailarina brasileira. Foi um show interessantíssimo!

Sábado, 24 de setembro de 2011

       Estamos no Hotel Períssia e hoje iremos em direção à Konya, antiga capital do Império Selêucida, importante centro cultural do século XII. No trajeto visitaremos uma cidade subterrânea e uma antiga pousada Caravançarai que servia de abrigo para as caravanas da histórica “Rota da Seda”. Em Konya nos hospedaremos no Hotel Dedemann Konya. À tarde conheceremos esta bela cidade que São Paulo transformou num importante centro da Cristandade na Antiguidade. Visitaremos ainda o Museu de Mevlana, antigo mosteiro dos Dervixes que são os místicos Sufistas.

       Deixamos o Hotel Perissia às 9 horas, após o café. Tina, no ônibus, continua nos informando sobre o que é mais representativo na cultura turca, que é a arte dos tapetes. O único que estes povos levavam consigo ao se transferir de um lugar para o outro, eram os tapetes e as tendas. Nesta cultura, a noiva quando casava levava sempre um tapete e um dado interessante é que o Estado turco facilitou a criação de escolas para perpetuar a arte de aprender a fazer tapetes.

       São 9h25. Nós fomos visitar a fábrica turca de tapetes chamada Avanos Hal. Lá tivemos uma aula sobre fabricação de tapetes.

       Há sempre um ritual para estes momentos, quando ao mesmo tempo que nos falam da história dos tapetes nos oferecem o célebre chá. A produção dos tapetes turcos, considerados os melhores do mundo, remonta há quatro mil anos. Na Sentez Hal, os tapetes são todos feitos à mão, por centenas de artesãs, que trabalham na forma de Cooperativa. Todos os motivos são tradicionais, cópia de tapetes com centenas de anos de idade. Existem três tipos de tapetes: feitos de lã, de algodão e de seda. Estes últimos são os mais caros, pois tem uma trama mais fina e portanto demoram mais tempo para serem produzidos. Um tapete de 2 metros quadrados de lã leva cerca dois meses de trabalho, enquanto outro com o mesmo tamanho feito com seda demora quase um ano para ficar pronto! Entramos na escola e aqui, um turco representante da escola, nos dá explicações sobre o processo de confecção dos tapetes. Enquanto as mulheres trabalham, nós vamos escutando e conhecendo a escola. Os materiais com o qual são feitos os tapetes turcos são: lã – absorve tinturas naturais; algodão – não absorve tinturas naturais; seda – com tinturas naturais. Aqui se usa o Nó Górdio – nó diferente, nó duplo, mais resistente.

USO DO TAPETE

       Os turcos cobrem qualquer espaço da casa com tapetes e Tina nos conta que tem em sua casa, o tapete do seu avô. Desde o momento do nascimento se faz um tapete para a menina. Outro dado cultural: antes da festa da Hena, se faz uma exposição de tudo, com o orgulho da noiva enquanto as famílias se conhecem. Quanto aos números de “nós”: cada cm² de tapete tem 25 nós, se o tapete for pequeno. Se for tapete grande, cada cm² tem 9 nós. Quanto mais “nós”, o fio tem que ser mais fino. O tapete turco é feito à mão. Este tapete dá para ser dobrado ao contrário do tapete feito à máquina que não dá para ser dobrado. Quanto aos horários de trabalho para as mulheres, eles trabalham 5 horas, com intervalos, nos explicam. A forma de lavar o tapete é muito importante: se a água for quente contrai o tapete, se for fria o distende. Os tapetes se lavam com água morna e sabão neutro.

       O segundo maior produtor de seda é a cidade de Bursa, a antiga capital do Império Otomano. Vimos, nesta escola, o processo da fabricação da seda, desde a criação de casulos, até o seu cozimento e depois o desenrolar de fios. Também vimos um mapa que mostrava as diferentes regiões da Ásia e cada região tem seu estilo de tapetes. Muitos funcionários estão numa grande sala e nos mostram todos os tipos de tapetes e fazem sua propagando para vendê-los. Alguns colegas compram estas verdadeiras obras de arte, que nossos olhos não se cansam de admirar. Aqui ao se comprar tapetes se recebe o selo de garantia. Aí neste local especialmente apresentado pelos turcos para os possíveis compradores brasileiros, um funcionário serve a todo o grupo, o célebre çai (chá) turco.

       Saímos, desta escola, encantadas com o que vimos e aprendemos. Foi muito válida esta visita. Em Avanos o pai ensina ao filho a fazer cerâmica e a mãe ensina a filha a fazer tapetes.

De ônibus tomamos a estrada e de súbito, algo me chama a atenção: estamos atravessando o Rio Vermelho, assim denominado por causa do barro vermelho com o qual se fazem as cerâmicas. Aqui vejo algo “sui generis”: encima da areia, no meio do rio, uma exposição de vasos de cerâmica de cor vermelha.

Após a travessia deste rio, o ônibus parou para os turistas comprarem medicamentos. Hoje é sxsta-feira e  as lojas estão fechadas. Eu aproveitei para fotografar uma linda Mesquita e dar um passeio pela rua principal.

       Tina nos explica que os turcos da Ásia Central, chegaram aqui no século XII. O turco é a língua mais falada em seus diferentes dialetos em diferentes países como no Uzbequistão, Turquistão etc. Tina nos fala sobre as línguas próximas da turca: o Finlandês e o Húngaro que são línguas originárias dos montes Urais e dos montes Altaicos. E também que, desde 1928, os turcos usam o alfabeto latino em substituição ao alfabeto árabe. O turco é uma língua fonética: cada letra tem uma só maneira de ser pronunciada. Assim se sabemos cada som específico não será difícil pronunciar a língua turca. Eu estudei e aprendi o alfabeto e os números até mil, durante as longas viagens de ônibus pelo asfalto turco. Tina nos sempre ofereceu apostilas muito interessantes.

       Continuamos o caminho e vimos um cavalo esculpido na pedra: “Capadócia, o país dos cavalos bonitos”.

Aqui fotografei os dois vulcões responsáveis pela existência da Capadócia. São 12h15 e vemos muitas e lindas plantações de abóboras, de milho, batatas, trigo, ou seja, vemos uma agricultura forte, com terra preta bem preparada.

Viajamos com esta paisagem por grandes extensões e também vimos muito trigo cortado, durante mais de meia hora de viagem. Chegamos a uma cidade subterrânea. Entramos! Muito estranho andar pelos diversos cômodos e andares e saber que esta cidade subterrânea tinha capacidade para abrigar 1000 pessoas, com todos os cômodos necessários à sobrevivência, durante longas temporadas.

       A guia nos informa que foram encontradas 32 cidades subterrâneas que são verdadeiros labirintos. Visitando o local é que se pode ter uma ideia do que foram estes locais de moradia e que foi também refúgio dos cristãos durante a perseguição dos romanos. Saímos às 13h30 da cidade subterrânea.

         Mapa de uma cidade subterrânea.

       Almoçamos em Aksarai, onde saboreamos o prato típico Denek Kibab – carne bovina e mais carne de carneiro (o bloco de carne que gira).

       Foi Alexandre Iskinder que fez este tipo de carne pela primeira vez na história. Verticalmente no fogo, são sobrepostos diversos tipos de carne. Após o almoço, nosso colega que está de aniversário é presenteado pelo restaurante com um bolo enfeitado. O aniversariante corta o bolo enquanto nós cantamos os “Parabéns a você” Saímos do almoço e nos arredores do restaurante, sempre se encontram algumas realidades exóticas e belos lugares para serem eternizados numa foto. Fiz uma foto de um profissional engraxador de sapatos, também uma foto ao lado de um poço antigo. Uma parte da turma se juntou para fazer a foto no meio de lindas flores vermelhas.

 Agora estamos no ônibus e vemos as paisagens da área rural, com a terra preparada para o plantio. Após 1h30 de viagem, chegaremos em Konya, cidade espiritual dos turcos onde se localiza o mosteiro dos Dervixes, que é ao mesmo tempo, Santuário e Museu.

O mestre Mevlana, um místico Sufi, é o fundador dos monges Dervixes Rodopiantes. Os discípulos do Místico Mevlana, criaram o mosteiro no século XIII. Aqui, nos informa Tina, existiam 400 mosteiros que foram proibidos por Ataturk. Às 14h50 chegamos em Konya, que nos tempos romanos se chamava Ikonyum. É hora de revisitar no livro do Novo testamento, os atos dos apóstolos: Konya é a terra natal de Tecla, que aqui começa a seguir Paulo de Tarso em suas viagens. Santa Tecla teria sido convertida por Paulo, no século I, é também conhecida como Santa Tecla de Ikonyum, lugar em que o apóstolo Paulo foi apedrejado. Atualmente, muitas pessoas vêm para cá para fazer o caminho de Paulo.

Às 17 h entramos no Santuário de Mevlana e a todos são oferecidas proteção para os pés, sendo proibido entrar com os sapatos da viagem.

Aqui visitamos também o Museu que apresenta quadros da vida cotidiana no mosteiro dos Dervixes Rodopiantes.
Fizemos fotos no jardim que tinha muitas flores e especialmente rosas vermelhas, muito lindas! Visitamos também uma livraria onde comprei um livro de Mevlana, em inglês, para oferece-lo à Ilse, minha professora de alemão, que também trabalha com traduções do inglês.

Também adquiri uma caneca onde estavam escritos os princípios de Mevlana Jalaluddim Rumi , que nasceu em Balk, antiga Pérsia e atual Afeganistão, em setembro de 1207. Seu pai, Bahauddin Walad, foi um dos maiores eruditos de seu tempo, conhecido como Sultan Ulema, o Sultão dos Sábios e teve influência decisiva na formação de Rumi. Na iminência da invasão mongol, Bahauddim migrou ao longo de alguns anos com sua família. Durante essa peregrinação, Rumi – em sua infância e adolescência – presenciou o encontro de seu pai com grandes mestres do Sufismo, como Faraddudim Attar. Havia uma disputa entre os sultões e califas pela presença de seu pai. Todos queriam construir Madrassas (escolas) para acomodar Bahauddin e sua família e manter em suas cidades esta grande eminência. Mas foi em Konia, na antiga Anatólia e atual Turquia, que Bahauddim e sua família se estabeleceram. Rumi passou por uma formação clássica que abrangia todas as áreas de conhecimento Islâmico. Ele estudou Gramática, Jurisprudência, Comentário Corânico, as tradições do Profeta, Teologia, Filosofia, Matemática, Astronomia e foi introduzido ao conhecimento e prática do caminho Sufi. Foi enviado por seu pai às melhores escolas e logo, passou a ser reconhecido pela profundidade e brilhantismo de sua compreensão. Com a morte de seu pai, Rumi assumiu a sua madraça, aos 24 anos. Ele era reverenciado por todos seus discípulos e a população em Konia o chamava de Mevlana (nosso mestre). Mevlana foi um grande poeta. Escreveu 26000 poemas, no ano 1250. Aqui deixo os Sete princípios da espiritualidade de Mevlana, para ter uma vida de paz e segurança:

1-Seja generoso e disponível para ajudar como um Rio;

2-Seja amoroso e solidário como um Sol;

3-Esteja disposto a perdoar, a encobrir as falhas dos outros como a Noite;

4-Seja imóvel como a morte diante da Raiva e da Fúria;

5-Seja humilde e modesto como a Terra;

6-Seja tolerante como o Mar;

7-Seja como você aparenta ser e aparente ser como você é.

       Fiquei muito comovida com a sabedoria de Mevlana e trouxe a caneca com a inscrição destes princípios, como lembrança que ainda enfeita o meu apartamento em Florianópolis.

Às 18 h, quando o sol já estava se pondo, chegamos no Hotel Dedeman de Konya. Pintado no vidro da porta, em traje branco, a figura de um Dervixe Rodopiante.

Domingo, 25 de setembro de 2011

       Após o café, às 7h30, saímos de ônibus, para Pamukale e Hierápolis. O nome Pamukkale (Castelo de Algodão) se refere aos terraços parecidos a cascatas brancas brilhantes, que se elevam em forma de fontes semicirculares de vários tamanhos, situadas umas por cima das outras. Tina nos vai informando durante todo o percurso do caminho, sobre os mais diferentes assuntos. Fala em primeiro lugar das tulipas. No mês de abril, há a festa das tulipas que apresentam todas as cores. As Tulipas são da Anatólia e é a flor imperial da Turquia. Quando o embaixador de Carlos V veio para Istambul visitar o Sultão, recebeu bulbos da Tulipa.

       Outra informação: a Anatólia, foi muito importante para a Igreja Cristã. Todos os sete Concílios da Igreja Primitiva foram realizados na Anatólia. Foi lembrado também que o sultão do Império Otomano acolheu os judeus quando estes foram expulsos da Espanha, pois quando os reis católicos Fernando e Izabel, reconquistaram o reino de Granada, último reduto muçulmano, a rainha desta Espanha unificada que tinha como base a religião, expulsaria depois dos muçulmanos, também todos os judeus. Em 1492, um sultão muçulmano manda então três navios para resgatar os judeus expulsos de Granada.

Nesta viagem de ônibus para Hierápolis, vejo campos de trigo já cortado e amarrado em grandes maços. Caminhões, abarrotados, viajam pelo asfalto transportando os imensos fardos do trigo. Ao longe, vemos algumas montanhas.

       Às 8h23, no ônibus, estamos ouvindo música turca, muito linda. Tina nos conta, também, que no século XVII um homem que estava obcecado por voar conseguiu, a partir da torre Gálata, sobrevoar o estreito de Bósforo. “Istambul abaixo de minhas asas”, é o nome do filme que conta este feito.

Passamos por um povoado totalmente verde, como pomares e grandes extensões de milho, a perder de vista. Aqui tive a oportunidade de ver os primeiros tratores no campo. As estradas eram boas e duplicadas. Às 8h45 passamos por outra cidade, onde não se vê ninguém na rua pois é sexta feira, o dia sagrado dos turcos. Às 8h50 vejo, pela primeira vez, gado no campo.

       Tina nos fala depois sobre um personagem da cultura da Turquia, o sábio Nasrudin, que se tornou popular em diversas partes do mundo, especialmente no Oriente Médio, devido às suas histórias bem-humoradas. Ela nos conta algumas parábolas do sábio Nasreddin Hodja e nos diz que suas histórias são conhecidas em todo o Oriente Médio e chegaram à muitas culturas ao redor do mundo. Eu já havia comprado, num restaurante, um livro com as parábolas deste sábio.

       Às 10h40 passamos por um morro com mina de mármore. São 11h30 e em dez minutos estaremos na cidade de Pinar. O almoço aconteceu num restaurante à beira da estrada e, ao chegar, vimos uma mesa preparada onde se podia pedir as porções desejadas. Adiante um senhor oferecia os sucos feitos na hora. No almoço recebemos  numa bandeja, 3 charutos de queijo, um prato de salada, 1 copo de suco de laranja, uma sobremesa de iogurte com mel e farinha, como vemos nas fotos.

Os nossos olhos contemplam linda paisagem, com morros de pedras onde crescem pinheiros verdes, e uma grande extensão de cadeias de montanhas. Aqui algo me surpreendente: todas as casas têm energia solar.

Às 12h45 estamos saindo da cidade de Pinar e a planície segue recoberta com muito milho verde e trigo já cortado. É domingo, as montanhas estão muito ao longe e as pessoas trabalham. Passamos por uma fábrica de mármore e aqui há também muitas fábricas têxteis. Já estamos vendo Pamukale, estes degraus brancos com águas azuis, ao longe. Emoção!!! Às 14 h chegamos .

“Pamukkale é uma montanha coberta por rocha branca calcária, que há milhões de anos é esculpida pelos sulcos de água que ali correm e que lhe concederam um aspecto único de rara beleza”.

As águas termais brotam do chão à 35 graus e formam piscinas de água azul-turquesa, que aliado ao brilho do travertino sob a luz do sol, fazem ali parecer um lugar encantado. Com este visual mágico, recebeu justamente o nome de Pamukkale que em turco significa “Castelo de Algodão”.

       Pamukkale está no sudoeste da Turquia, distante 650 km ao sul de Istambul. Ao longo de sua história, sempre recebeu a visita de ilustres personagens, como Cleópatra, Júlio César e diversos outros Imperadores Romanos, que buscavam descanso e bem-estar na principal estância termal da região. Ao lado, estão as ruínas da antiga Hierápolis, uma cidade da Frígia, cujas ruínas nós visitamos. Hierápolis significa ‘cidade santa’. Deve seu nome aos banhos de águas tépidas que contêm vários minerais e são consideradas como possuindo efeitos curativos. A sua principal deusa era a síria Atargatis. A cidade antiga de Hierápolis é “colada” à Pamukale e ambas são tombadas como Patrimônio Histórico Mundial da UNESCO.

       Hierápolis está situada a 376 metros de altura, no alto de uma colina com uma bela vista da região. Foi muito impressionante poder passar por estes lugares históricos e especiais. Cleópatra era frequentadora das termas e a pedido dela, foi construída uma piscina de água corrente, a qual ficou conhecida como Piscina de Cleópatra.

       Nossa excursão teve um determinado tempo para visitar tanto Pamukkale (Castelo de Algodão) quanto Hierápolis, e fizemos muitas fotos em momentos de grande emoção, tanto andando de pés descalços nos patamares das águas cristalinas , como visitando ao lado, as ruínas da antiga Hierápolis, da qual pudemos admirar o imenso teatro e as ruínas próprias de uma grande cidade antiga.

       Neste dia nos hospedamos no hotel Lycus River. Muito interessante este local que oferece aos hóspedes piscina e muitos outros tratamentos, como banho turco. Aqui fizemos, Edésia eu o tratamento com o doctor Fisch. Num recipiente com água, colocamos os pés, onde grande número de pequenos peixes, tratam de tirar dos pés qualquer substância indesejada.

       Neste hotel havia muitos outros banhos curativos oferecidos para os hóspedes.

Segunda-feira, 26 de setembro de 2011

       Saímos do hotel Lycus River às 8 horas. Estamos deixando Pamukale e vamos em direção a Kusadasi que é a porta de entrada para Éfeso, uma cidade criada pelos jônicos, no século XXI A.C. e mais tarde ampliada pelos romanos. Hoje considerada um dos lugares reconstruídos mais grandiosos do mundo antigo. É nessa cidade que se encontra a casa em que Maria, a mãe de Jesus ,  teria vivido seus últimos dias, falecido, sepultada e assunta ao céu. A casa foi descoberta no final do Século XIX, por dois sacerdotes da congregação Lazarista que resolveram pesquisar os relatos da religiosa alemã Catarina Emmerich, que havia descrito visões que falavam da vida de Jesus e de Maria.  Em 1811 Emmerich descreveu que a casa em Éfeso, foi construída a pedido de São João, em uma montanha, sendo de pedra retangular, com uma parede curva e uma fonte de água. Catarina Emmerich foi beatificada pelo Papa, em 2004.

Neste primeiro trecho da viagem vimos muitas plantações de milho. Tina nos lembra que nós já visitamos três regiões das sete regiões geográficas da Turquia: a primeira região é Istambul, que é a mais desenvolvida. A segunda região é a região do Mar Egeu. Nesta região há muitas fábricas de automóveis, couro, algodão, bem como plantações de árvores frutíferas e agricultura em geral. Aqui está também o rio Meandros, que acrescenta muita fertilidade à terra. A terceira região é o centro da Anatólia, um planalto de 1200 metros de altura, sendo uma região das plantações de trigo e o clima é continental. Existe ainda a região do Mar Negro e Tina nos informa que todas as piadas que se contam na Turquia são sobre o Mar Negro, um mar profundo, que possui a maioria das florestas da Turquia. Lá cultiva-se o avelã, tabaco, banana, laranja, etc. As pessoas do Mar Negro são altas e claras. Os traços humanos dependem das misturas. Na história Otomana, se misturaram com russos, árabes e gregos e sua fisionomia perdeu, por esta razão, os traços orientais. Os turcos que ficaram na Ásia Central, tem traços orientais: Por ex. Curzequistão.

       São 8h30 e estamos passando por uma grande plantação de pêssegos e logo em seguida, por outra grande plantação de figos, à esquerda e à direita. Na Califórnia, nos explica Tina, os figos não amadurecem como aqui, pois eles se abrem quando caem na terra dura.

       Agora estamos atravessando uma aldeia com muitas placas solares. É uma maneira econômica de se aquecer a água. Nesta região vive-se da agricultura. Às 9 horas estamos na cidade de Nazili e continuando nosso caminho, às 10 horas acabamos de fazer uma parada técnica. No bar comprei um mapa da Turquia por 4 liras turcas. Estamos perto da cidade de Aydin, antiga Trales, que é a capital da província de Aydin. A sua população é de 141.000 habitantes.

       Agora são 10h50 e vamos conhecer o lugar onde viveu Nossa Senhora.

“São João levou Nossa Senhora para morar com ele naquela casinha no alto das montanhas de Éfeso que existe ainda hoje, na Turquia. Éfeso era a capital da Província Romana da Ásia; ali havia cerca de 300 mil pessoas no tempo em que Nossa Senhora viveu com S. João. Éfeso foi uma cidade greco-romana da Antiguidade situada na costa ocidental da Ásia Menor, próxima à atual Selçuk, província de Esmirna, na Turquia. Foi uma das doze cidades da Liga Jônia durante o período clássico grego. Durante o período romano, foi por muitos anos a segunda maior cidade do Império Romano, apenas atrás de Roma, a capital do Império. Tinha uma população de 250.000 habitantes no século I A.C., o que também fazia dela a segunda maior cidade do mundo, na época. A cidade era célebre pelo Templo de Ártemis, construído por volta de 550 A.C., uma das Sete Maravilhas do Mundo antigo. O templo foi destruído, com muitos outros edifícios, em 401 D.C. por uma multidão liderada por São João Crisóstomo. O Imperador Constantino I reconstruiu boa parte da cidade e ergueu novos banhos públicos, porém a cidade foi novamente destruída parcialmente por um terremoto, em 614. A importância da cidade como centro comercial diminuiu à medida que o seu porto começou a ser assoreado pelo rio Caístro (Küçük Menderes, em turco). Éfeso foi uma das Sete Igrejas da Ásia citadas no livro bíblico do Apocalipse. O Evangelho de São João pode ter sido escrito na cidade, onde também se encontra um grande cemitério de gladiadores. O sítio arqueológico encontra-se a três quilômetros a sudoeste da cidade de Selçuk, no distrito homônimo da província de Esmirna. As ruínas de Éfeso são um importante ponto turístico internacional da região, que é servida pelo Aeroporto Adnan Menderes e pelo porto de Kusadasi”.

       Chegamos após subir uma colina ao local onde havia muitos peregrinos e turistas querendo conhecer a casa onde viveu Maria, a mãe de Jesus. Como já foi dito, este lugar foi descoberto devido às revelações da Anna Catarina Emmerich.

       Em 1824, Emmerich, uma religiosa alemã, acordou com os estigmas de Jesus em seu corpo. “Irmã Anna Catharina viu no êxtase, toda a vida e paixão do Divino Salvador e de sua Santíssima Mãe; viu os trabalhos dos Apóstolos e a propagação da Santa Igreja, muitos fatos do Velho Testamento, como também eventos futuros. Tocando em relíquias, geralmente via a vida, as obras e os sofrimentos dos respectivos Santos. Com certeza reconhecia e determinava as relíquias dos Santos, distinguindo em geral facilmente objetos sagrados de profanos”. Teve inúmeras revelações e visões sobre a vida de Jesus e também a vida de Nossa Senhora e especificamente viu o lugar onde fora construída a casa de Maria. Estas anotações foram publicadas “como revelações de Catarina Emmerich”. Os cristãos ortodoxos, em 15 de agosto, subiam este morro onde fica a casa de Maria, pois era tradição fazer isto. Os arqueólogos dizem que no século IV, foi construída outra casa sobre a casa construída no século I. Em 1967 se declarou este lugar como lugar de peregrinação dos católicos.

       Nós nos juntamos aos peregrinos, e em fila, esperamos a nossa vez. Entramos na casa com a emoção própria de quem adentra um lugar muito especial. Após visitar a casa de pedra onde viveu Nossa Senhora, visitamos seus arredores com grande comércio religioso e também almoçamos no restaurante construído, logo abaixo. Descansamos sob a sombra de árvores imensas. Um grande mural aceita milhares de bilhetes dos turistas e religiosos, que diariamente deixam lá suas orações e pedidos. Os padres capuchinhos tomam conta desta igrejinha. Nas paredes há versos do Alcorão, pois os muçulmanos também veneram a mãe do profeta cristão. É um local de peregrinação também para os muçulmanos. Maria é mencionada 34 vezes no Alcorão e por seu nome próprio, como mãe do profeta Jesus. Os muçulmanos vão à casinha onde ela viveu e lhe prestam homenagem. É chamada, em língua turca, Meryem Ana. Em 1980 houve aqui um incêndio que parou perto da casa de Maria. Ao redor, os muitos pinheiros são de vegetação natural.

Saímos do local onde viveu Nossa Senhora e continuamos nossa viagem. Às 11h20, passamos pelas ruínas de Éfeso, mas não entramos na cidade antiga.

       Estamos em Selçuk. Aqui fizemos uma parada para assistir um desfile de roupas de couro.

       Foi lindo demais e não só admiramos as diversas espécies de couro (couro de ovelha, camurça, pelica – finíssima, etc,) mas também aprendemos a ver os cortes maravilhosos das diversas peças, muito elegantes, apresentadas por ótimos figurinos. Também nos ensinaram muito sobre as qualidades deste couro tão bem tratado, pois, não amassa, não queima, não molha e é impermeável. Alguns turistas compraram roupas de couro e pelica. Neste dia, não me recordo onde fomos almoçar. Às 15 h entramos no Museu a céu aberto, que é a cidade de Éfeso.

      Éfeso foi uma das cidades portuárias mais ricas da era Greco Romana. Foi fundada no ano 1000 A.C pelos jônicos. Aqui havia o culto da deusa Artemis. Diógenes Laércio relata que Heraclito, filho de Blóson, ou segundo outra tradição, de Heronte, era natural de Éfeso.  Inserido no contexto pré-socrático, Heráclito parte do princípio de que tudo é movimento e que nada pode permanecer estático – “tudo flui”, “tudo se move”, exceto o próprio movimento. É uma das leis da dialética. Desapontado com seus conterrâneos, Heráclito se retirou ao templo de Artemis, onde teria depositado seus manuscritos como um legado à posteridade e para livrá-los da incompreensão da “maioria”, que ele desprezava.

Aqui podemos ver muito, do que foi a grande cidade antiga de 250.000 habitantes, no século I. Mesmo observando inúmeros monumentos e estrutura básica para o funcionamento da cidade, vamos somente falar sobre alguns. Vimos o monumento à Água, pois esta cidade no verão chegava a ter 52 graus centígrados. A cidade estava cheia de fontes que desciam da montanha. Uma das primeiras visões foi a forma como encanaram a água.  Em Éfeso existia o grande templo à deus Artemis. Esta construção era uma das sete maravilhas do mundo antigo. No tempo do apogeu de Éfeso, no ano de 135 D.C. este templo era quatro vezes maior do que o Parthenon de Atenas. No século III o templo de Artemis foi arrasado por invasores godos, vindos do norte da Europa. Ficamos surpreendidos, ao ouvir Tina nos dizer que serão necessários, mais 1000 anos de escavações para que venha à tona toda a cidade. Em 1980 os austríacos começaram a escavar a cidade. Éfeso era uma cidade importantíssima tanto que, quem nascesse em Éfeso já tinha a cidadania Romana. Também possuía esta cidadania, quem nascesse em Tarso, como foi o caso de Paulo. Abaixo, um mapa das viagens apostólicas de São Paulo em algumas regiões visitadas por nossa excursão da Queensberry.

Éfeso tinha o direito de ter seu próprio parlamento. Aqui havia também duas Ágoras ou seja duas grandes praças. Éfeso foi criada muitas vezes, desde o século II A.C. até o século VI D.C. Causas: maremotos, terremotos e invasão dos árabes. Paulo esteve aqui duas vezes, durante três anos.

       A caminhada por Éfeso antiga, me surpreende e emociona. E quem não se emociona? Aqui pode-se ver, caminhando pelas ruínas desta grande cidade, o que foi a vida cotidiana e cultural destes habitantes de Éfeso. As latrinas eram os banheiros públicos da cidade de Éfeso e era necessário pagar as taxas de entrada para usá-los. Na verdade, eram uma parte dos Banhos de Escolástica e se encontrava junto ao Templo de Adriano. Ao mesmo tempo vemos que há ainda muito a escavar para que tudo possa vir à tona.

OS ASPECTOS ARQUITETÔNICOS DE ÉFESO ASSOMBRAM

A Biblioteca de Celsius foi concluída em 135 D.C fachada em mármore, que chegou a abrigar 12 mil rolos de papiros. Ostenta colunas com dez metros de altura e tem na sua fachada, as estátuas: de Sofia – que representa a sabedoria, de Episteme – o conhecimento, de Ennoi – a inteligência e a de Arete – representa a virtude.

Foi construída em 114 – 117 D.C. pelo Consul Gaius Julius Aquila, para prestar honras a seu pai, o Imperador Celso. O túmulo foi oculto abaixo desta grande biblioteca. Aqui abaixo está a foto do templo de Domiciano.   

O templo serviu ao culto Imperial e foi dedicado ao Imperador Domiciano (anos 81-96). Este Imperador foi condenado após a sua morte.

O templo foi desmontado quase totalmente após a vitória do cristianismo. Importante saber que no ano 391, os Imperadores Romanos Bizantinos mandaram destruir os templos pagãos.

Passeando pela cidade fiz foto, vendo-se aí perto, ao fundo, o que restou do templo de Artemis.

       “Quanto à Artemis, é representada como caçadora, vestida de túnica, calçada de coturno, trazendo aljava sobre a espádua, um arco na mão e um cão ao seu lado. Outras vezes, está acompanhada das suas ninfas, tendo a fronte ornada de um crescente. Representam-na ainda: ora no banho, ora em atitude de repouso, recostada a um veado, acompanhada de dois cães; ora em um carro tirado por corças, trazendo sempre o seu arco e aljava cheia de flechas. O absinto era uma das plantas dedicadas à deusa. O majestoso templo foi construído em homenagem a deusa Artemis (deusa da caça) todo em mármore no ano 550 A.C. pelo arquiteto grego Cherdifron e seu filho, Metagenes. Levou 200 anos para ficar pronto, no ano de 450 A.C. Tinha 141 metros de comprimento e 73 metros de largura. Suas 127 colunas de mármore atingiam dezenove metros de altura. Depois de ter sido incendiado em 356 por Eróstato, foi reconstruído dessa vez, em vinte anos e destruído novamente em 282 D.C. pelos godos. O templo à deusa Artemis era uma das 7 maravilhas do mundo antigo. Na basílica de Santa Sofia em Istambul, há duas colunas que foram retiradas do templo de Artemis”.

       Tina nos informa: no século IV A.C. Eróstrato de Éfeso queimou este templo, para dizer ao mundo que Artemis não conseguiu se proteger e assim seu autor adquirir celebridade. No dia da queima do templo nasceu Alexandre, o futuro Imperador. E o povo disse então: Artemis se sacrificou em favor de Alexandre.

       Nossa excursão palmilhou a pé, esta estrada feita de mármore. Aliás, toda a cidade era construída com mármore. Uma avenida pavimentada com mármore conecta o teatro e o centro da cidade com o sul. “Aqueles que vinham do Norte pela estrada, poderiam encontrar o renomado templo de Ártemis ou Diana. Colunas alinhadas corriam ao longo da margem da estrada. No lado esquerdo o grande Ágora ou mercado público”.

Fiz esta foto do Templo de Adriano. Adriano morreu em 138, em Roma. Seu corpo foi depositado num mausoléu, que veio a ser o Castelo de Santo Ângelo, em Roma. Acima do templo de Adriano está a figura da Medusa destinada a afugentar os espíritos malignos. Ela transforma em pedra os que tem intenção má, nos explica Tina.

       Da Internet:

“Públio Élio Trajano Adriano (24 de janeiro de 76 —10 de julho de 138), mais conhecido apenas como Adriano, foi Imperador do grande Império Romano de 117 a 138. Pertence à dinastia dos Antoninos, casado com Víbia Sabina, sendo considerado um dos chamados “cinco bons imperadores”.

“O Imperador romano Justiniano que mandou construir Santa Sofia em Bizâncio, erigiu em Éfeso, a grande Basílica de São João. A Basílica de São João era em forma de cruz e tinha 130 m de comprimento. Havia um átrio do lado frontal e a igreja era constituída por seis abóbadas sustentadas por pilares enormes que tinham sido erguidos entre as naves. Dois andares de colunas foram construídos entre as naves e os monogramas de Justiniano e sua esposa Teodora tinham sido gravados na linha inferior das colunas”.

       Logo na entrada da cidade Tina nos apresenta o bordel de Éfeso que era localizado no ponto de cruzamento das ruas Mármore e Curetes. Havia duas entradas uma em cada rua e o edifício era constituído de dois pisos.

“Outra obra grandiosa é o Grande Teatro Greco Romano cujas dimensões nos impactam. Foi o maior teatro da Ásia Menor. É teatro grego pois apresenta a inclinação normal da montanha e como teatro grego, não tinha palco.”

“É também teatro romano pois aproveita a inclinação da colina da estrutura dos gregos e adicionam o palco. Aqui esteve São Paulo querendo pregar, mas foi rejeitado. Aqui vemos a Ágora, o centro comercial de Éfeso e também o lugar dos encontros públicos. Era uma área contornada por colunas e calçadas. Éfeso era um centro de indústria têxtil, conhecida também como a cidade dos ourives, do vinho e dos perfumes. Cada Imperador mandava construir alguma parte da cidade”.

        Passeamos por toda esta grande e histórica cidade de Éfeso e haveria muito mais a dizer e a escrever. São tantos os aspectos interessantes, quando se tem a oportunidade de se poder adentrar a um lugar destes. Tomamos café num bar e às 17h10 passamos pelo templo de Artemis.

       Nosso destino agora é Kusadasi, cuja pronúncia é diferente, pois abaixo do s há uma cedilha, que modifica o som desta letra s. É uma cidade que é também um porto nas costas da Turquia. É daqui que deixaremos, num navio, a Turquia e passaremos a visitar a Grécia insular (Patmos, Rodes, Creta e Santorini) e depois a Grécia continental. Atenas e outras localidades da península do Peloponeso).

Kusadasi é uma cidade litorânea e turística da Turquia, na costa do Mar Egeu e conta com uma população de 50.000 habitantes, subindo para quase um milhão durante o verão. A sua principal indústria é o turismo.

       Chegamos a Kusadasi, cujo nome significa “ilha dos pássaros”, ao Hotel “La Vista”, que fica numa colina, às 18 h.

       E do alto deste hotel, admiramos um lindo por de sol. À noite, à beira da piscina, houve o jantar para todo o grupo da excursão e este encontro foi muito bonito. Foi-nos servido Raki, uma bebida preparada com anis, às margens do mar Egeu. Neste hotel, havia um SPA e também uma butique.

       No dia seguinte, partimos com um Cruzeiro para as ilhas gregas, iniciando por conhecer a ilha de Patmos.

Terça-feira, 27 de setembro de 2011

“A Grécia, localizada no sudeste Europeu, é formada de uma península no continente e mais de 1.400 ilhas espalhadas pelos mares Egeu e Jônio. Cerca de 170 dessas ilhas são habitadas. A Grécia é o berço de nascimento da democracia, da filosofia ocidental, dos Jogos Olímpicos, da Literatura ocidental e da historiografia, bem como da ciência política, e dos mais importantes princípios matemáticos. É também o berço de nascimento do teatro ocidental, incluindo os gêneros do drama, tragédia e o da comédia”.

       Continuando nossa viagem, agora fazendo um Cruzeiro pelas Grécia e ilhas gregas, saímos do lindo Hotel “La Vista” em Kusadasi, logo após o café da manhã.

Este hotel construído no topo de um morro tem uma vista do mar Egeu espetacular, pois está debruçado sobre o litoral da Turquia.

       Hoje embarcaremos, no Louis Cruises (Navio Majesty Patmos), para uma Cruzeiro de 4 dias e 3 noites, visitando as Ilhas Gregas de Patmos, Rodes, Creta e Santorini.

Em frente ao hotel, despedindo-me da milenar Turquia, fiz esta foto.
Às 12 h zarpamos para a Ilha de Patmos, denominada a Jerusalém do Mar Egeu, com chegada prevista às 16 horas. Temos poucas horas para conhecer recantos importantes de Patmos.

Nessas quatro horas em que estivemos navegando pelo mar Egeu, usufruímos do prazer de admirar a paisagem, almoçar, conhecer o navio e alguns passageiros e curtir, muito felizes e agradecidos, com este grupo, este esperado início de viagem pelas ilhas Gregas.

Chegamos ilha de Patmos, uma pequena ilha da Grécia a 55 km da costa da Turquia, no mar Egeu meridional. Possui uma área total de 45 km² e uma população de 3.047 habitantes (2011). Skala é o nome do seu único porto!

A ilha de Patmos foi usada como um lugar de banimento durante os tempos romanos. Para lá também foi exilado São João evangelista. Segundo uma tradição preservada por Ireneu, Eusébio, Jerônimo e outros, o exílio de João aconteceu em 95 ou 96 D.C., no ano décimo quarto do reinado do Imperador romano Domiciano.

Desde 1522, a ilha foi diversas vezes controlada pelos turcos e capturada pelos italianos em 1912. Em 1948 passou definitivamente ao controle grego. Aqui, nesta ilha, pequena e formosa, hoje está muito quente! Do guia cubano, ouvimos as primeiras informações sobre esta histórica ilha, enquanto subíamos o morro para visitar a gruta onde São João recebeu a revelação e escreveu o Apocalipse. Havia muitas excursões, também organizadas por religiosos, neste lugar. A gruta, um ambiente bastante obscuro, escavado na rocha, reproduz o local onde São João, rezava, escrevia e descansava no ano 95 D.C. Foi emocionante estar ali e lembrar que as revelações escritas no livro do Apocalipse, e que fazem parte do Novo testamento, aí foram recebidas e anotadas. Lá fora, o guia falou sobre a Igreja Ortodoxa, sobre a pintura dos ícones, sobre os afrescos e sobre a Semana Santa que não coincide com a dos católicos.

QUANTO ÀS VISÕES DE SÃO JOÃO

        São João, na Gruta onde estava preso, ouve uma voz muito forte e recebe a informação que deveria escrever a série de visões e as revelações que lá teve.

Recebe também a incumbência de mandar estes escritos para as sete Igrejas Cristãs da Ásia Menor: Smirna, Éfeso, Pérgamo, Filadélfia, Laudicéia, Sardes, Tiatira, Patmos e a seus sete bispos. (Localidades marcadas neste mapa).

São João houve também esta voz dizendo: “Não tenhas medo, porque apesar da morte na Cruz, eu continuo Vivo”. Havia muitos turistas por lá, e, como sempre também vendedores dos célebres ícones, muito bonitos, muitas vezes cobertos e trabalhados com ouro e prata.

        Outro recanto da parte alta da cidade, digno de ser conhecido, é o célebre monastério de São João, de arquitetura de bizâncio, fundado em 1088. Foi construído em uma antiga ruína do Templo da Deusa Artemisa. Foram usadas as colunas desse Templo para sustentar e decorar o Monastério. O monastério de São João foi considerado pela UNESCO, Patrimônio da Humanidade, em 1999. Um caminho sinuoso nos levou a pé ao alto, a esse Mosteiro Ortodoxo.

No seu interior, uma Igreja Ortodoxa, muito antiga, tem uma configuração muito diferente das igrejas católicas.

       Achei interessante observar, muitíssimos turistas e devotos acendendo velas que estavam à venda lá mesmo. Depois de se consumirem, vi que um monge, de vez em quando, recolhia num recipiente, o que tinha sobrado das velas, para delas fazer novas velas a serem vendidas lá, novamente. Visitamos também o museu que está contíguo a igreja e depois, ouvimos outras explicações.

Reconhecendo o espaço exterior, fiz esta foto, no mais alto do mosteiro, tendo à frente um sino e uma arquitetura muito bonita.

       Edésia e eu visitamos, depois, outros recantos da ilha de Patmos: vimos oliveiras centenárias, subimos ao Cruzeiro e apreciamos do alto, a paisagem da cidade e lugares marcados pela Guerra.

       Descemos então o morro e paramos num bar para tomar um café grego que servem com um copo de água (estranho ver muito pó no fundo da xícara). Passeamos um pouco pela cidade às margens do Mar Egeu. Vimos os padres ortodoxos no meio das pessoas, com sua batina preta e quase sempre com longa barba, numa postura simpática. Davam a impressão de serem bem recebidos numa convivência muito familiar com a comunidade. Admiramos o maravilhoso pôr de sol e às 19h30 voltamos para o porto Skala de onde o navio, iluminado, nos acenava convidando-nos a partir para Rodes nesta noite, às 21 horas. O navio navega pelo Egeu e nós estamos jantando, descansando, conhecendo pessoas, visitando free Shoppings, bibliotecas, etc. No navio há sempre muitas atividades para se fazer, além do jantar que sempre, para mim, foi à La Carte. Descansamos enfim, pois em Rodes, no dia seguinte, temos muito que ver, caminhando. Chegaremos amanhã de manhã no porto de Mandrake, na ilha de Rodes.

Quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Depois de uma noite bem-dormida, nosso navio atracou, às 7 horas, em Rodes, uma ilha grega em forma de espada, que desde a Antiguidade, tem muita história.

Aqui é o local onde foi construído o chamado Colosso de Rodes que nossos olhos logo procuram, mas não encontram. Após o café a bordo, nos preparamos para sair do navio.

O Colosso de Rodes, a estátua de Hélios, o Deus Grego do Sol, era uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Esta estátua foi finalizada em 280 A.C. e ficou em pé só 55 anos quando um terremoto a abalou e ela desmoronou.

A estátua do Deus Sol tinha 30 metros de altura e 70 toneladas de bronze (qualquer barco que entrasse na ilha passava entre suas pernas, que possuía um pé em cada margem do canal que levava ao porto). Na sua mão direita havia um farol que guiava as embarcações, à noite. Foi construída para comemorar a retirada das tropas macedônias que tentavam conquistar a ilha. As armas abandonadas pelos macedônios foram utilizadas para a sua construção. Mas com o terremoto a estátua desmoronou. Ptolomeu III ofereceu-se para reconstruí-la, mas os habitantes da ilha recusaram pois achavam que tinham ofendido Hélios. Foi esquecida no fundo do mar até a chegada dos árabes, que a venderam. Atualmente encontram-se alguns pedaços do “gigante” que foram encontrados depois, no museu de Arte Antiga de Londres. Muitos escultores e filósofos viviam em Rodes. O Imperador Júlio César também veio estudar aqui.

A cidade já existe de longa data, pois o local da cidade antiga de Rhodes, inteiramente cercada por muros antigos, e em 408 A.C. já era habitada há mais de 2400 anos.

        A cidade de Rodes foi fortificada pelos Cavaleiros da Ordem de São João.

Quando os Cavaleiros de São João, depois, Ordem de Malta, chegaram em 1309, construíram sua cidadela sobre os vestígios do antigo povoado. A cidadela medieval dos Cavaleiros, dominada pelas Torres do Palácio do Grão-Mestre, formam o centro da cidade antiga.

Muitas das cenas exteriores de “Os Canhões de Navarone” (estrelado por Gregory Peck, David Niven e Anthony Quinn) e Escape to Athena (estrelado por Roger Moore e Telly Savalas) foram filmados na ilha de Rhodes.

        Em Rodes visitamos o Palácio dos Grão-Mestres! Este palácio foi sempre o último refúgio da população em épocas de perigo. Construído no século 14, resistiu a um terremoto e a um cerco, mas foi pelos ares com uma explosão acidental em 1856.

        Mussolini e o rei Vitor Emanuel 3º o restauraram na década de 30, quando do domínio italiano. O Palácio era a última linha de defesa dos Cavaleiros. Hoje abriga duas exposições sobre Rhodes antiga e a medieval. Visitamos o grandioso palácio e também suas maravilhosas exposições, com muitíssimos mosaicos. Lembro de ter subido estas escadarias e me ter admirado, ao observar, o vestido de alta-costura que é feito com pequenas tiras de latinhas de cerveja.

Admirei-me também ao ver o pátio revestido de seixos roliços. Isto era uma estratégia para impedir que, nos ataques, os cavalos com seus cavaleiros inimigos pudessem adentrar ao recinto do palácio. Rodes está perto da Ásia e da África e por isso sofreu muitas invasões.

       Rodes é a quarta maior ilha Grega e tem 1.400 km² e também 300 dias por ano de SOL. Aqui há muitos mitos que eram usados para explicar aquilo que não sabiam explicar, nos informa o guia. A moeda é a Dracma e a flor da Romã é o símbolo da Ilha de Rodes. Nesta cidade,  além do palácio remodelado pelos italianos, conhecemos parte de seu comércio. Lá comprei um presente, uma espada turca pequena, que meu irmão Jaime havia me solicitado que trouxesse para ele. Também comprei alguns brincos e colares. Foi muito interessante conhecer esta histórica ilha. De Rodes, partimos ás 18 horas, para a Ilha de Creta. Já no navio, aproveitamos o lindo sol, admirando extasiada seu tramonto. Foi alegre e ótimo o convívio, neste maravilhoso por de sol, com os colegas de excursão, eternizando estes momentos nestas lindas fotos.

Quinta-feira, 29 de setembro de 2011

        Na noite do dia 28 para 29, no navio, no percurso entre Rodes e Creta, houve a festa do comandante. Todos se prepararam vestindo-se a altura do evento! Tivemos o encontro com o comandante com fotos e também um jantar maravilhoso junto com os colegas do grupo e de todos os turistas!

       Nosso navio chegará amanhã, às 7 horas no porto da histórica e milenar ilha de Creta, e após o café da manhã, desembarcaremos em Heraklion, berço das antigas e sofisticadas civilizações minoicas.

Levantamos às 6 h e às 7h30, estávamos saindo do navio para conhecer Creta. Hoje nosso guia chama-se Yorgus e ele nos fala, durante a visita, sobre a civilização Minóica. Os primeiros habitantes de Creta datam de 128.000 A.C., durante o Paleolítico Médio.

No entanto, os primeiros sinais de práticas agrícolas não surgiram antes de 5000 A.C., caracterizando então o começo da civilização. Foi deveras interessante esta imersão na história!

        Aqui, nos diz o guia Yorgus, no ano de 3000 A.C. chegam os minoicos. Em 2000 A.C. se construíram os primeiros palácios. Em 1400 A.C. vieram os Aqueus ou Micenos e mais tarde chegam os Dórios e depois os Romanos. A ilha de Creta, foi redescoberta no começo do século XX, em 1900, durante as expedições arqueológicas do britânico Arthur Evans.

Creta é a maior das 150 ilhas habitadas e tem 8500 km². Heraklion (cidade de Hércules) a capital, tem 150.000 habitantes. Creta é célebre por sua forte resistência aos alemães em 1941, durante a Segunda Grande Guerra. A Batalha de Creta – foi a invasão pelo exército de Hitler, através de paraquedistas alemães. Foi marcada pelo altíssimo índice de baixas sofridas pelos nazistas. Os paraquedistas alemães tomaram a ilha, na batalha de Creta, mas pagaram um preço alto demais em perdas humanas e materiais.

       Visitamos as ruínas de Creta, seus palácios, suas pinturas, suas esculturas, seus afrescos, etc. Como os arqueólogos reconstruíram parte dos palácios, pode-se ter uma ideia do que foi esta civilização na Antiguidade.

O guia nos conta a história do minotauro que é longa.

       Na Internet podemos ler algo sobre esta mitologia grega:

“O Minotauro (touro de Minos) é uma figura mitológica criada na Grécia Antiga. Com cabeça e cauda de touro num corpo de homem, este personagem povoou o imaginário dos gregos, levando medo e terror. De acordo com o mito, a criatura habitava um labirinto na Ilha de Creta que era governada pelo rei Minos. Conta o mito que ele nasceu em função de um desrespeito de seu pai ao deus dos mares, Poseidon. O rei Minos, antes de tornar-se rei de Creta, havia feito um pedido ao deus para que ele se tornasse o rei. Poseidon aceita o pedido, porém pede em troca que Minos sacrificasse, em sua homenagem, um lindo touro branco que sairia do mar. Ao receber o animal, o rei ficou tão impressionado com sua beleza que resolveu sacrificar um outro touro em seu lugar, esperando que o deus não percebesse. Muito bravo com a atitude do rei, Poseidon resolve castigar o mortal. Faz com que a esposa de Minos, Pasífae, se apaixonasse pelo touro. Isso não só aconteceu como também ela acabou ficando grávida do animal. Nasceu desta união o Minotauro. Desesperado e com muito medo, Minos solicitou a Dédalos que este construísse um labirinto gigante para prender a criatura. O labirinto foi construído no subsolo do palácio de Minos, na cidade de Cnossos, em Creta”.

       Visitamos o Palácio Knossos do Rei Minos, erguido em 1700 A.C. com seu fabuloso labirinto subterrâneo, construído para aprisionar o Minotauro. O Palácio de Knossos foi o centro político da civilização minoica e foi restaurado de forma “livre” e polêmica pelo inglês Arthur Evans entre 1900 e 1929. A restauração dá ao visitante uma boa ideia de como era a vida em Creta, na época minoica. Depois de visitar estas maravilhosas ruínas e ouvir encantados as explicações de nosso guia sobre esta cultura, andamos pela cidade observando-a e fizemos algumas fotos do centro de Creta.

       Aqui nossa estada é pouca, mas o suficiente para tomarmos contato que com estas culturas históricas tão antigas quanto especiais.

       Às 11 horas partimos para a ilha de Santorini com chegada prevista para às 16h30. Estamos novamente a bordo, onde é sempre muito bom, estar e conviver, admirando o ambiente e os horizontes. Aqui conversamos com colegas da excursão e também com pessoas de outros países e, consequentemente, com outras línguas.

Às vezes, para celebrar o encontro fazemos uma foto. Foi o que fiz , quando tive o prazer de conhecer um casal do Rio de Janeiro.

Juntos assistimos um artista tocando violino.

Chegamos a Santorini às 15h30. Pura emoção ao ver este espetáculo à nossa frente.

“Santoríni (ou Thíra, ou Thera) é uma ilha grega do grupo das Cyclades, no Mar Egeu, com área de 76 km². A bela paisagem local é o resultado da violenta explosão de um vulcão há cerca de 1625 A.C. Santorini e as ilhas em volta são parte de uma cratera”.

       Aqui os navios não atracam na ilha. Ficam mais ao longe e um barco busca os turistas e os conduz até Santorini. Ao longe, nós nos surpreendemos com a radiante beleza desta ilha, que ostenta, lá no alto, suas casinhas brancas. Descemos do navio e pegamos um barco que nos deixou ao pé da colina e daí pegamos um ônibus e fomos subindo através de meandros que nos levaram ao alto. Ver Santorini ao longe e visitar Santorini foi uma grande uma emoção.

       Chegamos à Ilha “mais fotografada da Grécia aninhada sobre o azul radiante do mar Egeu”, às 16h30.

       Em Santorini conhecemos suas ruelas de pedras, mansões neoclássicas suas casas debruçadas sobre o penhasco de onde se tem uma vista magnífica do mar Egeu. Vimos suas igrejas, seus campanários brancos, tavernas, comércio em geral e vistas magníficas. Aqui ficamos pouco tempo, mas o suficiente para sentir o fervilhar de turistas, suas casas brancas, muitas admiravelmente construídas a prumo, e também o belíssimo artesanato oferecido nas inúmeras lojas e tendas de Santorini.

       Descemos, com o ônibus pela estrada de asfalto, enquanto alguns excursionistas foram ver o trem elétrico e experimentá-lo. Às 21h00 navegaremos rumo a Pireus o mais movimentado porto da Grécia. Hospedagem o Hotel Continental Athenae.

Sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Chegamos no porto de Pireus, na cidade que foi criada em 1493 A.C, às 7 h. Este porto fica a 8 km do centro de Atenas. Nosso motorista se chama Dakos e nosso guia Temístocles.

No caminho para o Hotel, no ônibus, Temístocles fala português e nos dá as primeiras informações sobre Atenas cuja fundação de Atenas é pré-histórica.

“Atenas é uma das mais antigas cidades da Europa, fundada no século VIII A.C, e sua história é bastante ligada a história da Grécia, sendo de fundamental importância desde os tempos da Grécia Antiga. Atenas na Antiguidade era uma sociedade não militarista, em oposição a Esparta e se destacava das outras cidades gregas, por ter adotado a democracia”.

       A Grécia tem 11 bilhões de habitantes sendo que 97% são ortodoxos e 3% são católicos. Temístocles fala sobre a guerra de Independência que a Grécia moveu e venceu contra o Império Otomano. O povo grego revoltou-se no século XIX (1821-1829) contra o Império Otomano conduzindo à independência do Sul da Grécia, com a integração da península de Peloponeso.

“A bandeira da Grécia baseia-se em nove listras horizontais iguais de azul que alternam com branco. Existe um quadrado azul no canto superior esquerdo da tralha, designado por cantão, que contém uma cruz branca.”

A cruz simboliza a ortodoxia grega, a religião tradicional do país, e cada uma das nove listras corresponde a uma sílaba da frase ‘Liberdade ou Morte’… A língua grega remonta há 3 500 anos, e o grego moderno preservam muitos elementos de seu antecessor clássico”.

       A Grécia tem 80% de montanhas e 19% de terra cultivável. A fragmentação geográfica da Grécia ocasionou sua fragmentação política. As cidades gregas se combatiam entre si. A união entre as cidades só existiu quando o inimigo era externo. 

       Temístocles nos diz, com toda a convicção e autoestima que no Mundo Antigo todos eram súditos. No entanto, aqui em Atenas há a ideia de cidadão: em vez de obedecer, o cidadão é chamado a discutir, opinar e filosofar. Os Gregos não tinham um rei ou uma rainha. Eles viviam em cidades-estados. Cada cidade-estado era uma unidade política independente. O cotidiano da cidade grega de Atenas era diferente do cotidiano de Esparta ou Corinto. Os gregos falavam a mesma língua, acreditavam nos mesmos deuses, descendiam dos mesmos povos e se reconheciam como Gregos. Os gregos referiam a si próprios como cidadãos da sua cidade-estado. Cada cidade Estado (polis) tinha personalidade, objetivos, leis e costumes próprios.

Às 8h15 passamos pelo litoral do mar Egeu e vimos o “Estádio Paz e Amizade” criado para as Olimpíadas de 2004. Os nazistas, diz-nos Temístocles, não bombardearam Atenas e sim Pireus.

Hitler dizia que os nazistas eram descendentes dos antigos Gregos. Passamos pela Fundação Onassis, pelo Planetário, por muitos estádios e Temístocles fala, com muito pesar, dos estádios que foram feitos para as Olimpíadas e diz que a Grécia, hoje, não sabe mais o que fazer com eles. Dê-nos a impressão que o que foi construído para os jogos olímpicos se transformou num grande problema para a Grécia.

Às 8h25, chegamos no Hotel intercontinental Athenaeum. Logo após a chegada à Atenas iniciamos nossa visita à cidade. A turma da excursão percebe que Temístocles é um guia muito preparado e que herdou seu nome do Avô.

O guia nos chama a atenção para o fato que, em todas as dominações, os gregos conservaram sua língua. Ele nos lembra que a Grécia teve 133 anos de Monarquia, 7 de Ditadura e 37 anos de República. Teve 4 séculos de Império Romano, 11 séculos de Império Bizantino. Eles saíram de todas estas dominações falando grego. Outras informações recebidas do guia Temístocles, que dá, em primeiro lugar, sua versão sobre a crise que os gregos estão atravessando. Diz ele: 2/3 dos gregos participaram da festa com dinheiro emprestado e agora todos estamos pagando. Os que estão protestando é porque perderam os privilégios. Temístocles nos fala também que, muitos armadores gregos compram navios de guerra antigos e os doam ao estado grego. Quanto à grande quantidade de carros em Atenas: aqui todos compraram dois carros e já faz 31 anos que há rodízio de carros em Atenas. Hoje não há mais lugar onde estacionar. O ponto zero da cidade é na praça Sindagma.

Fizemos uma parada no Estádio Olímpico Panatinaiko que foi construído no ano de 566 A.C com mármore branco do Monte Pentélico. Este monte tem 1109 m de altitude e é desde a Antiguidade muito famoso por seu mármore, usado na construção dos edifícios da Acrópole.

O estádio Panatinaiko foi reconstruído em 329 A.C. Em 1870 suas ruínas foram restauradas. Em 1895 foi reformado para a realização dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna em Atenas, que aconteceram em 1896. Sua pista tem forma de U e suas arquibancadas têm capacidade para 80.000 espectadores sentados.

Aqui fizemos esta foto com alguns colegas de excursão, no local dos primeiros jogos Olímpicos da Era Moderna. Destes jogos participaram 200 atletas de 17 países.

O guia Temístocles nos conta também que, na restauração que foi feita, 98% do material é novo. Hoje, não poderia mais ser feito, por uma questão: as regras da UNESCO exigem que uma parte considerável do monumento esteja em boas condições, para poder ser restaurado.

        Neste estádio, aconteceu um fato muito importante, uma informação sobre os célebres 42 km da Maratona. Isto tem a ver com as guerras de resistência dos Gregos à dominação Persa. Na planície de Maratona que é uma cidade grega, nas proximidades de Atenas, quando as tropas persas foram derrotadas, na primeira Guerra Médica, em setembro de 490 A.C, conta a lenda que, nesta ocasião, Fidípides foi mandado pelo general grego comandante Milcíades, a correr os 42 quilômetros que separavam a planície de Atenas para anunciar a vitória grega. Após chegar a este estádio e anunciar a vitória dos gregos sobre os persas, com a frase: “Alegrai-vos atenienses, nós vencemos”, Fidípides caiu morto, devido ao esforço feito. A corrida de 42 km da planície de Maratona, terminou aqui neste estádio, onde estávamos neste momento. É realmente emocionante estar aí, revivendo em espírito, este evento histórico. Na Segunda Guerra Médica os gregos, nove anos depois, comandados pelo general Temístocles, derrotaram novamente os Persas, na segunda Guerra Médica. A Acrópole foi construída após a destruição que fizeram os Persas e foi Péricles que convenceu os cidadãos a construir a Acrópole.

       São 9h10 e estou observando, à direita do ônibus os banhos romanos. Temístocles continua: aqui existem 24 igrejas bizantinas dos tempos medievais. Passamos pela avenida da rainha Sofia. E sobre o símbolo da Grécia que é a Coruja, Homero quando falava dizia: “Atenas = olho de Coruja vê na escuridão”. Continuo a olhar e escutar a explicação do guia: aqui vejo uma catedral católica, estilo neoclássico, que está sendo reformada. Ao lado, a Academia de letras (associação ligada à pesquisa).

       E aqui um fato interessante: em Atenas, no verão não chove.

       Na Segunda Guerra Mundial, Atenas teve por três anos e meio, a ocupação nazista, na qual, cerca de 300 mil civis morreram de fome e outros tantos faleceram em decorrência de atrocidades, bombardeios etc.

       A Acrópole de Atenas é a mais conhecida e famosa Acrópole do mundo. Embora existam muitas outras Acrópoles na Grécia, o significado desta de Atenas é tal que é comumente conhecida como “A Acrópole”, sem qualificação. É uma colina rochosa de topo plano que se ergue 150 metros acima do nível do mar, e abriga algumas das mais famosas edificações do mundo antigo, como o Parthenon e o Erecteion.

“A Acrópole de Atenas foi construída por volta de 450 A.C., sob a administração do célebre estadista Péricles; foi dedicada à Atena, deusa padroeira da cidade. A maior parte das estruturas da Acrópole de Atenas estão em ruínas; entre as que ainda estão de pé, estão o Propileu, que é o portal para a parte sagrada da Acrópole; o Parthenon, templo principal de Atenas; o Erecteion, templo dos deuses do campo e o Templo de Athena Nice, simbólico da harmonia do estado de Atenas”.

       Passamos pelo bairro Plaka, o mais antigo de Atenas, rodeando a Acrópole.

        Agora vamos para a Acrópole, onde ficaremos 2h30.

       Lá em cima, havia muito a admirar e lá embaixo estavam outras ruínas. Olhar e admirar é o que pudemos fazer neste passear por estas incríveis estruturas, em ruínas.

        Depois da visita à Acrópole, no meio de uma multidão de turistas, descemos o morro e nosso guia Temístocles continua a nos falar sobre a Grécia, suas personagens célebres, sua filosofia, e especialmente sobre a cidade de Atenas. Aqui nos diz ele, havia professores de Oratória (Sofistas) que cobravam muito caro pelas suas aulas.

       Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas (discursos, etc) para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação. O foco central de seus ensinamentos concentrava-se no “logos ou discurso”, com foco em estratégias de argumentação. Os mestres sofistas alegavam que podiam ‘melhorar’ seus discípulos, ou em outras palavras, que a ‘virtude’ seria passível de ser ensinada. Protágoras (481 A.C.-420 A.C.), Górgias (483 a 376 A.C.), e Isócrates (436 a 338 A.C.) estão entre os primeiros sofistas conhecidos. […]”Sócrates perguntava muito para que as contradições de seus interlocutores viessem à tona. Sócrates dizia de si mesmo: “Eu só sei que nada sei”. Ele era ignorante e sabia disso. (Epistemologia = o estudo do conhecimento e de seus muitos limites).

       Nosso guia Temístocles nos fala da família do filósofo Sócrates e também, nos conduz pelas ideias filosóficas, com muito interesse e conhecimento. O pai de Sócrates era pedreiro e escultor. A mãe era parteira. (Sócrates funda a Maiêutica – Maia.)

“Criada por Sócrates no século IV A.C., a maiêutica é o momento do “parto” intelectual da procura da verdade, no interior do Homem. A autorreflexão, expressa no ‘nosce te ipsum’ – “conhece-te a ti mesmo” – põe o Homem à procura das verdades universais que são o caminho para a prática do bem e da virtude. A maiêutica é um método que consiste em “parir” ideias complexas a partir de perguntas simples e articuladas dentro dum contexto”.

       A filosofia faz o que a parteira faz, para a criança a nascer: confiança na educação pois o homem pode melhorar a sua educação. O culto estabelecido entre os gregos não fala de moral, nem de escrita sagrada. De moral falam os cristãos, os judeus e os muçulmanos. Os filósofos falam em ética = forma de ser feliz. Todo ser humano tenta ser feliz. E todos acham que vão ser felizes, associando felicidade com atividade. (Comer, dormir, beber e via voluptuosa). Filosofar é uma atividade feliz. É ser autossuficiente.

       Aqui na Grécia, nos diz o guia, não havia clero, nem sacerdote e nem juiz fixo. Por esse motivo, o ateniense não se transforma em fanático. Os gregos não faziam guerras religiosas. Todos tinham acesso ao poder, mas não muito. E continua a falar nosso guia Temístocles: a palavra Lógica nasce na Grécia no século VI A.C. O alfabeto grego é do VIII século A.C. Aqui na Grécia não havia verdades reveladas. A harmonia depende da matemática. No universo há beleza e harmonia, onde há matemática por baixo. Aqui na Grécia, o Ser Humano é a medida de todas as coisas. Enquanto a humanidade obedecia, aqui na Grécia se discutia. Na Renascença Italiana, o homem volta a ser a medida de todas as coisas. Os gregos não admiravam profetas e nem mártires. Admiravam os heróis e os sábios virtuosos, que eram os que no seu trabalho eram bons. Sapateiro sábio, por exemplo.

Sobre as construções e as imensas pedras sobrepostas, mostra como os construtores juntaram as pedras de mármore: havia um pivô de madeira, impermeabilizado com chumbo que ligava as pedras. Muito interessante!

        Saímos do Parthenon às 12 horas e chegamos ao hotel Continental. Após às 13 h, tomamos o Train 5 (metrô de superfície) e fomos até a praça Sindagma. Num lado da praça, bem mais alto está o lindo edifício do Parlamento. De lá caminhamos pelo calçadão até a catedral. Após, caminhamos em direção à praça Sindagma e encontramos uma manifestação de jovens que faziam protesto contra a crise que a Grécia estava atravessando. Realmente era o momento de muita crise e havia muitos atenienses que engrossavam o grito, clamando por mudanças. Voltamos ao nosso hotel às 17 horas e fomos descansar pois o dia havia sido cansativo.

Sábado, 1º de outubro de 2011

Levantamos às 7 horas e antes de me dirigir ao restaurante para o café matinal, trabalhei 15 minutos no computador (por 5 euros). Aqui em Atenas, teremos dois dias inteiramente à nossa disposição para conhecer esta cidade, sua história com seus monumentos, museus, praças, transportes etc.

No saguão do hotel Intercontinental Atheneum, nosso guia Leclercq organiza os passeios e vende as excursões para os que decidem pagar por elas.

       São 10 horas e Edésia e eu resolvemos  tomar o Train 5, para ir até o fim da linha, para conhecer um pouco mais a capital da Grécia, olhando despreocupadamente esta nova paisagem com a oportunidade de parar em diferentes lugares e da mesma forma retomar depois para um novo trajeto. O Train 5 é uma espécie de bonde elétrico que possibilita parar em qualquer lugar, conhecer e admirar o lugar e retomá-lo novamente, depois. O bilhete serve por algumas horas. É uma forma muito barata e interessante de conhecer a cidade. Esta forma de conhecer os diversos aspectos da cidade, existe também em Nova York e certamente em muitas outras cidades modernas.

       Foi interessante este passeio, quando, com olhos de plena atenção, víamos paisagens bastante diferentes das nossas. Estamos nas costas do mar Egeu e aqui não havia areia na praia, só seixos relativamente grandes. Muito boa a sensação de estar vendo um mar lindamente azul e nós, inteiramente livres para admirá-lo.

       Ao retomar às 11h15 com o Tram 5, vendo pelo caminho muito da cidade e também muitas marinas, desembarcamos na praça Sindagma, ponto final deste Traim.

Junto a nós estava também uma companheira de excursão, Hilda e com ela fomos ao restaurante Ioakh (Istaca), às 13h15, e fizemos o pedido: bacalhau com purê ao molho de alho. O prato estava muito gostoso e bem preparado.

Como adoro bacalhau, curti este momento em companhia, muito agradecida à Vida que me prodigalizou estar aí, neste momento. Depois do almoço planejamos conhecer o Museu de Arqueologia. Fomos para a Praça Sindagma e orientadas por Demétrius (um grego que falava italiano) pegamos o metrô rumo à estação Amônia, e de lá, com a linha verde fomos para a estação Vitória. A partir desta estação caminhamos mais 5 minutos e chegamos ao imponente Museu de Arqueologia. Em frente ao museu uma paisagem muito interessante: árvores verdes carregadas de limões.

“O Museu Arqueológico Nacional de Atenas, ligado ao Ministério da Cultura da Grécia, é um dos mais importantes Museus do mundo. Originalmente o Museu se destinava a abrigar os achados nas escavações empreendidas no século XIX, na própria cidade de Atenas e arredores, mas gradualmente passou a ser enriquecido com peças provenientes de outros locais. Em 1890, Ioannis Dimitriou doou parte do que hoje constitui a Coleção Egípcia, e em 1893 o acervo da Sociedade Arqueológica também passou para o Museu. Do século XX em diante uma multiplicidade de peças que vêm sendo trazidas à luz por novas escavações, tem sido integrada ao acervo, que atualmente conta com mais de 20 mil itens que oferecem um abrangente panorama da civilização grega desde seus primórdios na Pré-história até o fim da Idade Antiga. No museu há inúmeras coleções”.

       Saímos do Museu de Antropologia ás 16h30 e fomos a um restaurante perto da praça, passar bons momentos conhecendo o ambiente e arredores. De lá saímos após saborear um café com pãozinho muito gostoso. Pegamos o metrô e às 18h30 estávamos no nosso hotel. Foi um dia muito bem aproveitado!

Domingo, 2 de outubro de 2011

       Levantamos às 6 h a após um ótimo café em companhia do grupo, saímos em excursão rumo ao Canal de Corinto na Península do Peloponeso. A excursão custou 100 euros ou 145 dólares. No caminho conhecemos Micenas, a planície da Argólida, o centro de artesanato, o túmulo de Agamenon.

Iniciando a viagem aprendemos como guia algumas palavras em grego:

Kali=boa;

mera=dia;

kalioraxi= apetite;

talassa=mar;

fos=luz;

fósforo= carrega a luz;

parakalô= por favor; ;

poli= muito;

polis= cidade;

efêmero= dura pouco;

efkaristó= muito obrigado;

pagomeno= muito frio;

cerveja= bira(veio de fora)

Crassis= misturar ;

idiota= privado;

idiossincrazia= a mistura particular de cada um;

vinho=eno; enografia

Estamos numa autoestrada que vai para Tessalônica e agora acabamos de mudar de autoestrada. Passamos perto do teatro de Epidauro, que é o nome de uma cidade da Grécia antiga, situada às margens do mar Egeu, na Argólida.

Lá Esculápio, o deus da medicina, tinha um santuário que atraia doentes à procura de cura, do mundo todo. Há um teatro ao ar livre bem conservado. Aqui mais explicações sobre a excelente acústica do Teatro de Epidauro – Grécia.

       O vilarejo de Epidauro, próximo da cidade grega de Corinto, na época da construção do teatro, era um importante entreposto comercial e religioso. Construído na primeira metade do século IV a.C, pelo escultor e arquiteto grego Policleto, o Teatro de Epidauro se caracteriza pela notável acústica, que permite que um simples e discreto estalo com os lábios ou um pequeno suspiro seja ouvido até a última de suas vinte fileiras ou, ainda que os eventuais treze mil espectadores (essa é a capacidade atual do teatro) não perca um único fragmento de tais sons. Exagero? Não! Quando o homem usa sua inteligência para o bem, ele é capaz de feitos grandiosos, onde inúmeras gerações se lembrarão, com nostalgia, de todos os seus maravilhosos feitos. Os estudiosos atribuem ao formato semicircular e anfiteatral do teatro de Epidauro essa excelente acústica. Os sermões realizados por Jesus Cristo a grandes multidões são capazes de atestar tal feito, visto que eles eram realizados, muitas vezes, em anfiteatros naturais, como encostas de colinas.

       No trajeto, o guia Temístocles nos fala de diversos assuntos: fala dos dois livros mais lidos na Grécia: a Helíada e a Odisséia, escritos por Homero, onde ambos, com riqueza de detalhes, reconstituem a civilização grega. Passamos pelos bairros novos de Egaleo e Aidar, criados após a troca de minorias. Aqui também, não houve a construção de muitas Mesquitas por ocasião da passagem da dominação romana para a dominação Otomana. Foram aproveitadas as igrejas cristãs, às quais se juntavam minaretes e eram assim transformadas em Mesquitas. Quanto à arquitetura, Atenas ficou fora do estilo barroco e Rococó, pois estava sob a dominação turca, nos diz Temístocles. No século XIX as construções seguiram o neoclássico.

       Agora são 9 horas e estamos passando pela maior clínica neurológica da Grécia. Depois vimos um mosteiro do século XI, construído em cima de um templo de Apolo; também vemos uma igreja Bizantina construída três séculos antes da Igreja Salvador in Chora.

       Um pouco de Antropologia: O sol nas línguas mediterrâneas é masculino. Na Alemanha o sol é feminino.

       Continuando nosso trajeto, à esquerda vemos o mar Egeu. Vemos indústria de construção com aço e cimento, construída com o dinheiro do plano Marchal, em 1950. Neste tempo aconteceu um fato interessante: era uma obsessão dos gregos abandonar as ilhas e ir para Atenas. Em 1960, 40% da população grega está em Atenas, e os filmes começaram a apresentar Atenas ao público nos garante nosso guia. Passamos pela Ilha de Salamina, que fica muito próxima de Pireus. É famosa pela batalha de Salamina, quando os gregos derrotaram os persas; esta ilha é hoje procurada pela beleza das praias e pela diversidade de bares na orla. O segundo melhor guerreiro de Salamina chamava-se Ajasc. Na Grécia começou o humanismo, o direito de pensar ganhou espaço. E falando sobre teatro nosso guia Temístocles nos informa: “Os Persas” é uma obra teatral sobre Salamina. “Não há nada de bom na Guerra” – literatura pacifista.

       Às 9h20 passamos pela cidade de Mégara que era uma cidade-estado da Grécia Antiga, situada no lado norte do estreito de Corinto, na Ática. Importa lembrar que Bizas, fundador de Bizâncio saiu de Mégara. A cidade de Bizâncio depois denominada Constantinopla no período romano, se transformou na cidade cristã mais rica e culta daquele tempo.

       Às 9h40 passamos pelo segundo pedágio e às 9h43 chegamos no canal de Corinto que faz a passagem entre o Mar Jônico e o mar Egeu na península do Peloponeso. A beleza e imponência desta obra grandiosa, iniciada por um engenheiro francês e terminada por um engenheiro turco, fascinaram a todos. Suas a águas profundas de azul turquesa, conduzem os barcos e navios entre dois mares.

       O canal possui 6,3 km de comprimento, e foi construído entre 1881 e 1893. Torna a locomoção de barcos pequenos na região mais fácil, uma vez que elas assim não precisam dar a volta em cerca de 400 km, em torno do Peloponeso. A primeira tentativa de construir um canal na região, aconteceu no ano de 67 da era cristã, em uma tentativa realizada pelo Imperador romano Nero, que ordenou a seis mil escravos escavarem a região usando pás. No ano seguinte, Nero morreu e seu sucessor, Galba, abandonou o projeto, por ser caro demais.

       Aqui neste canal de Corinto nos esperava a possibilidade de ver praticar um esporte deveras perigoso, pois os mais corajosos, se jogam da altura do canal, acompanhados de equipamento adequado e com a supervisão de especialistas, que lhes garantem segurança. Uma adolescente, participante do grupo iria se lançar a 80 m, com cordas, do alto para o canal. Após toda a preparação, quando estava com toda a aparelhagem em dia, a turista desistiu, para alívio de todos e especialmente de sua mãe. Na verdade, isto é assustador! Ficamos um bom tempo admirando esta fantástica obra de engenharia. Corinto, uma rivalidade comercial com Atenas , possuía dois portos e era uma cidade muito rica . Aqui se encontrava, também, o santuário da deusa Afrodite, a deusa do Amor. 

       Em 146 a.C a cidade que era conhecida por sua imensa riqueza foi destruída pelos romanos, liderados por Lúcio Múmio. Dizem que ele quando ele entrou na cidade, matou todos homens e vendeu as mulheres e crianças como escravos; depois disso, ele incendiou a cidade. Essa batalha marcou o fim da resistência grega contra Roma, e iniciou a era conhecida Grécia Romana. Cem anos mais tarde, em 46 A.C., Júlio César decidiu reconstruí-la, tornando-se assim a capital da província romana da Acaia. Depois de destruída, Júlio Cesar mandou fazer uma Corinto Romana, cosmopolita. Em 51A.C. aqui chegaram muitos judeus, expulsos de Roma pelo Imperador Cláudio. São Paulo esteve um ano e meio em Corinto em meio à deusa do amor e falou sobre o Amor Cristão: Eros= amor sensual; Filia= amor de amizade; Ágape= amor substancial, incondicional. Paulo queria transmitir este amor, nos diz nosso guia Temístocles. Em Corinto, São Paulo falou de Jesus na sinagoga e escreveu diversas epístolas. Escreveu aos Tessalonicenses e de Éfeso ele escreveu para os Coríntios. Paulo escreve na célebre epístola aos coríntios, capítulo 13, a tão conhecida: “Se eu tivesse…, mas não tivesse Caridade seria…”. Foi muito emocionante viver estes momentos aqui.

       São 11h15 e estamos ainda na península do Peloponeso. Temístocles nos fala sobre do filósofo Diógenes, o cínico, pois ele andava de dia, com uma luz acesa, procurando um “Homem”. Ele encontrou-se, enquanto estava na rua, com Alexandre, o Grande, quando o Imperador emocionado ao conhecer o famoso filósofo, perguntou se havia algum favor que ele poderia fazer por ele. Diógenes respondeu: ‘Sim, destacam-se do meu sol’. Alexandre então declarou: ‘Se eu não fosse Alexandre, então eu deveria desejar ser Diógenes’. Em outro relato da conversa, Alexandre encontrou o filósofo olhando atentamente para uma pilha de ossos humanos. Diógenes explicou: ‘Eu estou procurando os ossos de seu pai, mas não pode distingui-los dos de um escravo’. Diógenes dizia: ‘Os Coríntios comem e bebem como se fossem morrer amanhã e fazem casas como se fossem viver sempre’.

       Às 11h30 passamos perto do Porto de Epidauro, na velha Epidauro e às 12 h, estávamos em frente ao estádio Epidauro, um estádio para 12 mil espectadores, construído no século IV. A nova cidade de Epidauro fica a 10 km da antiga. Este teatro fica perto do Santuário ao deus Askelepio (Esculápio) protetor da medicina.

“Nós escolhemos como nosso patrono Esculápio, porque um de seus talentos de cura foi o tratamento através do toque”. Assim, Esculápio pode ser visto como um dos fundadores da agora chamada medicina alternativa.

Quanto ao estádio de Epidauro, é o teatro grego mais bem conservado e tem a melhor acústica.

Quanto a ótima acústica, algumas explicações: embaixo da orquestra há túneis, a cavidade na montanha foi escolhida pelo homem; a atmosfera é árida e por isso o som vai mais longe e, enterraram grandes barris de terra cota para o efeito do eco.

       Almoço foi no lindo restaurante Agamenon, especialmente preparado para receber os turistas.

1º prato: com patê de berinjela e carne, 2º prato: salada e carne de carneiro. Saímos do restaurante e às 15 horas deste domingo.

       Depois adentramos às ruínas do centro de Micenas.

“No segundo milênio A.C., Micenas foi um dos maiores centros da civilização grega era uma potência militar que dominou a maior parte do sul da Grécia. O período da história de cerca de 1600 a cerca de 1100 A.C. é chamado Micénico ou Micênico em reconhecimento à posição de liderança de Micenas”.

       Chegamos a Micenas, um sítio arqueológico que se localiza no nordeste do Peloponeso como podemos ver acima, no mapa da Grécia. A cidade de Argos fica a 11 km para sul; Corinto, 48 km para norte. Às 16 horas, subimos uma colina para conhecer e visitar o túmulo de Agamenon. Lembro-me que foi com emoção, que, admirei, a verde planície da Argólida, cheia de árvores frutíferas.

O guia Temístocles falou-nos muito sobre Micenas.

       Nestas redondezas foram encontrados, nos diz Temístocles, 600 túmulos. Quarenta túmulos foram escavados na rocha. Nove túmulos monumentais são em forma de colmeia. Estes túmulos têm: 1) um caminho 2) uma fachada 3) uma sala funerária. É muito emocionante, ver, o interior do túmulo. É como se fosse uma grande colmeia, sem colunas que possam sustentar a imensa abóbada.

       Após a visita nossa excursão parte para conhecer uma exposição de cerâmicas, onde a antiga arte em cerâmica, foi recuperada da Antiguidade já faz 40 anos. É emocionante pensar que estes artistas conseguiram recuperar a antiga técnica.

       São belíssimas obras de arte que não nos cansamos de admirar. Às 17 h estávamos na exposição destas lindas cerâmicas, de muito tipos e cores. Havia também uma grande sala com ícones em ouro e prata. Visitamos a exposição, e também verificamos que muitas peças são enfeitadas com meandros. Meandros é o nome de um rio com muitas curvas e se tornou, para esta cultura da Grécia antiga, um símbolo da vida eterna. Tanto que meandros enfeitam muitas obras de arte.

       Às 18 h estamos voltando! Em meia hora estaremos no Intercontinental Atheneum. Temístocles nos fala dos padres da Igreja Ortodoxa. Diz-nos que aqui nunca se formou um clero. Antes de ser sacerdote a pessoa pode casar. Depois não. São muito misturados com o povo e cada um fica na sua classe social e  sempre andam de batina. Temístocles nos fala das 4 tribos gregas: jônios, Dórios, Aqueus e Eólios. Temístocles nos fala sobre o transporte na Grécia e nos diz que aqui há poucos trens, pois é um país montanhoso. Quanto ao clima, Atenas tem 4 dias de neve a cada 10 anos.

Às 18h15 passamos por um Porto e uma Refinaria. Um dado muito interessante em Atenas, é que em quase todas as casas e edifícios, há energia solar. É impressionante este fato. O gasto com esta energia solar se amortiza em dois anos.

       Chegamos finalmente ao nosso hotel Intercontinental Atheneum!

Segunda-feira, 3 de outubro de 2011

       Levantamos às 6 horas e depois de um ótimo café no lindo hotel Continental, saímos de ônibus, às 7h35. Nosso destino é o aeroporto. No caminho meus olhos contemplam a paisagem: no alto está a catedral de São Jorge; à esquerda o Parthenon e depois o monumento de vidro (7 toneladas de vidro) representando um atleta em movimento.

Às 8 horas passamos por uma passarela estaiada e o sol estava brilhando maravilhoso. Sucessivamente, neste país montanhoso, passamos por 4 túneis até chegar ao aeroporto. No voo TK, saímos às 10h30 com destino a Istambul, com chegada prevista para as 11h50. 

Após ótima refeição no avião da Turkisch Airlines chegamos a Istambul. Lá esperamos 2 horas para passar pela polícia e finalmente, tomamos o ônibus e chegamos ao hotel Divan às 14h45.

       Nesta tarde saímos, Edésia e eu para conhecer a praça Taksim e as ruas do centro. Nessa praça há o monumento ao general Ataturk, em homenagem à vitória da independência da Turquia. Havia por perto também, uma igreja ortodoxa que gostaríamos de visitar, mas estava fechada. Edésia e eu fomos a um restaurante onde pedimos uma Pizza de cogumelos com um copo de vinho no valor de 36 liras turcas – R$ 36,00. Voltamos ao hotel Divan e fomos descansar.

Terça-feira, 4 de outubro de 2011

       Neste dia teremos a opção de conhecer uma célebre igreja de arte bizantina: Igreja de São Salvador em Chora.

“A Igreja de São Salvador em Chora, Mesquita Kariye, Museu de Chora ou Museu Kariye é considerada um dos mais belos exemplos de uma igreja bizantina e está situada no Oeste, no distrito de Edirnekapı, em Istanbul. No século XVI, a igreja foi convertida em uma Mesquita pelo Império Otomano  e tornou-se um Museu, em 1948.”

“O interior da construção é coberto por mosaicos e afrescos. A igreja foi inicialmente construída fora dos muros de Constantinopla, ao sul do “Corno de Ouro”. Contudo, quando Teodósio II construiu suas Muralhas, a Igreja se tornou parte da cidade”.

Os mosaicos são os exemplos mais brilhantes da Renascença dos Paleólogos. A dinastia paleóloga foi a última dinastia do Império Bizantino e governaram até 1453, quando os turcos tomaram Constantinopla.

       Quanto à fundação desta última dinastia do Império Bizantino:

“O Imperador Aleixo I Comneno, fundador da dinastia dos Comnenos, pediu ajuda ao Papa contra os turcos. A Europa Ocidental respondeu com a primeira Cruzada (1096-1099). Embora, em um primeiro momento, o Império tenha se beneficiado das Cruzadas, recuperando alguns territórios na Ásia Menor, estas precipitaram sua decadência. O Imperador Miguel VIII, Paleólogo, recuperou Constantinopla das mãos dos latinos em 1261 e fundou a dinastia dos Paleólogos, que governaram até 1453”.

       Os turcos otomanos, em plena ascensão, conquistaram o resto da Ásia Menor bizantina no princípio do século XIV. Depois de 1354, ocuparam os Balcãs e finalmente tomaram Constantinopla, o que representou o fim do Império, em 1453. Contudo, a tradição intelectual bizantina não morreu em 1453: os eruditos bizantinos que visitaram a Itália durante os séculos XIV e XV, exerceram uma forte influência sobre o Renascimento italiano.

Quarta-feira, 5 de outubro de 2011

       Levantamos às 5h30 e às 6 h estávamos tomando café no hotel Divan. No aeroporto alguns foram receber o imposto sobre as notas do que haviam comprado. Passamos pelo free Shopping. Havia muitos doces turcos para experimentar e muito mais para vender. Vi perfumes mas achei melhor fazer estas compras em São Paulo. Tomei um café por 7 liras turcas, descartando, assim, o que restava do dinheiro turco.

       Às 9h40 estávamos no gate 218 para o embarque com a Turkisch airlines. São 11 h e o avião está taxiando para partir.

       Às 12 h estamos sobrevoando Korfu, a ilha grega. Passaremos pela Calábria, no sul da Itália, por Trípoli, depois Dakar na África. São 20h40 hora de Istambul e o avião ultrapassou Recife e Salvador. Em São Paulo são 14h40.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

       Nesta excursão, foi importante não só rever estes lampejos da história do Império Romano e a do Império Otomano e também a história da Moderna República da Turquia, mas também saber que foi nestas regiões que se desenvolveu o Cristianismo primitivo e isto fala muito alto aos nossos ouvidos de cristãos.

Foi uma viagem inesquecível pelos conhecimentos adquiridos e também os conhecimentos relembrados com a oportunidade de visitar os respectivos lugares, conhecendo e vendo in loco a história antiga e cultural. As admiráveis paisagens, foi algo que será lembrado sempre com muita satisfação.

       Quanto à excursão da Queensberry, foi adequada e proveitosa, com guias muito bem preparados nos orientando na Turquia e também em Atenas e Ilhas Gregas. Os colegas da Excursão com quem confraternizamos de modo especial durante o Cruzeiro, foram especiais. Conhecer Atenas com sua Acrópole e demais monumentos, conhecer o Canal de Corinto na Grécia e visitar a Capadócia na Turquia foi maravilhoso! Foram muitas as emoções!!!

Obrigada à VIDA!

Anita Moser

6 Comentários

  • Salvelina da Silva

    Esta é a minha querida amiga Anita. De modo fluente, coloquial e surpreendente, ela aproveita o que há de melhor nas palavras e com sabor, elegância e simplicidade vai dirigindo o nosso olhar e levando-nos a grandes extensões de conhecimento e de aprendizado enquanto nos desvenda lugares e histórias. Ela não se contenta em permanecer na superfície e vai aprofundando e tornando importante detalhes e particularidades dando-lhes brilho e destaque. Obrigada, querida Anita, por este belo, elucidativo e abrangente relatório. Parabéns por esse admirável trabalho. Salvelina

    • Anita

      Querida Salvelina, eu agradeço tuas palavras cheias de sabor, simplicidade e elegância. Foi muito bom ler o teu texto! Percebi que teceste uma poesia, para falar sobre o processo desenvolvido neste relattório, para que esta viagem a regiões tão ricas de história, trouxessem para nós, um pouco do muito conhecimento que a cultura milenar lá construiu. Muito grata, Salvelina!

  • Elisa Maria Machado Lima

    Estimada Anita,
    Parabéns por mais uma publicação preciosa de detelhes e conhecimentos. Sinto-me honrada por ler suas viagens e visualizar toda beleza e magia das suas fotos. Sempre fico muito encantada com suas viagens, muito obrigada pela sua generosidade de compartilhar com todos. Abraços carinhosos, de sua amiga, Elisa.

    • Anita

      Querida Elisa, obrigada por teu depoimento, onde afirmas que ficas encantada e que te sentes honrada por poder ter acesso aos relatórios dessas viagens. Visualizas também toda a beleza e magia das fotos e agradeces a generosidade do compartilhamento destes trabalhos. Eu fico muito feliz por saber que o que foi feito no intuito de aproveitar melhor o conhecimento que cada viagem pode nos propiciar, encontram em ti, tanto eco.
      Receba meu abraço!

  • Evanilda Teixeira

    Anita, fantástica viagem, ler seus relatos é na verdade viajar um pouco nesta maravilhosa história, ainda mais tendo como fundo musical “Café Anatólia”, musica árabe que me encanta.
    Gratidão amiga, é sempre um prazer desfrutar das suas experiências.

    • Anita

      Querida Evanilda, com este teu depoimento posso imaginar-te, viajando nesta História Antiga, como dizes, ao som da música “Café Anatólia”, que tanto te encanta.
      Fico maravilhada e feliz ao saber, que a ti como a mim também, o relembrar desta história nos trouxe tanta satisfação. Receba meu abraço

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