Ásia,  Oriente,  Oriente Médio

Viagem para Dubai, Abu Dhabi, Índia e Nepal

Viajar alimenta a alma!

“Bem, por si só, viajar enriquece o espírito e aprimora a cultura. Além disso, desembaça nossa visão, acentua nossa educação em como ‘ver’ e ‘perceber’ povos, culturas e costumes. Conhecer outros países, cidades e povos amplia para o bem a nossa maneira de enxergar e compreender o mundo. […] Viajar deslimita nossos próprios e limitados horizontes, atenua nossa tendência natural à pretensão e ao preconceito que (quase) todo ser humano carrega consigo”.

          Na véspera de partir para o Oriente Médio, passando por Dubai e Abu Dhabi nos Emirados Árabes Unidos e também visitando algumas cidades da Índia e do Nepal, havia em mim uma grande expectativa! Tinha a certeza de que esta viagem seria uma fonte de aprendizado, de vivências e de enorme enriquecimento do espírito! Eu agradeço por mais esta oportunidade que a Vida me proporciona!

          Deixo aqui breves dados históricos sobre as primeiras regiões que visitei no Golfo Pérsico, ou seja, Dubai e Abu Dhabi no país dos Emirados Árabes Unidos.
Sabemos que no século XVI, os que procuravam pérolas construíram algumas pequenas povoações nesta região do Golfo Pérsico. Eram mergulhadores, principalmente de Veneza, em busca das preciosas pérolas. No século XVIII, diversas tribos árabes ocuparam a região. Em 1793, a tribo Bani Yas assumiu o poder político e se estabeleceu em Abu Dhabi. No século XIX, outra tribo de beduínos se deslocou de um oásis no interior, para o litoral e aí começou, propriamente, a colonização de Dubai. Eram os “Al Maktoum”. Esta colonização se dividiu em duas partes: a maior indo para Abu Dhabi e a menor indo para a região do “Creek” em Dubai. A dinastia “Al Maktoum” ainda hoje no poder, assumiu o controle da região em 1833 e Dubai se tornou um Emirado Árabe independente. Em 1835, Dubai assinou um acordo marítimo com a Inglaterra e submeteu-se ao protetorado britânico, em troca de se manter afastado dos turcos – otomanos. Na virada do século, o vilarejo havia se tornado uma cidade de 10.000 habitantes.
Da indústria de pérolas à exploração do petróleo no Golfo Pérsico.

“Durante o século XIX e o início do século XX, a indústria de pérolas prosperou, proporcionando renda e emprego para o povo do Golfo Pérsico. Isto começou a se tornar um bom recurso econômico para a população local. A Primeira Guerra Mundial teve um severo impacto na pesca de pérolas; no entanto, foi a depressão econômica no final da década de 1920 e início da década de 1930, junto com a invasão japonesa das pérolas cultivadas, que destruiu a indústria da pérola. A indústria finalmente desapareceu após a Segunda Guerra Mundial, quando o recém-independente governo da Índia impôs altos impostos nas pérolas importadas dos Estados árabes do Golfo Pérsico. O declínio das pérolas resultou em uma era muito difícil, com poucas oportunidades de construir uma boa infraestrutura”.

          Por todos estes motivos esta indústria da extração de pérolas, finalmente foi desaparecendo.

O início da era do petróleo

          Depois de 1930, esta cidade de Dubai que até então era conhecida pelas pérolas que exportava, começou a ter outros motivos para se dar a conhecer ao mundo: a primeira empresa petrolífera realizava pesquisas preliminares. O petróleo que foi descoberto em 1966 começou a exportação em 1969. Em 1971, os sete Emirados, sob a coordenação de Alteza Sheik Khalifa Bin Zayed Al Nahyan, formalizaram uma federação e adotaram o título “Emirados Árabes Unidos”. Com o aumento das receitas do petróleo, Zayed, o Governador de Abu Dhabi, empreendeu um programa de construções: escolas, moradias, hospitais e rodovias.

          Os sete emirados que formam o país dos Emirados Árabes Unido são: Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah.
          Os Emirados Árabes Unidos são um membro fundador do Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo Pérsico e um membro da Liga Árabe. A nação também é membro da Organização das Nações Unidas, da Organização da Conferência Islâmica, da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e da Organização Mundial do Comércio. Em 1973, foi criada a moeda dos Emirados Árabes Unidos, o Dirham.
          O tempo passou e hoje, Dubai, além de ser um local estratégico de passagem, tornou-se num importante lugar para as trocas comerciais e financeiras. Nas últimas duas ou três décadas, Dubai tem sofrido um desenvolvimento impressionante e os petrodólares permitiram que esta pequena cidade de mercadores de pérolas, se tornasse uma cidade exuberante, com imensos arranha-céus deslumbrantes, casas e hotéis de luxo, para alojamento dos turistas. Este lugar continua a crescer e a se transformar ano após ano. Dubai é a cidade mais populosa dos Emirados Árabes Unidos (EAU) com aproximadamente 2.262.000 habitantes, conhecida mundialmente por ser extremamente moderna e “futurista”. Dubai usa a energia solar e nuclear. Cidade governada, desde o século XIX, pela dinastia Maktoum, tem como atual governante Mohammed bin Rashid Al Maktoum que é também o Primeiro-Ministro e Vice-Presidente do país dos Emirados Árabes Unidos. A exploração de petróleo atraiu um grande número de estrangeiros para o país, como resultado, menos de 50% da população dos Emirados Árabes, são árabes. Há grupos de trabalhadores indianos, paquistaneses, iranianos e sul asiáticos. Devido à riqueza do petróleo, todos os serviços sociais de educação, transporte e saúde são gratuitos para a população. A educação primária é obrigatória.
          O desenvolvimento das grandes cidades no deserto nos chama a atenção. No entanto, há vozes que também fazem críticas quanto à criação de cidades no deserto: Rogerio Maestri afirma que “Dubai está em rota de colisão com o futuro por diversas razões: entre outras coisas, a engenharia e arquitetura usadas em suas obras não tem preocupação com a sustentabilidade, pois, para os projetos, estão sendo contratados grande arquitetos europeus e norte-americanos que desenvolvem uma arquitetura própria de lugares frios, fazendo pequenos pirotecnias para satisfazer o público geral. Para o deserto, lugar extremamente quente, deveria ser criada uma arquitetura completamente diferente do que o resto do mundo.”
          Quanto à religião na região dos Emirados Árabes Unidos, podemos constatar que a maioria da população é de muçulmanos sunitas, mas há minorias cristãs, hindus e muçulmanos xiitas.

Brasão de Armas e bandeira dos Emirados Árabes

 

RELATÓRIO DE VIAGEM

Conhecendo nos Emirados Árabes Unidos, a região de Dubai e Abu Dhabi

 7 a 21 de março de 2013

 

7 de março – quinta feira – Apresentação no aeroporto em Guarulhos–SP
          A partir da compra do pacote de viagem através da “Plazatur”, partimos de Florianópolis, nesta excursão organizada pela empresa europeia “Transmundi”, numa quinta-feira, às 17h10, num voo da TAM. Estamos acompanhados por Fernanda, sócia-proprietária da empresa Plazatur. Chegando no aeroporto de Guarulhos – São Paulo, às 18h, lá esperamos 1h pelas malas e mais 2h para fazer o check-in.

          Saímos no voo da Emirates às 1h30 da madrugada. O dia de descanso dos árabes, sexta-feira, para nós o dia da Mulher, foi passado nas alturas de 11.000 metros, voando São Paulo – Dubai, durante horas de tranquilo voo. Às 2h45 da madrugada, serviram-nos o jantar: ovos mexidos, espinafre, cogumelo, (tudo quentinho). E mais: pão croissant, manteiga, queijo, doce de uva, suco, salada de fruta. Tive a impressão de que estava voando na saudosa antiga Varig, tão especial era o atendimento. Como grupo da excursão estávamos sentados próximos uns dos outros. Nas poltronas número 43, estávamos Marialva, Fernanda da Plazatur e eu. Às 7h as aeromoças passam oferecendo água, sucos etc. Falei com a aeromoça, natural de Belo Horizonte e pedi a ela uma água tônica, quando fui prontamente atendida. Na TV à nossa frente, era possível ver filmes, shows ou acompanhar o trajeto em diagonal, que o avião estava fazendo, entre São Paulo e o golfo Pérsico. Pelo voo de nosso jumbo, o Oceano Atlântico já estava ficando para trás e às 8h30 da manhã, no meu relógio (hora local 12h28), estávamos sobrevoando a costa ocidental da África, pelas alturas da cidade de Lagos na Nigéria. Em seguida foi servido o almoço: Salmão, espinafre, purê, salada, vinho, pudim. Tudo muito bem preparado, bem condimentado e oferecido por aeromoças que tinham uma vestimenta “sui generis”: vestiam um tailleur e na cabeça, usavam um quepe com duas franjas brancas de seda, caindo nos ombros, aludindo à vestimenta das mulheres árabes.
          A viagem de 14h chegou a seu final quando o avião aterrissou num pouso tranquilo saudado com uma salva de palmas por todos, em homenagem ao ótimo desempenho dos pilotos. Estávamos em Dubai! No meu relógio eram 15h, mas aqui em Dubai já eram 22h (7 horas a mais, devido ao fuso horário) e já era bem escuro. No aeroporto internacional de Dubai, saindo do avião, o primeiro impacto foi se defrontar com a beleza, a grandeza e a suntuosidade do aeroporto internacional de Dubai. Realmente deslumbrante!

          No aeroporto vimos os primeiros árabes vestidos de alvíssimas túnicas que lhe iam até os pés. Com a cabeça coberta com um pano branco amarrado com um cordão, tinham como calçado, grandes e fortes chinelos ou sandálias brancas, de couro. Pelo quadro à esquerda vê-se que, os árabes, na Arábia Saudita, têm um traje um pouco diferente dos árabes dos Emirados.

          O aeroporto internacional de Dubai é o maior aeroporto do Oriente Médio e a Emirates Airlines é a principal companhia a operar neste aeroporto, cujo proprietário é o Sheik Ahmed Bin Saeed Al Maktown, membro da família real governante. Nos informaram que este Aeroporto Internacional de Dubai será complementado pelo Aeroporto Internacional “Al Maktoum”, que ajudará a lidar com o fluxo de viajantes no futuro, com capacidade para 120 milhões de passageiros por ano. Com esta mesma empresa Emirates viajaremos, após alguns dias, até Nova Delhi, capital da Índia.
          Após preencher os formulários exigidos, passamos pela polícia federal. As filas de passageiros, embora imensas, desapareceram rapidamente, devido ao pronto atendimento de inúmeros funcionários. Vidal, nosso guia brasileiro que trouxe os excursionistas do Rio de Janeiro, se apresenta e em seguida nos leva a um local de câmbio, no mesmo aeroporto. Trocamos 100 dólares por 345 dihrams. Em outro local de câmbio, alguns excursionistas receberam 361 dihrams por 100 dólares. (Neste caso, o segundo não cobrava o imposto).
O tempo passou e nosso relógio já marcava 23h30. Estávamos no ônibus que nos levaria ao Holiday in Hotel, e recebíamos as primeiras orientações, enquanto esperávamos a colega Maria da Glória, que estava sendo atendida por médicos da Emirates, pois havia se sentido mal durante a viagem.
          Antes de sair para buscar Maria da Glória, o guia Vidal anuncia o programa do dia seguinte. Este começaria com um “city tour” às 9h. Pede pontualidade!
          Também nos apresenta a nova guia brasileira Viviane, que inicia falando sobre sua vida em Dubai e nos dando outras muitas informações! Gaúcha de Santa Cruz do Sul é casada com um piloto da antiga Varig. Como muitos ex-pilotos da Varig, este também trabalhou no exterior. A família permaneceu quatro anos na China e agora Viviane está trabalhando em Dubai. Seus filhos frequentam a escola aqui. Viviane fala sobre as peculiaridades da vida e da cultura de Dubai. Afirma que estamos no deserto e aqui não chove. Uma chuva é sempre exceção e foi o que aconteceu na nossa chegada. No inverno, como agora, a temperatura é amena. Todas as flores, plantas e todo o verde é continuamente aguado pelo processo de gotejamento. A água goteja através de mangueiras que chegam a cada flor e a cada planta. Isto, em toda a cidade e também ao longo das autoestradas. Há uma companhia de dessalinização de água do mar, cujo dono e administrador é um dos filhos do Sheik que governa Dubai. Quanto à alimentação, aqui está é muito condimentada e apimentada. Nós não temos condições culturais para consumir este tipo de alimento. Nos hotéis cinco estrelas, a alimentação é internacional. Os muçulmanos não comem carne de porco. Sua tradição de beduínos do deserto os levaram a ter estes hábitos alimentares. As leis islâmicas só permitem o consumo de bebidas alcoólicas nos hotéis. Fora destes locais, a lei seca para todos. A língua inglesa é o idioma corrente nos distritos financeiros, hotéis, bares e restaurantes. Aqui, no verão, o calor chega a 50 graus. Há ar-condicionado em todo lugar, até nos pontos de ônibus. A descoberta do petróleo, responsável por toda esta transformação, aconteceu na década de 1960 e sua exploração comercial na década de 70. Todo o dinheiro do petróleo foi investido aqui. As grandes construções são do ano 2000 e 2005. Quanto à origem dos atuais habitantes de Dubai, 80% são estrangeiros e pertencem a 200 nacionalidades diferentes. Aqui só se trabalha com contrato de trabalho. Todos têm colégio para os filhos e seguro de saúde. Nesta cultura o homem pode ter até quatro mulheres, se der a todas o mesmo tratamento. As mulheres árabes não trabalham. Quando estão no espaço público, vestem a chamada Abaya, uma vestimenta de cor preta, que lhes cobre o corpo. Os homens árabes vestem túnica branca e tem um pano cobrindo-lhes a cabeça, firmado com um cordão. Eles trocam de roupa a toda a hora. Sua vestimenta branca não pode ter nenhuma mancha.

          Nas construções e no trabalho em geral trabalham indianos, paquistaneses, afegãos, filipinos e de muitas outras nacionalidades. Todos vêm para cá sem as suas mulheres e suas famílias. Com todas essas informações de Viviane já nos sentimos no clima de Dubai. E a guia continua: o atual governante de Dubai, Mohammed bin Rashid Al Maktoum, é também o Primeiro-Ministro e Vice-Presidente do país dos Emirados Árabes Unidos. A cidadania Emirates não passa para a esposa, só para os filhos. Dubai tem o maior shopping do mundo: é o “Dubai Mall” junto à torre mais alta do mundo, a “Burj Dubai”. E termina falando sobre a gasolina aditivada que aqui custa R$1,00.
          Após estas explicações da guia brasileira Viviane, finalmente chegam nosso guia Vidal, Maria da Glória e Fernanda. Maria da Glória fez exames em aparelhos sofisticados no aeroporto Emirates. De cadeira de rodas e bem-humorada, recebe os nossos abraços.
Nosso ônibus então parte para o hotel “Holiday Inn Dubai Al Barsha”, um hotel muito agradável e arquitetonicamente bonito, como se vê na foto abaixo.

          Há grande número de funcionários, de muitas origens e muitos países, todos se comunicam em inglês e são muito atenciosos. Ao lado do hotel há um Mall. (Shopping).
O programa para os três dias que vamos permanecer é o seguinte: no primeiro dia, faremos um city tour de 4 horas e a tarde será livre. No segundo dia visitaremos o Emirado de Abu Dhabi e a Grande Mesquita Sheik Zayed, a Mesquita mais linda do mundo, dizem! Abu Dhabi é o nome de sua cidade capital e também é a capital do país dos Emirados Árabes. No terceiro dia teremos a manhã livre e de tarde, faremos um Safári pela parte do deserto ainda preservado, onde apreciamos o pôr do sol, com ceia nas costumeiras tendas dos beduínos do deserto. Antes da janta poderemos conhecer e fazer também a experiência de andar de camelo. E assim terminava nesta sexta-feira, nosso primeiro dia de chegada a Dubai.

9 de março – sábado – Dubai
          Após o merecido descanso e café da manhã, iniciamos este primeiro dia em Dubai, enquanto nossa colega Maria da Glória, minha companheira de quarto ficou descansando no hotel. A guia Viviane, no ônibus, antes de sair para uma visita à cidade, nos dá mais algumas informações: aqui o céu é sempre azul. Nunca chove! Este ano, choveu um dia, em fevereiro. No lugar onde estamos agora, era tudo um grande deserto. Só se começou a construir no ano 2000 e logo foram levantados edifícios incríveis. Em 2005 foi construído o célebre Burj-Al-Arab Hotel, representando um barco a vela, e também o Jumeirah Beach Hotel lembrando uma onda.
          Sobre o Burj-Al-Arab Hotel, projeto monumental em forma de barco a vela, com 320 m de altura, algumas informações a mais: há recepção em todos os andares, brigadas de mordomos, sete estrelas e seis restaurantes – um deles, localizado sob o mar. É opulência e luxo em todos os sentidos, com uma visão deslumbrante da praia de Jumeirah. As diárias têm preços assustadores, que começam em US $627, mais 20% de taxas.

          A fruta oficial dos Emirados é a Tâmara que aqui se vê por toda a parte e que a tamareira começa a dar fruto em maio e junho. Todas elas são irrigadas por gotejamento.
          E vendo os jardins de Dubai, a pergunta que nós fazemos é a seguinte: como pode existir esta exuberância de folhagens verdes e milhares de flores, num sol quente do deserto?

          A resposta é simples: muito empenho e muito trabalho e muita água. Em pleno deserto, o processo de gotejamento resolve o problema. Há muitas flores em Dubai, lindos e grandes jardins que nos impactam. Qualquer folha verde e qualquer pequena flor destes jardins, recebem por uma rede de mangueiras, o precioso líquido da água do mar, dessalinizada. Isto tudo é fantástico de se ver.
          Em Dubai há uma ilha artificial, em forma de palmeira. Uma segunda ilha artificial com o mesmo formato da palmeira já está em construção, em estágio avançado. Está prevista a construção de uma terceira ilha artificial neste formato e uma ilha em forma do planeta, com o desenho do Mapa Mundi.
          Nosso tour à cidade de Dubai, neste dia, dará destaque a lugares muito interessantes como a Mesquita “Jumeirah Bastakia”, o Forte de “Al Fahid” com o Museu, o Mercado do Ouro e das Especiarias e o Centro Moderno. Dentro do ônibus, enquanto escutamos as explicações dos guias, observamos a paisagem da moderna cidade de Dubai. Às 8h40 passamos pelo Jumeirah Beach Hotel (edifício cuja estrutura imita uma onda)!

          Em toda a parte, vêem-se muitas tamareiras. Meu pensamento enxerga que tudo isso era um imenso deserto, mas as marcas da areia ficaram e estas não nos deixam esquecer esta realidade, hoje, completamente, transformada. Às 9h20 estávamos, neste passeio pela cidade, observando as construções e a maioria delas são em cores pastéis e tem muros altos que protegem as casas, mas especialmente, para as mulheres não serem vistas. A não exposição das mulheres é cultural. Às 10h passamos pela mais antiga e bonita Mesquita, a Jumeirah Bastakia, a mais importante de Dubai por dois motivos: por sua impressionante arquitetura e por ser a única Mesquita em Dubai, que permite a entrada de não muçulmanos.

          A todas as mulheres visitantes exige-se que ao entrar, cubram sua cabeça com um véu. A guia nos informa que, à noite, a verdadeira beleza desta Mesquita é realçada, quando a mesma se encontra iluminada.
          Neste tour pela cidade passamos pela parte antiga, no bairro Satwa. Aqui há casas muito boas, em estilo árabe. A região vizinha de Jumeirah Satwa é simples e envolvente, mais conhecida por suas lojas de tecidos e excelentes alfaiates. Porém, até mesmo para este baluarte da antiga Dubai, está sendo planejada uma reconstrução radical, já que é a área com maior potencial imobiliário da cidade, nos garante o guia. O ônibus faz uma primeira parada na praia Jumeirah onde podemos sentir e admirar as areias brancas do golfo Pérsico. Havia turistas na praia e ali perto, lá estava o célebre edifício em forma de barco, o Jumeirah Beach Hotel.
          Fiz esta foto para marcar este lugar bonito.

          A segunda parada de nosso ônibus foi na região histórica, conhecida como o Creek, onde se pode observar o fenômeno geográfico do mar que avançou para o deserto e o dividiu em duas partes. Foi nesta região do Creek, a parte antiga da cidade, que começou realmente Dubai.

          Lá havia uma grande movimentação de moradores e comerciantes com os “dhows”, embarcações de madeira que também fazem o frete de mercadorias a inúmeros países vizinhos como Irã, Índia, Iraque e alguns países africanos, através de seu pequeno porto que se estende por boa parte do canal.
Há, também, muito charme no ir e vir das “abras” que são táxis aquáticos, que levam turistas a fazer o passeio pelo mar do Creek. Nós fizemos um passeio com as “abras” pelo canal e nas fotos se pode avaliar o prazer de estarmos neste lugar histórico.

          Foi muito interessante e muito agradável este passeio de barco, com os colegas da excursão, curtindo paisagens no local da histórica e antiga Dubai. É realmente muito bom estar aqui e fazer este passeio imperdível.
          Às 10h45, fomos conhecer outra construção da cidade antiga, no bairro Al Fahidi. Trata-se do Forte do mesmo nome que foi construído em várias fases. Lá visitamos o “Dubai Museu”, que reconstrói também os primeiros tempos dos homens do deserto de Dubai.

          No forte visitamos o “Dubai Museu”, onde havia muitos turistas neste interessantíssimo e muito completo museu.
Logo na entrada, vemos uma tenda típica, uma amostra de como era o interior de suas moradas no deserto. Foi muito interessante poder conhecer este museu com inúmeras cenas da vida doméstica e comercial do deserto e do mar.

          Neste local com duas janelas, podemos ver que na parte inferior ficam os quartos. Na parte mais alta em forma de cubo fica o antigo “Split”, por onde entrava o ar que refrescava a casa. É a chamada “Torre do vento”.

          Ao longo da história o forte que fica no bairro Al Fahidi teve diversas finalidades: serviu como a sede do governo, a residência do governador, como uma loja de munições e como uma prisão.

Deixo aqui este texto explicativo sobre este importante bairro:

“Neste bairro Al Fahidi, Dubai ainda preserva um pouco do tempo em que era apenas ponto de apoio para o comércio no Golfo Pérsico à beira do Dubai Creek. No bairro histórico de Al Fahidi, é possível ver como era a cidade no início do século XX. As construções tradicionais ajudam a entender um pouco mais sobre o modo de vida na região antes da descoberta do petróleo. Andar por entre as casas em tons de areia de Al Fahidi nos remete direto ao período em que Dubai preservava o modo simples de vida”.

“O pequeno bairro é repleto de casas com grandes “torres de vento” que permitiam a passagem de ar e funcionavam como um arcaico ar-condicionado. As paredes espessas ajudavam a preservar a temperatura e os jardins no centro das construções aliviavam o calor com um pouco de sombra. As casas onde antigamente viviam moradores, hoje estão repletas de galerias de arte, pequenos museus especializados, restaurantes, deliciosos cafés e lojas descoladas. O bairro se tornou um delicioso passeio em meio à imensidão da moderna Dubai. À noite, Al Fahidi é ainda mais convidativa e os restaurantes são boas opções de passeio”.

          Foi muito esclarecedor conhecer as atividades da vida cotidiana e simples do deserto, num tempo não muito distante dos dias atuais. Valeu a pena a visita!  Dentro do museu há também uma grande loja com todo o tipo de mercadorias e possíveis lembranças que todo turista gosta de comprar.

10 de março – segunda-feira – Dubai e Abu Dhabi
          Após um ótimo café da manhã no hotel, saímos às 8h30, para conhecer no Emirado (principado) Abu Dhabi, a Grande Mesquita. Neste trajeto passamos por “Sandi German Hospital”, onde nossa colega Maria da Glória foi atendida e internada. Havia muitos médicos e o atendimento, além de ter sido rápido, foi muito bom, nos afirma Vidal. Os preços também foram exorbitantes!

Ao passar pelas altas torres Jumeirah Tower, nossa guia gaúcha, nos diz que mora numa dessas torres.

         Passamos, depois, pelo local onde fica Battuta Mall, mas não entramos neste momento. Vidal nos informa que o poderemos visitar na volta quando depois, podemos voltar de trem de primeira classe ou de táxi até o nosso hotel. O horário do último trem é às 23h30. Há também um trem que é só para mulheres. E aqui há uma novidade para nós: os táxis de cor rosa são dirigidos só por mulheres e estas só podem levar mulheres e crianças. Ao ouvir isso, senti segurança!

          Às 8h45, estamos visualizando a Usina de dessalinização da água.
          Estamos nos dirigindo a outro emirado, Abu Dhabi, a cidade que é também a capital dos Emirados árabes.
          Aqui no mapa abaixo é possível identificar geografia e as diversas construções e locais característicos do conjunto de ilhas que formam Abu Dhabi.

“Abu Dhabi é a capital dos Emirados Árabes Unidos e também o maior de todos os Emirados com uma área de 67.340 quilômetros quadrados, equivalente a 86,7% da área total do país, excluindo as ilhas. Tem um litoral que se estende por mais de 400 quilômetros e é dividido para propósitos administrativos em três regiões principais. […] A primeira região cerca a cidade de Abu Dhabi que é a capital do Emirado e a Capital Federal. O líder político dos Emirados Árabes Unidos reside neste mesmo local. Os edifícios parlamentares nos quais o Gabinete Federal se encontra, com a maioria dos ministérios federais e instituições, as embaixadas estrangeiras, as instalações de radiodifusão estatal e a maioria das companhias de petróleo também ficam situadas em Abu Dhabi […] Arquiteturalmente falando, a cidade também é um lugar fascinante onde foram preservados edifícios mais velhos como Mesquitas pequenas, que se situam confortavelmente na sombra de arranha-céus modernos e futurísticos”.

          Campus da Universidade de Zayed que foi criado em 1998, pelo governo federal.

          Durante o trajeto até Abu Dhabi passamos por uma fazenda de camelos. A paisagem apresenta uma vegetação rala e muito dura, própria para a alimentação dos camelos.
Hoje o leite de camela está em moda e pode ser consumido acompanhado de chocolate.
          Às 9h35 passamos pelo cartaz onde está o retrato do Sheik Zayed.

          Sheik Zayed Bin Sultan Al Nahyano é sempre lembrado e é também muito venerado como pai da nação. Em 1973, chamou os outros Emirados para formar o país que se chamou, em 1971, Emirados Árabes Unidos. Aqui em Abu Dhabi, que também é a capital do país dos Emirados Árabes, vive o Presidente dos Emirados Árabes Unidos.
          Passamos também por uma grande fila de tamareiras todas ligadas entre si por mangueiras, de onde goteja a água necessária para a árvore crescer e dar os saborosos frutos no deserto.

          Hoje é domingo e aqui todos trabalham, pois, para os muçulmanos, o dia sagrado é sexta feira. Cartazes com retratos dos membros da família real estão em toda a parte, ao longo das estradas.
          O que chama a nossa atenção na cidade de Abu Dhabi é o seu aspecto futurista. Aqui há uma ilha de nome Saadiyat Island, de 2700 hectares, situada a 500 metros da cidade e ilha de Abu Dhabi. Esta ilha é objeto de um importante projeto de desenvolvimento para turismo de massas e promoção da cultura. Aqui estão sendo construídos seis grandes museus. Abu Dhabi terá o seu Louvre! Para esta empreitada são chamados os arquitetos mais famosos do mundo.
          Às 9h45, ao longo do caminho, vimos tamareiras com cachos novos, de cor verde-claro. Quanto ao processo de plantar as árvores da tamareira, elas são transplantadas já grandes, com 20 anos. Neste processo, as folhas superiores são cortadas e uma corda as liga, enquanto a árvore tem tempo de se fixar no solo. É muito interessante o processo de plantar as tamareiras.
Aqui vemos também verduras hidropônicas.
          Neste caminho, entre Dubai e a Mesquita Sheik Zayed, às 10 h avistamos o maior prédio comercial do mundo, que imita uma concha. No país com vocação marítima, esta admirável obra de engenharia nos surpreende e nos encanta pela beleza e a criatividade que expressa. Muito interessante!

          É o Aldar HQ, localizado na entrada da capital Abu Dhabi, é o primeiro arranha-céu com formato de círculo do planeta.

          Logo em seguida, nossos olhos de plena atenção, visualizaram, ao longe, a Mesquita Sheik Zayed, objetivo principal de nossa ida à cidade de Abu Dhabi.
Ela nos impressionou por sua grandiosidade: toda branca, com muitas e grandes cúpulas e altíssimos minaretes! A maior Mesquita do mundo e a mais bela, foi inaugurada em 2007 e nomeada em homenagem ao falecido Sheik Zayed Bin Sultan Al Nahyano, fundador dos Emirados Árabes Unidos. Ao chegar, aguardamos no ônibus a oportunidade de ver de perto esta belíssima obra de arquitetura islâmica.

          Em meio a muitíssimos turistas, sentimo-nos privilegiados e muito agradecidos por estar num lugar de tanta grandiosidade. Antes de adentrarmos o templo, ainda nas redondezas da Mesquita, esperamos receber o traje que, aqui, todas as mulheres devem vestir, para poder adentrar ao templo.
          Recebemos e vestimos a Abaya, uma túnica preta de seda e lá mesmo, fizemos a foto da turma.

          Como me foi dito, parece que o uso da Abaya começou como uma forma de proteger as mulheres durante as guerras. E assim, vestidas com a Abaya, nos encaminhamos e após tirarmos os sapatos, entramos na Mesquita Sheik Zayed. Impossível descrever a beleza, as dimensões, a decoração e o brilho do lugar.
          Considerada a oitava maior Mesquita do mundo, levou 7 anos para ser construída e tem capacidade de acomodar 40.000 fiéis. Suas reluzentes 80 cúpulas brancas e seus 4 minaretes lhe conferem grande esplendor nesta Mesquita em honra do Sheik Zayed. O mármore utilizado veio de diversos países: Macedônia, China e Itália e foi esculpido por artistas. Há muitos trabalhos feitos com madrepérola e também madeira, o que lhe confere requintes de extrema beleza, além das pedras preciosas e semipreciosas. Seu interior é coberto pelo maior tapete persa do mundo. Mede 5.627 m² e pesa 47 toneladas. Diz nosso guia que para fazer o tapete que cobre todo o chão da Mesquita, 4.000 mulheres trabalharam durante 2 anos e tudo foi feito à mão, resultando em uma obra de extrema beleza, que nos faz muito bem contemplar! O chão é muito limpo e lá todos os visitantes estão descalços.

          Nas verdadeiras obras artísticas que embelezam a Mesquita, há inúmeros lustres e cinco deles são de cristal Swarovski, com 15 metros de altura e 10 metros de largura, cada qual. Há colunas em forma de tamareiras estilizadas, cobertas de folhas de ouro na parte superior. Os minaretes também são cobertos de ouro. Nesta Mesquita, o Alcorão é lido 24 horas por dia. Os mosaicos lá encontrados são de rara beleza. Zayed se encontra enterrado no pátio externo desta Mesquita.

    Saímos da Mesquita Marialva e eu ao meio dia, muito impressionadas com tanta beleza e arte e então fizemos esta foto para marcar este momento bonito!

       Certamente esta visita é um dos pontos altos de um roteiro de viagem a Abu Dhabi.
     Depois de tanto encantamento, sinto a necessidade de fazer uma indagação: onde estão morando os que trabalharam, vindo de tantos países, para que toda esta beleza se materializasse? Sabemos que a observação da realidade só é verdadeira e completa, quando se colocam os dois lados da questão, assim como nós mesmos, só seremos inteiros e verdadeiros se, nosso ao lado de nosso brilho estiver sendo aceita e reconhecida também nossa sombra. Essa importante e fundamental realidade humana me foi relembrada no curso que fiz, de 2000 a 2002, pela Unipaz, em Florianópolis, SC, durante 24 seminários e diversas imersões.
Talvez seja interessante nos ater a este texto elucidativo:

“País dos Emirados Árabes é uma federação de monarquias absolutas hereditárias árabes. Quanto aos trabalhadores, mal pagos e mal alojados, têm sido submetidos a formas de exploração comparáveis às vigentes durante a Revolução Industrial, sendo muitas vezes obrigados a trabalhar sob temperaturas que podem superar 50°C. São frequentes os casos de suicídio entre os operários. Segundo Sharla Musabih, diretora do abrigo Casa da Esperança, destinado a mulheres vítimas de violência, Dubai progrediu muito economicamente nos últimos 10 anos, mas as condições dos trabalhadores são semelhantes às do século XIX”.
Incrível este texto! Muito triste esta realidade que não aparece!
          Ao sair desta ilha de Abu Dhabi, nós entramos em duas grandes estruturas esportivas de tamanho colossal, o badalado Ferrari World, parque temático da escuderia italiana, nas ilhas Yas e Saadivat. Realmente uma construção espetacular.

          Aqui apresento, outra construção, com grande inclinação espacial, digna de ser vista, entre as inúmeras que nos impactam em Abu Dhabi.

          A torre de Pizza, já não é o edifício mais inclinado do mundo: em sua homenagem foi erguido em Dubai, a torre Capital Gate, construída pela Abu Dhabi Nacional Exhibitions Company e que fará parte de um complexo de exposições da capital. Tem 160 metros de altura e 35 andares.
          Logo, em seguida, entramos no Marina Mall. Lá comprei um produto de beleza da marca “Clinique” acompanhando Marialva que estava procurando este mesmo produto.
Seguindo a excursão, ainda em Abu Dhabi, fomos visitar um espaço digno de ser conhecido, o “Heritage Village”, ou seja , a herança.

          Este Museu contém a herança deste povo, mostrada a todos, com esmerado cuidado e fidelidade à realidade histórica, pois apresenta e relembra a cultura árabe da vida dos beduínos do deserto. Aqui pude ter além de informações sobre a vida e as riquezas dos beduínos, os quadros das profissões próprias deste estilo de vida do tempo do deserto, com reprodução das atividades normais e os personagens de tamanhos naturais.

          As estruturas apresentando estas profissões, mostram o interesse que se tem aqui, para preservar e valorizar a lembrança do tempo passado, em relação ao presente. Museu a céu aberto, o Heritage Village estava com muitíssimos turistas e também muitos homens e mulheres, vestidos com trajes étnicos. Nós aproveitamos para eternizar com uma foto nossa passagem, neste dia, pelo excelente espaço cultural do Heritage.

          Andando por este ambiente bastante grande e eclético, vi, também, algo que me chamou a atenção. Era um quadro que mostrava as 40 espécies de tâmaras, com tamanhos e propriedades diferentes. Lá aprendi mais um pouco sobre as tâmaras, fruta da qual gosto muito
Não resisti e fiz esta foto.

Aqui deixo palavras de esclarecimento sobre esta fruta, dizem que a preferida por Jesus, que no caminho de seu desenvolvimento passa pelas fases: Hababouk, Kimri, Kalal, Routab.

 “Os frutos na sua evolução, vão passando por uma série de fases que, em árabe, têm uma designação própria: Primeira fase – Hababouk – Nesta fase os frutos são ovóides, ainda pequenos e amarelos, amarelos-claros ou amarelos esbranquiçados. Kimri – Nesta fase os frutos atingem o crescimento total, tornam-se alongados, a cor passa pelo esverdeado e no fim estão fisiologicamente maduros. Kalal – nesta fase os frutos tornam-se amarelos, iniciam um processo de perda de umidade, os açúcares redutores da polpa vão diminuindo e aumentando a percentagem de sacarose. Routab – É a última fase. Dá-se uma perda de água muito mais sensível, os frutos tornam-se avermelhados e os teores de açúcar redutores da polpa não excedam metade dos açúcares totais”.

          Os frutos passam a cor castanha, continuam a perder massa pela redução de umidade, os açúcares atingem, na polpa, percentagens de tal modo elevadas que não há possibilidade de haver qualquer fermentação. É no fim desta quinta fase que os frutos atingem a maturação comercial. Os árabes dizem que a tamareira deve ter os pés na água e a cabeça ao sol ardente.

“A Tâmara era a fruta preferida por Jesus de Nazaré”.

          Neste museu, também, não faltou o célebre “Split”, pois era uma construção comum em todo o lugar, muito necessária para minimizar o calor do deserto.
          Às 14h15 saímos deste museu “Heritage Village” e entramos no ônibus que estava estacionado perto de uma Mesquita. Nosso guia voltou a nos informar que em Abu Dhabi, todos podem entrar na Mesquita do Sheik Zayed devidamente bem apresentados, conforme as exigências, o que não acontece nas outras mesquitas. O objetivo? Para que todos possam saber quem foi o fundador dos Emirados Árabes Unidos.
          Na volta de Abu Dhabi, já em Dubai, passamos e entramos em um dos mais bonitos shoppings centers, num local temático, muito interessante que lembra as muitas viagens pelo mundo de Ibn Battuta Mall. É muita beleza e também bom gosto na decoração.

Vale a pena conhecer este majestoso local, que reproduz, em decoração, as viagens de Ibn Battuta (Rihla)!

          O berbere Ibn Battuta, é conhecido no mundo islâmico como o príncipe dos viajantes.
Segue uma explicação histórica sobre alguns feitos do célebre personagem.

“Ibn Battuta (Tanger, Marrocos, 1304 – 1368 ou 1369) foi um explorador marroquino, famoso pelas suas grandes viagens, nas quais visitou boa parte do mundo islâmico de seu tempo, passando pelo norte da África, África Ocidental, África Oriental, Europa Oriental, Europa Meridional, Oriente Médio, Ásia Meridional, Ásia Central, e Sudeste da Ásia. De origem berbere, Ibn Battuta decidiu, com a idade de 22 anos, cumprir o hajj, um dos cinco pilares da fé muçulmana. Juntou algumas poucas economias e partiu para a cidade sagrada de Meca. Gostou da experiência e continuou com o hábito de viajar a locais distantes, prática que manteve por quase três décadas, percorrendo cerca de 120 mil quilômetros, o equivalente a três voltas ao globo. Considerado o príncipe dos viajantes, deixou uma contribuição muito importante, o seu próprio relato, conhecido como Rihla, o gênero literário árabe de descrições de viagem. O texto do andarilho foi narrado por ele a um escriba profissional, Ibn Juzayy, contratado pelo governante marroquino Abu Inan, usando as notas que tomou enquanto esteve longe da terra natal. Seus relatos possuem valor inestimável ainda hoje, em especial sobre regiões pouco documentadas, como a África Ocidental, sobre a qual suas descrições sobre povos, vilas, hábitos, etc. permanecem como fonte principal para qualquer historiador dedicado a construir um panorama daquela região naquele período”.

A divisão do shopping em diversos temas, foi feita, como já foi dito, com base nas viagens de volta ao mundo, de Ibn Battuta, século XIV (China, da Pérsia, Egito, Índia, etc), tendo uma decoração para cada país. Estas nos comovem, tanta é a beleza e o bom gosto de sua apresentação, que podemos afirmar que vale muito a pena conhecer esse espaço. Este foi um dia muito aproveitado e também muito cansativo. Fomos descansar!

11 de março – segunda-feira – Dubai
          Levantei às 9h30, tomei café. Esta segunda-feira foi um dia livre, com exceção de um safari no deserto, à tardinha.
          Às 11h fui para o Shopping “Emirates Mall” que fica perto do nosso hotel. Após passear pelo “Mall”, fui procurar uma comida leve: Isaac, um chefe de língua espanhola, me atendeu. Em uma caixa, alface, carne, pimenta e tomate. Gostei de falar com ele, aprendendo um pouco mais sobre a realidade de Dubai.
          Às 13h voltei para nosso hotel. Nesta hora recebemos a notícia de que nossa colega Maria da Glória, infelizmente, vai voltar para o Brasil. Ficamos conversando com ela no hall do Hotel. Ela irá conosco, amanhã, para o aeroporto, mas embarcará com destino para o Brasil, com a empresa Emirates. Minha colega de quarto não estava bem de saúde. Lamentei! Fui descansar, pois não abro mão, sempre que for possível, da sesta após o almoço.
          Às 15h30 nos prepararmos para fazer o Safári no deserto. A expectativa era grande!
          Partimos em três Toyotas e após 75 quilômetros, ou seja, uma hora de viagem, passando por um verdadeiro canteiro de obras e de lindos jardins floridos, chegamos ao deserto. Sensação boa! Liberdade e imensidão! Dia de sol! Nós estávamos no imenso deserto de Dubai! Fizemos fotos, celebrando a vida.
          Após as exclamações de entusiasmo, novidade e alegria, partimos, novamente, de Toyota para um local com grande quantidade de tamareiras. Lá nos serviram refrigerante e houve a apresentação de um show com um falcão. O pássaro obedecia a ordens de seu adestrador.

          Num ambiente de muitas tamareiras vi que algumas estavam espigando; outras estavam com seus cachos de frutos de cor verde amarelada. No chão, rente ao tronco, havia muita água. Lembrei o que li sobre as tamareiras, “a planta deve ser muito molhada no pé e ter grande quantidade de sol ardente na cabeça”. Espetáculo bonito de admirar!
          Após isto, os funcionários foram “esvaziar os pneus”, ou seja, foram tirar algumas libras dos pneus da Toyota, para poderem fazer o safári no deserto. Descendo e subindo dunas, fomos conhecendo este ambiente, juntamente com muitos outros turistas. A um dado momento vimos um Ônix, ao longe, um animal típico desta região. Após subir e descer as dunas saímos da Toyota para apreciar o tão prometido pôr de sol no deserto. Ficamos esperando muito mais deste pôr de sol, mas as nuvens estavam muito densas. Então, fizemos uma foto com os colegas.

       Na frente da grande tenda, armada para turistas, onde estava arrumando a janta, havia os camelos enfeitados, à disposição dos turistas que quisessem fazer a caminhada de camelo, pelo deserto. Muito interessante!

         Difícil mesmo é suportar o soco que se recebe na coluna, quando o camelo levanta ou se abaixa. É preciso saber disso e estar preparada!!! Não é pouca coisa! O choque é grande! Mais uma experiência!
          Por fim chegamos na tenda dos beduínos preparada para receber turistas, que vem de todo o mundo, para conhecer estas regiões do golfo Pérsico.

          O interior da tenda, na areia do deserto, estava coberto com lindos e grandes tapetes vermelhos. Marcamos o lugar na mesa, onde todos sentavam no chão, como é o costume aqui. Na barraca dos aperitivos experimentamos diversos salgados muito bons. Tomei um copo de vinho tinto seco, como costumo fazer sempre, às refeições.
          Após, fomos jantar, onde nos serviram pasta de grão de bico, carnes, salsa, salada de batata, feijão, arroz.
          No show que foi apresentado em seguida, lá estava muito bonita, uma dançarina elegante, que apresentava, ao som de uma música árabe, a dança do ventre. Muito lindo, inesquecível mesmo! Na tenda, que não tinha cobertura, podíamos ver o céu, cheio de estrelas na amplidão do deserto. Nós, lá estávamos felizes, ouvindo música, observando e curtindo este cenário encantador! Muitos turistas, entre eles, nosso grupo, tiveram a experiência de fumar o Narguilé, tranquilamente. Marialva e eu também tentamos fumar, mas tossimos muito e terminou rápido esta nossa aventura no deserto de Dubai.
          Neste local repleto de turistas do mundo todo, me encontrei e conversei com uma família de gaúchos e no fim, também conversei com turistas italianos de Trento, na Itália, a terra de meus bisavôs. É muito bom poder fazer estes encontros que mesmo rápidos, são significativos. Após o show, embarcamos na Toyota e chegamos às 22 horas no Hotel. Antes de dormir, conversei com Maria da Glória, que havia voltado do hospital e se preparava para viajar ao Brasil. Nossa excursão deixará hoje o Oriente Médio e se dirigirá para a Ásia e lá conhecemos a realidade de algumas cidades do Norte deste imenso país chamado Índia e também do pequeno país que é o Nepal, ambos com grande riqueza cultural.

Rumo à República da Índia, na Ásia

          A Ásia projeta para o sul três grandes penínsulas: a Indochina, a Índia e a Arábia.

          O nome oficial do país é República da Índia, sétimo país do mundo em extensão, apresentando uma área correspondente a um terço do Brasil. Localizada no centro-sul do continente asiático é delimitada, ao norte pelo Himalaia – (a cadeia de montanhas mais alta do mundo) faz fronteira com Paquistão, China, Nepal, Butão, Bangladesh e Mianmar. Desde a sua independência em 1947, “Nova Délhi” é a capital da República da Índia. Esta cidade conta com uma área metropolitana formada por 14 milhões de habitantes, distribuídos entre Nova Délhi e Velha Délhi.

          A bandeira é feita usando um tipo especial de pano chamado Khadi (pano popularizado por Mahatma Gandhi). A cor açafrão da Bandeira da Índia significa coragem, sacrifício e espírito de renúncia, o branco a pureza e a verdade, o verde a fé e a fertilidade e a roda significam justiça.
A Índia abriga a segunda maior população do globo, com mais de um bilhão de habitantes.

“A economia indiana exerce um impacto sobre todo o mundo. A agricultura e a indústria são muito importantes: diamantes, joias e roupas, são importantes produtos de exportação. Apesar disso, a renda per capita média é de apenas US 440. […] Aproximadamente 600 milhões de pessoas vivem em uma situação de extrema pobreza. Com uma população jovem, o governo tem sérias dificuldades para fornecer educação, saúde e alimentação adequadas ao povo. Problemas como analfabetismo, proliferação de doenças e mortalidade infantil abundam no país. A Índia sempre foi uma nação extremamente religiosa e milhares de deuses são adorados em todo o país. O hinduísmo representa a maior parte da população do país, abrangendo 82% dos indianos. O islamismo é a religião de cerca de 12% da população, enquanto o número de cristãos é de aproximadamente 3% da nação.”

          A história da Índia é antiga: uma invasão ariana, ocorrida entre 1500 e 1200 a.C, foi a responsável pelo início da urbanização. A Índia sofreu inúmeras dominações de diferentes Impérios, entre os quais, a do Império Árabe muçulmano. Sabemos que os árabes respeitavam as duas religiões chamadas “do Livro”, ou seja, o judaísmo e o cristianismo e com elas, historicamente, convivem tranquilamente. Mas, ao chegar à Índia, no século VII, onde se adoravam milhares de deuses, os invasores simplesmente dizimaram, com grande violência e crueldade, as populações que não quiseram se submeter. Li na internet e lá vi imagens que me chocaram muito, sobre essa invasão árabe.
          Na verdade, as invasões, as mais das vezes, foram sempre violentas. No entanto, a história oficial não comenta as crueldades e se contenta em relatar o fato de ter havido a invasão. Vale a pena ler sobre estes assuntos.
          Sobre a capital Délhi também houve, no século XIII, a dominação do Império Mongol de Gengis Khan. Uma segunda dominação aconteceu em 1520, século XVI. Baber, invadiu e estabeleceu um novo Império Mongol na Índia, conhecido pelo nome de Império Mogol, da versão persa da palavra “mongol”, para o distinguir das anteriores conquistas desse povo. Baber morreu em 1530, mas o seu Império durou até meados dos anos de 1700.

O poder britânico- a dominação pela Companhia das Índias Orientais.

“Durante a segunda metade de Setecentos, a Companhia das Índias Orientais era a base do poder britânico na Índia. Esta companhia definia a política inglesa na área, apoiando-se na superioridade militar que mantinha, na prática de subornos, na manipulação dos líderes indianos e na desunião dos reinos e principados indianos. A atividade desta Companhia, que desde 1773 tinha um estatuto semioficial de agência governamental, contribuiu grandemente para a subjugação da Índia e de outras regiões do subcontinente, como a Birmânia, provocando, com frequência, a resistência dos colonizados (revoltas sikhs no Punjabe, entre 1845 e 1849) ”.

          Essa dominação das Índias Orientais foi depois substituída pela dominação do Império Britânico. A Rainha Vitória do Reino Unido foi a Imperatriz da Índia de 1876 a 1901. O seu reinado durou 63 anos e foi uma época de grande desenvolvimento industrial. Igualmente, o Reino Unido se transformou em Império Britânico, com possessões coloniais da África até a Índia. E a resistência dos indianos a este domínio britânico se fortificava sempre mais.

A revolta dos Sipaios o primeiro passo para a independência da Índia.

“A  1ª Guerra da Independência’, como é chamada pelos hindus, foi o primeiro passo de uma longa luta pela independência do povo da Índia. As razões para a Guerra começaram muitos anos antes de seu início. Foram três os principais eventos que desencadearam a guerra. O primeiro evento ocorreu quando os líderes da Companhia das Índias Orientais começaram a perder contato com os soldados nativos que foram chamados Sipaios. O segundo evento foi a religião. Os cruzados de Deus, para salvar os “selvagens” povos indígenas, construíram missões tentando espalhar o cristianismo, mas isto criou um tumulto em seu lugar. Em terceiro lugar, a guerra precisava de uma faísca. Ela veio na forma de um novo cartucho de fuzil emitido pela Companhia das Índias Orientais”.

          Este fuzil, criado pelos ingleses, tinha em sua embocadura gordura de animais. Os soldados hindus o tinham que abrir com sua boca e isto provocou revolta, pois isto ia contra sua cultura.

“A rebelião durou dois anos, mas a batalha decisiva ocorreu em um período de seis meses de guerra sangrenta. Quando a poeira finalmente baixou, a Companhia das Índias Orientais já não era mais a dona da Índia, pois a coroa britânica assumira o comando. Numa tentativa de evitar mais derramamento de sangue a coroa britânica decidiu não prosseguir com a expansão da Índia e concordou em não mais escravizar o povo indígena. No entanto, todos os amotinados foram brutalmente executados. Isto terminou o reinado de 200 anos da Companhia das Índias Orientais e iniciou o que seria a busca do povo indiano por seu próprio estado independente”.

          Após a 1a Guerra Mundial, a influência do Reino Unido diminuiu. Em parte, isto ocorreu devido à influência de Gandhi. A total independência do colonialismo britânico foi obtida em 1947, mas como não havia união entre hindus e muçulmanos, a região foi dividida e criaram-se dois países: uma Índia dominada pelo hinduísmo e um Paquistão muçulmano.

A Dominação do Império Britânico

          Aqui considero importante relembrar as consequências sobre a economia da Índia, com a dominação da Inglaterra. O Reino Unido estava no auge de sua revolução industrial e necessitando de mercados consumidores, inundou com seus produtos a Índia, impedindo que a mesma continuasse a ser o que sempre foi: célebre, na fabricação de tecidos de algodão e de sedas finíssimas, que exportava para o mundo.
          Deixo aqui um texto elucidativo, publicado no jornal inglês. Seu autor Karl Marx, em 1853, descreve este processo:

“O ofício de tecer à mão e à roca, que produziram miríadas de tecelagens e de fiações, era o pivô da estrutura dessa sociedade. Desde tempos imemoriais, a Europa recebia os admiráveis tecidos de fabricação indiana, enviando em troca seus metais preciosos e desse modo fornecendo a matéria prima aos ourives, membros indispensáveis da sociedade indiana cujo amor pela bijuteria é tão grande que mesmo os representantes das classes inferiores que andam quase nus, têm habitualmente um par de brincos de ouro e algum ornamento de ouro em volta do pescoço. Os anéis usados nos dedos ou nas orelhas eram também muito reluzentes. As mulheres e as crianças tinham nos braços e nas pernas maciços braceletes de ouro ou de prata, havia estatuetas de divindades em ouro e em prata nas casas. Os invasores ingleses quebraram os ofícios de tecelagem dos indianos e destruíram suas rocas. A Inglaterra começou por excluir os tecidos de algodão indianos do mercado europeu, depois ela se pôs a exportar para o Hindustão o fio e enfim inundou de tecidos de algodão a pátria dos tecidos de algodão. De 1818 a 1836 as exportações de fios da Grã-Bretanha para a Índia aumentaram na proporção de 1 para 5.200. Em 1824 as exportações de musselinas ingleses para a Índia atingiam apenas 1 milhão de jardas, enquanto em 1837 elas ultrapassaram 64 milhões de jardas. Mas no mesmo período a população de Dacca passou de 150.000 habitantes a 20.000. Essa decadência das cidades indianas, célebres por seus produtos, não foi a pior consequência da dominação britânica. A ciência britânica e a utilização da máquina a vapor pelos ingleses haviam destruído, em todo o território do Hindustão, a ligação entre a agricultura e a indústria artesanal.”

          Gandhi iniciou a luta pela independência da Índia em 1919, quando a Primeira Guerra Mundial já havia terminado. A partir desta data, Gandhi colocou em prática seu princípio de resistência não violenta, que já havia sido utilizado por ele, na defesa do povo indiano, na África do Sul. Ao longo das décadas de 1920, 1930 e 1940, Gandhi incentivou a população a realizar ações de desobediência civil, com o objetivo de enfraquecer o domínio colonial da Inglaterra sobre a Índia. Uma das formas de desobediência civil, incentivadas por Gandhi, foi a de motivar as pessoas a produzirem sua própria roupa e a não comprar as roupas produzidas pelos ingleses.
          Outra demonstração de desobediência civil, muito conhecida, foi a “Marcha do Sal”, que aconteceu em 1930. A “Marcha do Sal” foi um desafio direto de Gandhi às autoridades coloniais. Na época, os ingleses proibiram os indianos de comprarem sal que não fosse o produzido pelo Império Britânico, na Índia. Em resposta a isso, Gandhi mobilizou uma multidão, que marchou para uma região litorânea da Índia, onde extraíram e produziram seu próprio sal. Essas atitudes de Gandhi, fizeram com que as autoridades britânicas ordenassem a prisão dele por diversas vezes. A mobilização das massas sob a influência de Gandhi conduziu a Índia à independência em 1947.

Hoje a Índia é uma República democrática e seu nome oficial é República da Índia.

O hinduísmo, as outras religiões e a estrutura social das castas na Índia

          O hinduísmo é a religião da maioria da população na Índia. Junto com o Hinduísmo, há mais três religiões que se originaram na Índia, como dissidências do Hinduísmo. São elas: Budismo, Jainismo e Sikhismo. Outras religiões chegaram à Índia no primeiro milênio depois de Cristo. São elas: Zoroastrismo, Judaísmo, Cristianismo e o Islamismo e que moldaram a diversidade cultural da região.
          A guia explica sobre as castas: mal sai da barriga da mãe, um bebê indiano ganha um rótulo. Entra em uma das 4 castas de uma hierarquia social ditada pelo hinduísmo, que pela ordem tem os sacerdotes ou brâmanes, depois reis e guerreiros (xátrias), mercadores e produtores (vaixás) e servos (sudras). É um esquema que divide o trabalho entre a sociedade e garante que sempre haja um grupo cuidando da religião, da organização política, do comércio e dos serviços.
          Faz tempo que isso funciona assim; praticamente desde 1500 a.C., quando o princípio dessa classificação apareceu nos Vedas, uma série de livros sagrados para o hinduísmo. Os hindus acreditam em reencarnação e acham que o ciclo de nascimento e morte serve para compensar nossas ações: nesta vida se faz, na próxima se paga. Para libertar a alma desse vai e volta ao corpo, é preciso cumprir deveres que beneficiem toda a comunidade.
          Que deveres? Exatamente aqueles que se ganha na hora do nascimento. Só que nem todo mundo se encaixa em alguma dessas castas. As regras não são as mesmas para todo mundo. Na Índia há os excluídos da hierarquia: são os “intocáveis”, conhecidos como Dalits. Para eles, ficaram as tarefas consideradas impuras, que ninguém mais faz, como limpar excrementos. Dalits são considerados tão sujos, mas tão sujos, que ninguém de outras castas deve tocá-los. Não muito tempo atrás, até a sombra deles fazia qualquer brâmane sair correndo para não se contaminar.
          Aqui abaixo um texto esclarecedor:

“Não pense que foram os deuses hindus que jogaram os Dalits na lama. Foi obra do homem mesmo. As castas dos Vedas são reflexo de uma segregação criada por tribos de arianos, que invadiram a Índia na época em que os livros foram escritos. Vindos do Afeganistão e da Ásia Central, eles dominaram a região. E usaram classes sociais para se diferenciar da população nativa, que viam como inferiores. Alguns historiadores dizem que o critério de separação foi raça – os recém-chegados eram branquelos, os de casa eram morenos, negros ou aborígenes. Outros falam que o critério foi o idioma, já que os nativos não se expressavam bem na língua dos novos líderes”.

          Na verdade, os arianos se colocaram no topo da hierarquia, criada por eles mesmos e jogaram os indianos para o fim da fila. A divisão por funções aconteceria pouco depois. É interessante saber que na década de 1950, a Índia declarou todos iguais perante a lei e proibiu o termo “intocáveis”. Infelizmente esta lei das castas aqui na Índia, não pegou.

“Governo, indianos e turistas sabem que a discriminação das castas baixas segue firme e forte, principalmente nas 680 mil vilas da Índia. Em algumas delas, Dalits não podem coletar água do mesmo poço usado pelas castas altas. Não podem frequentar a mesma escola. Não podem entrar nos templos. Não podem cozinhar para os outros. Não são atendidos por médicos em hospitais. São rejeitados por barbeiros. São os únicos a ocupar os cargos de faxina e não conseguem outros empregos além desses. Recebem no chão a comida que compram” […] “Por quê? Porque se eu der a mão a um Dalit, as pessoas da minha comunidade vão achar que vou me contaminar”, diz Sunil Kumar, um guia de turismo de Jaipur, no estado do Rajastão, da casta vaixás. ‘Prefiro me manter longe’. Quase 60 anos depois, o sistema está vivo. Tanto que muito católico e muçulmano adotou a ciranda das castas”.

          Atualmente, existem cerca de 3 mil castas distintas na Índia. A proliferação do número de castas se deve, principalmente, pelo crescimento populacional e também pelo dinamismo e diversidade das atividades produtivas, promovidas pelo crescimento econômico cujo processo se intensificou nos últimos anos. Esse sistema tem como principal característica a segregação social, determinando a função das pessoas dentro da sociedade indiana. Com este pano de fundo, vamos relatar a excursão para a

Visitando a República Democrática da Índia

12 de março – Terça-feira- – Dubai / Nova Délhi
          Neste dia fomos acordados às 5h e às 6h, tomamos o café. Às 7h, partimos para o imenso aeroporto, embarcando com destino à capital da Índia, Nova Délhi, onde chegamos em 2h30. Às 10h30, ao sair do Golfo Pérsico e orientada pela TV, identifiquei no mapa, que estávamos sobrevoando o estreito de Ormuz e aí fiz esta foto, cuja imagem aparecia na tela da televisão.

          Chegamos às 14h45 em Nova Délhi, capital da Índia, após um voo tranquilo. O relógio foi adiantado em 1 hora, por causa do fuso horário e agora temos 8 horas de diferença com o Brasil. Após todos os trâmites costumeiros, fomos trocar dólares pela moeda oficial da Índia: Rúpias. Um ônibus nos esperava para nos levar ao hotel e lá fomos recebidos por um indiano Sikh, que nos ofereceu uma coroa de flores, colocando-a em nosso pescoço. Ficamos impressionados com este gesto que se repetiria muitas vezes aqui na Índia, daqui para frente.
          O guia Vidal começa a nos dar as primeiras informações e entre elas fala da diferença de vestimenta das mulheres aqui na Índia que é o Sári.

“Um dos itens principais no guarda-roupa feminino é o Sári, um longo tecido enrolado ao corpo de diferentes formas, bordados ou não, com medida entre seis e sete metros e usados em praticamente todas as ocasiões e diferenciados pelo tipo de tecido. Ou seja, em ocasiões especiais e festivas, como casamentos, por exemplo, o Sári é confeccionado com tecido tramado com fios de ouro; já os confeccionados em seda seriam comparados ao traje ‘esporte fino’; os confeccionados em algodão são mais usados no verão e os confeccionados em tecidos mais simples são usados em casa. Toda mulher indiana, de todas as classes, tem muita habilidade com o Sári, tanto que as empregadas domésticas fazem todo o serviço da casa usando-o e, por vezes, algumas mulheres vestidas de sári realizam trabalhos braçais apoiando peso na cabeça. O Sári é usado com uma blusa em baixo, compondo um conjunto”.

          Verifiquei depois, durante toda a excursão, que estas roupas que vestem as mulheres hindus, são belíssimas e nesta vestimenta, acrescida sempre com muitas joias e bijuterias, as mulheres ficam muito elegantes.
          Na Índia, continua Vidal, nós vamos visitar diversas cidades e vamos nos locomover de diversas formas: ônibus, trem (1ª classe) e de avião. Aqui o movimento nas ruas é intenso e vocês vão conhecer o táxi, chamado tuk-tuk, conclui Vidal. O tuk-tuk é um triciclo motorizado com cabine para transporte de passageiros.
          Às 17 h estávamos no trânsito muito estranho pois os sinais estavam todos desligados! Ônibus, caminhões, tuk-tuk, bicicletas, motos, vacas, bois, camelos, pessoas andando, uma balbúrdia que ia em todas as direções! No entanto, todos se salvaram como por encanto! Isto era incrível de se ver!
          No caminho para o hotel passamos pela zona das embaixadas: lindos jardins e muitas flores. Aqui parece que é o melhor da Índia! Seguindo o nosso trajeto vemos, também, os edifícios dos ministérios.

“Delhi é formada por duas partes: New Delhi e Old Delhi. A parte nova da cidade é moderna. É onde fica a sede do governo e a área das embaixadas. Lá há muitos militares fazendo a segurança. Avenidas largas e arborizadas que não se parecem em nada com as ruelas estreitas e superlotadas do centro velho. Foi projetada pelo arquiteto Edwin Lutyens. Até hoje essa parte nova da cidade é chamada de “Lutyens’ Delhi”. Sua obra teve força, pois ele conseguiu adaptar o tradicional estilo indiano às características britânicas daquela época”.

“Também há quem diga que, na verdade, houve antes 15 cidades. A única coisa que sei realmente, é que Delhi é uma obra secular formada por incríveis ruínas de cidades medievais, palácios, templos e mausoléus mesclados com prédios modernos. Fascinante !

         Às 17h15 passamos pelo Museu Nacional e lá ao longe, vemos o Portal da Índia.

“A Porta da Índia” é um monumento nacional situado em Rajpath, o coração da cidade indiana de Nova Deli. Homenageia os soldados mortos durante a Segunda Guerra Mundial e nas Guerras anglo-afegãs”.

          Chegamos ao Hotel “Le Meridien”, às 17h45. Fomos recebidos com flores e uma unção na testa: Chandan= sândalo e Tikka= marca. Vidal nos apresenta Anchal, um guia que fala espanhol e que nos orientará nestes dias na Índia.

          Em frente ao hotel, as bagagens e nós também, passamos por uma rigorosa revista pela segurança do hotel. No hall da entrada, entregamos os passaportes e os funcionários nos receberam com uma taça de refresco, nós fizemos um brinde à Vida!.

          Recebi a chave do quarto de número 525, um local muito aconchegante: lençóis alvíssimos. Também havia frutas à nossa disposição e possibilidade de fazer chá e café, etc. Tudo maravilhoso! Tomamos banho e às 18h30 já saímos para a nossa primeira e importantíssima visita: conhecer um templo e um comedor Sikh. Antevemos que seria uma visita muito válida para nosso primeiro encontro com os Sikhismo, uma das dissidências da religião oficial, do Hinduísmo. A guia Anchal nos dá as primeiras informações: o Sikhismo é uma religião monoteísta, nascida dentro do hinduísmo, fundada em fins do século XV, no Punjab (região dividida entre o Paquistão e a Índia) pelo Guru Nanak (1469-1539). Interessante saber que o fundador do Sikhismo, a partir de seus pais, tinha em casa duas religiões, o Islamismo e o Hinduísmo.

“O Guru Nanak possuía hábitos e ações que iam completamente a favor dos menos favorecidos e marginalizados na época, era conhecido por ser complacente e atencioso para com os pobres. O Sikhismo herdou esses valores que perduram até os dias atuais, como a existência integral do Langar ou cozinha comum, onde todos os que desejem se alimentar receberão acesso completo ao alimento oferecido nos Gurdwaras, sem qualquer tipo de distinção social, status ou gênero e o zelo e luta pelo estabelecimento de uma sociedade justa e igualitária”.

          A palavra Sikh significa “disciplina” e também “discípulo”, aquele que quer aprender as coisas da religião e também a palavra. Na organização da religião, não há hierarquização. O fundador pregou uma mensagem de amor e compreensão e criticou os rituais cegos tanto dos hindus quanto dos muçulmanos.
          O Guru Nanak passou a liderança da sua nova religião, a nove Gurus que lhe sucederam. O último Guru vivo foi o Guru Gobind Singh, que morreu em 1708. Durante a sua vida o Guru Gobind Singh estabeleceu a ordem Khalsa (o puro), os soldados santos. As maiores virtudes dos Sikhs são a dedicação e consciência social. O Sikhismo não tem padres ou pastores, estes foram abolidos pelo décimo Guru, pois segundo este, os padres tornaram-se corruptos e egocêntricos.

          Estamos diante de um templo Sikh, chamado Gurdwara, que constitui o local onde se desenrola a vida religiosa dos sikhs. Visitar, diariamente, o Gurdwara é um dever dos sikhs. Pessoas de todas as religiões são bem-vindas aos Gurdwaras. Em cada Gurdwara é possível encontrar uma Langar, uma cozinha comunitária gratuita, onde se servem refeições para todas as pessoas, sejam elas de qualquer religião, casta ou posição social.
          Na Índia, os Gurdwaras levam a cabo as suas principais cerimônias de manhã e sobretudo ao fim do dia, depois dos sikhs terminarem o trabalho. Contudo, os Gurdwaras estão abertos a todas as horas e é sempre possível encontrar neles pessoas a rezar.
          A religião sikh não tem o conceito de dia sagrado ou dia de descanso (como o Shabat no Judaísmo, ou o domingo no catolicismo). As comunidades sikhs dos países ocidentais desenvolveram o costume de celebrar os seus atos de culto ao domingo, mas, meramente por este ser o dia de descanso tradicional nos países onde residem.
          A Guia Anchal continua a nos informar: os filhos dos sikhs serão sikhs: hinduísmo mais islamismo. Os sikhs acreditam nas reencarnações, nos carmas e praticam as cremações. Não creem e não aceitam as castas. Professam que todos os seres humanos são iguais. Não creem em deuses. Não aceitam o celibato. Só tem um guru, que é seu mestre espiritual. Não creem nas imagens, só nas figuras do guru. Não é costume haver matrimônios entre religiões. Os Sikhs são comerciantes. Cada templo tem um comedor (restaurante), e todos podem ajudar a preparar a comida. Mais de 1000 pessoas comem diariamente e nada pagam.

          Chegamos em frene ao Gurdwaras Bangla Sahib, neste primeiro momento em Nova Délhi. Este bangalô que vemos, pertencia ao Raja Jai Singh, um governante indiano no século XVII e era conhecido como Jaisingh Pura Palace. Tinha esse nome porque estava situado em Jaisingh Pura, um bairro histórico que foi demolido para abrir caminho para a zona comercial de Nova Délhi.

          Entramos numa sala especial onde recebemos as necessárias instruções. Primeiramente, tiramos os sapatos e nos foi oferecido um lenço para cobrir a cabeça.
Começamos a subir as escadas, tendo antes passado por um pequeno patamar com água corrente, para lavar os pés. Havia muita gente no templo e tudo estava iluminado. Cantantes entoavam as escrituras. As orações são de manhã e à noite!

          O templo é de todos e, ao seu redor, havia uma grande piscina onde devotos andavam ao redor dela. Nesta noite, lá nós também caminhamos e pudemos observar muito bem este ambiente religioso.
          Ao lado do templo está o comedor, um restaurante e junto a ele, uma grande cozinha onde muitos trabalham, para aprontar a comida: homens, mulheres e crianças. Por outro lado, estão as pessoas que aguardam para se alimentar. É impressionante! Todos esperam sentados no chão, em perfeita ordem e silêncio e a comida é servida em bandejas.

Foi um momento muito forte de vivência das práticas da religião Sikh. Anchal nos informa que os sikhs precisam preencher algumas outras exigências feitas pela religião:

Devem ter 5 itens com k:
1) Kesha – barba
2) Khanga-pente
3) Kara– pulseira
4) Khacha –traje militar
5) Kirpan- para se proteger (espada)
         

Na ocasião desta nossa visita, recebemos uma brochura com outras informações que consegui ler ao voltar da excursão. Muitas de suas normas se opõem ao que crê no hinduísmo e é o caso que eles, por exemplo, condenam veementemente o regime de castas. Os sikhs apresentam, também, um caráter de inovação no que se refere à mulher. Assim escrevem os sikhs marcando a diferença com as crenças do hinduísmo:

“Considera-se que a mulher tenha a mesma alma que o homem. O nascimento de uma menina não é considerado uma desgraça. Entre os Sikhs não há o costume ‘Sati’, quando a viúva é enterrada viva com o marido morto. Ao contrário, uma viúva pode casar-se novamente, se assim o deseja. A mulher pode administrar todas as cerimônias, inclusive o batismo. A mulher é considerada parte significativa da comunidade Sikh.”

O Batismo Sikh

          El Amrit é o batismo que é imprescindível para todos os Sikhs. Não há idade mínima e nem máxima para batizar-se. Qualquer homem ou mulher, de qualquer nacionalidade, raça ou nível social, que aderir aos princípios da fé, tem o direito de receber o batismo e pertencer à comunidade Sikh- a Khalsa Panth. O poder pertence só à comunidade e são proibidos todo tipo de intoxicantes como álcool, tabaco e os seus derivados. O Gurdwara e sua Sarovar, a Lagoa Sagrada, dentro do templo, são um lugar de grande reverência para os Sikhs. É um lugar para congregação especial, no aniversário de nascimento do Guru Har Krishan.

“Guru Har Krishan foi o oitavo dos dez Gurus sikhs humanos. Aos cinco anos de idade tornou-se o guru mais jovem do Sikhismo em 7 de outubro de 1661, sucedendo seu pai, Guru Har Rai, o sétimo guru Sikh”.

Foi interessantíssimo conhecer o templo e o comedor da religião Sikh e lá sentir o ambiente religioso e fraterno. Gostei de conhecer mais este aspecto religioso dessa Índia, tão sagrada. Vimos que cada religião, que é criada a partir do hinduísmo, tem a ver com aspectos reformadores do mesmo!
Após a visita ao templo Sikh voltamos às 20h15, ao hotel “Le Meridien. Tomei banho e fui para a Internet. Em alguns hotéis, a internet estava disponível e em outros não. Preços: meia hora= 225 rúpias ou seja 5,5 dólares. Às 22h30 estava no meu quarto para arrumar a mala, pois amanhã iniciaremos a viagem para o interior da Índia.

13 de março – quarta-feira – Nova Delhi / Jaipur
          Após o café da manhã, nossa excursão segue percorrendo o chamado triângulo de ouro: Délhi, Jaipur, Agra e novamente, Délhi.

Del quer dizer coração! Hoje conheceremos alguns locais históricos na cidade de Délhi que é plana, verde, tem 60 jardins como influência do tempo dos ingleses e aqui não há edifícios altos.
          Às 8h20 estávamos passando, novamente, por um monumento muito importante: o India Gate ou Porta da Índia, construído no tempo da Índia Britânica cujo termo pode ser designado também pelo termo Ra Britânico, “reino”, um período desde 1858, quando os direitos da Companhia Britânica das Índias Orientais foram transferidos para a Coroa Britânica. Em 1947, o Reino Unido passou a soberania para os recém-criados Índia e Paquistão.

          Foi neste lugar, perto do Portal da Índia, que fizemos a primeira parada, num espaço muito bonito. Aqui fomos assediados por inúmeros vendedores, tanto crianças quanto adultos, muito insistentes! Realmente vê-se a pobreza e a carência extrema de parte da população da Índia. Nossa guia, dá dicas de como agir com os inúmeros vendedores que inevitavelmente vamos encontrar em toda a parte: “Se querem comprar algo, peçam para abaixarem os preços e se não querem comprar não falem e nem olhem para eles”. Confesso que essa orientação me impactou: se de um lado considero prático esse comportamento sugerido pela guia, de outro lado, me chama atenção o grande desprezo que se revela através desta atitude, a respeito destes vendedores. Na verdade vemos que, pela sua carência, são insistentes demais.

Aqui ao redor deste espaço onde está o Gate estão todos os edifícios do governo.
          Este arco do triunfo, foi chamado, anteriormente, de “Memorial de Todas as Guerras Indianas”. Foi construído de 1921 até 1931, plano do arquiteto inglês Edwin Lutyens, para lembrar os soldados indianos caídos durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e as Guerras Afegãs de 1919. Os nomes destes soldados, 85.000 no total, estão inscritos nas paredes do monumento. Desde 1971, se encontra sob o monumento, um túmulo do soldado desconhecido com uma “chama eterna”. Inicialmente, sob o monumento, estava a estátua do rei Jorge V, que desapareceu, quando a Índia se tornou independente.

Fiz uma foto próximo da Porta da Índia, orientada por um fotógrafo que me ensinou a conseguir esta ilusão de ótica!! Como já foi mencionado, esta porta da Índia celebra uma grande e longa história.

         O espaço tem lindas praças floridas e multicores. Nas árvores de mangueiras, havia muitos macacos, que aqui são sagrados e muito respeitados. Nosso guia aproveita todos os momentos para falar e nos transmitir dados sobre a cultura, a religião, a história e a economia deste país. Nesta Índia onde tudo é sagrado e todas as criaturas são transporte de milhares de deuses, Anchal nos revela o nome de alguns deuses importantes do hinduísmo:

Ganesha – Deus que remove os obstáculos e traz as soluções;
Ganga – Deus do rio Ganges, o rio sagrado para os hindus;
Indra – Deus do Céu e do trovão;
Kama – Deus hindu do amor;
Surya – Deus do Sol;
Hanuman – É o Deus macaco na religião hindu – possui várias habilidades e poderes especiais;
Yama – Deus da Morte;
Bhaga – Deus do casamento e da saúde;
Sarasvati – Deusa do aprendizado e sabedoria.
Laksmi – Deus da fartura, da beleza e generosidade;
Sarasvati – Deusa hindu das artes, sabedoria e música.
         

O guia também nos fala sobre uma bonita construção que fica perto do Portal da Índia.
Trata-se do “Rashtrapati Bhavan” que em português significa: “Casa do Presidente”.

          Esta é a residência do Presidente da Índia, um complexo da época colonial, quando a Índia era parte do Império Britânico. Foi projetado em 1912 pelo arquiteto britânico Edwin Landseer Lutyens, autor de várias edificações em Nova Délhi, e serviu como residência para os vice-reis britânicos até 1950. Atualmente é a maior residência de um chefe de estado do mundo. A cúpula foi concluída em 6 de abril de 1929.
          E retornando a falar sobre os governos que dominaram a Índia, a guia nos lembra um fato histórico e político, muito interessante: a maior parte do território do subcontinente sob influência britânica naquela época, não era governada diretamente pelos britânicos. Os chamados “Estados principescos” eram nominalmente independentes, governados pelos seus marajás, rajás, e nababos, que reconheciam o monarca britânico como seu suserano feudal, por meio de tratados.
E também:

Lá na Índia, havia enclaves costeiros, por exemplo os governados por Portugal e França, respectivamente, que foram integrados à Índia, gradativamente, após sua independência.

         O Estado Português da Índia, também conhecido por Índia Portuguesa, foi o governo constituído para administrar todos os territórios dependentes de Portugal nas costas do Oceano Índico, à época do Império Português. E lá houve também a Índia Francesa.
          Nossa excursão segue adiante, recebendo de Anchal mais informações sobre os feriados nacionais, dialetos e religiões na Índia. Há 3 feriados nacionais: 26 de janeiro (Proclamação da República); 15 de agosto (Independência); 2 de outubro (aniversário de Gandhi). Há muitos dialetos falados na Índia: hindi (oficial), línguas regionais (principais: telugu, punjabi, bengali, marati, tâmil, urdu, gujarati). E quanto as religiões: hinduísmo 80,3%, islamismo 11% (sunitas 8,2%, xiitas 2,8%), cristianismo 3,8% (católicos 1,7%, protestantes 1,9%, ortodoxos 0,2%), Sikhismo 2%, budismo 0,7%, jainismo 0,5%, outras 1,7% (em 1991). A densidade demográfica é de 310 hab./km2. O crescimento demográfico é de 1,6% ao ano (1995 a 2000). A taxa de analfabetismo 37% (2006).

Na Índia, a cada dez anos se fazem recenseamentos.

Nós passamos, em seguida, pela casa de Nehru que hoje é Museu e Biblioteca.
          Jawaharlal Nehru 1889 —1964, estadista indiano, foi o primeiro-ministro da Índia, desde 1947 até 1964. Foi Líder da ala socialista no Congresso Nacional indiano, durante e após o esforço da Índia para a independência do Império Britânico. Nehru foi amigo de Gandhi e pai de Indira Gandhi que também ocupou o cargo de primeira-ministra, quando foi assassinada por guardas Sikhs, responsáveis por sua segurança pessoal.
          Durante o trajeto de ônibus, num clima de muita cordialidade, Anchal continua a nos informar sobre as famílias reais. Antes de 1947 havia muitas famílias reais, mas hoje, elas são cidadãos comuns, apesar de ainda morarem nos palácios. Em Jaipur, por exemplo, mora uma família real. Ao passarmos por árvores frondosas de flores vermelhas e alaranjadas, nos diz que foi o rei Mongol, que as mandou plantar aqui, no século XIII. A mim me parece, que estas árvores também são conhecidas no Brasil. O guia Anchal continua a nos informar sobre a cultura da Índia e parece querer suavizar o estigma que existe sobre as castas. Na sociedade existem níveis sociais; casta é palavra antiga, nos diz. Mas, sabemos que na verdade, sobre as castas mais baixas, pesa ainda muito o estigma, o que se pode constatar no texto abaixo:

“Governo, indianos e turistas sabem que a discriminação das castas baixas segue firme e forte, principalmente nas 680 mil vilas da Índia. Em algumas delas, Dalits não podem coletar água do mesmo poço usado pelas castas altas. Não podem frequentar a mesma escola. Não podem entrar nos templos. Não podem cozinhar para os outros. Não são atendidos por médicos em hospitais. São rejeitados por barbeiros. São os únicos a ocupar os cargos de faxina, e não conseguem outros empregos além desses. Recebem no chão a comida que compram. Por quê? ‘Porque se eu der a mão a um Dalit, as pessoas da minha comunidade vão achar que vou me contaminar’, diz Sunil Kumar, um guia de turismo de Jaipur, no estado do Rajastão, da casta vaixás. ‘Prefiro me manter longe’. Define-se casta como grupo social hereditário, no qual a condição do indivíduo passa de pai para filho. O grupo é endógeno, isto é, cada integrante só pode casar-se com pessoas do seu próprio grupo”.

Anchal fala sobre o significado do sobrenome na Índia: conforme o sobrenome é possível identificar a casta: eis os sobrenomes:
Sharna = 1º grupo.
Sengh (leão) = 2º grupo.
Jains, gaina = 3º grupo.
Kimar = 4º grupo.
         

Ninguém fala para os outros a que grupo pertence. Mas na carteira de identidade há esse registro.
          Às 9h15, a bordo de nosso ônibus, partimos para Jaipur deixando a cidade de Délhi. Eu observo a natureza! À nossa direita tudo é verde. Anchal, sem descanso, continua nos dando mais informações interessantes sobre esta cultura milenar. A religião diz que os filhos são presentes de Deus. Os hindus aprendem a religião em casa. Os casais querem filhos homens e não mulheres, pois só os homens podem acender a pira, onde o pai será cremado. Como consequência deste dado cultural, há um descompasso na Índia, entre o número de homens e de mulheres.
          Aos nossos olhos alguns dados culturais nos chocam, como por exemplo, o que segue:
1-A questão do sistema do dote. Cabe à família da noiva presentear o noivo!
2-Após o casamento, a nora mora com a sogra. A noiva não pode levar as próprias roupas para o casamento, ela recebe dez trajes do noivo. As filhas não podem cuidar dos pais. Num dos dias, em que se celebram as cerimônias do casamento, a mãe diz para a filha: “Daqui para frente esta casa não é mais sua casa”.
É impactante este momento em que nos defrontamos com uma cultura tão diferente da nossa.
          Nas rodovias da Índias, há sempre muitos pedágios cobrados pelo governo. Às 9h30 passamos pelo 1º pedágio. Continuando a nos falar sobre a cultura indiana, nossa guia nos informa que a cidade de Jaipur, uma cidade muito tradicional, tem escolas só para meninos e também escolas mistas. Aqui é muito mal vista uma mulher ser solteira e se atribui a ela mesma a culpa deste fato. Os casamentos são arranjados pelos pais. Na Índia é costume os homens andarem de mãos dadas, sem que eles sejam homossexuais. No entanto, aqui há muitos homossexuais. O divórcio é difícil de acontecer, pois todos o desencorajam, como fizeram com a própria Anchal que é divorciada. A percentagem dos divórcios é de 3%.

‘Antes de chegar a Jaipur passamos por Gurgaon, pertencente à grande Délhi.

“A cidade de Gurgaon é a sexta maior do estado indiano de Haryana e o quarto maior subúrbio da grande Délhi, com uma população que chegava aos 228.820, de acordo com o censo de 2001. Gurgaon é de maioria hinduísta, possuindo uma importante parcela de população muçulmana. O idioma principal é o híndi, seguido do punjabi. O município é uma das cidades mais ricas do país e está em crescimento acelerado. Localizada a 20 km da capital, Nova Délhi e a 10 km do Aeroporto Internacional Indira Gandhi, o município é um centro industrial e financeiro e conta com inúmeros shoppings centers. A construção civil e os transportes estão em franca expansão, inclusive com uma autoestrada que a liga à capital. O metrô de Délhi, concluído em 2002, alcança Gurgaon. Em 2009, a cidade foi apontada como a 1ª melhor do país para se viver e trabalhar”.

          No entanto,
“Se nos chamam a atenção muitos edifícios novos de empresas alemãs e norte-americanas, no entanto, o crescimento econômico é resultado de um setor privado que improvisa soluções para superar as grandes deficiências do governo. Deficiências essas que se expressam na ausência de um sistema de esgoto em toda a cidade, na falta de fornecimento confiável de eletricidade e água, falta de calçadas e espaço para estacionamento suficiente, ruas aceitáveis ou um sistema de transporte público. O lixo é regularmente despejado em terrenos baldios ao longo da estrada”.

          Às 10 h passamos pelo segundo pedágio. Logo em seguida, visualizamos o célebre e para nós, o desconhecido carro, Nano Tata.

          Este carro está disponível no mercado indiano por 165.880 rúpias indianas (cerca de 6.200 dolares). O Nano é impulsionado por um pequeno motor de 623 cm³ a gasolina capaz de gerar até 38 c.v. a 5.500 rpm. Já o câmbio é manual de 4 marchas. Segundo a montadora, o veículo alcança a velocidade máxima de 110 km/h e seu consumo médio é de 25,4 km por litro de combustível consumido, o que faz dele o carro mais econômico da Índia.
          Neste trajeto de ônibus para Jaipur, passamos pela zona rural e vimos muitos campos onde se planta trigo, milho, arroz, mostarda, chá-preto, manga de muitas espécies, pimenta, cominho e canela. Às 10h10 estamos vendo muitos campos de mostarda com suas flores amarelas colorindo o ambiente. Depois das flores se colhem as sementes.
          Anchal também nos ensina duas palavras em hindu, logo usada por nós:
Shucria= obrigada
Namastê= bom dia.
A saudação Namastê é muito rica de significado: “O Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em você”. Estas duas palavras as usei, muitas vezes, para me aproximar dos hindus, facilitando o contato. Eles ficavam contentes e agradecem com um gesto típico de juntar as mãos e inclinar a cabeça com um sorriso na face!

          Vi também, em muitos lugares, durante este trajeto de ônibus, caca de vaca que depois de seca se usa, no interior, como combustível. A caca está amontoada de forma organizada!
Aqui não se come carne bovina, a não ser carne de cordeiro e de cabra. Toma-se leite de búfala. As vacas que morrem, à semelhança dos hindus, são cremadas também.
          E agora um momento em que algo dentro de mim mudou, ou seja, mudou o meu olhar a respeito dos inúmeros deuses do hinduísmo. Anchal, nos pergunta: como entender a religião do hinduísmo, com milhões de deuses? Em seguida ela responde: em primeiro lugar é preciso entender que aqui, se considera tudo como sagrado! É uma filosofia que crê na natureza: céu, água, árvores, plantas, animais e fogo e crê nas energias e todas elas, têm uma forma física. A alma é uma energia, é alguém que nos orienta.
Há três deuses principais:
a) Bhrama, o criador;
b) Vichnu, o operador;
c) Shiva, o destruidor que recicla a vida.
          E assim termina o ciclo. Cada deus se expressa através de um animal. Por exemplo: o deus Shiva tem como veículo o touro. Shiva tem um filho Ganesch – que é metade elefante. Laksmi é a deusa do dinheiro. Muitas meninas recebem este nome. Vichnu é uma deusa das mulheres. Buda é a 9ª reencarnação de Vichnu. Krishna é o deus do amor.Mergulhando levemente nesta cultura, pouco a pouco começa-se a entender este sistema religioso e social, muito entranhado na população hindu.
Gostei desta explicação do hinduísmo, abaixo transcrita:

“Longe de ser facilmente definível, o hinduísmo é ‘uma massa complexa de sistemas religiosos, filosóficos e sociais, rica de tradições e de mitos de todos os povos, integrados em diferentes épocas”.

          Anchal, durante a viagem, fala de alguns dados históricos importantes, envolvendo os ingleses: os ingleses e suas empresas chegaram em 1608. Em 1857 já controlavam o país e eles usaram a religião a seu favor: deram terra às pessoas que quisessem mudar de religião. Também ajudaram, em 1847, a expulsar daqui os turcos otomanos, que eram também muçulmanos. Na 1ª Grande Guerra, a Índia colaborou enviando seus soldados a lutar em favor dos ingleses, pois ainda era um protetorado britânico.

Da minha parte me convenço, sempre de novo, de como é importante ter um olhar sobre a história.
          Da janela do ônibus fico observando o entorno. Às 11h10 passa um tuk-tuk com muitíssimas pessoas na sua estrutura. O tuk-tuk é uma moto com carroceria e com um condutor.  Este veículo que aqui existe em grande quantidade, comporta, normalmente, duas pessoas, num banco duplo, mas não é difícil vê-los abarrotados com muitos passageiros, como acabamos de ver hoje.
          Viajando pela estrada nacional 56 que está sendo duplicada e que vai de Nova Délhi até Jaipur, chegamos a Rajastão. Aqui as estradas têm a denominação por números, no caso é a estrada 56. Nosso condutor é um Sikh. Durante este trajeto, fizemos uma parada “técnica”, num restaurante chamado, “Tag Mali Mahal”, cujas palavras significam: Tag= coroa; Mali= pérola Mahal= palácio.
Tomamos café e, ao lado do restaurante, entramos numa loja onde podemos apreciar os trajes étnicos.

          Com alguns colegas de turma, aproveitamos para fazer uma foto junto com nosso condutor Sikh. Também havia lá um canteiro com lindas flores brancas e amarelas onde fiz uma foto com a colega de excursão Rosa, que devido ao fato que sua irmã estava sendo operada nos Estados Unidos, nos deixaria no dia seguinte, para poder acompanhá-la. A viagem continua e agora surgem camelos andando pelas estradas e também puxando carroças.
          Às 11h20 faltando uma hora e meia para chegar a Jaipur, nas minhas atentas observações do ambiente, vi mulheres de Sári cortando erva para as cabras, com estes vestidos indianos coloridos e esvoaçantes, pois se não forem de seda são de tecido muito fino. Alguns carregam os molhos verdes na cabeça. Observei, também, pelo caminho, da zona rural um rebanho de cabras. Nossa guia Anchal nos dá outra informação sobre as mulheres indianas: quando chegaram os árabes muçulmanos, elas também começaram a tapar o rosto, imitando as árabes. Assim vemos como as culturas se propagam.
          No caminho, pelas estradas, vê-se de tudo: além de encontrar um caminhão na contramão como se nada fosse, encontramos muitas vacas, algumas deitadas e outras em movimento; pessoas andando de bicicleta, desta que é também táxi, pois cabem duas pessoas sentadas na parte traseira. E também encontramos muitos tuk-tuk, etc. O tráfego é uma balbúrdia e, apesar desse caos, geralmente, não acontecem desastres.
          Às 13h20, à beira da estrada estão muitos macacos, numa realidade que nos impacta, pois andam por todos os lados, livremente, e nesta cultura são super respeitados. Em seguida passamos pela Universidade de Jaipur que é vista ao longe. Buganvílias em flor, muito vivas na sua cor de vinho, nos falam que aqui é aqui primavera.
          Às 14h15, do nosso ônibus observamos uma grande procissão de mulheres e, de acordo com esta cultura, umas estão tapadas (jovens solteiras com um pano sobre o rosto) e outras destapadas (sogras e mães), todas com um cântaro na cabeça, nos chamam a atenção. Estão levando água para o deus Shiva, para ter um casamento muito bom, nos informa Anchal.

          Às 14h25 vemos, à esquerda de nosso caminho, uma indústria de mármore, com muitíssimas esculturas. Os trabalhadores vêm de Bangladesh, são muçulmanos e muitos habitam nestas favelas que vemos, em deplorável estado, cobertas de farrapos, à beira do caminho.
          São 14h50 e estamos passando por um castelo e pelo templo de Laksmi, a deusa do dinheiro. À esquerda vemos a linda arquitetura do edifício da universidade do Rajisthan, e à direita a estátua de Gandhi.
          A morte de Gandhi se deu três meses após a independência. Foi assassinado por um hindu sikh que havia perdido toda a família na Guerra que se sucedeu à independência, quando se criou o novo país do Paquistão para os muçulmanos. Houve a troca de minorias para os respectivos países, resultando disso, muita guerra, muita dor e muitas mortes.
Às 15 h, à direita, vemos o hospital do câncer. É particular. Por fim, chegamos ao nosso lindíssimo hotel da Rede de Hotéis Marriott.
          Após, conhecer os nossos aposentos, às 16 horas, fomos almoçar no restaurante deste hotel: arroz arbóreo, frango, queijo e salsa. Depois um cafezinho. Aqui os preços das refeições não são altos, por estarmos num hotel. Tudo custou 580 Rúpias ou 11 dólares.
          Às 17h10, sem perder tempo, saímos para um passeio na fábrica de tecidos e tapetes. Aí passa por nós um ônibus apinhado de gente: parecida sardinha em lata. Este espetáculo aqui se pode ver com frequência, como também é frequente ver pessoas viajando em cima dos ônibus ou dos trens.
Por outro lado, está a Índia milenar, convivendo com obras de arte de extrema beleza.

Em toda parte, pode-se ver a representação de pavão, a ave nacional da Índia que representa a prosperidade. Em toda casa hindu, há sempre também um elefante.

          Venerar o elefante é uma tradição indiana, pois acredita-se que o animal atrai bons fluidos e funciona como um amuleto de proteção. A importância do animal é tão grande que alguns templos criam um espécime do animal em seus domínios para atrair riqueza e prosperidade.
          Aqui, os homens costumam receber nome de deuses e as mulheres nomes de deusas. Vichnu para meninos e Laksmi para meninas, são muito frequentes.
Jaipur também chamada “Cidade Rosa” é considerada pequena: tem 6 milhões de habitantes. Amuralhada, tem quatro grandes portas. A cidade ferve em movimento e em construções.  À direita vi um templo em mármore branco – parecido com o do Taj Mahal. E, novamente, muitíssimas motos e também um ônibus apinhado, com muita gente na cobertura do mesmo. Passa por nós também um “Tata Nano”. TATA é o nome da família, proprietária desta empresa de carros.
          Às 17h45 chegamos na fábrica de tapetes indianos, onde há também uma demonstração muito interessante: o processo artesanal de pintura de tecidos à mão.
          Na recepção, um hindu, ao mesmo tempo em que nos mostra as cores amarelo, verde e azul que estão sobre a mesa e que são naturais, vai explicando o processo de trabalho de tradição milenar. Um artesão está gravando os desenhos no pano, com um carimbo, que, por sua vez, é molhado nestas cores naturais e aplicado depois, manualmente, sobre o tecido.

          Muitíssimos padrões podem ser aplicados, com os inúmeros carimbos gravados em madeira que estão sobre a mesa. Um trabalhador estava carimbando e pintando, num pano quadrado, um elefante. Vimos lindos panos de seda, com alguns metros de fazenda, carimbados pela mão de mestre, com bonitos desenhos, sucessivamente repetidos e estampados. Depois para fixar a cor, colocou o pano na água, com sal e vinagre. As cores do pano mudaram, como por encanto, conforme pudemos ver quando ele nos mostrou o resultado.
          Após conhecer este processo de pintura, fomos conhecer e observar o processo da produção dos tapetes indianos. Artesãos que têm o saber milenar, herdado de seus antepassados, nos encantam trabalhando os fios dos seus teares, pelo lado esquerdo do tapete,  Quando nos mostram o lado direito, vemos as pequenas grandes obras de arte que saem daquelas mãos calejadas. O tapeceiro, a maioria de cabelos já brancos, ganha 150 rúpias por dia, ou seja, 3 dólares. Tapetes de 3×4 = 12m custam 3.900 dólares.

          Neste mesmo local, adentramos às salas onde vendem sedas e sáris. Lá, todo o grupo da excursão pôde ver e comprar alguns produtos de uma infinidade produzidos naquela fábrica. Eram muitos vendedores que estavam atendendo, continuamente.

          Comprei seis metros de seda vermelha com desenhos e pequenos pontos verdes, para, futuramente, fazer um vestido. Hoje, 2022, ainda não fiz o vestido, mas o farei brevemente. Voltamos ao nosso hotel Marriott, cansadas, mas com uma boa ideia do que nos poderia surpreender daqui por diante, nesta terra que recém estávamos descobrindo. No dia seguinte, teríamos muito ainda a visitar, nesta cidade de Jaipur.

Dia 14 de março – quinta-feira
          Levantamos às 6 horas, o café foi às 6:30 horas. Às 8 horas saímos para conhecer essa cidade de Jaipur no Rajastão.

“Jaipur é a capital e maior cidade do estado do Rajastão, na Índia. Durante o domínio britânico na Índia, Jaipur foi a capital do estado principesco de Jaipur. Tem cerca de 3 milhões de habitantes e foi fundada em 18 de novembro de 1728 pelo Marajá Sawai Jai Singh II, o governante de Amber”.

          É conhecida como “A cidade rosa”, já que em 1876, sob o domínio britânico, o seu marajá mandou pintá-la dessa cor, para a visita do Príncipe de Gales. Desde então a cidade é regularmente pintada.
          Jaipur foi a primeira cidade planejada, porta de entrada para o Rajastão da qual é a capital. Foi fundada pelo Marajá Sawai Jai Singh II, em 1728, que lhe deu seu nome, ele mesmo um astrônomo famoso. Jaipur, ficou conhecida principalmente pelos seus Marajás. O termo Marajá quer dizer “Rei Superior”. Antes da independência da Índia, basicamente, cada cidade/estado tinha o seu Marajá, sua família real. Conhecida como Cidade Rosa, até hoje Jaipur tem muitas construções assim, pintadas de rosa, a começar pelos portões de entrada do centro histórico.
          Saindo do hotel passamos pelo Centro Financeiro, pelo Palácio da Cidade e pelo Museu Central, chamado de “Albert Hall Museum”, e foi construído em homenagem ao príncipe de Gales, Eduardo VII, (Londres, 1841 –1910) o segundo filho da rainha Vitória e do príncipe Alberto. Nós não visitamos o “Albert Hall Museum”. No entanto, na internet, leio esta informação: “Debaixo dos arcos e das cúpulas de uma magnífica construção do século XIX estão as extensas coleções do Museu Central de Jaipur. Este armazém da herança cultural e histórica da região abriga milhares de peças, incluindo joias, cerâmica, esculturas em metal, peças em cristal e armas”.

          Entramos de ônibus por uma das nove portas da cidade velha e passamos pelo “Palácio dos Ventos”, que ostenta muitíssimas janelas e o visitaremos à tarde, juntamente, com a visita ao Palácio da Cidade e ao Observatório Astronômico. No trajeto, de ônibus, vejo mulheres com os seus lindos Sáris varrendo as ruas! Estas ruas estão muito sujas, além de muito empoeiradas e cheias de motos. Ao longe, vislumbramos a muralha do Palácio e Forte de Amber que foi construído pelos Mongóis, para uma família de 600 pessoas, 12 esposas e 200 concubinas.

“O forte na verdade é uma coleção de templos e palácios confinados entre as paredes de seus 6 quilômetros de muralhas, e impossível não se perder entre seus jardins, fontes, templos e salões majestosos”.

          Às 9h40 chegando perto do palácio e forte Amber, observei o que estava acontecendo à nossa volta: havia uma multidão de turistas, uns fazendo longas filas na espera e outros já subindo a rampa do Forte e Palácio Amber, no lombo dos elefantes. Estes, ricamente adornados e pintados, eram conduzidos por hindus. Cada elefante era preparado para carregar dois turistas. Nós da excursão, ficamos algum tempo na fila que já estava formada na nossa chegada. Eu observava o entorno. Vi mulheres vestidas de lindos sáris, varrendo o gramado, com vassouras que aqui no Brasil, se chamam vassouras de cipó. Até parece que lá estavam para fazer fotos com turistas.
          Na 37ª sessão do Comitê do Património Mundial, realizada em Phnom Penh, no Camboja, em 2013, o Forte Amber, acompanhado de cinco outros fortes do Rajastão, foi declarado pela UNESCO como Património Mundial.
          Lá tivemos também o primeiro encontro com os artesãos, que vendiam as inúmeras esculturas, muito caprichadas, com os símbolos do hinduísmo: deuses, elefantes, pavões e sombrinhas enfeitadas, etc., etc. Era preciso tomar muito cuidado, por serem muitos os que queriam vender alguma coisa aos turistas.

       

       Após algum tempo e já com a entrada em mãos, chegou a nossa vez de subir no lombo do elefante, para fazer parte de uma grande procissão de turistas.

Foi emocionante a subida e chegando no alto do Palácio, nos surpreendemos com a grandiosidade do mesmo. Ao chegar ao topo visitamos o Palácio e o Forte de Amber

          Lá observamos salas e salões, como a sala das colunas, salões onde os espelhos estão incrustados nas paredes e nas colunas, janelas que, as rendas, foram esculpidas em granito e madeira, em belíssimos desenhos. Há muito que visitar aqui em cima. Daqui pode-se observar a cidade e também o Lago Maota e o Jardim Mogol.

          Após visitar o forte e o palácio, passamos pelo “Palácio dos Ventos”, uma obra fantástica.

          O mais conhecido cartão postal da cidade, o Hawa Mahal, nome que significa ‘Palácio dos Ventos’, é rosa. Com quase 1000 janelas, a construção era parte do Palácio Real, outro importante ponto turístico de Jaipur. Construído em 1799 pelo marajá Sawai Pratap Singh em plena cidade rosa, o Hawa Mahal, o Palácio dos Ventos, servia para que as mulheres da corte do soberano pudessem observar a movimentação das ruas de Jaipur sem serem vistas. O lindo frontispício nesta foto é simplesmente como se fosse uma parede, pois atrás dela está o palácio. A prática de esconder as mulheres dos homens tem até nome: purdah – e foi sempre muito comum na região.
         

Depois fomos visitar o Observatório Astronômico:

“O Mantra Yantra (literalmente a fórmula de instrumento, e muitas vezes chamado de Jantar Mantar), está localizado em Jaipur. É constituída por 13 instrumentos de astronomia arquitetônica, construído por Maharaja Jai Singh II, a partir de 1724 em diante, e é um dos cinco construídos por ele. […] O objetivo principal do observatório era compilar tabelas astronômicas e para prever os tempos e os movimentos do Sol, da Lua e dos planetas”.


 

        Visitamos este observatório astronômico e depois visitamos o “Palácio da Cidade” e alguns edifícios históricos de Jaipur.

          O Palácio da Cidade de Jaipur foi estabelecido na mesma época que a cidade de Jaipur, pelo Maharaja Sawai Jai Singh II, que mudou sua corte de Amber para Jaipur, em 1727. Jaipur é a atual capital do estado de Rajastão, e até 1949, o Palácio da Cidade foi a sede cerimonial e administrativa do Maharaja de Jaipur. Como todos os dias até aqui, este dia também foi rico em aprendizagem e belíssimas imagens que permanecerão em nossa memória.

15 de março – sexta-feira – Jaipur
         

Nesta sexta-feira, deixamos o hotel Marriott, em Jaipur, a “Cidade Rosa”!
          Fomos, de ônibus, para Agra, a capital do Império Mogol, num longo trajeto de 230 km. Os guias Vidal e Anchal se revezam em nos dar explicações sobre o que estávamos observando e sempre respondiam a perguntas feitas pelos turistas. Eles nos lembram que, na primeira invasão de Gengis Khan, os mongóis que eram muçulmanos, monoteístas, cujo único Deus era Alá, aqui encontraram os hindus, que tinham milhares de deuses (alguns falam em 84.000 deuses, outros em milhões) e por isso foram chamados de chamados infiéis pelos muçulmanos, contra os quais se aplicava a Guerra Santa. Enquanto escutamos os guias, passavam por nós caminhões pequenos, com as carrocerias repletas de trabalhadores.

          Os contratadores de mão de obra os transportam para o trabalho. Não consegui saber onde eles os levavam: se era para a lavoura ou para as fábricas, se para trabalhar nas estradas ou para colher alguma fruta, etc. As pessoas estavam sentadas no chão da carroceria.
          Em seguida, vimos, novamente, mulheres com seus Sáris de seda, varrendo as ruas com vassouras chamadas, thadoo. A maioria das pessoas eram magras. Havia, também, muitos tuk-tuk pelo caminho. Ao passar por uma praça, de uma pequena cidade, fomos surpreendidos com grandes estátuas de alguns deuses: à esquerda, estava a estátua de Shiva, num tamanho muito grande e depois, uma estátua do deus Hanumann – corpo de macaco com cauda, também em tamanho grande, no centro da praça. Tudo isso fala que, neste espaço, a fé anima o imaginário e a vida deste povo.
          Às 8h35, entramos na zona rural: trigo e mostarda seca. Vejo muito a planta chamada “Alantro”. Na estrada com muitos pedágios, bastante caros e aqui passamos por um segundo pedágio: 14 dólares.
          Em alguns trechos, a estrada era duplicada e entre as ruas havia o trilho do trem e muitas flores de buganvília. Aqui, ver os trens trafegando é uma paisagem muito frequente.

          Às 9h, mais uma procissão de mulheres, cada uma com o seu cântaro na cabeça, surge à nossa vista. Elas estão levando oferendas ao deus, nos diz Anchal.
          Ainda viajando através da Índia rural, vi uma imensa plantação de trigo e também um grande rebanho de cabras com seus pastores. À esquerda, árvores de bergamota e à direita, mulheres com carga na cabeça e, também, camelos puxando carroças. Em amplas planícies o trigo dourado é promessa de grande colheita. Às 9h31 o ônibus pagou o terceiro pedágio. Eu observo com atenção, o que meus olhos percebem pelo caminho. Aqui não vemos montanhas e, nesta planície, volta a paisagem de muito trigo e lindas plantações de mostarda colorindo de amarelo a paisagem. Vi, também, muitas barracas e centenas de fábricas de objetos de arte, em pedra vermelha e dourada, a chamada pedra arenisca, exposta em muitas esculturas que estavam expostas nos pátios das fábricas.
          Nesta paisagem, havia, também, muito pasto seco para os animais, depositado no chão, em feixes e muita caca seca de vaca, pois, nessa região onde não existe fogão a gás, a caca seca será usada como combustível.
          Nestes 230 km que estávamos percorrendo, Anchal fala, longa e detalhadamente, de alguém, muito reverenciado na Índia: Gandhi. De família rica, Mahatma (Grande Alma) Gandhi nasceu em 2 de outubro de 1869 e morreu assassinado em 1947, com 79 anos, ao sul de Jaipur. Hindu, da casta dos Brâmanes, o pai de Gandhi era um diplomata inglês. Gandhi casou aos 14 anos com Casturba e com ela teve 4 filhos. Com 16 anos foi para Inglaterra e lá se formou advogado, ficando por lá mais 8 anos, nesse trabalho, sendo depois transferido para África do Sul, como diplomata da Inglaterra.

A Luta de Gandhi contra a Dominação Britânica

          E aqui um fato importante necessita ser lembrado pois foi o começo do despertar da luta pela independência da Índia! O que aconteceu foi o seguinte:
          Em 1901, Gandhi estava na África do Sul e sofreu na pele a prática de racismo, o que o despertou para começar sua luta contra o domínio inglês. Ele estava num trem de primeira classe e teve que ir para a terceira por causa de sua cor. Este episódio o transformou. Em 1902, voltando para a Índia para rever o pai que estava doente, percebeu as condições da Índia que eram horríveis. Os soldados, chamados sipaios pelos ingleses, estavam revoltados pois tinham que usar armas cujo manejo ia contra os seus princípios hinduístas, haja vista que a munição ficava num invólucro, que deveria ser rasgado com os dentes. Esta munição era envolta, para sua conservação, em gordura de boi ou de porco, animais proibidos, na sua alimentação, por serem sagrados ou profanos em sua religião. Essa não era a filosofia hindu. Importa lembrar que 68% dos hindus estavam no exército inglês. Nesse mesmo ano de 1902, as mensagens diziam que Gandhi, agora, não estava mais ao lado dos ingleses e começou a lutar sem armas, sem violência, contra a dominação britânica.
“As palavras têm mais força que as armas”, dizia Gandhi.
          Gandhi acreditava no deus Rama (reencarnação de um guerreiro pacífico). Em 1930, sendo Nehru o governante, fundou um partido para os muçulmanos, pois até aquela data só havia um partido hindu. Para empoderar os indianos, instalaram-se fábricas artesanais e Gandhi ensinava a fazer trabalhos, nos povoados. No mar, ele lutava contra o “Imposto do Sal”. Sua vestimenta era um tecido de três metros enrolado no corpo, de cor branca, chamado khadi. Na sua luta pacífica contra a dominação britânica muitas vezes Gandhi foi preso e na prisão fazia greves de fome, das quais saía sempre muito enfraquecido. Por ocasião da independência da Índia em 15 agosto de 1947, como entre muçulmanos e hindus não havia muita harmonia, foi criado o Paquistão para os muçulmanos, iniciando-se o processo de troca das minorias, com muito sangue derramado e extrema violência. Os trens vêm cheios de mortos! Por esta razão, muitos hindus e também muçulmanos se posicionaram contra Gandhi.

A Morte de Gandhi

          Algum tempo depois da Independência da Índia, Gandhi estava fraco e descansava na casa de amigos, onde se reuniu com indianos para uma oração, no pátio da casa. Nesta oportunidade um hindu da religião Sikh, que havia perdido muitos membros de sua família com a criação do estado Paquistão e consequente Guerra, pediu para beijar os pés de Gandhi. Ao aproximar-se dele o assassinou, com um tiro de pistola. Mahatma Gandhi morreu às 17h17 do dia 30 de janeiro de 1948. Este fato ocasionou muita comoção na Índia. O corpo de Gandhi foi cremado e as cinzas divididas em quatro partes e distribuídas por vários lugares, entre eles, o rio Ganges. O assassinato de Gandhi por um hindu Sikh provocou, em toda a Índia, uma perseguição sem precedentes aos Sikhs, quando milhares deles foram massacrados.
          Gandhi é hoje homenageado no mundo inteiro. Há inúmeras estátuas dele por toda a Índia e também em muitos países, que atestam a admiração do mundo pela luta de Gandhi.
          O guia continua a falar da cultura hindu, na Índia cheia de contrastes. Aqui relato o que consegui lembrar a partir de minhas anotações. Anchal explica algo sobre atividades próprias exercidas durante a vida de um hindu. Supondo que esta vida dure oitenta anos, ela seria dividida em quatro tempos de vinte anos.
1 – Até os vinte anos de vida, só estudar;
2 – Após isso, o matrimônio;
3 – Depois trabalhar para os filhos;
4 – Desapegar se e dedicar se a Deus.

          Quanto ao matrimônio hindu, sempre foi assunto exclusivo das famílias e arranjado com a influência delas. A idade oficial: meninas 18 anos e rapazes 21 anos. Os casamentos sempre foram precedidos pelo horóscopo do casal, feito por um guru. Só se casam se, pelo horóscopo, o casamento for aprovado. Os pais coletam muitas informações, por exemplo, pesquisam qual o nível da família e aí as famílias se conhecem.
          O casamento é uma festa muito especial, que acontece durante sete dias, tendo atividades especiais a cada dia. Aqui Anchal nos explica e aqui escrevo o que consegui guardar. No primeiro dia, são alimentadas cerca mil pessoas. Nas refeições há lentilhas, arroz e doces. No segundo dia, com trajes coloridos, vão ao rio buscar água com ânforas que carregam em cima da cabeça. No quinto dia, as famílias trocam presentes entre si. No sexto dia, os pais fazem jejum. No sétimo dia, há uma grande festa na casa do noivo. Montado num elefante ou cavalo-branco o noivo vai para casa da noiva. Trocam-se colares de flores e fazem fotos. Às 24 horas comem algo e a noiva troca de roupa. Colocam Sáris simples e recitando mantras, os noivos dão voltas ao redor do fogo. Os deuses participam dos festejos. Há a adoração do deus Ganecha, que é o deus da sorte, do intelecto, da sabedoria e da fortuna é considerado o deus mais importante para esta cultura Hindu.  Só agora inicia de fato o casamento, com a lua de mel.
          Nestas longas viagens de ônibus pela Índia, foram ouvidas com muita atenção as inúmeras explicações sobre a cultura deste país, dadas por Anchal.

A visita à Fatehpur Sikri – a Cidade Perdida

          Faltando 30 km para chegar à Agra, a primeira capital do Império Mogol, visitamos a famosa cidade centenária de Fatehpur Sikri, atualmente apenas uma atração turística, mas que foi entre 1571 e 1585, a capital do Império Mogol. Hoje conhecida como “cidade-fantasma”, é uma das maravilhas de Agra e que faz parte das obras consideradas Patrimônio Universal da Humanidade.
          Antes de chegar na cidade, fizemos algumas fotos, a primeira com nosso guia Anchal.

          Esta cidade de Fatehpur Sikri, que só durou quatorze anos (1571-1575) e teve que ser abandonada provavelmente por falta d’água, foi projetada e construída pelo imperador Akbar, no século 16, para ser a capital do Império Mogol. O local foi escolhido em função de abrigar a tumba de um homem santo muçulmano, Salim Chishti, a quem Akbar era devoto. A cidade foi esquecida não só pelos imperadores subsequentes, mas por toda a sociedade e só foi redescoberta por arqueólogos ingleses.
Entramos na cidade perdida e caminhando por todos os recantos escutando as explicações dos guias, nos maravilhamos com a imponência da mesma

          Sobre o construtor, o Imperador Akbar:

“Akbar é lembrado como um sábio e justo governante, seguidor da política do Sulh-i-Kul, um termo árabe que significa literalmente ‘paz com tudo’, ‘paz universal’ ou ‘paz absoluta‘ extraído de um princípio místico sufista. Ele aboliu diversas restrições para os infiéis (não seguidores da religião muçulmana), que afetava especialmente a população hindu. Mesmo assim, ele também é famoso por diversas guerras e vitórias sangrentas, incluindo a de Panipat, na qual a história conta, que ele construiu uma torre de cabeças hindus”[…]

“A cidade desde o seu início era um projeto audacioso, por sua grandiosidade e localização, numa região completamente árida e seca. Além de suas 300 esposas e empregados, Akbar também levou para a sua nova cidade, centenas de intelectuais de diferentes religiões para fomentar sua sede pelo conhecimento religioso”[…].”Esta cidade Real Mogol, de aproximadamente 500 anos, hoje abandonada, mas que está em perfeito estado de conservação, tinha muitos palácios. O da esposa hindu, que teve o filho prometido, tem uma dimensão maior e neste a esposa hindu exigiu um templo em honra a Krisna – o deus do amor. Há dormitórios de inverno e de verão. No lado há o sítio dos eunucos. Vimos também o palácio dos cinco pisos= casa das concubinas. Passamos por um palácio, com sala para jogos infantis, onde só as crianças poderiam entrar. Aqui havia o cofre onde era colocado o dinheiro do reino. Era como uma caixa funda com uma abertura quadrada que não chamava a atenção”.

“Entretanto, de todos seus atos como Imperador, a ‘Cidade Perfeita’ foi o seu único erro. Mesmo com todos os planos, o sistema de irrigação desenvolvido para levar água para a cidade não foi suficiente para manter o novo reino vivo. Assim, pouco após a morte de Akbar a cidade foi abandonada por falta de água. Ficando apenas os prédios intactos. O que restou é o que hoje é conhecido como ‘Cidade Fantasma’”.

          Às 13h50 saímos de ônibus e logo, no caminho, encontramos, de um lado, um trem carregado de carvão e do outro lado, uma manada de búfalos, animais que são originários da própria Índia. Nossa simpática e bem preparada guia Anchal viajaria, às 19 horas, para Nova Délhi. Valeu muito sua companhia, pois nos falou com a autoridade de seu conhecimento e experiência como mulher divorciada que é, nesta Índia tradicional.
          Às 14h25, entramos em Agra, a primeira capital do Império Mogol. É uma cidade de 4 milhões de habitantes, pertencendo ao estado de Uttar Pradesh e se situa nas margens do rio Yamuna. Ao entrar na cidade, vemos muitas bicicletas de três rodas e também, muita caca de vaca seca e empilhada, pronta para a venda.
          Às 15h, já muito cansadas, chegamos ao Jaypee Palace Hotel, da rede de hotéis de um rico indiano. Lindas jovens vestidas com belíssimos Sáris nos recebem.

          Após os rituais de chegada, guirlanda de flores ao pescoço e bebida para saudar os visitantes, extasiadas admiramos a paisagem interna e externa do grandioso hotel. Conheci e gostei muito do apartamento que coube a mim. Após tomar banho, saímos, com Anchal, para visitar uma loja que vende trajes indianos; produtos muito interessantes e variados. As colegas de excursão compraram diversos trajes, inclusive eu. À noite, muito satisfeita com tudo o que eu tinha conhecido, fui descansar e dormir, após assistir um pouco a TV.

16 de março – sábado
          Acordei às 3h e sem sono, aproveitei este tempo para fazer a meditação, levantando às 7h. Após um ótimo café, saímos às 9h, para visitar diversos monumentos históricos em Agra, construídos pelos soberanos Mongóis. Na verdade, Agra é um lugar que possui 3 grandes patrimônios culturais da UNESCO:
1-Fatehpur Sikri – a cidade-fantasma ( já visitamos ontem).
2-Taj Mahal;
3-Forte de Agra.

          Lembrando a história: os Mongóis foram unificados e comandados por Gengis Kahn e foi construído assim, o maior Império do mundo em terras contínuas. Eles invadiram a Índia, pela primeira vez, no século XIII. Mas, no século XVI, a invadiram novamente e, desta vez, criaram o Império Mogol, expandido depois por Akbar, avô de “Shah Jahan”, o construtor do Mausoléu Taj Mahal e Imperador do subcontinente indiano, entre 1628 e 1658.
          Este Imperador Shah Jahan, cujo nome que vem do persa, significa “Rei do Mundo”, foi o quinto soberano Mogol e queria expandir o Império, como o seu avô Akbar tinha feito. Em homenagem à sua segunda esposa persa, conhecida como Muntaz Mahal, nome que significa, “Ornamento do Palácio”, Shah Jahan mandou construir o Taj Mahal.

“Arjumand Bano Begum, popularmente conhecida como Mumtaz Mahal (Ornamento ‘do Palácio’), casou-se em 10 de maio de 1612 com a idade de 20 anos e veio a falecer ao dar à luz o 14º filho quando acompanhava Jahan a uma campanha militar em Burhanpur. A morte de Muntaz Mahal caiu como uma pedra sobre os ombros de Jahan, deixando-o em alguns meses com aparência de longos anos, já que seus cabelos e sua barba tornaram-se brancos como a neve. Jahan mandou construir um palácio sobre o túmulo da sua amada, como uma homenagem póstuma. Chamado ‘Taj Mahal’, é feito em mármore branco, rodeado de grandes jardins e com belas decorações”.

“O Império Mogol foi fundado em 1526, entrou em declínio a partir do início do século XVIII e foi extinto em definitivo pelo poderio britânico em 1857. No seu auge, o império foi possivelmente o Estado mais rico, sofisticado e poderoso do planeta. Contava com uma população entre 110 e 130 milhões de habitantes, distribuída em um território de mais de quatro milhões de quilômetros quadrados, que compreendia a maior parte do que é hoje a Índia, Paquistão, Afeganistão e Bangladexe. Após 1725 o poder Mogol entrou em rápido declínio, ao qual se atribuem variadas causas: guerras de sucessão, crises agrárias que fizeram eclodir revoltas locais, o aumento da intolerância religiosa para com a maioria não muçulmana e, finalmente, o golpe dado pelo colonialismo britânico. O último imperador, Bahadur Xá II, cujo domínio efetivo se restringia à cidade de Deli, foi aprisionado e depois exilado pelos britânicos em consequência de seu envolvimento na Revolta dos Sipaios”.

          Neste dia 16, com uma multidão de visitantes de todas as partes do mundo, tivemos a oportunidade de visitar este monumento de beleza, majestade, perfeição e equilíbrio ímpares. Muita emoção também foi ver pessoas do mundo todo, com suas vestes étnicas e suas falas igualmente desconhecidas, como nós, querendo conhecer e admirar, uma das “sete maravilhas do Mundo Moderno”, o Taj Mahal.

          Esta categoria, as “Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno” foi anunciada em 2007. A título de ilustração, foram uma revisão de caráter informal e recreativo da lista original das sete maravilhas, idealizada por uma organização suíça chamada New Open World Corporation. A seleção foi feita mundialmente por votos pela internet, gratuitos e ligações telefônicas. Como resultado desta pesquisa foram consideradas:

Coliseu de Roma (Itália)
Chichén Itzá (México)
Machu Picchu (Peru)
Cristo Redentor (Brasil)
Muralha da China (China)
As Ruínas de Petra (Jordânia)
Taj Mahal (Índia).

          Chegando neste local, fizemos diversas fotos, não sem antes suspender a respiração por alguns segundos, admirando as diversas paisagens deste ambiente.

          Quando se olha para o Taj Mahal, planejado por um arquiteto que era da Pérsia, vê-se em frente ao Mausoléu, quatro grandes minaretes que foram construídos inclinados, para o lado exterior, por prevenção. A razão é que aqui era uma terra de muitos terremotos e, caso houvesse um desmoronamento, os minaretes cairiam para fora e não sobre o Taj Mahal, prejudicando o monumento. No interior dos minaretes há escada, que podia ser acessada, mas que hoje, por segurança, já não se sobe mais. Para cumprir a simetria, à direita foi construída a casa dos hóspedes, outro monumento que completa a arquitetura do conjunto.
          Os monumentos deste complexo são diversos. Há quatro grandes portas: nós entramos pela porta do Oriente, a porta de Targin. Na porta do Ocidente (Fadeh Puri) está o túmulo da segunda mulher de Shah Jahan, a quem foi erigido este mausoléu menor. Há também a porta meridional que é a porta dos trabalhadores.

          Para erguer este complexo trabalharam 20.000 obreiros para os quais foi construída uma Mesquita onde os obreiros podiam rezar 5 x ao dia.
Logo após a entrada no complexo, vendo o Taj Mahal numa distância razoável, às 9h17 ganhamos água, pagamos 750 rúpias e nos preparamos para entrar no Mausoléu. A todos os visitantes foram oferecidas pantufas para calçar os pés. Nós todas, as mulheres do grupo, já fomos ou com roupas étnicas dos indus ou, ao menos, com lenços na cabeça, como é exigido aqui,

          O que nos impactou ao chegar ao Taj Mahal foi observar a parede externa do edifício: o trabalho artesanal com pedras preciosas e semipreciosas incrustadas no mármore branco é de uma beleza e uma perfeição admirável. O mármore usado, de altíssima qualidade, é extraído de Carrara, uma cidade que fica ao norte da atual Toscana, na Itália. Arquitetos e outros especialistas, trabalharam durante 22 anos, do ano 1631 ao ano 1656, nesta decoração. Flores e pássaros multicores, foram feitos por trabalhadores e mestres que moravam aqui com suas famílias, pois nesta região não existiam hotéis.

“Entre os materiais empregados na construção podemos destacar o uso de pesados blocos de mármore da Índia, Ametistas persas, Safiras do Ceilão, Cristal e Jade chineses, pedra Turquesa tibetana e o Lápis – Lazuli do Afeganistão…. Segundo estudiosos, o gasto com a dispendiosa prova de amor acabou marcando o declínio da dominação mongol na Índia”.

          Os túmulos da rainha e de seu esposo Shah Jahan estão no subsolo deste maravilhoso Mausoléu e não podem ser vistos. Uma réplica dos dois caixões de mármore branco, incrustados com as mesmas obras de arte, estão na parte central do Mausoléu. Dizem que à noite, com a luz do luar, tudo brilha neste mármore translúcido. Não há quem não se deslumbre com tamanha beleza! Todos saímos maravilhados desta visita que, por ter sido uma experiência muito intensa, se tornará inesquecível.
          Algumas explicações interessantes dadas por Anchal, sobre a esposa predileta e a família do Imperador Mogol, nesta oportunidade: a rainha ao morrer no parto, com pouco mais de 30 anos e mãe de 14 filhos, pede ao Imperador três coisas:
1-Não voltar a se casar;
2-Cuidar dos filhos como um pai e não como Imperador;
3-Construir para ela um lindo mausoléu.

          O Imperador realizou o desejo da esposa e construiu o Taj Mahal. Ele tinha o desejo de construir, para ele mesmo, um Mausoléu, do outro lado do rio sagrado, Yamuna. Este rio, antigamente era muito volumoso e hoje vimos que tem muito pouca água. No lugar escolhido para o palácio do pai, que seria em pedra ônix, só foi feito o fundamento. O filho mais velho não permitiu a construção, pois a pedra negra, certamente, consumiria muito mais as riquezas do Império. Encarcerou, então, o pai no forte de Agra, um palácio que ficava não muito longe do Taj Mahal. Neste mesmo conjunto palacial, construiu mais dois palácios para as duas irmãs menores. Para se livrar da concorrência dos irmãos ele os matou a todos e se apossou do trono imperial, reinando por mais alguns anos, até o fim do Império Mogol. O pai faleceu após 8 anos de cárcere e foi enterrado junto à sua esposa. Com a construção do Taj Mahal as finanças do Império tinham sofrido um grande baque.
          Saímos deste local incrível, com o coração agradecido, por termos podido contemplar tanta beleza. Aqui, turistas do mundo inteiro, cada um com seus trajes étnicos acrescentavam mais brilho e encanto a este lugar. Perto do rio sagrado, o Yamuna, pode-se ver um crematório. Aí os hindus cremam seus mortos, o que não acontece com os muçulmanos.
          Às 12h10 voltamos ao nosso hotel, onde no restaurante do mesmo, almocei uma excelente comida: peixe com vegetais ao molho de manteiga, numa mesa com alguns dos nossos colegas de excursão. Paguei 820 Rúpias. Fui descansar, pois, após o almoço preciso deste repouso diário.

Às 15 horas saímos para conhecer o importante Forte de Agra e no caminho tivemos a oportunidade de conhecer uma fábrica, chamada “Marble Art Palace”, onde se fazem trabalhos com pedras preciosas incrustadas no mármore. Os artesãos são descendentes daqueles que trabalharam no magnífico Taj Mahal. É um trabalho delicadíssimo, muito especial, demorado, de uma precisão e acabamento incríveis. Realmente uma beleza indescritível! Só por uma boa observação, pode-se ter uma ideia do empenho que têm estes artesãos, para conseguir realizar estas obras-primas.
          De outro lado, ao observar as condições de trabalho destes artistas, percebi que a exigência desta perfeição traz grandes problemas para a visão deles.

          Ao mesmo tempo há aspecto dos danos à coluna: sentados no chão, durante horas, eles preparam meticulosamente as pedras e cavam no mármore, o lugar exato para encaixá-las. E quanto ao pulmão: nenhum deles possuía máscaras para se proteger do pó de mármore que estava suspenso no ar. O coordenador da fábrica nomeia e nos mostra as pedras preciosas usadas nestes magníficos trabalhos: Malaquita da Zâmbia; Lápis Lazuli ou lazulita do Chile. E mais: Turquesa, Madrepérola, Ônix, Jaspe. Há duas pedras que são translúcidas: a Cornalina e o Mármore.

          Às 15h30 saímos deste atelier e fomos para outras grandes salas onde estão as lojas com os produtos acabados: mesas redondas, quadradas e retangulares. São realmente um colírio para os olhos, observar seus detalhes! Algumas mesas imensas, cheias de flores incrustadas, chegam a custar 25 mil dólares. Maravilhas!!!!!!!
          Do “Marble Art Palace”, chegamos ao “Forte de Agra”, uma das fortalezas Mongóis mais notáveis da Índia, construído entre 1565 e 1573 , pelo Imperador Mogol Akbar.
Trata-se de uma cidade palácio fortificada tão importante quanto o Taj Mahal, mas é diferente e não tão famosa. Foi dentro deste Forte Palácio que o Imperador Shah Jahan morou com sua amada esposa Muntaz Mahal, a esposa para a qual ele depois construiu, o Taj Mahal. Em arenito vermelho, o Forte rodeia um grande complexo de edifícios palacianos. Dentro das muralhas, existem três Mesquitas: a Mina Masjid (Mesquita da Gema), a Moti Masjid (Mesquita da Pérola) e a Nagina Masjid (Mesquita da Jóia). A primeira é considerada a menor Mesquita do mundo. Era a Mesquita privada do Imperador.

          Também conhecido como o Forte Vermelho de Agra, localiza-se a 2,5 quilômetros do Taj Mahal e foi mais tarde a jaula de ouro do Imperador Sha Jahan!
Shah Yahan, o neto deste Imperador, o mesmo que construiu o Taj Mahal, acrescentou-lhe edifícios em mármore branco, transformando o forte num palácio e daí que seja considerado

          Esta é a torre, denominada de Musamman Burj – com vista panorâmica para o Taj Mahal. Nós estivemos neste local! Muito impressionante! Nela, Shah Yahan foi aprisionado pelo filho e passou os seus últimos anos, visualizando diariamente, o túmulo da sua amada – o Mausoléu Taj Mahal. Deste Forte de Agra, só se pode visitar 25%, pois 75% são reservados para o exército e esta parte permanece fechada. Este foi um dia muito bem aproveitado, em termos de aprendizado e emoções, como foram também todos os outros dias, desta excursão nesta Índia fantástica e milenar.

Dia 17 de março – domingo
          Após o Café da manhã no hotel, saímos, de ônibus, às 6h30 percorrendo ruas de Agra que pelo horário, estavam vazias, somente vimos alguns Tuk-tuks. Neste dia, viajamos de trem, uma condução que eu gosto demais, pelo que ela proporciona encanto e magia!
          Chegamos na estação ferroviária de Agra e, no local onde o ônibus nos deixou, fomos surpreendidos com um cenário surreal: miséria e pobreza extremas, pessoas se arrastando no chão com elefantíase, mães com crianças famintas e sujas, fazendo o gesto de pedir algo para comer, tanto para si como para o filho que traziam no colo ou agarrado ao seu Sári. Dei uma maçã para uma criança e num gesto súbito, pularam vinte para pegar a maçã. Custa acreditar que a realidade diurna destas pessoas é tão medonha. Sobre este espetáculo de tanta miséria e pobreza humanas, na oportunidade, pensei: isto, eu gostaria de nunca mais ver na minha vida! Infelizmente, este triste espetáculo continua!
Mas a viagem precisa continuar. Fomos para a plataforma do trem.

          O “Indian Rayways” tem vagões para as diferentes classes. Nosso grupo de excursão ocupa a 1ª classe. Minha poltrona é a de número 33. Relembrando o clima de outras viagens de trem, sinto uma alegria emocionada, com a expectativa desta nova possibilidade!
          Às 8h20 o trem parte, oportunizando-me conhecer o interior rural do país. Logo de saída vejo que aqui a agricultura é forte. Nos campos cultivados os trabalhadores colhiam numa imensa planície, uma grande extensão de trigais. Vejo também algumas máquinas. Ao longo da estrada, há muitas habitações miseráveis desses trabalhadores!

          Um funcionário do trem passa e distribui água, biscoitos e suco de pêssego numa caixa fechada, para a 1ª classe. A orientação de nosso guia é que não se aceite o alimento distribuído no almoço, pois a comida, muito apimentada, não é própria à nossa alimentação e não é suportável ao nosso paladar.
          Às 8h40 encontramos, novamente, caminhões, que transportavam sentados no chão na carroceria, trabalhadores, que me parece, foram arrebanhados para os trabalhos no campo.

          De vez em quando vejo, ao longe, templos pequenos e também, ao longo do caminho, aparecem algumas chaminés de fábricas fumegando. Às 8h46 passamos pela primeira estação; o trem parou e rapidamente recomeçou a viagem. A paisagem, desta região, muda a toda a hora. O que se vê não são trigais e depois mais terrenos que apresentam alto grau de erosão. É uma paisagem que me fez lembrar a erosão que vi em Minas Gerais. Não é agradável vê-la novamente aqui e em grandes extensões de terra. Há também terrenos cobertos com uma rala e fina camada de gramíneas. Às 8h50 passamos por uma ponte com enormes pilares feitos de tijolos. Me pergunto: será que esta ponte foi feita pelos ingleses ou pelos muçulmanos? A paisagem muda sempre e rapidamente: da erosão passa-se a ver novamente, a paisagem linda da plantação de trigo que ainda está amadurecendo. E assim, sucessivamente, a paisagem muda da erosão para plantação e da plantação para erosão durante um bom espaço de tempo. As mulheres trabalham na lavoura com seus Sáris coloridos e esvoaçantes. Parece que são de seda!
          O trem para numa segunda estação e, em seguida, em menos de 2 minutos, ele parte. Agora a paisagem mostra o trigo já maduro e ceifado. Às 9h15 novos campos de trigo e ao longe um povoado pobre. Aqui a plantação está diferente, não mais trigo maduro ou já cortado, mas verde, muito exuberante, saudável! As plantas estão carregadas de muitos grãos. O trem aqui reduziu a velocidade e assim posso ver a paisagem, mais tranquilamente.
          Vi rapazes malvestidos, ao longo da estrada a cada 50 metros e muitas vezes observei que aqui se faziam tijolos, pois eles estavam secando ao sol. O trem retomou, rapidamente, a velocidade costumeira. Às 9h29 uma paisagem sofrível, observo muitos terrenos baldios, lixo a céu aberto e casas de tijolos, inacabadas enquanto passa um trem em sentido contrário ao nosso. Às 9h35 o trem parou na terceira estação. Operários estavam arrumando o cimento da plataforma, que é muito grande. Rapidamente, o trem parte da Estação Morena. E já estamos chegando perto de Jhansi.
          Observei uma plantação de verduras, limitadas por grandes muros de pedras. A erosão voltou novamente. Às 10h10, o trem parou na estação de Kotra, uma região rural do Rajastão. Na rápida partida do trem, as grandes plantações de mostarda, cana-de-açúcar e também muito trigo estão novamente diante de nossos olhos. Ao longe, muitas cúpulas, pode ser que sejam muitos templos reunidos.
          Às 11h acabaram as pedras e novamente vi trigo e pastos. Passamos, em seguida, por uma máquina de brita. Vejo um grande rio e pergunto: qual o nome? Nossa guia escreve no meu caderno: Chembal. No mapa à esquerda podemos ver o rio Chembal, um afluente do rio Yamuna.

          Às 11 h, vi o que aqui é muito comum: um morro de pedra encimado com uma estátua enorme. O trem, finalmente, chegou à cidade de Jhansi e nós, em seguida, partimos, em ônibus privativo, para Fortaleza Medieval de Orcha. O forte de Orcha, constituído por vários edifícios que foram construídos em diferentes épocas, fica a 15 km de Jhansi. Durante o trajeto vejo extrema pobreza! Um trânsito caótico cheio de Tuk-tuks, muitas motos e caminhões que fazem verdadeiros malabarismos, muitas buzinas e pé no acelerador. Aqui temos a mão inglesa. Árvores de buganvílias enfeitam a paisagem nesta primavera! Vejo, que aqui, há, também, uma feira.
          Superados os 15 km, por fim, chegamos a Orcha, a terra dos Marajás, num lugar que mostra a riqueza, o fausto e a beleza deste tempo passado. No entanto, o tempo presente, está também numa foto! Aqui captamos a presença de um Sadhu, também chamado Baba, em frente ao palácio do Marajá. Aqui parece que o tempo parou! Lá estão grandes e suntuosas residências dos Marajás.

“A palavra Marajá deriva do antigo sânscrito Maharaja a qual compõe-se de dois termos: mahānt ‘grande’ e rājan ‘rei’. Sua composição latina pode ter como referência, para seus termos, respectivamente, Magnum e regem. A designação mais comum para o termo marajá se refere aos reis que governaram uma vasta e considerável região da Índia e, sendo assim, a partir dos contatos comerciais que se deram nos respectivos períodos, tanto quanto para títulos de nobreza ou de referência política, popularizou-se o termo entre comerciantes ou em canais de navegação mercante Portuguesa da época” […]

“Orcha, a capital de um dos maiores e mais poderosos reinos da Índia Central, foi fundada no ano de 1501, pelo primeiro príncipe da dinastia Bundelã, Rudra Pratap Singh. Este que foi o primeiro Marajá de Orcha de 1501 a 1531, quando o Imperador era o Mogol Akbar. Orcha chegou a seu apogeu entre 1605 a 1627, durante o domínio do Imperador Mogol Johangir”.

          Este Marajá construiu, no século XVI e XVII, este forte chamado, “Radja (rei) Mahal (palácio) ”. Lindos casarões e construções de uma época estão aí a demonstrar o tempo quando os Marajás e as Marines governavam esta região, com muito poder e fausto. Nosso guia nos fala sobre os Marajás, que “aqui tinha o força e poder” e o povo que “tinha muito respeito pela Marani”, a mulher do Marajá. A excursão não visitou a cidade de Orcha, mas somente a fortaleza que fica no alto, com muitos templos, palácios e mausoléus, erguidos entre os séculos XV e XVI, em seu interior. Orcha, um lugar pequeno, significa “lugar escondido”. Nossa excursão não visitou a cidade em si, mas nas imagens da Internet é possível avaliar a importância histórica de Orcha.

          Na subida vimos algumas crianças vendendo pedras, temperos e artesanatos próprios da Índia. Subimos a pé por um longo caminho, para chegar ao forte de Orcha. À beira da estrada, havia muitas pessoas pedindo esmola.
          Diante do imenso portão, defendido por pontas de ferro, que serviam para a defesa contra os ataques com elefantes, nós paramos. Realmente, as grandes pontas de ferro e mesmo o imenso portão assustavam. Isso era compreensível num tempo, em que os elefantes eram utilizados, nos constantes ataques, obrigando a criar defesas à altura, para repeli-los.
          Às 14h entramos no forte. No século XVI, era possível distinguir um templo ou um palácio Hindu de um templo ou palácio muçulmano. Os tetos são em ponta, quando é um palácio hindu e são redondos, quando é muçulmano. Todos os edifícios de Orcha tem tetos arredondados.
Lindos tetos com pinturas embelezam estes palácios de Orcha. Os guias aproveitam a oportunidade para nos falar de Orcha.

          Neste forte, uma escada de ferro, em estilo vitoriano , denota aqui a presença dos ingleses que chegaram aqui no século XIX .

          Às 15h20 saímos do forte de Orcha e viajamos de ônibus, durante 160 km, nos dirigindo a outro local imperdível: Khajuraho. No caminho tivemos a oportunidade para observar o entorno: a vegetação que vemos agora aqui é do tipo caatinga. Passamos por estradas de asfalto sem duplicação. Era domingo e, neste início da primavera, tudo estava florido. Às margens do caminho, observamos uma pequena feira que vendia os produtos da terra. Aqui vimos muita pedra e também, muita brita e o trigo maduro sendo colhido, numa grande planície com agricultura muito forte. Às 15h30, passamos por uma hidroelétrica. Ali perto, vi pessoas fazendo tijolos.
       Na chegada a Khajuraho, após uma tranquila viagem, nos hospedamos no hotel Radisson.

18 de março – segunda-feira
          Após o café da manhã, enquanto aguardávamos o início da excursão para Khajuraho, o guia Rajah nos foi apresentado. Khajuraho é um termo que tem origem na palavra Kajuh= árvore da palmeira. Rajah inicia dizendo que Khajuraho, “a cidade das palmeiras”, antigamente, era populosa. Hoje está com pouca gente! Khajuraho, distante 620 quilómetros de Délhi, serviu de capital religiosa à dinastia hindu Rajput dos Chandelas. O que aqui chama a atenção, são templos que, em grande quantidade, expõem a arte erótica e hoje, é um dos mais populares destinos turísticos na Índia.

          Esta dinastia, seguidora do culto tântrico, controlou esta parte da Índia, entre o século X e o século XII. Quando no século XVI, vieram os Mongóis para a Índia, estes destruíram a maioria dos 85 templos que havia aqui. Hoje só restam aqui 22 templos. Os templos de Khajuraho foram redescobertos no século XIX.

“A história conta que em 1838, chegou aqui um inglês e encontrou os templos cobertos de mato e ele os reabilitou. A floresta os tinha protegido e estavam bem conservados. O conjunto de templos foi construído ao longo de cem anos, desde o ano 950 até ao ano 1050, dotado de uma área central protegida por uma muralha com oito portões, cada um dos quais com duas palmeiras de ouro. Os templos estão espalhados numa área de cerca de 21 km”.

          Em frente a um templo, Rajah nos informa: em Khajuraho havia 3 castas: os descendentes do sol, os da lua e os do fogo. Explica, também, sobre o culto tântrico: nos diz que o culto tântrico, crê na gratificação dos desejos terrenos como um passo adiante para atingir a libertação total, (e posteriormente) o Nirvana. Segundo algumas opiniões, muitas vezes, é mal interpretado.

“Em todo o caso, as esculturas de Khajuraho são um exemplo irrepetível da arte tântrica, que no momento da sua criação ninguém associava à pornografia. Tratava-se antes de uma celebração da vida através da união criativa entre Xiva e Shakti”.

          Era um tempo de cultura aberta em que as mulheres não usavam véu. Hoje, na zona rural, as mulheres tapam o rosto. Certamente é uma imitação do hábito que copiaram das mulheres muçulmanas, quando chegaram aqui.
          Diante de templos imensos, o nosso guia nos aponta as diferentes figuras em alto relevo que ornam os templos. Nos dá algumas explicações: aponta-nos estátuas em que, diante da representação de um ato sexual, algumas figuras espiam, tampando o rosto. Explicita-se aí uma manifestação do conflito entre a prática e a moral, nos explica o guia. E também nos diz que as estátuas que tem as pessoas com barba grande é porque representam a família real.
          Os templos de Khajuraho encontram-se agora numa vasta área de paisagem bastante cuidada, em meio a campos verdejantes e floridos. Atualmente, a estação arqueológica tem características semelhantes às de um parque público inglês, com relvados, rosas, dálias e árvores de jardim, o que é apreciado por alguns dos turistas, mas que, na opinião de alguns críticos, não tem nenhum tipo de relação, com a paisagem histórica, existente na altura em que os templos foram construídos.
          Acompanhados pelo guia, paramos diante destes templos históricos de arte erótica. Visitamos também um templo que tem em sua base uma grande estátua de um Javali. Segundo a religião Hindu, o Javali é a terceira encarnação de Vichnu. Nesta estátua do Javali, um animal muito grande, estão gravadas as muitas encarnações que já teve.

          Neste espaço de templos em Khajuraho vi trabalhadores lavando as escadas, dando a impressão de cuidado com este patrimônio.

          O guia nos levou a visitar um templo que foi construído em honra de três religiões: islamismo, budismo e hinduísmo. O rei tinha a intenção de unir as três religiões. O guia afirma que o hinduísmo não é religião, mas uma forma de vida: árvores, rios, montanhas e animais são deuses, são energias.
Para o hinduísmo a morte não tem a conotação que a cultura ocidental lhe dá. Na Índia a morte é o momento do renascimento para uma nova vida. Em 1986 este conjunto de Khajuraho foi reconhecido pela UNESCO como patrimônio da Humanidade.

          Para marcar nossa presença em Khajuraho, fizemos essa foto antes de partir na viagem de avião, para Varanasi , à  tarde.

Varanasi

          Partimos para Varanasi, também conhecida como Benares, no estado de Uttar Pradesh, localizada às margens do rio Ganges, entre os rios Varana e Asi, origem de seu nome. Por causa dos diversos dialetos falados na Índia, Varanasi também é conhecida por Banarasi, Banaras ou Benares.
          A cidade é chamada, também, de Kashi ou a “cidade da luz espiritual” e os estudiosos consideram a hipótese de que a cidade tenha surgido há cerca de 3.000 anos. Com mais de 3.000.000 de habitantes e é a cidade mais sagrada do hinduísmo. Atingiu o posto mais respeitado entre as cidades da Índia, durante os tempos de Sidarta Gautama, o Buda, quando foi a capital do Reino de Caxi. Varanasi foi um grande centro comercial e industrial, tendo se destacado na produção e distribuição de marfim, seda e perfumes. No século XVIII, Varanasi foi um reino independente e sob a tutela do Império Britânico, tornou-se o centro econômico e religioso da região. Em 1910, os britânicos definiram Varanasi como um estado da Índia Britânica.
          Hoje, a cidade possui várias microempresas especializadas na produção de Sáris, tapetes e artesanato. A seda de Varanasi é considerada a marca registrada da cidade, cujas indústrias são responsáveis por grande parte dos empregos da região. Apesar da indústria desenvolvida, Varanasi costuma ser apontada, internacionalmente, como um foco de trabalho infantil.

Os hindus acreditam que, morrendo nesta cidade, se obtém a salvação instantânea, ou seja, aquele espírito estará livre do ciclo eterno entre a vida e a morte, ou seja, das reencarnações. Por causa desta crença, a cidade possui muitos abrigos para doentes e desamparados que aqui esperam pela morte.
Chegando a Varanasi nos hospedamos no Ramada Plaza hotel.

19 de março – terça-feira – Varanasi às margens do rio Ganges
         

Às 4h30 da madrugada deste dia, tomamos o café da manhã no Ramada Plaza hotel e saímos para conhecer a cultura do rio Ganges.

          Naquela manhã, aos poucos, um sol majestoso foi despontando e iluminou o dia de nosso encontro com os rituais no Ganges. Na chegada, às 6 horas da manhã, percebemos uma grande aglomeração de pessoas, tanto fora, quanto dentro do rio. Logo fiz uma foto! Gosto muito de fazer fotos do nascer e do pôr do sol, por serem momentos de magia, majestade e beleza. O guia nos explica: nesta cultura hindu, os rios são femininos, são deusas da liberação, por exemplo, a Deusa Ganges.
         

          Percebemos que o rio tem uma das margens ocupada por diversos tipos de construções: algumas eram antigos palácios, pois no auge do desenvolvimento comercial dessa região, os Marajás ocuparam essa parte e aqui deixaram seus palácios. Hoje, essas construções servem para hospedar peregrinações.
Ao mesmo tempo, nas grandes escadarias pode-se ver as mais diversas atividades. No rio Ganges tudo acontece ao mesmo tempo: pessoas se banhando, mergulhando e tomando água do Ganges, etc. Como aqui tudo é sagrado, esse comportamento, de tomar água desse rio, só impacta aos que são de outra cultura. Muitos estão fazendo suas ofertas ao Ganges. Nas escadarias e ao longo do Ganges, vê-se pessoas fazendo as mais diferentes atividades: tocando sinetas, aprendendo yoga e rezando. Aqui em Varanasi há também lavanderias que buscam as roupas em casa para lavá-las no rio Ganges. Aos turistas que estavam navegando nos barcos, eram vendidas oferendas para serem ofertadas para Deusa

          Nós, que éramos de outra cultura, nos irmanamos com os hindus e lá fizemos a nossa oferta. O trabalho de vender as ofertas, era feito por crianças. Aqui vemos, também, homens nus (não muitos) com todo o corpo coberto de cinzas nas escadas da margem direita do rio Ganges. Certamente eles são da religião Jainísta e vem das montanhas, nos explica o guia.
          Outro fato impactante foi ver o local, onde e como se dá a cremação dos mortos. Um após outro, os defuntos chegam transportados em macas, acompanhadas de seus familiares homens (as mulheres não acompanham os mortos). Depois de fazer a imersão do defunto nas águas do Ganges, o conduziam para o local da cremação. Dentro de um cercado, lá estava preparada a pira com madeiras de sândalo, madeiras essas, naturalmente perfumadas. Então, conforme essa cultura, o filho mais velho acende a pira e todos esperam até o fogo consumir tudo, quando recolhem as cinzas que serão lançadas ao Rio Ganges. Observo que neste crematório, o processo era contínuo: não demorava muito e lá vinha sendo conduzido mais um defunto. Numa Índia superpovoada é fácil de compreender o elevado número de mortes que aqui acontecem e as muitas cremações em diversos crematórios à beira do Ganges. Dizem que aqui se queimam os Karmas e, morrer em Varanasi, é uma benção! É por esse motivo também, que muitos, vem esperar a morte, aqui.
          Na outra margem do Rio Ganges, a natureza nos brindava com o sol em todo o seu esplendor!

          Outro fenômeno muito comum na índia e que vimos também aqui no Ganges em número elevado, eram os chamados renunciantes, Sadhus ou babas.

“Sadhu, no hinduísmo, é um termo comum para designar um místico, um asceta, um praticante de ioga ou um monge andarilho. A tradução para sädhu é ‘bom homem’ e para sädhvi é ‘boa mulher’. Se refere a quem tem a escolha de viver em sociedades com foco na prática espiritual. A origem da palavra vem de sädh, que significa ‘alcançar objetivos’. A mesma origem é usada na palavra sädhana, que significa ‘prática espiritual’. Sadhus são sanyasi ou renunciantes, que deixam todos seus bens materiais e que moram nas cavernas, florestas e templos da Índia e do Nepal”.

          O Sadhu é referido como Baba pelas pessoas comuns e a palavra significa pai, avô, ou tio em muitas línguas indianas. Interessante notar que gurus célebres sempre têm em seu nome a palavra Baba. Saímos deste local com a sensação de que nós, participantes da excursão, tínhamos passado por uma vivência muito forte e mesmo, inesquecível.
          Deixamos o Rio Ganges e toda a excursão andou pela cidade de Varanasi, onde vimos e passeamos pela cidade com um meio de locomoção interessante.

          Trata-se de uma bicicleta de três rodas, que se transforma num taxi, guiado por um condutor. Lá fizemos também esta experiência de andar desta forma pelas ruas: cada duas pessoas estavam passeando pela cidade com este Taxi e coube a mim a companhia do nosso guia Vidal. Valeu!
          Depois desse mergulho na cultura Hindu, fomos conhecer o espaço de outra cultura, a budista, num local chamado Sarnath, que também é identificado com outros nomes como “Saranate ou Sarnate”. Saranth é reverenciada pelos budistas por ter sido o local onde Sidarta Gautama, o Buda, teria realizado seu primeiro sermão, após sua iluminação.
          Cabem aqui algumas palavras sobre Buda e a cultura budista.
O budismo é baseado no ensinamento de Sidarta Gautama, que viveu no Nepal entre 563 e 483 a.C. O Buda histórico ensinou que a causa de todo sofrimento, físico, emocional ou existencial, incluindo o da morte, é a ignorância, o esquecimento de nossa verdadeira natureza. A palavra ‘buda’ significa aquele que despertou do sono da ignorância, aquele que se iluminou.
          Sidarta Gautama nasceu no hinduísmo e viveu principescamente, no palácio de seus pais, até os trinta anos, sem conhecer a pobreza, a morte e a infelicidade. Saindo do palácio, se deparou com a pobreza, a tristeza, a miséria e a morte. Abandonando os deuses de sua religião, saiu em busca de si mesmo e viveu anos como asceta e renunciante, em extremo despojamento. Após esta fase, meditando junto à uma árvore em Sarnath, despertou e se iluminou. Abandonando sua fase de renunciante, agora como Buda, nas suas pregações, levava seus seguidores a olhar a vida de outro jeito. Dizia Buda: pertencemos a uma unidade da criação e para se ter uma vida feliz, havia a necessidade do desapego. Pregava a apreciação e a compaixão para com toda a criação.

          Chegando ao local, adentramos o templo de Buda que estava com muitos visitantes, tanto no seu interior, como no seu exterior. Ao visitar este templo, todos os ensinamentos de Buda são lembrados. O que Buda nos diz é que devemos descobrir a nossa verdadeira natureza fazendo o exercício do desapego para evitar o sofrimento e a infelicidade na vida. Neste local muitos budistas estavam todos em um silencioso respeito.

 Budismo templo e árvore

Andamos pela proximidade do templo e lá pudemos sentir a emoção de ver a árvore, embaixo da qual, Buda alcançou a iluminação.

          Ficamos, algum tempo, sob esta árvore relembrando este fato histórico na conversa que tivemos com os colegas. Como já foi dito, a mensagem mais forte de Buda está contida na palavra “Despertar” que significa sair do sono do desconhecimento sobre nós mesmos e empreender essa caminhada pessoal, por exercícios pessoais, como por exemplo, pela meditação.
          Neste espaço, vimos participantes de muitas peregrinações, vestidos de branco, sentados nas muitas ruínas deste grande espaço, certamente em meditação. As ruínas são resultantes do desgaste e demolição de construções históricas do local onde Buda fazia seus sermões após sua iluminação.

          Entre as muitas mensagens do budismo, deixo aqui algumas, através das quais, podemos avaliar sua grande importância para se ter uma vida mais equilibrada e feliz

“Tenha cuidado com o exterior, bem como seu interior, porque tudo é um. Somos uma unidade física e espiritual, mas muitas vezes nos esquecemos. Às vezes nos preocupamos muito sobre como cuidar do corpo e esquecemos a alma, enquanto em outras vezes nos preocupamos muito com nosso equilíbrio psicológico e negligenciamos aspectos importantes, tais como dieta e exercícios. No entanto, para encontrar um estado de bem-estar verdadeiro é imperativo que a mente e o corpo estejam equilibrados”.

“Não é mais rico quem tem mais, mas quem precisa menos. Apesar de não estarmos conscientes disso, o nosso desejo de mais, seja no material ou emocional, é a principal fonte de nossas preocupações e desapontamentos. Quando aprendemos a viver com pouco e aceitando tudo que a vida nos oferece no momento, podemos alcançar uma vida mais equilibrada e reduzir a tensão e stress. Entender que já temos tudo necessário para atingir a paz interna e felicidade é um ensinamento que traz tranquilidade na caminhada e evita a ansiedade e desgaste incessante de sempre achar que a felicidade está logo ali na frente, mas nunca aqui.” […]“Dê, mesmo se você tiver muito pouco para dar. Esta é uma das mais antigas frases budistas, e algumas pesquisas na área da psicologia positiva mostraram que a gratidão e a entrega são um dos caminhos que conduzem à felicidade. Não é sobre dar com intuito de receber algo, mas dar motivado pelo prazer que sente ao ajudar alguém. ”

“Se você puder apreciar o milagre que mantém uma única flor, toda sua vida vai mudar. Se você não puder apreciar o milagre que envolve uma flor, é que você está morrendo por dentro”.

          Hoje, o budismo é uma das religiões ou filosofias mais antigas ainda praticadas. Tem mais de 200 milhões de praticantes no mundo inteiro. Após essa imersão no mundo budista e, recordando agora suas valiosas mensagens, voltamos ao nosso Ramada Plaza hotel, onde jantamos. Neste dia à noite, após o jantar, numa loja deste hotel, comprei um Sári, 6 metros de seda pura, por 70 dólares. O proprietário da loja me presenteou com um lindo colar de bolinhas vermelhas de seda e fios de ouro, feitas por sua mãe. Daí para frente, usei, muitas vezes, esta que considerei uma linda “joia”.

Dia 20 de março – quarta-feira – De Varanasi para Nova Délhi
          Levantamos às 4h30, tomamos café e rumamos para o aeroporto de Varanasi. Nosso destino era a capital, Nova Délhi. O guia nos avisou que só poderíamos levar uma mala de 20 k. Ficamos surpreendidos com esta exigência, pois até aqui, nunca tínhamos tido este limite de bagagem e por isto muitos de meus colegas tiveram que pagar pelo excesso. Chegando ao aeroporto, lá esperamos longo tempo e durante a espera comprei, numa loja no aeroporto, 5 lenços de seda pura, muito lindos e delicados, para presentear.
          Às 8h45 saímos com a empresa Spice Jet, num avião pequeno, rumo a Nova Délhi! Lá em frente ao pequeno avião, fiz uma foto com Marialva e em seguida, levantamos voo sobre uma linda região agrícola, com casas em pequenas povoações.

          O avião ia sempre na mesma altura, nos possibilitando a ver, continuamente, esta linda paisagem: os campos cultivados e as pequenas propriedades delimitadas. Naquele voo, não houve oferta de lanche de nenhuma espécie.
          Nesta curta viagem para a capital, minha memória recorda as cidades da Índia e também o espetáculo inacreditável e insuportável aos nossos olhos, da fome, da miséria e pobreza de seus pedintes, naquela estação de trem! Ao mesmo tempo, sinto que fiz uma experiência: conheci, na Índia, os dois lados da mesma medalha. Conheci também, parcialmente, o país que produz historicamente, raras sedas, lindíssimo artesanato de pedras preciosas e semipreciosas. Uma Índia onde estão inumeráveis construções históricas milenares, belíssimas e esplêndidas tapetes artesanais trabalhados nos teares, por artesãos que cultivam o saber fazer e a tradição. Esta Índia, esta terra de contrastes, cresce a 10% ao ano, possui a bomba atômica, tem os melhores cirurgiões e engenheiros do mundo. Os pensamentos voam! Enfim, chegamos às 10h30, no moderno e lindíssimo aeroporto Indira Gandhi, depois de uma viagem tranquila.
          Às 11 h já no ônibus, começamos o tour para conhecer alguns aspectos da Velha Délhi. O trânsito como sempre, estava muito engarrafado. Enquanto isso, o guia, sem perder tempo, vai nos informando sobre a diferença entre as culturas hindu e islâmica.
          O texto que segue retrata o que ele nos disse:

“Os hindus e os muçulmanos nunca se entenderam muito bem. Para os adeptos do hinduísmo ou do islamismo não se trata apenas de religião, são modos de vida diferentes, visões de mundo diferentes. A religião hindu, surgida na Índia, reverenciava vários deuses diferentes, ao contrário da religião islâmica, trazida por conquistadores, que acreditava num deus único e tinha em Maomé sua figura maior. Sem contar que os hindus viviam em uma sociedade de castas, extremamente hierarquizada, onde não havia igualdade entre os indivíduos, contrastando com o que era pregado pela religião maometana de que todos os homens são iguais perante Deus”.

          O guia nos fala sobre a briga entre a Índia e o Paquistão pela posse de uma região conhecida como Caxemira. O significado do nome: “terra sem água” ou terra desidratada, (Ká = água e Shimeera = secar) que descreve, historicamente, o vale ao sul da parte mais ocidental do Himalaia. Politicamente, o termo “Caxemira” descreve uma área maior, que inclui as regiões de Jammu, Caxemira e Ladakh. Para nós o termo é familiar, pois o nome Casimira tornou-se sinônimo de tecido de alta qualidade. Isto é devido à lã produzida em Caxemira, a partir das cabras nativas.
          Na minha infância escutei muito esse termo, ao nomear um produto têxtil de qualidade.

“Casimira ou lã de caxemira é um termo genérico para alguns tecidos de lã, ou lã e poliéster e que usam ligamento em sarja, possuindo trama fechada e sendo geralmente usados na confecção de ternos, saias, tailleurs etc.”

          Enquanto o guia fala sobre a região de Caxemira disputada tanto pela Índia quanto pelo Paquistão, nosso ônibus faz a primeira parada e nos deixa no complexo de Qutub Minar. Lá está um belo monumento, a maior torre da Índia, chamada também a torre da vitória (75.2 metros de altura e com 379 degraus de escada). O Qutub Minar é o minarete de tijolo mais alto do mundo e um importante exemplo de arquitetura indo-islâmica.
          Aqui a história: neste conjunto “Qutub Minar”, havia 27 edifícios hinduístas e quando houve a vitória dos muçulmanos, em 1192, estes os destruíram e construíram a primeira Mesquita. O Imperador muçulmano começou a construção do minarete (a torre da vitória) para chamar os fiéis para a oração. Além de ser um monumento que glorifica o Islã e legitima o seu domínio, ela foi também usada como torre de observação, ligada à defesa da cidade.

          Neste complexo “Qutub Minar” que visitamos, há muitos outros monumentos, como, por exemplo: “Quart ul-Islam”, a primeira Mesquita construída na Índia, o “Alai Gate”, o “Alai Minar”, o “Pilar de Ferro”; a “Tumba de Iltutmish”, erguida pelo segundo sultão de Délhi (1211-1236 AD), terminada em 1235 AD.

          A torre da Vitória, como a denominaram os Muçulmanos vencedores, tem tamanho exorbitante. A torre de diversos pisos passou por diversas datas na sua construção. O 1º piso foi terminado em 1199. O genro do Imperador construiu mais dois pisos no século XIV. Houve terremotos em duas oportunidades – no século XIV e XVIII. Importa saber que esta torre foi destruída e reconstruída através da história, diversas vezes. O último piso foi construído pelos ingleses. Informou-nos o guia que, no tempo antigo, usava-se esta torre, para se suicidar! Passeamos pelo local e observamos!
          Saindo do complexo “Qutub Minar”, em suas proximidades, observamos aspectos da Velha Délhi, que nos deixam surpreendidos. Vimos lojas que eram uma verdadeira miscelânea, um misto de alimentos e vegetais crus, comidas prontas, animais vivos, animais já abatidos cuja carne fica exposta, pneus, bicicletas e todo o tipo de mercadorias. Foi uma paisagem diferente de tudo o que até aqui tínhamos visto.
          Fomos almoçar. Paguei 800 rúpias = 6 dólares por um prato que escolhi do cardápio, mas não recordo o nome, só me lembro que o tempero desta carne era tão espetacular e especialmente saboroso e bem condimentado que ainda hoje está na minha lembrança. Algo inesquecível mesmo

          Às 14h25, continuamos o tour pela Velha Délhi e desta vez fomos visitar uma construção muito importante, o Forte Vermelho. Alguns fortes na Índia são verdadeiras cidades, onde cabem diversas Mesquitas e muitos palácios, com altos muros. Este Forte Vermelho é uma destas construções. Os altos muros do Forte Vermelho foram construídos para manter invasores afastados e somam 2,4 km de muralhas. A área ocupada pela forte soma 103 hectares.

          O Forte Vermelho está localizado na região hoje conhecida como Velha Délhi e foi construído no século XVII, por Shah Jahan, o construtor do Taj Mahal. Após a morte da esposa, o rei decidiu transferir de lugar a capital do reino, até então sediada em Agra. Não poupou esforços nem recursos na tarefa de criar a cidade real. Palácios adornados de ouro, prata e pedras preciosas, ladeados por jardins das mil e uma noites, ganharam vida a partir dos desenhos dos arquitetos reais. Aqui há muita beleza!

          As riquezas e parte da construção, entretanto, não resistiram aos saques e à deterioração. Ainda assim, o muito que restou do Forte Vermelho ainda permite vislumbrar a opulência daqueles tempos remotos. Neste forte havia 11 palácios (mahals) e o destaque eram os salões para audiências, onde o Imperador recebia oficiais e embaixadores estrangeiros. Em um deles, uma inscrição não deixa dúvidas sobre a opinião de Shah Jahan: ‘Se há um paraíso na Terra, é esse”!
Aqui havia um dos maiores símbolos da realeza – um trono em formato de pavão, cravejado de pedras preciosas que levou sete anos para ser feito. Ele foi roubado e levado para a Pérsia, em 1739, nos informa a guia. No relato que fiz da viagem ao Irã, antiga Pérsia, em 2018, este fato é mencionado. E lá, no Irã, existe um similar feito pelos persas e foi usado na coroação do Xá Reza Pahlevi. O forte é composto por construções com decorações florais, cúpulas duplas, esculturas intrincadas e formas de arte que ilustram o auge da arquitetura Mogol. Atualmente o Forte continua a atrair muitos visitantes. No dia 15 de agosto de cada ano, o primeiro-ministro indiano iça aqui, a bandeira nacional para comemorar a independência em relação ao Império Britânico.

          No forte, há também um Museu digno de ser visitado. Trata-se do Memorial da Guerra Indiano, criado como uma homenagem aos soldados que participaram da Primeira Guerra Mundial, em nome dos britânicos. Apresentações com som e luz retratando a história indiana e Mogol acontecem todas as noites, mediante uma pequena taxa além do preço da entrada.
Outra construção na Velha Délhi digna de ser conhecida entre tantas, é a grande Mesquita Jama Masjid.

          Jama Masjid (ou Mesquita das Sextas) é a maior da Índia. Tem capacidade para 25.000 fiéis e fica em frente ao Forte Vermelho, no alto duma colina. Sua construção começou em 1644, inspirada na imagem da Mesquita de Agra. Possui três grandes portas, quatro torres e minaretes com 40 metros de altura feitos de arenito vermelho e mármore branco, que podem ser visitados por meio de uma escada. Possui ainda três cúpulas de mármore branco e negro”. Esta Mesquita foi construída a mando do Mogol Shah Jahan, entre 1644 e 1656, o mesmo Imperador que solicitou a construção do Forte Vermelho e do Taj Mahal. Seu nome se refere às orações que os muçulmanos realizam todas às sextas-feiras ao meio-dia, chamada Jummah e sempre em uma Jama Masjid, que significa “Mesquita”. Pelas diversas fotos se pode ter uma ideia de sua grandiosidade.
          Depois de conhecer esta Mesquita, fomos visitar o túmulo de Gandhi, que ocupa um grande espaço e seu mausoléu fica nos fundos de um grande terreno. Havia muitos turistas visitando este túmulo.

O Túmulo de Gandhi, o Raj Ghat

“Raj Ghat é um memorial e local onde se encontram as cinzas de Mahatma Gandhi. Consiste em uma plataforma de mármore negro, sobre a qual está colocada uma chama eterna. Simboliza o local em que Gandhi foi cremado em 31 de janeiro de 1948, e abriga também os restos mortais de outros importantes líderes indianos”.

          Na saída desse espaço, que honra a vida de Gandhi, fizemos essa foto.
          Antes de deixar da Índia para conhecer Nepal, algumas palavras postadas na Internet traduzem, exatamente, os sentimentos que tenho diante desta terra de contrastes que é a Índia:

“Embora muitas vezes seja difícil para o turista que visita a cidade pela primeira vez superar um certo choque inicial diante da pobreza, dos altos níveis de poluição e do tráfego caótico, em geral esse estranhamento é recompensado por uma imensa riqueza histórica e cultural, escondida nas estreitas ruas da Velha Délhi. Tudo tem o seu peculiar encanto nessa terra de tradições milenares, como o impressionante Forte Vermelho, as grandes avenidas arborizadas de Nova Délhi, os museus e bazares, a cor de seus tecidos ou o cheiro de suas especiarias. Além disso, essa cidade é o ponto de partida para quem vai a Agra, onde se encontra o famosíssimo Taj Mahal, eleito como uma das 7 maravilhas do mundo moderno, em julho de 2007”.

          Em Nova Délhi, na noite anterior à nossa ida para o Nepal, recebemos um convite para um jantar na casa de uma família, amiga de nosso guia Vidal. A família do anfitrião tinha uma criança de 6 anos, que nos cumprimentou amorosamente, de acordo com a cultura hindu.

          Antes do jantar, foi oferecida a todos a oportunidade de ter as mãos pintadas com henna, um gesto, também, muito próprio desta cultura. A alegria e a descontração foram a tônica deste feliz encontro. Todos nós do grupo ficamos sensibilizados com este convite e maravilhados e agradecidos com o jeito hindu de receber. Com esta linda festa na casa da família do amigo do guia Vidal, encerramos, com chave de ouro, a nossa excursão pela Índia.

O país que visitaremos amanhã é o Nepal das Himalaias.

Nepal

          Alguns dados históricos e geográficos sobre o Nepal
          O Nepal é um país asiático, limitado a norte pela China (Tibete) e a leste, sul e oeste pela Índia e que fica totalmente dentro do Himalaia e é um país sem costa marítima. Sua capital é Katmandu. Os nepaleses vivem em vales e criam iaques, um bicho muito peludo que parece uma mistura de vaca e búfalo. Tem uma das maiores densidades demográficas do continente, com 184 habitantes por quilômetro quadrado. A população nepalesa é composta de 12 etnias, que convivem harmoniosamente. O Vale do Katmandu, no Nepal, constitui-se num cruzamento de caminhos de antigas civilizações da Ásia. As cidades de Katmandu, Patan e Bhaktapur que iremos visitar são exemplos de arte e de arquitetura.
          Os Himalaias formam um grande sistema montanhoso, que se estende por cinco diferentes nações: Paquistão, Índia, Nepal, Butão e República Popular da China. O sistema montanhoso do Himalaia é o teto do mundo e lar dos picos mais altos do planeta: o Monte Everest (8.848 m) e o K2 (8.611 m). A região do Himalaia é dotada de centenas de lagos. A sua grande maioria pode ser encontrada em altitudes inferiores a 5000 m, com o tamanho dos lagos diminuindo com a altitude.
Foram os nepaleses que deram o nome à grande Cordilheira: Himalaia quer dizer “morada das neves”.

“A agricultura emprega 90% da mão de obra, tornando o país grande fornecedor de arroz para a região. Em vez de construção de estradas, conter a erosão do solo há séculos tem sido a principal ocupação dos governantes, sendo que o sistema de terraços usados na irrigação do arroz é um desafio aos meios usados no ocidente para conter o mesmo tipo de erosão. Outrora uma monarquia (absoluta na maior parte da história), o Nepal tornou-se uma república parlamentarista em 2008, após um acordo entre os partidos políticos e as facções guerrilheiras rebeldes, tendo como pano de fundo a crescente insatisfação popular com o autoritarismo do último rei Gyanendra”.

“Sherpas” são os nepaleses que vivem nas montanhas e muitas vezes auxiliam os alpinistas em suas escaladas. Todos os lagos são alimentados pelos glaciares.

O Ano Nepalense

“O ano nepalense começa em meados de abril e está dividido em 12 meses. Sábado é um dia oficial de descanso. Dentre os feriados nacionais estão: o Dia Nacional, a comemoração do aniversário do rei (28 de dezembro), o Prithvi Jayanti (11 de janeiro), Dia do Mártir (18 de fevereiro) e uma mistura de festivais hindus e budistas, tais como o festival Dashain no outono e o Tihar no final do outono. Durante o Tihar, a comunidade Newar também comemora o seu Ano Novo, por seu calendário local” […]

“Dashain” é um festival religioso nacional do Nepal que ocorre durante 15 dias. É o festival mais longo e mais auspicioso do calendário anual do Nepal, sendo celebrado pelos nepaleses de todas as castas sem importar o país no qual se encontrem”.

          Passo agora a relatar, dia após dia, o que conhecemos, com as vivências dessa excursão no Nepal.

21 de março – quinta-feira – Nova Délhi / Kathmandu
         

Neste dia levantamos às 5 h e após o café, saímos às 6h45 de Nova Délhi, passando novamente pela avenida das embaixadas. Neste amanhecer, não havia trânsito na cidade. Nosso guia nos fala sobre Nepal e sua capital Kathmandu com seus microclimas. Diz-nos que Kathmandu, à base do Himalaia, tem muitas frutas tropicais, e que visitando o Nepal, faremos um mergulho no mundo budista, apesar de que aqui, o hinduísmo é muito forte, também.
          O príncipe Sidarta Gautama, fundador do budismo, depois conhecido como Buda, o “Desperto”, nasceu no hinduísmo, mas negou o sistema de castas da Índia, que determinam a condição de uma pessoa na sociedade, pela sua condição de nascimento. Buda valorizava a iluminação, uma condição a que a pessoa que tinha despertado chegava, através de sua conduta individual. A doutrina budista é dividida em dois grandes ramos: Theravada, a escola budista mais antiga, e Mahayana, da qual faz parte o Budismo Tibetano, o Zen, entre outras linhas.
          Às 7h20 chegamos no novo aeroporto Indira Gandhi, um local moderno cheio de lojas, arte e espaços de convivência. Andei passeando pelo espaçoso aeroporto Indira Gandhi e admirei muito de sua beleza!
          Devido ao pronunciado aumento registrado no tráfego aéreo durante os anos 2004 e 2005, de aproximadamente 24% por ano, a modernização dos aeroportos de Nova Délhi e Bombaim (ambos responsáveis por 50% do tráfego aéreo da Índia) mostrou-se necessária para aliviar seu congestionamento. O governo da Índia para esta tarefa de modernização fez um chamado à licitação internacional, sendo favorecido o consórcio operador do Aeroporto Internacional de Frankfurt.

          O novo aeroporto é simplesmente maravilhoso! Aqui, por questões de segurança, todos passaram por muita revista! O ataque às torres gêmeas em Nova York, tinha acontecido há muito pouco tempo, menos de dois anos! E, por este motivo, em todos os lugares por onde passamos, houve o reforço na segurança. Uma sensação de modernidade e beleza nos empolga ao caminharmos por seus lindos e aconchegantes espaços de estar.
Após todos os trâmites, seguimos de ônibus para o hotel “The Soaltee Crown Plaza”, na capital.

          Kathmandu, geograficamente se situa no centro do país e eleva-se a aproximadamente 1300 metros de altitude. O vale fértil que circunda a cidade possui o mesmo nome e é atravessado pelo rio Bagmati. Nepal é um com grande densidade demográfica, tem 28 milhões de habitantes, sendo que 10% deles vivem no conglomerado urbano formado pelas três principais cidades do Vale de Katmandu: Patan, Bhaktapur e a própria Katmandu e tem como maior atrativo, a Cordilheira do Himalaia, onde estão localizadas as maiores montanhas do mundo, dentre elas, o Everest. A beleza cênica do Nepal o coloca em grande destaque no mundo, mas a infraestrutura do país é muito deficitária e pode ser notada pela falta de rodovias pavimentadas, problemas de energia elétrica, ausência de indústrias. A religião no Nepal é distribuída da seguinte forma: 80% hinduísmo, 10% budismo e 10% nas demais.

“O vale de Kathmandu foi povoado desde 900 a.C. Os Kirats foram os primeiros governadores do vale de que há registo. A dinastia Malla governou a região entre os séculos XII e XVII, sendo grande parte da sua arquitetura antiga atual ainda dessa época. Passou a ser a capital do país no século XVIII. […]. Em 1934, Katmandu ficou muito danificada em consequência de um sismo. Na década de 60, a cidade foi muito popular entre os hippies de todo o mundo, que aí podiam obter facilmente drogas a preços baixos. A situação alterou-se uns anos depois com a entrada em vigor de leis severas para acabar com a situação. Entre os seus principais monumentos, destacam-se o Palácio Real (construído por volta do ano 1900), o Templo Budista e o Mosteiro de Swayambhu, cujos terraços são ocupados por macacos”.

          Neste mesmo dia da chegada, â noite, no hall do hotel, foi apresentado ao nosso grupo, a possibilidade de uma viagem a bordo de um pequeno avião, ao longo da Cordilheira do Himalaia, para observar o pico mais alto do mundo, o monte Everest. De minha parte considerei que um voo destes valeria a pena fazer, por mais cara que a passagem me parecesse. É assim, fiz a compra do bilhete e decidi fazer esta experiência, junto com alguns colegas, que também optaram por fazer o voo. Nos preparamos para, no dia seguinte, levantar bem cedo e nos dirigir ao aeroporto. A volta estava marcada para às 9 horas, quando tomaríamos o nosso café e em seguida faríamos o programa da excursão já planejado para aquele dia.

22 de março – sexta-feira – Kathmandu
         

Café da manhã no hotel, num espaço bonito, artístico e muito aconchegante.

          Neste dia 22 de março, Marialva, como professora aposentada da UFSC e minha amiga e companheira de viagem, faz aniversário. Precisamos festejar!
Levantamos muito cedo e nos dirigimos ao pequeno aeroporto. Lá nos deparamos com algo que nos fez entrar na compreensão do modo como os habitantes, desta região do Himalaia, produziam sua vida. Em frente à sala de embarque, havia uma grande quantidade de mercadorias acomodadas em sacos.

          E aqui está a explicação: para atender as necessidades destes camponeses do Himalaia, o transporte de cargas e de gente é feito por pequenos aviões, nos 30 campos de aviação que existem aqui. Não havendo estradas e as distâncias sendo muito grandes, sem este meio facilitador, os camponeses levariam três a quatro dias, para levar à cidade seus artesanatos e os produtos da terra e da cidade, trazerem o que necessitam para seu trabalho e sustento.
          Dentro do avião, fizemos uma foto antes de iniciar mais esta maravilhosa aventura nos céus do Himalaia, tendo o Everest estampado no nosso bilhete da passagem, em mãos.

O avião levou 30 passageiros, de diversas nacionalidades e entre eles está o pequeno grupo de 9 brasileiros. Em meio à euforia da viagem, no início, se abateu sobre nós uma dúvida, já que o céu estava nublado: não sabíamos, naquele momento, se haveria visibilidade suficiente para ver o mais alto pico do mundo neste grandioso Himalaia, o Everest. Muitas vezes, os turistas não conseguem seu intento, nos comunica nosso guia Vidal. Mas este início de voo nos mostrou que teríamos sorte neste dia. À medida que o avião alçava voo e se aproximava da Cordilheira, o céu ia ficando azul! Agradecida, eu acompanhei este momento tão especial!

          É difícil não se impressionar, durante esta meia hora de voo, diante da grandiosidade da Cordilheira do Himalaia, de neves eternos. No fim visualizamos o pico mais alto do mundo, o monte Everest, que já conhecíamos dos livros, mas que agora estava aí, altaneiro, à nossa frente! Diante de tanta beleza, as profundezas de nosso Ser, ultrapassaram o racional! Vivi um momento numinoso, conceito este explicitado por Roberto Crema, o Reitor da UNIPAZ e um dos nossos orientadores do curso da UNIPAZ que frequentei em Florianópolis- SC, de 2000 a 2002 r que pude fazer a experiência ao passar pelo Everest de avião.
          De outro lado, este sobrevoo nos permitiu visualizar as montanhas menores e os vales da Cordilheira onde moram os camponeses. São estes que precisam caminhar de três a quatro dias para irem de suas casas até a cidade capital Katmandu e da cidade para suas comunidades, caso não usem o avião como meio de transporte.
          No final do voo, ainda dentro do avião, após esta inesquecível viagem, recebemos da aeromoça, um certificado.

          Uma outra informação é que, na geografia desta região do Himalaia, há centenas de lagos e, em sua grande maioria, são encontrados em altitudes inferiores a 5000 m. O tamanho dos lagos diminui com a altitude. O maior lago é o Pangong Tso, na fronteira entre Índia e Tibete. Todos os lagos são alimentados pelos glaciares, e são conhecidos pelos geógrafos pelo nome de tarns. A neve no topo do Himalaia parece eterna e adormecida, mas não está.

          Voltei desta linda experiência ,muito agradecida à Vida.
          Às 9 horas, conforme combinado, estávamos de volta ao hotel, onde tomamos o café da manhã antes de iniciar mais uma importante viagem cultural.
          Nosso guia nos informa: “aqui hoje é dia de festa”. Vamos sair a uma distância de 28 km de Kathmandu, para ver o que é o Nepal! Aqui os animais são veículos dos diferentes deuses e deusas. A vaca, considerada sagrada, por exemplo, é o transporte da deusa Lakshmi, que para os hindus, significa “boa sorte”. E aqui, mais uma vez vamos nos familiarizar com uma das deusas muito venerada e amada na Índia.
          Lakshmi casada com Vichnu, um Deus Protetor é a personificação da beleza, da fartura, da generosidade e principalmente da riqueza e da fortuna. A deusa é sempre invocada para amor, fartura, riqueza e poder. É o principal símbolo da potência feminina, sendo reconhecida por sua eterna juventude e formosura. Pode ser vista sentada sobre uma flor de lótus, ou segurando flores de lótus nas mãos e um cântaro que jorra moedas de ouro. A palavra Lakshmi é derivada da palavra “Laksya” do sânscrito, significando o “alvo”, o “objetivo”. E aqui falamos do símbolo importante em todas as civilizações que é a Suástica “virada à direita”, uma forma decorativa hindu, associada a Lakshmi. O símbolo da suástica, que representa sempre Vida, Vitória e Sucesso para as grandes civilizações, muito me impressionou quando vi este símbolo sagrado, no alto, em todos os templos antigos dos lugares visitados e que foi danificada em seu significado, após ser utilizada por Hitler em seu objetivo em seu ideal de grandeza racial.
          Um outro dado desta cultura hindu é o significado dos nomes das pessoas. Quando perguntei ao nosso guia Ukesh o significado de seu nome, ele me disse que o deus UK, é o deus da cordialidade. Achei muito forte este aspecto da cultura, que atribui a seus filhos nomes carregados da ideia de energia.
          Ukesh vai nos falando sobre seu país e nos informa que, na parte sul de Kathmandu, onde há muita selva, pode-se encontrar 3.500 árvores e arbustos e 800 animais. Um dado interessante é que, nesta região, existem leopardos, mas não existem tigres. Cada animal é transporte de um deus. Também nos fala que no Nepal, há também a ordem das castas: em primeiro lugar vem os brâmanes, depois os guerreiros e reis, depois os comerciantes e agricultores e finalmente, os sudras (sapateiro, barbeiros, trabalhadores). Cada casta tem 100 subcastas. Perguntar a alguém o nome da casta e subcasta é um ultraje. Os médicos, engenheiros e políticos têm diante do nome Dr que é também uma subcasta. Ele nos informa também que, na carteira de identidade de cada nepalês está escrito o primeiro nome e depois vem o nome da sub casta a que pertence. Mas ninguém aceita casar com a quarta casta.
          Neste passeio de ônibus subindo e descendo a montanha, observo uma escola privada e vejo também muita propaganda política. Acontece que aqui, em maio, será realizada a Assembleia Constituinte. Observo à minha esquerda e vejo uma fábrica de cimento desativada, construída pelos russos há 40 anos. O guia nos informa que os vizinhos reclamaram desta fábrica e obtiveram o fechamento da mesma.
          Às 10h10, estamos subindo as montanhas do Nepal e o que aparece aqui são muitos templos budistas e esta paisagem diferente chama muito a atenção. Aqui o ar é muito puro. O budista tem um dia sagrado, é o dia da lua cheia.
          Ao longo do caminho, de vez em quando, vejo algumas pessoas tomando banho à beira da estrada. Encontramos também sadhus, chamados babas, que são ascetas e renunciantes; cultivam o silêncio e nele encontram o caminho para a descoberta da dimensão essencial da vida. Eles têm muitas práticas de misticismo, nos garante o nosso guia.

Nosso ônibus avança em direção do local da importante e cultural festa que hoje acontece. O guia volta a falar deste sábado, que é um dia especial, pois vamos poder vivenciar um FESTIVAL HINDUÍSTA, em honra à deusa KALI, considerada uma manifestação da deusa Durga, a esposa de Shiva.
          Chegamos ao local do FESTIVAL HINDUÍSTA e a paisagem era sui generis pois encontramos uma grande quantidade das pessoas, neste movimento intenso de fé hinduísta. Havia muitas barracas, onde podiam ser comprados animais vivos e também, vegetais, temperos, guirlandas, artesanatos, para serem oferecidos à deusa. As pessoas vinham trazendo seus dons: alguns traziam patos, galinhas, cabras etc. para serem sacrificados à deusa. Os vegetarianos, traziam em pequenas cestas, cereais, cocos, etc. Os muitos animais em gaiolas e também frutos da terra eram adquiridos pelos crentes, e em seguida eram ofertados.

          Ao nos aproximarmos mais, verificamos uma grande fila de espera onde ninguém estava de mãos vazias. Havia escadarias conduzindo ao local dos sacrifícios, que comportam duas filas. Nós, que não estávamos participando, pudemos passar livremente. Nesse trajeto, chamou-me a atenção um menino sentado no muro da escada que, na sua inocênci, observava o movimento.
          Observei como sacrificavam os animais, cujo sangue abundante, oferecido à deusa Kali, escorria num lugar apropriado para este fim. Neste local a carne dos sacrifícios, era assada e depois consumida.

Por esta razão, lá havia muita fumaça. Inúmeras atividades eram desenvolvidas também neste local.

Os sinos, em grande quantidade, também faziam parte do ritual. As pessoas ao repicar um sino, ofereciam o som para a deusa. Interessante!!

          Nós adentramos este espaço, sui generis. Muitos gurus lá estavam fazendo cerimônias com casais e com o povo, em geral. Alguns gurus estavam recitando as escrituras. Julguei que foi uma boa oportunidade para entrar no interior desta cultura religiosa milenar! Muito impressionante.

          Após sair do local dos sacrifícios, passamos por um lugar, onde estavam sentados os pedintes. Estes recebiam um pouco de arroz ou de rúpias, a moeda do Nepal. Na internet encontrei um texto do fim do século XIX, quando alguém, que lá esteve, relata como viu este festival milenar, que hoje se repete com a mesma fé.

“Para a grande festa do templo em homenagem a ela, realizada na primavera, chegavam peregrinos da planície e das montanhas. Um cidadão inglês que assistiu ao festival, em 1871, relata que, diariamente, aproximadamente vinte búfalos, duzentos e cinquenta cabras e o mesmo número de porcos eram imolados em seu templo. Sob o altar dos sacrifícios, fora escavada uma cova funda e preenchida com areia limpa; a areia absorvia o sangue dos animais decapitados. Essa areia era renovada duas vezes ao dia, sendo aquela já embebida de sangue enterrada oportunamente, como fertilizantes para a terra. Tudo transcorria com muito asseio e propriedade, sem restos de sangue nem mau cheiro. Nos preparativos do novo ano agrícola, a seiva vital, o sangue, deveria renovar a força e a fertilidade da velha deusa terra, fornecedora de todo alimento”.

          Após esta grande emoção  de poder vivenciar, neste local, esta grande festa cultural do hinduísmo, nós entramos no ônibus , ainda refletindo sobre o significado cultural deste festival.
Agora a excursão segue pelas montanhas do Nepal onde a realidade religiosa é outra, pois muda, completamente, no budismo  Nós continuamos a viagem no intuito de conhecer a Montanha Santa e os inúmeros mosteiros budistas que existem aqui no Nepal.

          Após algum tempo, visualizamos a montanha sagrada, com uma grande estátua de Buda. Foi aqui, nesta montanha, que depois de seis meses de meditação, o monge Padmasambhava trouxe o budismo para o Nepal, fundando o budismo tibetano, nos informa o guia. Nossos olhares visualizam, em todas as direções, inúmeros monastérios com seu estilo próprio. Também na natureza há muitas culturas de vegetais e também plantações de arroz, neste caminho de lindas paisagens com um ar muito puro. Aqui vemos adolescentes com a vestimenta de monges budistas.
          Chegamos a visitar um mosteiro, onde permanecemos por algum tempo, quando um monge apareceu e nos deu orientações. Lá também descansamos observando o entorno!

          Nossa excursão pelo Nepal, se dirigiu à cidade real de Patan, uma das três cidades reais do Nepal. Às 14h15, estávamos em Patan, também conhecida por Lalipur, uma cidade real, a segunda maior cidade do vale do Kathmandu, repleta de templos hinduístas e budistas. Os templos e as construções em geral apresentando muitíssimos detalhes em madeira e pedras, talhadas num desenho que causa muita admiração pela qualidade do trabalho. Fundada no século III, esta cidade foi elevada a patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO, em 1979 e é considerada o berço dos maiores artistas nepaleses.

          Patan é uma das cidades reais mais ricas da região, em razão do ouro que ali foi descoberto nos séculos anteriores. Os templos são dedicados aos deuses e possuem muita simbologia.

          O templo de Krishna é o mais nobre, todo construído e esculpido em granito que recebe fiéis de todo país, no mês de agosto, nos festivais que acontecem em sua homenagem.
          A Praça Durkbar, que significa palácio, é o ponto mais alto da cidade. É um verdadeiro museu a céu aberto, com seus templos interessantes e ricos em detalhes.

Fomos almoçar num restaurante de um italiano, chamado Mediterané, assim estava escrito. Como Marialva estava de aniversário, o dono do restaurante, ofereceu a ela o almoço. Após o almoço veio o bolo e todos nós, felizes, cantamos os “Parabéns a você”, festejando mais uma vez a vida da colega de excursão.

          Nesta tarde, fomos também conhecer um atelier muito interessante. Lá um artesão fazia e vendia tigelas de ferro e outros materiais. Estas tigelas tinham uma característica muito interessante, pois reproduziam o OM universal.

          Aqui o dono fez algumas demonstrações: com um martelo percorreu a borda superior da circunferência desta tigela, que emitia assim um som muito expressivo. Há uma grande diferença entre o som destas tigelas feitas à mão e aquelas que são feitas em série na indústria. A água que está no recipiente que foi feito à mão, começa a borbulhar, provocando em nós surpresa e espanto, com este magnífico espetáculo. Fernanda, nossa guia da Plazatur, comprou uma tigela e a trouxe ao Brasil. Depois, seguimos à praça da cidade, onde conversei, como é meu costume, com algumas mulheres que, com suas filhas vendiam artesanato numa pequena banca. Uma filha se chamava Anita.

          Quando eu lhes disse que este era também o meu nome, elas admiradas e juntando as mãos disseram: Oh, Anita, Indian name! E aí fiz uma foto com estas amáveis pessoas depois de conversar um pouco com elas. Após fui ver o local construído, num plano abaixo do nível da praça, num lugar especialmente preparado, onde havia muitas pessoas que pareciam estar lá para buscarem água.

Após esta visita voltamos ao nosso simpático hotel.

          À noite, fui convidada por Marialva, para jantarmos, no restaurante “El Fresco”, um local muito bonito e elegante, que também pertencia ao hotel Crowen Plaza, onde estava hospedada nossa excursão. Algumas amigas já estavam lá e, mais uma vez, festejamos o aniversário de Marialva, fazendo esta linda foto todas juntas!

Dia 23 de março – sábado – Kathmandu e Bhaktapur
          As duas outras cidades que visitamos neste dia foram as cidades Kathmandu na parte da manhã e Bhaktapur à tarde. Nesta manhã saímos para fazer um city tour pela cidade, recheada de monumentos protegidos pela UNESCO, que fazem o viajante recuar no tempo. Kathmandu se situa no centro do país a aproximadamente 1300 metros de altitude, a cerca de 90 km da fronteira com a Índia. Outro aspecto interessante em relação a Katmandu, capital do Nepal, é que, apesar da proximidade dos Himalaias, raramente se vê neve no seu solo. Durante o city tour fomos visitar um atelier onde muitos artistas, cada qual estava pintando sua Mandala.

“’Mandala’ é uma representação geométrica da dinâmica relação entre o homem e o cosmo. De fato, toda mandala é a exposição plástica e visual do retorno à unidade pela delimitação de um espaço sagrado e atualização de um tempo divino”. Diversos artistas estavam lá, muito concentrados, criando e pintando com riquíssimos detalhes este símbolo universal.

Um outro fato digno de registro é o culto das kumaris, a deusa viva. Fomos conhecer o palácio da Deusa Viva, uma instituição do Nepal. 

São as meninas deusas do Himalaia e aqui no Nepal são em número de 12, as chamadas deusas vivas.

“O culto das kumaris é comum no vale de Katmandu, onde cada cidade possui a sua própria menina deusa, selecionada entre as garotas de 4 e 5 anos da casta shakya, uma das mais baixas e, portanto, mais pobres da região. Para ser escolhida pelos sacerdotes encarregados do ritual, a menina precisa possuir os 32 atributos da perfeição, originalmente associados à deusa Durga quando era, ela própria, uma menina: -Saúde perfeita, -corpo sem marcas, -olhos negros, grandes e expressivos, -dentes impecáveis, -voz aveludada, -braços longos, -cabelos negros, brilhantes e lisos, -pés e mãos delicados” […] “O poder dessas meninas é, ao mesmo tempo, imenso e nenhum. São encarregadas de abençoar anualmente o próprio rei do Nepal e dizem que seus pés nunca podem tocar o chão, apenas andar sobre tapetes vermelhos. Por outro lado, não podem afastar-se do Nepal, nem conviver com as meninas de sua idade e vivem nos templos, entre cerimônias e rituais” […] “Dashain, é chamado a noite negra e é uma das mais importantes manifestações religiosas do Nepal. É durante uma dessas celebrações, que a deusa viva, a Kumari, é escolhida e sua coragem, testada”.

          Após visitar o centro da praça, adentramos o pátio interno deste palácio da Kumaris, onde, num segundo pavimento, residia a deusa viva. Um ar de mistério cercava a todos neste momento. Ninguém poderia tirar foto da Deusa Viva, quando ela aparecesse na janela. Este aparecimento é muito aguardado pelos turistas e pessoas em geral, que lá estão esperando que surja a menina enfeitada e pintada de tal maneira que apareçam os seus grandes e lindos olhos num rosto perfeito. Quando aparece a Deusa Viva, todos batem palmas e ninguém é permitido fazer fotos. Conta-se que os guardas quebraram a máquina fotográfica de um turista que se aventurou a isso.

“Kumari, ou Kumari Devi” é o título concedido no Nepal às moças consideradas aspectos vivos da deusa Durga, conhecida localmente pelo nome de Taleju. Literalmente, Kumari significa virgem, em nepalês. No vale do Katmandu existem simultaneamente três Kumaris, radicadas nas cidades de Patan, Bhaktapur e Katmandu. O título de Kumari é temporário; quando menstrua pela primeira vez, ou perde sangue em um acidente ou adquire certas doenças, a Kumari precisa renunciar formalmente ao título mediante cerimônias próprias que abrem caminho para a escolha de sua sucessora. Em anos recentes, a controvérsia sobre o papel de Kumari tem aumentado, e não é mais tão fácil para as autoridades nepalesas recrutar candidatas entre as famílias Shakya”.

          Nosso guia nos informa que é dada, pelo governo, uma pensão perpétua para a família da Deusa Viva.
Em Bhaktapur à tarde, visitamos outro local, cheio de significado para os budistas. Trata-se da “Boudhanath Stupa”, que é o maior e mais sagrado templo budista do Nepal. Observamos e rodeamos, demoradamente, da esquerda para a direita este enorme monumento e também rodamos os cilindros que lá estão em grande quantidade.

“Foi tombado como Patrimônio Histórico Mundial pela Unesco desde 1979. Na religião budista, a estupa (esta espécie de sino gigante) é uma escultura que representa o caminho da espiritualidade de Buda através de 13 níveis (degraus dourados) e contém relíquias sagradas, sendo muitas vezes um mausoléu”.

          A Estupa de Boudhanath foi construída sobre os restos mortais do rei Amshuvarna, que governou Katmandu no século VII. Por ser considerado a representação do cosmo, os peregrinos devem contornar a Stupa sempre da esquerda para direita, imitando assim o movimento que as estrelas circundam o firmamento do céu. Estima-se que existam 80 mil Stupas no mundo e as do Nepal caracterizam-se pelos olhos pintados.
          A grande estupa de Boudhanath foi construída numa plataforma branca (chamada bahal) com três níveis e 120 metros de diâmetro e uma torre dourada de 36 metros de altura. Se vista de cima, o formato é semelhante a uma grande mandala: com 5 budas representando os pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste e centro) e também os cinco elementos (terra, fogo, água, ar e éter).
          A Unesco considera a Estupa de Boudhanath, em Katmandu no Nepal, Patrimônio Mundial desde 1979, o templo tibetano mais sagrado fora do Tibet,

          Pintado na torre estão os olhos de Buda, que te acompanham durante a caminhada. Seguindo a tradição tibetana, é necessário andar em volta da estupa , assim como é necessário girar os cilindros de reza nessa direção.

“Fato é que o templo foi construído num lugar que ficava exatamente no meio da maior rota de comércio entre o Nepal e o Tibet. Era ali que os mercadores paravam para descansar e rezar. Com a invasão chinesa ao Tibet, em 1959, muitos tibetanos fugiram para Katmandu e se refugiaram nesse lugar sagrado. Em volta da estupa hoje existem mais de 30 gompas, ou seja, monastérios budistas, que abrigam monges refugiados do Tibet. É possível visitar alguns desses monastérios, em especial o Thrangu, que fica bem em frente à grande estupa. Lá dentro você encontra pequenos templos e arte budista, como as trabalhadas mandalas coloridas, além claro, de uma vista privilegiada de Boudhanath”.

          Falando em geologia, aqui, nesta região do Nepal é um local onde há muitos terremotos. Em 1934, houve um sismo que muito danificou a cidade. E, dois anos depois desta nossa excursão, em 2015, 90% do patrimônio das cidades do Vale do Kathmandu foram danificados, por outro grande terremoto. Quando ouvi pela TV que havia acontecido esta catástrofe, eu sabia e lamentei o quanto de valor histórico e artístico teria sido destruído com este terremoto.
A cidade de Bhaktapur está localizada a 20 km a leste de Katmandu, é também conhecida como cidade dos devotos.
          A maior parte dos monumentos é construída de terracota e possui colunas de madeira esculpidas. Em seus templos predomina o estilo “pagoda”, que é caracterizado pela sobreposição de tetos. A praça central (Bhaktapur Durbar square) também foi incluída como patrimônio da humanidade pela UNESCO em 1979.

“Na praça Darbar está localizado o antigo palácio real, com suas 55 janelas, que foi construído pelo rei Jitamitra Malla e foi a residência da realeza até 1769, sendo agora uma Museu Nacional, ele fica perto do Golden Gate, que conduz ao Templo Taleju. Este templo, como outros nas principais cidades do vale de Katmandu, é dedicado à deusa Taleju Bhawani e inclui santuários tanto a Bhawani Taleju como a Kumari”.

          Caminhando pela cidade encontram-se muitos jovens vendendo bolsas e uma série de outros artesanatos. Neste passeio, visitamos também a Olaria Square onde estavam produzindo vasos e toda a espécie de peças de cerâmica. Percebemos, também, diversos vendedores de frutas e verduras.

24 de março – domingo – Kathmandu / Nova Deli / Dubai
          Neste nosso último dia em Kathmandu, levantei às 8h30 e após o café fui comprar lindos lenços coloridos e também echarpes, nas lojas contíguas ao hotel, para trazer como lembrança para familiares e amigos.
          Às 11 h passamos pelo monumento representando a flor nacional que é a flor de Lotus. A explicação é muito importante e segue como uma meditação, pois no Oriente, a flor de lótus significa pureza espiritual. O lótus (padma), também conhecido como lótus-egípcio, lótus-sagrado ou lótus-da-índia, é uma planta aquática que floresce sobre a água. No simbolismo budista, o significado mais importante da flor de lótus é a pureza do corpo e alma. A água lodosa que acolhe a planta é associada ao apego e aos desejos carnais, e a flor imaculada que desabrocha sobre a água em busca de luz é a promessa de pureza e elevação espiritual. É simbolicamente associada à figura de Buda e aos seus ensinamentos e, por isso, são flores sagradas para os povos do oriente. Diz a lenda que quando o menino Buda deu os primeiros passos, em todos os lugares que pisou, flores de lótus desabrocharam.
          Às 12h30 estávamos esperando para partir com a “empresa aérea Índigo do Nepal” e já tínhamos passado por inúmeras revistas. A questão da segurança é levada muito a sério aqui. Aqui o trânsito era intenso.
          No aeroporto me chamou a minha atenção uma mãe que passou vestida com o Sári e a filha vestida á ocidental. Às 13h50 o avião levantou voo e, numa viagem tranquila, chegamos bem em Nova Délhi, no novo e moderno aeroporto “Indira Gandhi” e de lá partimos para Dubai.

25 de março – segunda-feira – Dubai
          Neste dia, levantamos às 8 horas e saímos do hotel às 10 horas. Nossa guia Rogéria se apresenta e fala de sua recente história pessoal que vem também interligada com a história da VARIG:

“meu marido, ex piloto da VARIG, em 2006, foi para o sul da China. Ficamos lá durante 4 anos” e como na China não se fala inglês ela sabe falar mandarim. Em 2010 veio para Dubai, é fisioterapeuta de profissão e agora, aqui se tornou guia. Gosta da profissão. Fala que as mulheres, aqui, se vestem com burka e por isso não precisam se arrumar muito. A população daqui é formada por 200 nacionalidades. Tem uma amiga que é a segunda esposa de um policial. A população de Dubai é formada por 2.500.000 pessoas e só 11% são os Emirados. Em seguida fala sobre os carros: quanto menor a placa maior o cargo. Os sheiks estão em todo o lugar. Eles constroem, para deixar sua marca. Rogéria neste dia, nos levou para ver bolsas de marca (falsas). Não valeu a pena!! Saindo e passeando pela cidade comprei uma bolsa simples, mas muito prática para viagem e um lenço para presente. Também alguns presentes que levei como lembrança para meus sobrinhos.

Rogéria nos falou, também, sobre a imensa torre de 165 andares. Se de todo o metal usado se fizesse um fio, daria para dar a volta ao mundo. Quanto à segurança, nos diz que o prédio dessa torre pode balançar um metro de cada lado. Aqui há restaurantes, Mesquitas, piscina. Neste momento, chegou a hora de podermos subir a torre mais alta do mundo. Após pagar 100 dólares, subimos até o 124 andar desta torre, onde pudemos observar a cidade de Dubai do alto. De lá se pode observar as ilhas artificiais.

          É realmente estonteante admirar, lá de cima, o que ontem foi somente um grande deserto!!!!
Eu já tinha visitado esta torre.
          Depois disso, fomos jantar: Rogéria, Marialva, Fernanda e eu. Às 18h haverá o Show das águas. Após fomos conhecer o Mall, o maior shopping do mundo chamado Mall Dubai. Aqui há muitíssimos restaurantes, aquário imenso, cachoeiras, pista de gelo para patinação, etc. Encontramos muitas mulheres de burka preta e muitos árabes de túnicas brancas.
          Às 7 horas, contra toda a expectativa estava chovendo. Houve o show das águas ao qual não assisti. Às 7h20 entramos numa grande fila para pegar o táxi, pagando 39 dirhams. Chegamos bem no hotel. Tomei banho e fui dormir!

26 de março – terça-feira – Dubai / Brasil
          Às 3 horas fomos acordados e tomamos o café da manhã. Saímos às 5h para o aeroporto juntamente com pessoas do Rio de Janeiro que iriam no voo das 7 h. Nós saímos às 10h00. Na sala de espera falei com um artista pintor brasileiro que havia estado em Jaipur. Foi muito interessante este momento, em que tive a possibilidade de escutar algo sobre o que está acontecendo, atualmente, em referência ao desenvolvimento cultural na Índia. Ele me falou a respeito deste encontro de artistas, que recém tinha acontecido. Durante o encontro, os artistas pintaram seus quadros e parte do que foi pintado foi vendida e, o que não foi vendido, foi entregue aos organizadores do evento. Anualmente, nos meses de novembro/dezembro, acontece um Festival no local, onde artistas de toda a Índia se apresentam durante 3 dias. Achei muito interessante este intercâmbio de artistas na Índia! Ao mesmo tempo, numa excursão, onde tudo está previamente planejado, não há lugar para muitos imprevistos. Mas, como eu gosto muito de conversar com os que encontro no meu caminho, sempre tenho acesso às boas informações. O “desconhecido” me atrai e me encanta, pois sei que quem vive, sabe falar, como já me dizia meu grande e inesquecível amigo, Waldemar de Gregori, ainda na década de 70 do século passado!
          O avião dos Emirados já estava pronto para sair. Às 15h45 estávamos atravessando o deserto do Saara, sobrevoando a África. Às 16 h assisti a um filme de Hitchcock com a legenda em inglês. Desta vez faço o propósito, ao chegar em casa, de recomeçar o estudo do inglês, uma língua muito necessária nas viagens internacionais.
O longo voo foi muito tranquilo!
          Chegamos em São Paulo às 18h30. No relógio de Dubai eram 13h30. De lá, cheguei muito bem em Florianópolis.

CONSIDERAÇÕES GERAIS

          A viagem para Índia e Nepal foi, como as outras viagens que fiz, um momento de muitas emoções e de grande aprendizagem sobre a história e a cultura daqueles países. Tentar entender uma cultura tão distante da nossa, não é fácil. De dentro da nossa cultura, as outras não passam de qualquer coisa exótica! Mas é possível uma aproximação, se tivermos por base, nestes encontros, o respeito. Não entendo o que estou presenciando, mas respeito! Deve haver uma razão maior para eles fazerem o que fazem e o que constroem.
          A Índia tem uma história muito longa e as dominações, muito numerosas, foram bastante sofridas para este povo. Na verdade, a última dominação foi a do Império Britânico. No século XX, a Índia, tendo Gandhi como seu grande batalhador e guia, lutou e conseguiu sua Independência. Gandhi, é celebrado em todo o mundo, especialmente na Índia, com inúmeros monumentos em sua homenagem.
          A cultura da Índia é muito eclética. Aqui neste país hinduísta, do deus supremo Braham e de muitos deuses, tudo é sagrado. Ao entrar em contato com a sabedoria milenar expressa em tantos trabalhos como sedas, tapetes e mosaicos feitos, com refinada destreza, por trabalhadores que conservam o saber fazer, perpetuando sua tradição milenar, me emocionei. Também conheci seus prédios, observatórios astronômicos e palácios históricos de muita beleza e grandeza, testemunhando uma época histórica. Visitar em Agra, o Taj Mahal, ícone do amor de um Imperador por uma de suas esposas, foi conhecer o auge da beleza em arquitetura, em mármore e pedras preciosas.
          Assisti ao tradicional festival hinduísta da deusa Kali ! Também conheci, um pouco mais, as três religiões que surgiram a partir do hinduísmo, a saber, o Sikhismo, o Budismo e o jainismo, entrando em contato com a prática das mesmas. O outro lado da moeda nesta espetacular e milenar Índia, foi conhecer a extrema pobreza humana de parte de muitos hindus, seja em suas habitações paupérrimas, ou na sua extrema carência alimentar, quando como pedintes, se dirigiam aos turistas manifestando penúria e fome extremas. É um triste espetáculo, difícil de esquecer, tal é seu impacto sobre nós.
          Sobrevoar o Himalaia, ver o Everest, foi um momento de admirar a grandiosidade da natureza. No país dos Himalaias, artistas nepaleses, deixaram nas cidades, obras magníficas, dignas de serem conhecidas. Apesar disso, o Nepal é uma zona de terremotos, onde já aconteceram muitas tragédias. Esta foi mais uma viagem incrível! É difícil expressar tudo, tantas foram as importantes vivências! 

Gratias a la vida!

Florianópolis, 29 de setembro 2022.

4 Comentários

  • ILSE+MARIA+JAPP

    Liebe Anita, mais uma vez você nos o encanta com as suas observações tão peculiares de uma belíssima viagem… Que vivência maravilhosa vocês tiveram!!! Dubai e Abu Dhabi, o topo do materialismo, do luxo, de certa forma contrastando com Índia e Nepal, onde o forte é a espiritualidade e a devoção…
    Como recentemente também tive o privilégio de conhecer parte deste roteiro (fevereiro/março 2020, “Jornada Sagrada para Índia e Nepal”), senti uma profunda emoção, como se estivesse revendo e re-visitando novamente os vários ambientes e locais tão bem descritos por você. Parabéns, meine liebe Anita, pelo empenho, pelo capricho, pelo carinho em dedicar seu tempo e esforço na confecção de um relatório de viagem tão rico em pesquisas e imagens complementares. E gratidão por compartilhar este Dom Divino com todos os apaixonados pela Vida.
    Um forte abraço e até o próximo relatório com muita alegria e expectativa!!!!
    Ilse

  • Salvelina da Silva

    É sempre um bom momento quando dedicamos um tempo para ler e ver o relatório entusiasmado, franco, divertido e diversificado das viagens de Anita.
    Idealizado e construído de forma a nos contar e mostrar tudo o que ela viu, sentiu e aprendeu nesta surpreendente viagem, o relato nos chega como um enorme documentário histórico minuciosamente apresentado por seu olhar amoroso, encantado e atento. Pelas pertinentes pesquisas inseridas ao longo do texto, pelas fotos selecionadas e pelos depoimentos e explicações, percebemos como tudo foi cuidadosamente planejado, formando como um grande menu cultural, um verdadeiro legado de grandes proporções.
    E nós vamos paulatinamente descobrindo, maravilhados, os lugares, suas belezas, suas histórias, suas características únicas. Os ricos detalhes revelam toda a dedicação, carinho e zelo de Anita ao recolher material farto e amplamente abrangente para nos oferecer com generosidade. Obrigada, Anita! Grande trabalho! Obrigada. Salvelina.

  • Elisa+Maria+Machado+Lima

    Querida Anita, suas viagens são verdadeiros registros sobre a humanidade. Obrigada por compartilhar suas experiências e sabedoria. E, parabéns pelo fantástico relato. É admirável sua potência cultural e expansiva.

  • Maria Salete Ferreira Magalhães

    É fantástico… Tudo é fantástico!
    Anita, descreve e apresenta na sua escrita amorosa, relatos que se transformam em múltiplas imagens de alegria, perplexidade, conhecimento, prazer, diversão, cujas sensações convergem para o meu coração e me “enriquecem espiritualmente”.
    A diversidade de lugares, modos de vida e belezas desse imenso planeta, traz o sonho e o desejo…então, eu viajo no aqui e agora.
    Admirável a disposição generosa de Anita, pois, dedica mtas horas e dias para a realização desse registro, cujo legado me ensina, me anima e me encanta para o “numinoso”.
    Parabéns Anita!
    Obrigada!
    Deus te abençoe!

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